CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA
Bruxelas, 7 de Novembro de 2011 (10.11) (Or. en)
Dossier interinstitucional:
2011/0172 (COD)
16165/11
ENER 343
ENV 832
TRANS 290 ECOFIN 729 RECH 351 CODEC 1840 NOTA
de: Secretariado-Geral do Conselho
para: COREPER/Conselho
n.º prop. Com.: 12046/11 ENER 256 ENV 582 TRANS 201 ECOFIN 454 RECH 252 CODEC 1102 +ADD 1-3
Assunto: Proposta de directiva do Parlamento Europeu e do Conselho relativa à eficiência energética e que revoga as Directivas 2004/8/CE e 2006/32/CE
– Relatório de situação
I. INTRODUÇÃO
1. A Comissão apresentou a proposta em epígrafe em 22 de Junho de 2011 com base no
artigo 194.º, n.º 2, do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia, na sequência
da sua comunicação intitulada "Plano de Eficiência Energética de 2011" (7363/11). Em
10 de Junho, o Conselho adoptou conclusões com base nessa comunicação, expondo
algumas áreas prioritárias para aprofundamento da acção em prol da eficiência
energética, tendo em conta o sector público, a política imobiliária e os sectores
industrial e energético, bem como os meios de incentivar as opções apropriadas dos
consumidores (10709/11).
2. O Comité Económico e Social e o Comité das Regiões ainda não emitiram os seus pareceres respectivos. A votação da Comissão da Indústria, da Investigação e da Energia do Parlamento Europeu sobre um projecto de relatório está prevista para o início de 2012.
3. Convida-se o Comité de Representantes Permanentes dessa Comissão e o Conselho (TTE – Energia) a registar esse relatório de situação redigido sob a responsabilidade da Presidência. Esse relatório expõe as principais questões analisadas e dá sugestões quanto ao modo de as abordar.
PONTO DA SITUAÇÃO
O Grupo da Energia analisou intensamente o projecto de directiva proposto (e a avaliação de impacto) durante os meses de Julho e de Setembro, analisando em primeiro lugar os
princípios e disposições principais, e procedendo em seguida à análise de todo o articulado e dos anexos. Em 3 de Outubro, a Presidência apresentou um primeiro texto revisto do projecto de directiva (14980/11) acompanhado de sugestões para alguns elementos , com base em comentários escritos e orais das delegações. Durante o mês de Outubro foram analisados artigos essenciais dessa proposta (Artigos 4.º, 6.º, 10.º e 12.º, n.º 5).
Em resposta a pedidos formulados pelos Estados-Membros, a Presidência organizou,
juntamente com a Delegação Dinamarquesa, dois seminários técnicos sobre a experiência em matéria de regimes nacionais de obrigação de eficiência energética e de sistemas nacionais de produção combinada de calor e de electricidade / redes urbanas de aquecimento e de
arrefecimento (PCCE/RUAA) (PCCE/RUAA)
1. O objectivo desses seminários era o de facilitar a compreensão das implicações das disposições propostas na directiva e partilhar boas práticas. Sem prejuízo dos procedimentos formais das instâncias preparatórias do Conselho, as conclusões desses seminários foram comunicadas ao Grupo da Energia em 25 de Outubro.
Entre meados de Outubro e o início de Novembro, a Presidência procedeu a consultas bilaterais com todas as delegações a fim de compreender melhor as suas posições.
As delegações mantêm reservas gerais/reservas de análise, sendo que algumas continuam a analisar mais aprofundadamente as disposições constantes do projecto de directiva.
O Serviço Jurídico do Conselho apresentou um parecer (15452/11) sobre a competência da União para adoptar medidas de ordenamento do território (artigo10.º e Anexo VII) e sobre o princípio da subsidiariedade.
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Produção combinada calor-electricidade (PCCE) e redes urbanas de
aquecimento/arrefecimento.
A. Observações gerais
Em conformidade com as conclusões do Conselho Europeu de 4 de Fevereiro de 2011, as delegações sublinharam que, na perspectiva da consecução dos objectivos globais da UE no domínio da energia, bem como da competitividade, segurança de abastecimento e
sustentabilidade, é fundamental alcançar o objectivo de eficiência energética da UE. As delegações apoiam o objectivo da proposta e medidas adicionais de eficiência energética, mas sublinharam igualmente a relevância da flexibilidade na aplicação das medidas mais eficientes em termos de custos pelos Estados-Membros, da conformidade com a legislação em vigor e da observância do princípio de subsidiariedade. À luz desses debates, a proposta de texto da Presidência visou manter o nível de ambição acima referido e proporcionar uma maior flexibilidade.
B. Questões principais:
A Presidência considera que as principais questões abaixo resultam dos debates e consultas e requerem mais análise aprofundada, sem prejuízo dos pontos de interesse de cada delegação ou de outras disposições constantes da proposta ainda não abordadas mais aprofundadamente no âmbito do método de trabalho proposto pela Presidência:
Objectivos de eficiência energética (artigo 3.º):
O actual texto da Presidência dá resposta aos pedidos de alinhar o texto por conclusões mais recentes do Conselho Europeu e do Conselho, inclusivamente no que se refere à revisão a efectuar em 2013, e de autorizar os Estados-Membros a reflectirem mais correctamente a sua situação nacional sempre que estabeleçam objectivos nacionais indicativos em matéria de eficiência energética. A pedido das delegações, a Presidência sugeriu uma alternativa para enunciar e ilustrar o objectivo da UE para 2020 de um aumento de 20% da eficiência
energética
1. Foi incluída uma avaliação em duas etapas da evolução realizada, a efectuar em 2013 e 2015. A título de método de comparação dos progressos realizados pelos Estados- -Membros, a Presidência sugere – como uma das soluções possíveis – que a Comissão apresente um projecto de acto delegado até 31 de Dezembro de 2014. A Presidência é de opinião que uma metodologia deverá incluir uma projecção relativa ao consumo total de energia na UE.
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Ver nota de rodapé 9 no doc. 14980/11.
Organismos públicos (artigo 4.º)
De modo semelhante aos debates realizados aquando da análise da comunicação da Comissão sobre o Plano de Eficiência Energética de 2011, numerosas delegações questionaram o
alcance, a viabilidade e a adequação financeira do objectivo proposto de renovação anual de 3% de todos os edifícios pertencentes a autoridades públicas. Algumas delegações solicitaram mais coerência com a Directiva 2010/31/UE relativa ao desempenho energético dos edifícios, inclusivamente em relação a eventuais exclusões. Várias delegações emitiram a opinião segundo a qual qualquer obrigação nesse sentido deverá ser apoiada por fontes de financiamento adicionais.
Um dos meios sugeridos no decurso dos debates realizados no âmbito do Grupo para definir e circunscrever mais claramente o alcance dessa disposição consistiria em concentrar a
obrigação nos edifícios pertencentes ao governo central, sendo possível solicitar
simultaneamente aos Estados-Membros que adaptem ou melhorem o desempenho energético dos edifícios pertencentes às autoridades regionais e locais, assim como na habitação social.
O texto da Presidência inclui uma primeira sugestão de abordagem alternativa do objectivo de renovação anual, em conformidade com o apelo lançado pelo Conselho nas suas
conclusões de Junho de 2011. A abordagem alternativa poderá exigir mais ajustamentos a fim de proporcionar a flexibilidade exigida por diversas delegações e assegurar simultaneamente a equivalência com os esforços a realizar.
Aquisições pelos organismos públicos (artigo 5.º):
Para numerosas delegações, o texto actual, tal como proposto pela Presidência, incluindo o Anexo III, não suscita objecções de maior na presente fase. No entanto, têm-se verificado apelos à ponderação de aspectos mais alargados da sustentabilidade no que diz respeito aos contratos públicos, assim como ao aprofundamento da análise do Anexo III e à
compatibilidade entre as disposições propostas e a legislação comunitária em matéria de
contratos públicos.
Regimes obrigatórios em matéria de eficiência energética (artigo 6.º)
Alguns Estados-Membros, baseando-se em parte na experiência adquirida, são em princípio favoráveis à proposta de introdução de um requisito no sentido de estabelecer um regime obrigatório em matéria de eficiência energética, mas pedem flexibilidade na concepção dos regimes, adaptando-os melhor à sua situação e evitando a decomposição dos regimes nacionais já existentes e operacionais. Outros não estão convictos da bondade de tal abordagem, quer porque duvidam do alcance da obrigação sugerida, receiam os impactos negativos sobre os custos para os consumidores e a competitividade por não serem tidas em conta circunstâncias nacionais (potencialidades futuras limitadas devido à acção desenvolvida em fase precoce, ou consumo de energia per capita comparativamente reduzido), quer porque contestam o que consideram ser um objectivo sectorial vinculativo. Subsistem em ambos os grupos questões relativas ao nível da taxa de poupança de energia proposta.
Verifica-se a existência de uma resistência ao estabelecimento de um sistema de reconhecimento mútuo de tais regimes com base num acto delegado, razão pela qual a Presidência sugere a possibilidade de se prever um sistema facultativo baseado numa abordagem voluntária.
No entender de numerosas delegações, o texto actual da Presidência contempla de algum
modo as suas preocupações, ao rever nomeadamente o disposto no primeiro parágrafo,
proporcionando assim uma maior clareza, por exemplo no que diz respeito ao sector dos
combustíveis para transportes. Além disso, a designação das partes sujeitas a obrigação seria
doravante confiada aos Estados-Membros, o que motivou um apelo à inclusão de alguma
orientação quanto ao que poderia caracterizar as eventuais partes sujeitas a obrigação. Em
resposta aos pedidos das delegações, o texto da Presidência estabelece um horizonte temporal
para o funcionamento do regime até ao final de 2020 e limiares mais elevados para eventuais
isenções no ponto 8.
Com base no texto da Presidência, as delegações sugeriram no seio do Grupo que se previsse o aumento progressivo do objectivo, partindo de um nível mais baixo a fim de ascender no sistema e atingir a prazo taxas de poupança mais elevadas, ou que fosse dada aos Estados- -Membros a possibilidade de estabelecerem períodos mais longos (por exemplo, três anos) para um objectivo cumulativo. Durante os debates, colocaram-se igualmente questões sobre o modo de reconhecer uma medida precoce no âmbito de uma taxa de poupança de 1,5%, bem como poupanças entre os sectores outros que não os de utilização final. Além disso, verifica-se a existência de apoio à exposição mais pormenorizada da abordagem alternativa constante do ponto 9, incluindo a possibilidade de combinar elementos de um regime de obrigação com outras abordagens possíveis (tais como medidas fiscais, regimes de apoio e acordos voluntários a longo prazo), assim como à garantia de condições equitativas em relação à abordagem do regime de obrigação, tornando assim desnecessária a verificação ex ante pela Comissão
1.
Auditorias energéticas e sistemas de gestão da energia (artigo 7.º)
Embora se verifique um amplo acordo quanto à utilidade das auditorias energéticas para se explorarem potencialidades adicionais de poupança, algumas delegações não apreciam o requisito que obriga as maiores empresas a procederem a auditorias energéticas, por motivos de proporcionalidade, de cargas administrativas e devido à criação de picos desnecessários de procura de auditores, afirmando que seria mais profícuo centrar a acção na implementação real das recomendações resultantes das auditorias energéticas, inclusivamente através de sistemas de gestão da energia. As alterações propostas no texto da Presidência respondem a algumas das preocupações, na medida em que clarificam as condições em que os peritos da própria empresa podem realizar as auditorias e alargam tanto o prazo para a entrada em vigor da obrigação como a frequência das auditorias. Alguns Estados-Membros realçaram a
necessidade de dispor de uma norma europeia de auditoria energética (actualmente em vias de desenvolvimento pelo Comité Europeu de Normalização e o Comité Europeu de
Normalização Electrotécnica (CEN/CENELEC), a qual deverá constar da directiva proposta.
Contagem e facturação discriminada (artigo 8.º):
Embora de um modo geral as delegações apoiem o objectivo que consiste na realização de poupanças de energia através de uma mudança comportamental, algumas delegações
manifestaram a sua preocupação quanto à relação entre as obrigações sugeridas em matéria de facturação discriminada e o que está estipulado em matéria de instalação de contadores
inteligentes na legislação sobre o terceiro pacote relativo ao mercado interno da energia, que os Estados-Membros estão a implementar. Por outro lado, a Comissão declarou que as obrigações sugeridas em matéria de facturação discriminada não abrangem os contadores inteligentes.
1
Ver nota de rodapé 10 no doc. 14980/11.
Algumas delegações consideram que os requisitos propostos relativamente aos contadores individuais de consumo de calor ou aos calorímetros de radiador individuais em prédios de apartamentos nem sempre são eficientes do ponto de vista dos custos, pelo que sugerem que, a ser mantida, a obrigação de instalar qualquer um desses dispositivos dependa da sua eficácia em termos de custos. Além disso, determinadas categorias de prédios, tais como aqueles em que está instalada uma tubagem vertical, poderiam ser excluídos do âmbito das obrigações referentes à contagem do calor nesse artigo.
Promoção da eficiência no aquecimento e arrefecimento (artigo 10.º)
Numerosas delegações consideraram excessivamente rígidos os requisitos propostos em matéria de desenvolvimento das potencialidades da cogeração de alta eficiência e do
aquecimento e arrefecimento urbanos, e vários Estados-Membros contestam por motivos de subsidiariedade as obrigações relativas ao ordenamento do território
1. Nem todos consideram as PCCE/RUAA uma hipótese viável, face à proporção cada vez maior das fontes de energia renováveis intermitentes, a determinadas condições climáticas ou à ausência de
potencialidades da PCCE já identificadas na aplicação da Directiva 2004/8/CE relativa à cogeração.
De um modo geral, as delegações congratularam-se com as sugestões constantes do texto da Presidência, que consideraram representar um aperfeiçoamento, já que simplificam as
disposições e proporcionam uma maior flexibilidade aos Estados-Membros, nomeadamente e antes de mais através de uma avaliação das potencialidades das PCCE/RUAA no seu
território, mediante a inclusão da análise dos custos-benefícios a nível das instalações como base para uma isenção em termos de critérios autorização/licença e o fornecimento de uma simples notificação à Comissão. Foram feitos pedidos no sentido de efectuar uma distinção mais clara entre a PCCE e as RUAA, de molde a que as disposições possam corresponder melhor às diversas situações nacionais e opções políticas. Afigurou-se apropriado dar explicitamente aos Estados-Membros a possibilidade de excluir as centrais nucleares dos requisitos constantes do Artigo 10.º.
Algumas delegações solicitaram a supressão das restrições relativas à implantação de instalações sempre que o calor residual possa ser utilizado por pontos de procura de calor, e vários Estados-Membros não apoiam a ideia de que as instalações industriais devam ser obrigadas a utilizar o calor residual e estar ligadas às redes RUAA. A Presidência é de opinião que essas alterações propostas devem continuar a ser objecto de estudo cuidado.
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