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marcia kupstas O primeiro beijo

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Academic year: 2021

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Texto

(1)

Enigmas e adivinhas convidam à decifra-ção: “trouxeste a chave?”.

Encaremos o desafio: trata-se de uma árvore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e qua-tro sementes: cada verso inqua-troduz uma nova informação que se encaixa na anterior.

Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas sementes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvore frondosa agita seus galhos, entorpece-nos com o aroma das frutas, intriga-entorpece-nos com as possibilidades ocultas nas sementes.

O que é, o que é?

Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas O que é, o que é,

Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente

Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1

ramagens, mas que não está ali.

Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em flores, que escondem frutos, que protegem sementes, que ocultam coisas futuras.

“Decifra-me ou te devoro.”

Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas.

Alegórica árvore do tempo…

A adivinha que lemos, como todo e qual-quer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exteriorida-de que exteriorida-determina as leituras possíveis. O espaço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histórica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica.

Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.

Retornemos à sombra da frondosa árvo-re — a árvoárvo-re do tempo — e contemplemos outras árvores:

Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver

e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este manda-mento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2

Ah, essas árvores e esses frutos, o dese-jo de conhecer, tão caro ao ser humano…

Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no inter-valo, no diálogo. Prática enraizada na expe-riência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada.

A compreensão de um texto resulta do res-gate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou

os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço movediço, cheio de conflitos e deslocamentos.

Empregar estratégias de leitura e descobrir quais são as mais adequadas para uma de-terminada situação constituem um processo que, inicialmente, se produz como atividade externa. Depois, no plano das relações inter-pessoais e, progressivamente, como resultado de uma série de experiências, se transforma em um processo interno.

Somente com uma rica convivência com ob-jetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência significativa para os

alu-nos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras.

Trilhar novas veredas é o desafio; transfor-mar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos.

Depende de nós.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

Um POUCO SObRE O AUTOR

Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jovens e adultos.

RESEnhA

Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

Apontamos alguns aspectos da obra, consi-derando as características do gênero a que pertence, analisando a temática, a

perspec-tiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos em-pregados pelo autor.

Com esses elementos, o professor irá iden-tificar os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recursos lingüísticos que poderão ser explo-rados para ampliar a competência leitora e escritora dos alunos.

QUADRO-SÍnTESE

O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e temas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão. Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: PROPOSTAS DE ATIvIDADES a) antes da leitura

Os sentidos que atribuímos ao que se lê dependem, e muito, de nossas experiências anteriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiaridade com a prática leitora. As atividades sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhe-cimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito.

• Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto.

• Antecipação de conteúdos tratados no texto a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a partir dos indicadores observados.

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orienta-dores para a leitura, focalizando aspectos

que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor.

• Leitura global do texto.

• Caracterização da estrutura do texto. • Identificação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empre-gados pelo autor.

c) depois da leitura

São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indican-do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a reflexão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas. ✦ nas tramas do texto

• Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo pro-fessor em situação de leitura compartilhada. • Apreciação dos recursos expressivos em-pregados na obra.

• Identificação e avaliação dos pontos de vista sustentados pelo autor.

• Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes lin-guagens artísticas: teatro, música, artes plásticas, etc.

✦ nas telas do cinema

• Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional.

nas ondas do som

• Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada.

✦ nos enredos do real

• Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimen-são interdisciplinar.

DICAS DE LEITURA

Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, esti-mulando o desejo de enredar-se nas veredas literárias e ler mais:

◗ do mesmo autor;

◗ sobre o mesmo assunto e gênero; ◗ leitura de desafio.

Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a finalidade de ampliar o horizonte de expectativas do aluno-leitor, encaminhando-o para a literatura adulta. __________

1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.

2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.

marcia kupstas

O primeiro beijo

Árvores e tempo de leitura

maria JOsÉ NÓBrEGa

2 3 4

Projeto de Leitura Coordenação: Maria José Nóbrega

Elaboração: Lucy Wenzel

Leitor crítico — Jovem Adulto Leitor crítico — 7–a

e 8–a séries

Leitor fluente — 5–a e 6–a séries

(2)

Enigmas e adivinhas convidam à decifra-ção: “trouxeste a chave?”.

Encaremos o desafio: trata-se de uma árvore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e qua-tro sementes: cada verso inqua-troduz uma nova informação que se encaixa na anterior.

Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas sementes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvore frondosa agita seus galhos, entorpece-nos com o aroma das frutas, intriga-entorpece-nos com as possibilidades ocultas nas sementes.

O que é, o que é?

Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas O que é, o que é,

Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente

Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1

ramagens, mas que não está ali.

Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em flores, que escondem frutos, que protegem sementes, que ocultam coisas futuras.

“Decifra-me ou te devoro.”

Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas.

Alegórica árvore do tempo…

A adivinha que lemos, como todo e qual-quer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exteriorida-de que exteriorida-determina as leituras possíveis. O espaço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histórica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica.

Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.

Retornemos à sombra da frondosa árvo-re — a árvoárvo-re do tempo — e contemplemos outras árvores:

Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver

e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este manda-mento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2

Ah, essas árvores e esses frutos, o dese-jo de conhecer, tão caro ao ser humano…

Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no inter-valo, no diálogo. Prática enraizada na expe-riência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada.

A compreensão de um texto resulta do res-gate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou

os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço movediço, cheio de conflitos e deslocamentos.

Empregar estratégias de leitura e descobrir quais são as mais adequadas para uma de-terminada situação constituem um processo que, inicialmente, se produz como atividade externa. Depois, no plano das relações inter-pessoais e, progressivamente, como resultado de uma série de experiências, se transforma em um processo interno.

Somente com uma rica convivência com ob-jetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência significativa para os

alu-nos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras.

Trilhar novas veredas é o desafio; transfor-mar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos.

Depende de nós.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

Um POUCO SObRE O AUTOR

Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jovens e adultos.

RESEnhA

Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

Apontamos alguns aspectos da obra, consi-derando as características do gênero a que pertence, analisando a temática, a

perspec-tiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos em-pregados pelo autor.

Com esses elementos, o professor irá iden-tificar os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recursos lingüísticos que poderão ser explo-rados para ampliar a competência leitora e escritora dos alunos.

QUADRO-SÍnTESE

O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e temas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão. Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: PROPOSTAS DE ATIvIDADES a) antes da leitura

Os sentidos que atribuímos ao que se lê dependem, e muito, de nossas experiências anteriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiaridade com a prática leitora. As atividades sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhe-cimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito.

• Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto.

• Antecipação de conteúdos tratados no texto a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a partir dos indicadores observados.

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orienta-dores para a leitura, focalizando aspectos

que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor.

• Leitura global do texto.

• Caracterização da estrutura do texto. • Identificação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empre-gados pelo autor.

c) depois da leitura

São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indican-do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a reflexão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas. ✦ nas tramas do texto

• Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo pro-fessor em situação de leitura compartilhada. • Apreciação dos recursos expressivos em-pregados na obra.

• Identificação e avaliação dos pontos de vista sustentados pelo autor.

• Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes lin-guagens artísticas: teatro, música, artes plásticas, etc.

✦ nas telas do cinema

• Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional.

nas ondas do som

• Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada.

✦ nos enredos do real

• Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimen-são interdisciplinar.

DICAS DE LEITURA

Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, esti-mulando o desejo de enredar-se nas veredas literárias e ler mais:

◗ do mesmo autor;

◗ sobre o mesmo assunto e gênero; ◗ leitura de desafio.

Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a finalidade de ampliar o horizonte de expectativas do aluno-leitor, encaminhando-o para a literatura adulta. __________

1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.

2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.

marcia kupstas

O primeiro beijo

Árvores e tempo de leitura

maria JOsÉ NÓBrEGa

2 3 4

Projeto de Leitura Coordenação: Maria José Nóbrega

Elaboração: Lucy Wenzel

Leitor crítico — Jovem Adulto Leitor crítico — 7–a e 8–a séries

(3)

Enigmas e adivinhas convidam à decifra-ção: “trouxeste a chave?”.

Encaremos o desafio: trata-se de uma árvore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e qua-tro sementes: cada verso inqua-troduz uma nova informação que se encaixa na anterior.

Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas sementes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvore frondosa agita seus galhos, entorpece-nos com o aroma das frutas, intriga-entorpece-nos com as possibilidades ocultas nas sementes.

O que é, o que é?

Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas O que é, o que é,

Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente

Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1

ramagens, mas que não está ali.

Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em flores, que escondem frutos, que protegem sementes, que ocultam coisas futuras.

“Decifra-me ou te devoro.”

Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas.

Alegórica árvore do tempo…

A adivinha que lemos, como todo e qual-quer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exteriorida-de que exteriorida-determina as leituras possíveis. O espaço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histórica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica.

Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.

Retornemos à sombra da frondosa árvo-re — a árvoárvo-re do tempo — e contemplemos outras árvores:

Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver

e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este manda-mento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2

Ah, essas árvores e esses frutos, o dese-jo de conhecer, tão caro ao ser humano…

Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no inter-valo, no diálogo. Prática enraizada na expe-riência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada.

A compreensão de um texto resulta do res-gate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou

os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço movediço, cheio de conflitos e deslocamentos.

Empregar estratégias de leitura e descobrir quais são as mais adequadas para uma de-terminada situação constituem um processo que, inicialmente, se produz como atividade externa. Depois, no plano das relações inter-pessoais e, progressivamente, como resultado de uma série de experiências, se transforma em um processo interno.

Somente com uma rica convivência com ob-jetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência significativa para os

alu-nos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras.

Trilhar novas veredas é o desafio; transfor-mar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos.

Depende de nós.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

Um POUCO SObRE O AUTOR

Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jovens e adultos.

RESEnhA

Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

Apontamos alguns aspectos da obra, consi-derando as características do gênero a que pertence, analisando a temática, a

perspec-tiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos em-pregados pelo autor.

Com esses elementos, o professor irá iden-tificar os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recursos lingüísticos que poderão ser explo-rados para ampliar a competência leitora e escritora dos alunos.

QUADRO-SÍnTESE

O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e temas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão. Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: PROPOSTAS DE ATIvIDADES a) antes da leitura

Os sentidos que atribuímos ao que se lê dependem, e muito, de nossas experiências anteriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiaridade com a prática leitora. As atividades sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhe-cimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito.

• Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto.

• Antecipação de conteúdos tratados no texto a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a partir dos indicadores observados.

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orienta-dores para a leitura, focalizando aspectos

que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor.

• Leitura global do texto.

• Caracterização da estrutura do texto. • Identificação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empre-gados pelo autor.

c) depois da leitura

São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indican-do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a reflexão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas. ✦ nas tramas do texto

• Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo pro-fessor em situação de leitura compartilhada. • Apreciação dos recursos expressivos em-pregados na obra.

• Identificação e avaliação dos pontos de vista sustentados pelo autor.

• Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes lin-guagens artísticas: teatro, música, artes plásticas, etc.

✦ nas telas do cinema

• Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional.

nas ondas do som

• Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada.

✦ nos enredos do real

• Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimen-são interdisciplinar.

DICAS DE LEITURA

Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, esti-mulando o desejo de enredar-se nas veredas literárias e ler mais:

◗ do mesmo autor;

◗ sobre o mesmo assunto e gênero; ◗ leitura de desafio.

Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a finalidade de ampliar o horizonte de expectativas do aluno-leitor, encaminhando-o para a literatura adulta. __________

1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.

2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.

marcia kupstas

O primeiro beijo

Árvores e tempo de leitura

maria JOsÉ NÓBrEGa

2 3 4

Projeto de Leitura Coordenação: Maria José Nóbrega

Elaboração: Lucy Wenzel

Leitor crítico — Jovem Adulto Leitor crítico — 7–a e 8–a séries

Leitor fluente — 5–a e 6–a séries

(4)

Enigmas e adivinhas convidam à decifra-ção: “trouxeste a chave?”.

Encaremos o desafio: trata-se de uma árvore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e qua-tro sementes: cada verso inqua-troduz uma nova informação que se encaixa na anterior.

Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas sementes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvore frondosa agita seus galhos, entorpece-nos com o aroma das frutas, intriga-entorpece-nos com as possibilidades ocultas nas sementes.

O que é, o que é?

Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas O que é, o que é,

Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente

Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1

ramagens, mas que não está ali.

Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em flores, que escondem frutos, que protegem sementes, que ocultam coisas futuras.

“Decifra-me ou te devoro.”

Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas.

Alegórica árvore do tempo…

A adivinha que lemos, como todo e qual-quer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exteriorida-de que exteriorida-determina as leituras possíveis. O espaço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histórica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica.

Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.

Retornemos à sombra da frondosa árvo-re — a árvoárvo-re do tempo — e contemplemos outras árvores:

Deus fez crescer do solo toda espécie de árvores formosas de ver

e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este manda-mento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2

Ah, essas árvores e esses frutos, o dese-jo de conhecer, tão caro ao ser humano…

Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no inter-valo, no diálogo. Prática enraizada na expe-riência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada.

A compreensão de um texto resulta do res-gate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou

os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço movediço, cheio de conflitos e deslocamentos.

Empregar estratégias de leitura e descobrir quais são as mais adequadas para uma de-terminada situação constituem um processo que, inicialmente, se produz como atividade externa. Depois, no plano das relações inter-pessoais e, progressivamente, como resultado de uma série de experiências, se transforma em um processo interno.

Somente com uma rica convivência com ob-jetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência significativa para os

alu-nos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras.

Trilhar novas veredas é o desafio; transfor-mar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos.

Depende de nós.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

Um POUCO SObRE O AUTOR

Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jovens e adultos.

RESEnhA

Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

Apontamos alguns aspectos da obra, consi-derando as características do gênero a que pertence, analisando a temática, a

perspec-tiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos em-pregados pelo autor.

Com esses elementos, o professor irá iden-tificar os conteúdos das diferentes áreas do conhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recursos lingüísticos que poderão ser explo-rados para ampliar a competência leitora e escritora dos alunos.

QUADRO-SÍnTESE

O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e temas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão. Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: PROPOSTAS DE ATIvIDADES a) antes da leitura

Os sentidos que atribuímos ao que se lê dependem, e muito, de nossas experiências anteriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiaridade com a prática leitora. As atividades sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhe-cimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito.

• Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto.

• Antecipação de conteúdos tratados no texto a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a partir dos indicadores observados.

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orienta-dores para a leitura, focalizando aspectos

que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor.

• Leitura global do texto.

• Caracterização da estrutura do texto. • Identificação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empre-gados pelo autor.

c) depois da leitura

São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indican-do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a reflexão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas. ✦ nas tramas do texto

• Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo pro-fessor em situação de leitura compartilhada. • Apreciação dos recursos expressivos em-pregados na obra.

• Identificação e avaliação dos pontos de vista sustentados pelo autor.

• Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes lin-guagens artísticas: teatro, música, artes plásticas, etc.

✦ nas telas do cinema

• Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional.

nas ondas do som

• Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada.

✦ nos enredos do real

• Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimen-são interdisciplinar.

DICAS DE LEITURA

Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, esti-mulando o desejo de enredar-se nas veredas literárias e ler mais:

◗ do mesmo autor;

◗ sobre o mesmo assunto e gênero; ◗ leitura de desafio.

Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a finalidade de ampliar o horizonte de expectativas do aluno-leitor, encaminhando-o para a literatura adulta. __________

1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.

2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.

marcia kupstas

O primeiro beijo

Árvores e tempo de leitura

maria JOsÉ NÓBrEGa

2 3 4

Projeto de Leitura Coordenação: Maria José Nóbrega

Elaboração: Lucy Wenzel

Leitor crítico — Jovem Adulto Leitor crítico — 7–a e 8–a séries

(5)

marcia kupstas

O primeiro beijo

5 6 7

Um POUCO SObRE A AUTORA

Marcia Kupstas nasceu na cidade de São Paulo, em setembro de 1957. Influenciada pela mãe, que sempre gostou muito de ler, desde cedo conviveu com os livros. Seu primeiro grande escritor foi Monteiro Lobato. Conforme foi se tornando leitora voraz, interessou-se particularmente pelas obras de Edgar Allan Poe, D.H. Lawrence, Graham Greene, John Steinbeck, Agatha Christie, Conan Doyle, Ernest Hemingway. Dos escritores nacionais, começou com José Mauro de Vasconcelos, Graciliano Ra-mos, Machado de Assis, José Condé, Jorge Amado. Depois de adulta, continuou a ler de tudo, de clássicos a contemporâneos, tendo admiração por Patricia Highsmith e Rubem Fonseca. Começou a escrever na adolescência, participando de grupos literários. Escrever era um desejo infantil que, na adolescência, tornou-se um sonho. Formou-se em Letras pela USP. Passou a sistematizar sua produção literária a partir de 1984, tendo ganhado alguns concursos

e publicado contos e resenhas em jornais e revistas. No ano de 1986, lançou seu primeiro livro: Crescer é perigoso, pela Editora Moderna. Foi uma obra que, na época, causou grande impacto. Marcia ganhou o Prêmio Revelação do Concurso Mercedes-Benz de Literatura Juvenil, em 1988. Desde então não parou mais de es-crever. Já coordenou projetos nas áreas de Língua Portuguesa e Literatura, participou de antologias, escreveu livros infantis, juve-nis, para adultos, e ensaios, contando com mais de 60 obras publicadas.

RESEnhA

Alex é um garoto do interior que vem para São Paulo e vai estudar numa das boas esco-las particulares da cidade. Sente dificuldades em se adaptar à nova vida, pois falta-lhe a liberdade da cidade do interior e, na escola, os colegas riem do seu sotaque caipira. Para não ficar totalmente fora do grupo, aceita escrever sobre suas prefe-rências num ca-derno cheio de perguntas pessoais. Quem

decide quem deve ou não escrever nesse caderno é Bete, um ano mais nova que Alex, mas bem extrovertida. A pergunta que causa agito na classe é: você já deu um beijo numa menina? Dizer que não, é com-prometedor, afinal todos falam que sim, enfim é melhor dizer sim. A partir dessa resposta começa a se estabelecer um jogo muito comum entre meninos e meninas nessa faixa etária. Querem se aproximar, mas ainda não sabem como, então uma das maneiras é brigar.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

O primeiro beijo, além de certamente en-volver os alunos pela temática, pode render boas discussões. A mudança para a cidade grande pode ser uma delas, o que se ga-nha e o que se perde com isso. A questão do preconceito lingüístico é um outro: é correto discriminar alguém pela variedade lingüística que fala? As dificuldades de se pertencer ao grupo, quando se é o “estran-geiro”, quem veio de fora. Até mesmo os problemas de mal comportamento podem ser analisados como expedientes de se chamar atenção. Há outros aspectos éticos como respeito, honestidade, hombridade, delação, etc.

QUADRO-SÍnTESE

Gênero: novela

Palavras-chave: insegurança, desrespeito,

amizade, descoberta do sexo oposto

Áreas envolvidas: Língua Portuguesa,

Língua Estrangeira

temas transversais: Ética, Orientação

sexual

Público-alvo: alunos de 5–a e 6–a séries do Ensino Fundamental

PROPOSTAS DE ATIvIDADES

Antes da leitura

1. Deixe que os alunos observem a capa

do livro, criada por Silvana Mattievich. O título — O primeiro beijo — e a ilustração, em que se observa a silhueta de um casal tendo como fundo um coração vermelho, certamente conduzirão os alunos a imagi-narem que o livro desenvolve um enredo amoroso com personagens jovens, afinal trata-se do “primeiro beijo”.

2. Converse com os alunos sobre os

inte-resses que começam a surgir pelo sexo oposto. As primeiras tentativas de aproxi-mação. Como são? Pode ser que as meni-nas considerem os meninos muito infantis e se interessem pelos alunos de classes mais adiantadas. Pode ser que os meninos achem que as meninas são bobocas.

3. Nessa faixa etária também são comuns

desavenças e discussões entre os alunos. Por que elas acontecem? O que posso ou não posso tolerar?

Durante a leitura

1. Antecipe aos alunos que Alex, o

protago-nista da história, é um garoto do interior que se mudou para a capital, freqüentando um novo colégio. Peça que acompanhem a trajetória desse personagem para ver como é a adaptação dele ao novo espaço.

2. Nesse contexto, em que momento se dará

o tal “primeiro beijo”?

Depois da leitura

nas tramas do texto

1. Retome, oralmente, os principais elemen-tos do enredo de O primeiro beijo e estimu-le os alunos a manifestar suas impressões

de leitura.

2. Embora Alex fosse inocente, foi suspenso

uma semana da escola. Os colegas sabiam que não tinha sido ele quem atirara a bola de barro que acertou a Diretora. Ficam re-voltados com o comportamento omisso de Guilherme e decidem escrever uma carta à direção da escola.

• Discuta com os alunos sobre o proce-dimento de Guilherme.

• Convide alguns alunos para montarem uma cena com o diálogo entre Alexandre e seu pai, o sr. Alberto, quando este recebe a carta de suspensão da escola.

• Peça que os alunos escrevam essa carta, defendendo Alex, mas sem delatar Gui-lherme.

3. Aproveite a oportunidade e leia com

os alunos o regimento escolar: O que é permitido e o que é proibido? Há alguma medida com a qual eles não concordam? Que propostas gostariam de apresentar?

4. Peça aos alunos para explicitarem as

diferenças e as semelhanças que verificam no relacionamento entre meninos e me-ninas da classe de Alex e da turma deles. Estimule-os a pensar formas para tornar a convivência mais harmoniosa.

5. Proponha à classe organizar um caderno

com perguntas pessoais, como o da per-sonagem Bete. Cada aluno formula uma pergunta e, depois de montado, o ques-tionário circula entre todos os alunos. As respostas, é claro, devem ser verdadeiras, como as de Alex, quando respondeu à per-gunta “Você já beijou?”. Concordam?

6. Falando em “beijo”, não se esqueça de

perguntar o que acharam de O primeiro beijo, e do primeiro beijo. De quem? Pode ser o das personagens...

nas telas do cinema

Meu primeiro amor, dirigido por Howard Zieff e distribuído pela Columbia Pictures. Uma garota de 11 anos é obcecada pela morte, pois sua mãe morreu e seu pai é um agente funerário que não lhe dá a devida atenção. A garota é apaixonada por seu professor e, no verão, faz parte de um curso de poesia só para impressioná-lo. Parale-lamente, é muito amiga de um garoto que é alérgico a tudo. Quando o pai se apaixona por uma funcionária, a garota, ultrajada, quer fazer qualquer coisa para separá-los.

nos enredos do real

1. Dúvidas como “beijo engravida?” “beijo dá sapinho?” “aids pode ser transmitida através de um beijo?” podem parecer tolas para a maioria, mas que existem, existem. Um dos recursos para encarar o desabrochar da sensualidade com maior serenidade é conversar abertamente sobre elas.

2. Muitos garotos, mais freqüentemente

do que garotas, sentem-se desajeitados e inseguros em relação à garota que querem conquistar, no livro há exemplos disso. Pro-blematize a questão e deixe que falem de suas inseguranças.

3. Da mesma forma que alguns

preconcei-tos como o de raça, de gênero, de sexo vêm sendo efetivamente combatidos pelos mo-vimentos negro, da mulher e dos homos-sexuais, o preconceito lingüístico também precisa ser combatido. Poucas pessoas se dão conta de que estão sendo perigosa-mente preconceituosas quando reafirmam que a língua falada em um determinado lugar ou por uma pessoa “é toda errada”, que “brasileiro não sabe português”, etc. • Releia a passagem em que Alex é alvo de gozações em função da variedade lingüís-tica que fala e reafirme o direito que todos os falantes têm de se expressarem no seu dialeto.

• Informe aos alunos que, em 6 de junho

de 1996, em Barcelona, deu-se a procla-mação da Declaración Universal de Dere-chos Linguísticos, cujo texto integral pode ser acessado no site www.linguistic-decla-ration.org (versões em espanhol, catalão, inglês e francês). Se possível, convide o pro-fessor de língua estrangeira para realizar uma leitura compartilhada do documento com os alunos.

DICAS DE LEITURA

da mesma autora

Revolução em mim — São Paulo, Moderna A maldição do silêncio — São Paulo, Mo-derna

Crescer é perigoso — São Paulo, Moderna Um amigo no escuro — São Paulo, Moderna

sobre o mesmo assunto

Boca a boca — Ivan Jaf, São Paulo, Moderna Primeira vez — Ivan Jaf, São Paulo,

Mo-derna

Sete faces da primeira vez — Carlos Queiroz Telles e outros autores, São Paulo, Moderna Sete faces da paixão — Wagner Costa e outros autores, São Paulo, Moderna

leitura de desafio

O que está acontecendo aí embaixo?, de Karen Gravelle, São Paulo, Companhia das Letras.

A puberdade pode deixar os meninos mui-to confusos. Esse livro traz as informações do que eles querem e precisam saber sobre essa fase. Com uma linguagem franca e descomplicada, a autora ajuda o leitor a se sentir mais confiante, num momento em que tudo na vida deles está mudando.

(6)

marcia kupstas

O primeiro beijo

5 6 7

Um POUCO SObRE A AUTORA

Marcia Kupstas nasceu na cidade de São Paulo, em setembro de 1957. Influenciada pela mãe, que sempre gostou muito de ler, desde cedo conviveu com os livros. Seu primeiro grande escritor foi Monteiro Lobato. Conforme foi se tornando leitora voraz, interessou-se particularmente pelas obras de Edgar Allan Poe, D.H. Lawrence, Graham Greene, John Steinbeck, Agatha Christie, Conan Doyle, Ernest Hemingway. Dos escritores nacionais, começou com José Mauro de Vasconcelos, Graciliano Ra-mos, Machado de Assis, José Condé, Jorge Amado. Depois de adulta, continuou a ler de tudo, de clássicos a contemporâneos, tendo admiração por Patricia Highsmith e Rubem Fonseca. Começou a escrever na adolescência, participando de grupos literários. Escrever era um desejo infantil que, na adolescência, tornou-se um sonho. Formou-se em Letras pela USP. Passou a sistematizar sua produção literária a partir de 1984, tendo ganhado alguns concursos

e publicado contos e resenhas em jornais e revistas. No ano de 1986, lançou seu primeiro livro: Crescer é perigoso, pela Editora Moderna. Foi uma obra que, na época, causou grande impacto. Marcia ganhou o Prêmio Revelação do Concurso Mercedes-Benz de Literatura Juvenil, em 1988. Desde então não parou mais de es-crever. Já coordenou projetos nas áreas de Língua Portuguesa e Literatura, participou de antologias, escreveu livros infantis, juve-nis, para adultos, e ensaios, contando com mais de 60 obras publicadas.

RESEnhA

Alex é um garoto do interior que vem para São Paulo e vai estudar numa das boas esco-las particulares da cidade. Sente dificuldades em se adaptar à nova vida, pois falta-lhe a liberdade da cidade do interior e, na escola, os colegas riem do seu sotaque caipira. Para não ficar totalmente fora do grupo, aceita escrever sobre suas prefe-rências num ca-derno cheio de perguntas pessoais. Quem

decide quem deve ou não escrever nesse caderno é Bete, um ano mais nova que Alex, mas bem extrovertida. A pergunta que causa agito na classe é: você já deu um beijo numa menina? Dizer que não, é com-prometedor, afinal todos falam que sim, enfim é melhor dizer sim. A partir dessa resposta começa a se estabelecer um jogo muito comum entre meninos e meninas nessa faixa etária. Querem se aproximar, mas ainda não sabem como, então uma das maneiras é brigar.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

O primeiro beijo, além de certamente en-volver os alunos pela temática, pode render boas discussões. A mudança para a cidade grande pode ser uma delas, o que se ga-nha e o que se perde com isso. A questão do preconceito lingüístico é um outro: é correto discriminar alguém pela variedade lingüística que fala? As dificuldades de se pertencer ao grupo, quando se é o “estran-geiro”, quem veio de fora. Até mesmo os problemas de mal comportamento podem ser analisados como expedientes de se chamar atenção. Há outros aspectos éticos como respeito, honestidade, hombridade, delação, etc.

QUADRO-SÍnTESE

Gênero: novela

Palavras-chave: insegurança, desrespeito,

amizade, descoberta do sexo oposto

Áreas envolvidas: Língua Portuguesa,

Língua Estrangeira

temas transversais: Ética, Orientação

sexual

Público-alvo: alunos de 5–a e 6–a séries do Ensino Fundamental

PROPOSTAS DE ATIvIDADES

Antes da leitura

1. Deixe que os alunos observem a capa

do livro, criada por Silvana Mattievich. O título — O primeiro beijo — e a ilustração, em que se observa a silhueta de um casal tendo como fundo um coração vermelho, certamente conduzirão os alunos a imagi-narem que o livro desenvolve um enredo amoroso com personagens jovens, afinal trata-se do “primeiro beijo”.

2. Converse com os alunos sobre os

inte-resses que começam a surgir pelo sexo oposto. As primeiras tentativas de aproxi-mação. Como são? Pode ser que as meni-nas considerem os meninos muito infantis e se interessem pelos alunos de classes mais adiantadas. Pode ser que os meninos achem que as meninas são bobocas.

3. Nessa faixa etária também são comuns

desavenças e discussões entre os alunos. Por que elas acontecem? O que posso ou não posso tolerar?

Durante a leitura

1. Antecipe aos alunos que Alex, o

protago-nista da história, é um garoto do interior que se mudou para a capital, freqüentando um novo colégio. Peça que acompanhem a trajetória desse personagem para ver como é a adaptação dele ao novo espaço.

2. Nesse contexto, em que momento se dará

o tal “primeiro beijo”?

Depois da leitura

nas tramas do texto

1. Retome, oralmente, os principais elemen-tos do enredo de O primeiro beijo e estimu-le os alunos a manifestar suas impressões

de leitura.

2. Embora Alex fosse inocente, foi suspenso

uma semana da escola. Os colegas sabiam que não tinha sido ele quem atirara a bola de barro que acertou a Diretora. Ficam re-voltados com o comportamento omisso de Guilherme e decidem escrever uma carta à direção da escola.

• Discuta com os alunos sobre o proce-dimento de Guilherme.

• Convide alguns alunos para montarem uma cena com o diálogo entre Alexandre e seu pai, o sr. Alberto, quando este recebe a carta de suspensão da escola.

• Peça que os alunos escrevam essa carta, defendendo Alex, mas sem delatar Gui-lherme.

3. Aproveite a oportunidade e leia com

os alunos o regimento escolar: O que é permitido e o que é proibido? Há alguma medida com a qual eles não concordam? Que propostas gostariam de apresentar?

4. Peça aos alunos para explicitarem as

diferenças e as semelhanças que verificam no relacionamento entre meninos e me-ninas da classe de Alex e da turma deles. Estimule-os a pensar formas para tornar a convivência mais harmoniosa.

5. Proponha à classe organizar um caderno

com perguntas pessoais, como o da per-sonagem Bete. Cada aluno formula uma pergunta e, depois de montado, o ques-tionário circula entre todos os alunos. As respostas, é claro, devem ser verdadeiras, como as de Alex, quando respondeu à per-gunta “Você já beijou?”. Concordam?

6. Falando em “beijo”, não se esqueça de

perguntar o que acharam de O primeiro beijo, e do primeiro beijo. De quem? Pode ser o das personagens...

nas telas do cinema

Meu primeiro amor, dirigido por Howard Zieff e distribuído pela Columbia Pictures. Uma garota de 11 anos é obcecada pela morte, pois sua mãe morreu e seu pai é um agente funerário que não lhe dá a devida atenção. A garota é apaixonada por seu professor e, no verão, faz parte de um curso de poesia só para impressioná-lo. Parale-lamente, é muito amiga de um garoto que é alérgico a tudo. Quando o pai se apaixona por uma funcionária, a garota, ultrajada, quer fazer qualquer coisa para separá-los.

nos enredos do real

1. Dúvidas como “beijo engravida?” “beijo dá sapinho?” “aids pode ser transmitida através de um beijo?” podem parecer tolas para a maioria, mas que existem, existem. Um dos recursos para encarar o desabrochar da sensualidade com maior serenidade é conversar abertamente sobre elas.

2. Muitos garotos, mais freqüentemente

do que garotas, sentem-se desajeitados e inseguros em relação à garota que querem conquistar, no livro há exemplos disso. Pro-blematize a questão e deixe que falem de suas inseguranças.

3. Da mesma forma que alguns

preconcei-tos como o de raça, de gênero, de sexo vêm sendo efetivamente combatidos pelos mo-vimentos negro, da mulher e dos homos-sexuais, o preconceito lingüístico também precisa ser combatido. Poucas pessoas se dão conta de que estão sendo perigosa-mente preconceituosas quando reafirmam que a língua falada em um determinado lugar ou por uma pessoa “é toda errada”, que “brasileiro não sabe português”, etc. • Releia a passagem em que Alex é alvo de gozações em função da variedade lingüís-tica que fala e reafirme o direito que todos os falantes têm de se expressarem no seu dialeto.

• Informe aos alunos que, em 6 de junho

de 1996, em Barcelona, deu-se a procla-mação da Declaración Universal de Dere-chos Linguísticos, cujo texto integral pode ser acessado no site www.linguistic-decla-ration.org (versões em espanhol, catalão, inglês e francês). Se possível, convide o pro-fessor de língua estrangeira para realizar uma leitura compartilhada do documento com os alunos.

DICAS DE LEITURA

da mesma autora

Revolução em mim — São Paulo, Moderna A maldição do silêncio — São Paulo, Mo-derna

Crescer é perigoso — São Paulo, Moderna Um amigo no escuro — São Paulo, Moderna

sobre o mesmo assunto

Boca a boca — Ivan Jaf, São Paulo, Moderna Primeira vez — Ivan Jaf, São Paulo,

Mo-derna

Sete faces da primeira vez — Carlos Queiroz Telles e outros autores, São Paulo, Moderna Sete faces da paixão — Wagner Costa e outros autores, São Paulo, Moderna

leitura de desafio

O que está acontecendo aí embaixo?, de Karen Gravelle, São Paulo, Companhia das Letras.

A puberdade pode deixar os meninos mui-to confusos. Esse livro traz as informações do que eles querem e precisam saber sobre essa fase. Com uma linguagem franca e descomplicada, a autora ajuda o leitor a se sentir mais confiante, num momento em que tudo na vida deles está mudando.

(7)

marcia kupstas

O primeiro beijo

5 6 7

Um POUCO SObRE A AUTORA

Marcia Kupstas nasceu na cidade de São Paulo, em setembro de 1957. Influenciada pela mãe, que sempre gostou muito de ler, desde cedo conviveu com os livros. Seu primeiro grande escritor foi Monteiro Lobato. Conforme foi se tornando leitora voraz, interessou-se particularmente pelas obras de Edgar Allan Poe, D.H. Lawrence, Graham Greene, John Steinbeck, Agatha Christie, Conan Doyle, Ernest Hemingway. Dos escritores nacionais, começou com José Mauro de Vasconcelos, Graciliano Ra-mos, Machado de Assis, José Condé, Jorge Amado. Depois de adulta, continuou a ler de tudo, de clássicos a contemporâneos, tendo admiração por Patricia Highsmith e Rubem Fonseca. Começou a escrever na adolescência, participando de grupos literários. Escrever era um desejo infantil que, na adolescência, tornou-se um sonho. Formou-se em Letras pela USP. Passou a sistematizar sua produção literária a partir de 1984, tendo ganhado alguns concursos

e publicado contos e resenhas em jornais e revistas. No ano de 1986, lançou seu primeiro livro: Crescer é perigoso, pela Editora Moderna. Foi uma obra que, na época, causou grande impacto. Marcia ganhou o Prêmio Revelação do Concurso Mercedes-Benz de Literatura Juvenil, em 1988. Desde então não parou mais de es-crever. Já coordenou projetos nas áreas de Língua Portuguesa e Literatura, participou de antologias, escreveu livros infantis, juve-nis, para adultos, e ensaios, contando com mais de 60 obras publicadas.

RESEnhA

Alex é um garoto do interior que vem para São Paulo e vai estudar numa das boas esco-las particulares da cidade. Sente dificuldades em se adaptar à nova vida, pois falta-lhe a liberdade da cidade do interior e, na escola, os colegas riem do seu sotaque caipira. Para não ficar totalmente fora do grupo, aceita escrever sobre suas prefe-rências num ca-derno cheio de perguntas pessoais. Quem

decide quem deve ou não escrever nesse caderno é Bete, um ano mais nova que Alex, mas bem extrovertida. A pergunta que causa agito na classe é: você já deu um beijo numa menina? Dizer que não, é com-prometedor, afinal todos falam que sim, enfim é melhor dizer sim. A partir dessa resposta começa a se estabelecer um jogo muito comum entre meninos e meninas nessa faixa etária. Querem se aproximar, mas ainda não sabem como, então uma das maneiras é brigar.

COmEnTáRIOS SObRE A ObRA

O primeiro beijo, além de certamente en-volver os alunos pela temática, pode render boas discussões. A mudança para a cidade grande pode ser uma delas, o que se ga-nha e o que se perde com isso. A questão do preconceito lingüístico é um outro: é correto discriminar alguém pela variedade lingüística que fala? As dificuldades de se pertencer ao grupo, quando se é o “estran-geiro”, quem veio de fora. Até mesmo os problemas de mal comportamento podem ser analisados como expedientes de se chamar atenção. Há outros aspectos éticos como respeito, honestidade, hombridade, delação, etc.

QUADRO-SÍnTESE

Gênero: novela

Palavras-chave: insegurança, desrespeito,

amizade, descoberta do sexo oposto

Áreas envolvidas: Língua Portuguesa,

Língua Estrangeira

temas transversais: Ética, Orientação

sexual

Público-alvo: alunos de 5–a e 6–a séries do Ensino Fundamental

PROPOSTAS DE ATIvIDADES

Antes da leitura

1. Deixe que os alunos observem a capa

do livro, criada por Silvana Mattievich. O título — O primeiro beijo — e a ilustração, em que se observa a silhueta de um casal tendo como fundo um coração vermelho, certamente conduzirão os alunos a imagi-narem que o livro desenvolve um enredo amoroso com personagens jovens, afinal trata-se do “primeiro beijo”.

2. Converse com os alunos sobre os

inte-resses que começam a surgir pelo sexo oposto. As primeiras tentativas de aproxi-mação. Como são? Pode ser que as meni-nas considerem os meninos muito infantis e se interessem pelos alunos de classes mais adiantadas. Pode ser que os meninos achem que as meninas são bobocas.

3. Nessa faixa etária também são comuns

desavenças e discussões entre os alunos. Por que elas acontecem? O que posso ou não posso tolerar?

Durante a leitura

1. Antecipe aos alunos que Alex, o

protago-nista da história, é um garoto do interior que se mudou para a capital, freqüentando um novo colégio. Peça que acompanhem a trajetória desse personagem para ver como é a adaptação dele ao novo espaço.

2. Nesse contexto, em que momento se dará

o tal “primeiro beijo”?

Depois da leitura

nas tramas do texto

1. Retome, oralmente, os principais elemen-tos do enredo de O primeiro beijo e estimu-le os alunos a manifestar suas impressões

de leitura.

2. Embora Alex fosse inocente, foi suspenso

uma semana da escola. Os colegas sabiam que não tinha sido ele quem atirara a bola de barro que acertou a Diretora. Ficam re-voltados com o comportamento omisso de Guilherme e decidem escrever uma carta à direção da escola.

• Discuta com os alunos sobre o proce-dimento de Guilherme.

• Convide alguns alunos para montarem uma cena com o diálogo entre Alexandre e seu pai, o sr. Alberto, quando este recebe a carta de suspensão da escola.

• Peça que os alunos escrevam essa carta, defendendo Alex, mas sem delatar Gui-lherme.

3. Aproveite a oportunidade e leia com

os alunos o regimento escolar: O que é permitido e o que é proibido? Há alguma medida com a qual eles não concordam? Que propostas gostariam de apresentar?

4. Peça aos alunos para explicitarem as

diferenças e as semelhanças que verificam no relacionamento entre meninos e me-ninas da classe de Alex e da turma deles. Estimule-os a pensar formas para tornar a convivência mais harmoniosa.

5. Proponha à classe organizar um caderno

com perguntas pessoais, como o da per-sonagem Bete. Cada aluno formula uma pergunta e, depois de montado, o ques-tionário circula entre todos os alunos. As respostas, é claro, devem ser verdadeiras, como as de Alex, quando respondeu à per-gunta “Você já beijou?”. Concordam?

6. Falando em “beijo”, não se esqueça de

perguntar o que acharam de O primeiro beijo, e do primeiro beijo. De quem? Pode ser o das personagens...

nas telas do cinema

Meu primeiro amor, dirigido por Howard Zieff e distribuído pela Columbia Pictures. Uma garota de 11 anos é obcecada pela morte, pois sua mãe morreu e seu pai é um agente funerário que não lhe dá a devida atenção. A garota é apaixonada por seu professor e, no verão, faz parte de um curso de poesia só para impressioná-lo. Parale-lamente, é muito amiga de um garoto que é alérgico a tudo. Quando o pai se apaixona por uma funcionária, a garota, ultrajada, quer fazer qualquer coisa para separá-los.

nos enredos do real

1. Dúvidas como “beijo engravida?” “beijo dá sapinho?” “aids pode ser transmitida através de um beijo?” podem parecer tolas para a maioria, mas que existem, existem. Um dos recursos para encarar o desabrochar da sensualidade com maior serenidade é conversar abertamente sobre elas.

2. Muitos garotos, mais freqüentemente

do que garotas, sentem-se desajeitados e inseguros em relação à garota que querem conquistar, no livro há exemplos disso. Pro-blematize a questão e deixe que falem de suas inseguranças.

3. Da mesma forma que alguns

preconcei-tos como o de raça, de gênero, de sexo vêm sendo efetivamente combatidos pelos mo-vimentos negro, da mulher e dos homos-sexuais, o preconceito lingüístico também precisa ser combatido. Poucas pessoas se dão conta de que estão sendo perigosa-mente preconceituosas quando reafirmam que a língua falada em um determinado lugar ou por uma pessoa “é toda errada”, que “brasileiro não sabe português”, etc. • Releia a passagem em que Alex é alvo de gozações em função da variedade lingüís-tica que fala e reafirme o direito que todos os falantes têm de se expressarem no seu dialeto.

• Informe aos alunos que, em 6 de junho

de 1996, em Barcelona, deu-se a procla-mação da Declaración Universal de Dere-chos Linguísticos, cujo texto integral pode ser acessado no site www.linguistic-decla-ration.org (versões em espanhol, catalão, inglês e francês). Se possível, convide o pro-fessor de língua estrangeira para realizar uma leitura compartilhada do documento com os alunos.

DICAS DE LEITURA

da mesma autora

Revolução em mim — São Paulo, Moderna A maldição do silêncio — São Paulo, Mo-derna

Crescer é perigoso — São Paulo, Moderna Um amigo no escuro — São Paulo, Moderna

sobre o mesmo assunto

Boca a boca — Ivan Jaf, São Paulo, Moderna Primeira vez — Ivan Jaf, São Paulo,

Mo-derna

Sete faces da primeira vez — Carlos Queiroz Telles e outros autores, São Paulo, Moderna Sete faces da paixão — Wagner Costa e outros autores, São Paulo, Moderna

leitura de desafio

O que está acontecendo aí embaixo?, de Karen Gravelle, São Paulo, Companhia das Letras.

A puberdade pode deixar os meninos mui-to confusos. Esse livro traz as informações do que eles querem e precisam saber sobre essa fase. Com uma linguagem franca e descomplicada, a autora ajuda o leitor a se sentir mais confiante, num momento em que tudo na vida deles está mudando.

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