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Quanto custa um pedaço do céu?
Cleonice Schlieck
QUANTO CUSTA UM PEDAÇO DO CÉU?
CLEONICE SCHLIECK
1ª edição
Chapadão do Sul—MS Edição do Autor
2017
Imagens de capa obtidas do site
Um senhor da sociedade Grande empresário No ramo de administração
Do setor imobiliário Trabalhava de sol a sol Sem olhar para horário Chegando em uma cidade Comprava um pedaço de chão
Loteava em terrenos E os vendia à população
Assim fazia fortuna E ganhava admiração.
Se era honesto nos negócios Não se está aqui em questão
Só sei que era dedicado
Em sua profissão
Se o assunto era terra
Ele sempre tinha chão.
Porém, em sua presença Chegou um dia um trabalhador
Cuja renda era um salário De ínfimo valor
Com uma proposta de aluguel Para o “nobre senhor”.
Trazendo o chapéu ao peito Em gesto de humildade
A voz era modesta De grande afabilidade Pai de dois filhos pequenos
Recém-chegado na cidade.
Suas roupas denunciavam Sua situação social A pele era queimada do sol
Como era natural Pois o seu sustento vinha
Do serviço braçal.
“Me desculpe o incômodo”, Ele assim foi dizendo,
“Sem demoras ou rodeios, Sei que estou lhe aborrecendo,
Vou direto ao assunto Dizer o que estou querendo.
Pra família eu preciso Uma casa alugar.
Uma casa pequenina Não importa o lugar.
Que é pra mulher e os filhos Por um mês poder ficar.
Pode ser pequenina Sem reboco na parede Que eu só tenho de pertences
Pote de água e uma rede.
E se o senhor me atender
Que Deus assim o conserve.
Vim de longe, de outro estado Em busca de oportunidade
De um salário digno Aqui nesta cidade Para o trabalho não me falta
Força de vontade.
Mas dinheiro ainda não tenho Por isso peço a caridade E lhe dou minha palavra
Com muita honestidade De que ao final do mês Em extrema pontualidade
Pagarei o que te devo Como ficar acertado.
Só lhe faço esse pedido Muito a custo e contrariado,
Pois não tenho condições
De pagar adiantado”.
O empresário ouviu O trabalhador em sua frente
Mas às palavras que ouvia Se fazia indiferente Se cedesse à proposta:
Não há negócio que aguente!
Compreendia a situação Mas nada podia fazer Pois as terras que ele tinha
Eram todas para vender Se atendesse aos pedintes
Seu negócio iria perecer.
Pois são muitos no país Sem teto para morar;
São muitos os que não tem
Nem condições de o alugar,
Que dormem pelas calçadas
E das ruas fazem seu lar.
Nisso ele estava pensando E em sinal de conclusão Do trabalhador se despediu
Estendendo-lhe a mão, Dando-lhe adeus Encerrando a questão.
E desse modo ele foi falando Quase que se desculpando
Com palavras vazias Que da boca ia expulsando Em seu orgulho de “senhor”
Desse modo foi falando:
“Por ser um trabalhador Ao senhor tiro o chapéu E lamento muito não ajudá-lo
Deixando-o assim ao léu,
Se pudesse eu lhe vendia
Até um pedaço do céu”.
Poderia ficar calado Despedindo-se com respeito
Mas proferiu estas palavras Sem valor e sem proveito
Revelando seu caráter E a índole de seu peito.
O Trabalhador honrado Essa rejeição sofreu
Não pela negativa
Mas pela forma em que se deu E de modo muito educado
O comentário respondeu:
“Creio que o senhor não pode Tomar essa decisão Mas, por curiosidade, doutor,
Quanto custaria a transação, Sendo o senhor um Filho de Deus
E sendo eu o seu irmão?”
E retirou-se dignamente Como era necessário, Ciente de que para morar no céu
Não importa o salário Nem a origem social Nem o saldo bancário.
Quanto custa um pedaço do céu?
O empresário ficou pensando Durante todo o dia
A pergunta ficou lhe martelando Mesmo enquanto trabalhava
No escritório negociando.
Desde os tempos de Adão Os homens caem em pecado,
E a Lei que Deus deu Sempre a deixam de lado, Fingem que dela se esquecem
E a si se tem endeusados.
“Não sou tão ruim assim”, Pensou consigo o empresário,
“Não trafico e não mato Também não sou salafrário,
Não sufoco nem adultero Outros pecados não faço, À luz dos Dez Mandamentos
Nem sou assim tão pecador Conheço a história bíblica
De Jesus o Salvador E sei que Ele na cruz morreu
Por seu infinito amor...
Talvez se eu morresse E a Ele me apresentasse Se Ele talvez permitisse Que em minha causa eu falasse
Provavelmente no céu
Talvez eu entrasse”.
A secretária que o ouvia Ousou uma interferência
“Entre os pecados dos homens Está a prepotência, Mesmo os mais honestos Não têm completa obediência.
Perante a Lei de Deus Não há pecadinho ou pecadão.
Cobiçar a mulher alheia Também é traição, O mal que se deseja ao outro Já aconteceu em seu coração.
Por isso é que se diz Nisso tenho convicção Que se peca por muito falar
Também pela omissão
Pelo bem que não se faz
E pela falta de contrição.
Depois do primeiro pecado Todos somos pecadores Assim testemunham os padres
E também os pastores A Deus não se suborna Com promessas de favores.
Se quiseres entrar no céu Tem muito em que meditar.
A receita é uma só É em Deus sempre confiar.
Como a fé é pessoal não posso Acreditar em seu lugar.”.
“Mas as obras que eu faço?”, Assim ele questionou,
“Altos lances nos leilões Doações de grande valor,
O meu nome nos jornais,
Testemunham quem eu sou.
Já falei e repito:
Conheço a história da cruz, Sei todos os mandamentos
E a história de Jesus.
O que mais é preciso Para que eu alcance a luz?”
“É preciso ter fé E em Jesus confiar Acreditar em Deus Em primeiro lugar.
O resto é consequência Não é preciso eu falar”.
A história dessa conversa Não é fácil reproduzir.
Bem fez a secretária Em seus termos interferir Mas o que se passa no coração
Ninguém pode deduzir.
Acontece que esse homem A vida inteira acreditou
Que a sua boa ação Ao céu o creditou E esperava morar com Deus
Por seu próprio valor.
Tinha ajudado a construir Uma igreja pro senhor, E das missas de domingo
Ele nunca se ausentou, Porém, a palavra da salvação
Seu coração não tocou.
E naquela noite aconteceu O que ninguém esperava:
Um acidente ele sofreu Quando voltava para casa.
Se sua alma subisse ao céu,
Será que Deus o aceitava?
Por sorte, foi um acidente pequeno Só de prejuízo material,
Ninguém ficou ferido Nem precisou ir ao hospital, Tão pequeno que nem alterou
Nem a pressão arterial.
Mas serviu para mostrar Ao homem sua impotência
Pois ele só não se ferira Pela divina clemência, Não por seus próprios méritos
Ou por causa da ciência.
Se o prejuízo fosse maior Com danos mais consistentes
Outros bens conquistaria, Assim como mais clientes, Mas sobre salvar sua alma,
Ele não estava ciente.
Se tivesse morrido No céu será que entraria?
Se possuísse uma relíquia, Isso o ajudaria?
E nessa dúvida da salvação Sua alma se consumia.
A Bíblia em sua biblioteca Ele mandou buscar E em ânsia incontida Pôs-se nela a estudar Folheando o Livro Sagrado
Começou a explicar:
A criação do mundo No primeiro momento E a história dos profetas
Do Antigo Testamento E o Evangelho da salvação
Ele tinha conhecimento.
Foi então que compreendeu O que não explica a razão Como é grande o amor de Deus
Ao nos dar a salvação Nenhum de nós a merece Ninguém merece perdão.
Mesmo assim Ele nos escolhe Para no céu um dia entrar
Basta somente a fé, Em Deus somente confiar Que as boas obras e as boas ações
A fé vai despertar.
Talvez não sejamos empresários Mas como ele nos comportamos
Quando por mérito próprio
O céu desejamos
Sem saber que assim
Do céu nos afastamos
E assim como este empresário De seus erros se arrependeu
Também em contrição Nos acheguemos a Deus
Pois foi por amar a nós
Que Seu filho na cruz morreu.
Cleonice Schlieck
É autora dos livros
* Anjo de uma asa só;
* A busca pela verdade;
* A força do amor;
* Intenso como as águas
E dos cordéis:
* Quem precisa de Jesus?;
* Bullying
* A gorda que queria ser magra;
* As aventuras do menino José
* As aventuras do menino José II
* Retrato da corrupção;
* O amor de uma mulher;
* Uma história de amor