Nome Completo: Série:
Oficina de Teatro Estudantil Casalunga
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Cena I A visita
As rainhas Tamires e Isabela estão sentadas costurando uma roupa cada. Há tristeza no rosto de Tamires e desanimo em Vitória. Ao fundo música instrumental, que será tocada até a chegada da Vendedora de Jóias, Rebeca. Na chegada da terceira personagem, as duas param de trabalhar e a tratam com desdém:
REBECA – Que tanto trabalham?
ISABELA (seria) – Devemos deixar isso pronto dentro de dois dias!
TAMIRES (imperativa) – E não nos desconcentre!
ISABELA (levanta-se surpresa) – Princesa Tamires? Como pode dar uma ordem dessas a uma de nossas conhecidas?
TAMIRES – Ninguém deve ser mais conhecida neste palácio a não ser nossa irmã!
ISABELA – Mais uma razão para não sermos mal educadas com ninguém! (à vendedora de Jóias) – Afinal, o que te traz aqui?
REBECA – Procura pela rainha Vitória! ISABELA – Está a passeio pelo palácio...
REBECA (ofendida) – Mas eu já estou aqui há cinco minutos! Que desfeita!
ISABELA – Não sei se demora para voltar! (volta a costurar a roupa)
Neste instante, Vitória já está posicionada para entrar SEM ser vista, apenas escuta a conversa:
TAMIRES – Nossa irmã não está para visitas!
VITÓRIA – Estou sim... E não gosto que responda em meu nome, Princesa Tamires...
TAMIRES (agacha-se) – Perdão, majestade!
VITÓRIA – Perdão aceito! (olha para a Vendedora de Jóias) – Afinal, para que me procurava tanto?
A vendedora conduz a rainha até um canto. As duas irmãs se posicionam para escutar a conversa:
REBECA – Ouvi dizer sobre um tal pescador que anda tirando a sua autoridade entre os homens!
VITÓRIA (tirando o anel do dedo) – Mas não pode ser? Nunca recebi esse tipo de gente em meu palácio!
REBECA – Aviso a minha majestade que este homem está muito próximo, e pode lhe causar problemas.
VITÓRIA (entregando o anel) – Belo serviço!
REBECA (alegre) - Faço isso pela amizade que lhe tenho! VITÓRIA – Você faz isso porque precisa de jóias, apenas isso!
REBECA (ofendida) – Nunca precisei comprar ninguém para ter amizades! (sai)
Enquanto isso as duas irmãs retornam para as cadeiras, costuram rapidamente:
VITÓRIA (desconfiada) – Pescador, mas como pode ter essa ousadia? (olha para as duas) – E vocês duas, ainda não terminaram? Que incompetência!
ISABELA – Mas rainha vitória...
VITÓRIA – Não tem nada de mais, nem menos! Ou terminam isso rápido, ou não vão para a minha festa!
AS DUAS (surpresas) – COMO? VITÓRIA – Está dito! (sai)
ISABELA (espantada) – Nunca vi nossa irmã tão irritada, você escutou alguma coisa?
TAMIRES – Eu só ouvi sobre um tal pescador! (pára um instante) – Será que ela está namorando?
ISABELA – Deixe de besteiras, princesa Tamires! Onde já se viu? Vamos terminar isso rápido, se não seremos castigadas...
Continuam costurando até as luzes se apagarem no palco:
Cena II Os pescadores
Há um cenário azul, com um desenho grande que simboliza o mar. Zé Pesqueiro e Compadre João da Pesca chegam e preparam a rede. Pouco depois entram três crianças para brincarem; uma delas é a filha do compadre. Elas brincam com baldes e pás no meio da areia. Zé Pesqueiro mostra a bacia vazia para João da Pesca, que já está desanimado:
JOÃO – Eeeee Zé, desse ano a gente não passa nessa pescaria!
ZÉ (sério) – Mas “Ocê” não fala isso nem de brincadeira. JOÃO – Faz três dias que a gente num pesca é nada!
ZÉ – Vamos tentar de novo! JOÃO – E por quanto tempo?
ZÉ (sério) – O tempo que precisar... “Ocê” tem uma “fia” pra criar, ou ta esquecendo disso?
JOÃO – NUNCA! Minha “fia” é a coisa mais sagrada que eu tenho! Olha ela brincando lá...
ZÉ – Viu? Agora acorda e “vamo trabaiá”!
JOÃO – Cuidado pra não se machucar “hein”, fia! FILHA – Ta bom!
JOÃO - Se eu pudesse falar com a rainha!
Ao escutar a palavra “rainha”, REBECA entra carregando uma prancheta. Fica enojada com a sujeira do lugar, mas procura disfarçar, chegando cada vez mais perto dos dois pescadores:
ZÉ – Que rainha, que nada! O povo anda dizendo por aí que ela vai virar deusa, eu não acredito nisso!
REBECA – HEI, vocês dois! ZÉ – Quem é a senhora?
REBECA – Senhora não... assim você me ofende! JOÃO – Que seja, o que quer de nós?
REBECA – Preciso que apareçam no palácio o mais rápido que puderem. A CONVITE DA RAINHA!
OS DOIS - Da rainha?
REBECA – Sim, “da rainha”! Parecem dois gravadores! (entregam a eles um anel) – Digam que querem vender esse anel para a deusa!
ZÉ (irritado) – Eu não falei? (à Rebeca) – Pois não queremos vender nada e muito menos conhecer a tal da rainha!
JOÃO (batendo no braço de Zé) – Diga a ela que vamos! ZÉ – Pois então vá sozinho! (sai)
JOÃO – ZÉ! VEM CÁ! Espera! (sai) Cena III
A Vendedora e as crianças
Rebeca espera que eles saiam para se aproximar mais das crianças:
REBECA – Isso vai ser mais fácil que tirar doce de criança (começa a escrever em um papel anexado na prancheta) – Preciso... (olhando para elas) – Assinado: A RAINHA! (tira o papel da prancheta, dobra e chama uma das crianças) – Hei, você!
Criança – O que a senhora quer?
REBECA – DE NOVO? Bem, entregue isso aqui para aqueles pescadores!
Criança – Ta bom! Rebeca sai
Criança – O que será isso?
Filha do pescador – Deve ser uma carta! Criança – Eu entrego!
Outra criança – Não eu entrego!
Filha do pescador – Eu entrego e pronto! (todas saem) Cena IV
Os trabalhadores vão ao palácio
Zé entra com um saco de feijão, porém está emburrado. Já o compadre está impressionado com tanta riqueza. Ao observar que o amigo continua carrancudo, procura se conter:
JOÃO – ZÉ... Ooo Zé, “ocê” nunca foi de ficar de cara amarrada para os amigos! Não temos nada a perder!
ZÉ – Eu não queria vim! Foi “ocê” que insistiu!
JOÃO – “Ocê” mesmo disse que tinha uma proposta pra fazer pra elas!
Batem palmas por três vezes até que Tamires e Isabela entram espantadas:
TAMIRES - Não temos esmolas!
ISABELA – O que é isto, princesa!
JOÃO (ofendido) – Viemos a pedido da rainha! Ao entrarem são contidos por ela:
VITÓRIA – Isto aqui é um palácio, e não um salão de festas! ZÉ – Eu não queria vim... Uma mulher misteriosa apareceu lá nas nossas bandas e disse que a senhora queria comprar esse anel!
VITÓRIA (com raiva) – Rebeca... (a eles) – Foi muito bom que vieram (pega dinheiro) – Isto aqui deve ser favorável a vocês!
JOÃO (alegre) – ESTÁ ÓTIMO! Depois você diz que ela não é DEUSA!
VITÓRIA – O que disse?
ZÉ (contendo o compadre) – Ele não disse nada, não é compadre?
JOÃO – O povo ANDA dizendo que a senhora é deusa, e eu muito acredito agora!
VITÓRIA (orgulhosa) – FANTÁSTICO! (pega mais dinheiro) – Isto é pelo elogio!
ZÉ (ofendido) – Pois eu não acredito! VITÓRIA – PRENDAM ESTE HOMEM!
ISABELA (pegando a irmã pelo braço) – Rainha Vitória! Uma “DEUSA” jamais pode se comportar desta forma!
ZÉ (a princesa Isabela) – Eu gostei da senhora! Essa é das nossas!
ISABELA (envergonhada) – Obrigada! TAMIRES – Que absurdo!
JOÃO – VAMO encurtar a conversa que a gente tem que voltar pro mar!
ZÉ (pegando o saco de feijão) – Vamos encurtar essa conversa: vou deixar três sementes com cada uma de vocês. ISABELA – Uma planta para perfumar nosso palácio!
Zé - Só acreditarei que a tal Rainha aí é uma DEUSA quando voltar aqui, no dia da tal festa que o povo fala tanto... VITÓRIA (interessada) – Quer dizer que o povo já sabe da festa! Não é uma má ideia ser coroada com Vitória!
JOÃO – E se a gente perder a aposta, eu dou a vocês a minha filha! A coisa mais sagrada que tenho na vida.
ZÉ (preocupado) – João... Olha bem o que “ocê” ta falando! VITÓRIA – COMBINADÍSSIMO! Aceito! Agora podem ir embora!
Os dois saem rápido, enquanto a rainha se posiciona no trono. Enquanto isso as irmãs sentam e ficam analisando a semente, depois retornam a costura, cansadas:
ISABELA – Eles são bem corajosos!
Tamires – Não acho! Nossa rainha ofereceu um bom dinheiro a eles!
Cena V
A vendedora, a rainha e a poção do crescimento
REBECA chega e repentinamente espanta as duas princesas:
REBECA – Incomodo?
VITÓRIA – Não. Eu precisava mesmo falar com você (olha para as duas desconfiadas) – Vão lá plantar os feijões de vocês, vão!
As duas saem
REBECA – Em que posso ser útil?
VITÓRIA – NÃO RESPONDA nunca em meu nome! Aqueles dois pescadores apareceram aqui...
REBECA – A senhora precisava saber quem eram!
VITÓRIA – Isso não importa agora, eu preciso de uma fórmula para o crescimento!
REBECA – A senhora quer crescer?
VITÓRIA – Não interessa para que que é, quero isso amanhã aqui no meu palácio!
REBECA – Mais alguma recomendação?
VITÓRIA – NÃO! Pode sair! (espera que ela saia) – Agora aquele pescador vai ver quem terá a verdadeira VITÓRIA! (sai dando risada)
Cena VI
As crianças e os pescadores
Assim que os pescadores chegam, as crianças ficam agitadas, querendo entregar a carta para eles:
JOÃO – Que agitação é essa?
Filha do pescador – É pra você! (entrega a carta)
JOÃO – Ta bom, agora vai brincar, vai! (espera as crianças saírem) – Aaaai Zé, será que é uma carta falando que ela quer minha “fia” agora?
ZÉ – Eu te falei pra tomar cuidado com o que “ocê” falava pra elas! (despreocupado) - Mas fica sossegado, tem alguma coisa me dizendo que isso vai dar certo!
JOÃO (quase chorando) – E agora que que eu faço?
ZÉ – Confia nele (aponta para o céu) – Faz que nem eu, confia nele (sai)
JOÃO (arrependido) – E se ela fizer algum mal pra minha filha? AAAAAAAi, ai, e agora? (pensa um pouco) – Eu vou pescar pra ocupar o tempo! (sai)
Cena VII A festa
A rainha Vitória entra muito contente, com outro vestido e com um belíssimo vaso de plantas e o deixa do lado esquerdo do palco. Pouco depois entra Tamires com outro vaso de fores e o deixa na outra ponta do palco. Por último entra Isabela, que está desanimada, pois a planta não cresceu. Assim que se encontram, fazem o cumprimento e uma pequena dança para simbolizarem que a festa está começando. Instantes depois aparecem os dois pescadores e as três crianças. A filha do compadre fica junto com ele do começo ao fim:
VITÓRIA (satisfeita) – Como podem ver, tudo conforme o combinado!
REBECA (com um pote pequeno nas mãos) – Graças as minhas invenções!
VITÓRIA – GRAÇAS A MINHA INTELIGÊNCIA! (olhando para João) – Vamos, me de a criança!
Quando João vai entregá-la, Zé não deixa: ZÉ – A criança fica!
JOÃO (surpreso) – Como assim? Mas Zé... VITÓRIA – COMO OUSA? PRENDAM ESTE HOMEM!
ZÉ – A criança fica! Já disse! Eu quero a verdade!
REBECA (surpresa) - As rainhas, ou princesas, não devem mentir nunca! Eu também quero saber o que aconteceu!
VITÓRIA (pegando o vaso) – Esta é a verdade, todos estão vendo!
TAMIRES – A minha rosa cresceu ainda mais bonita!
ISABELA (triste) – Minha planta não cresceu! Minhas sementes vieram secas!
ZÉ (a João) – Não falei que essa era das “nossas”?
ISABELA (surpresa) – Perdão, senhor, não estou entendendo nada!
ZÉ – TODAS AS SEMENTES VIERAM SECAS! Aquela que se diz “DEUSA” deveria me entregar o vaso sem enfeite nenhum, como está o da princesa aí...
REBECA – TEVE CORAGEM DE MENTIR PARA TODOS?
VITÓRIA – Hei, espera! Você também teve culpa nisso!
REBECA – O pó que te entreguei era simplesmente um veneno! Jamais cresceria qualquer planta!
ISABELA – Nunca me senti tão desapontada! REBECA – POIS EU TENHO A SOLUÇÃO!
ZÉ – E EU TAMBÉM!
JOÃO – QUE A PRINCESA SEJA A RAINHA!
Todos gritam por duas vezes: “QUE A PRINCESA SEJA A RAINHA” enquanto Isabela tinha a coroa de Vitória e coloca na cabeça. Tamires e Vitória descem ao público e entregam as flores para uma das pessoas que estão sentadas enquanto Isabela se torna Rainha e senta-se no lugar de Vitória. ZÉ – Vamo João! Eu te disse, confia nele (aponta para o céu) – NELE!
FIM