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INFILTRAÇÃO DE AGENTES: INTELIGÊNCIA GOVERNAMENTAL E INVESTIGAÇÃO CRIMINAL NO ENFRENTAMENTO AO CRIME ORGANIZADO

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Ab Origine – Cesut em Revista. V. 1, N. 28, jan/jun 2019 ISSN 2595-928X (on-line) INFILTRAÇÃO DE AGENTES: INTELIGÊNCIA GOVERNAMENTAL E

INVESTIGAÇÃO CRIMINAL NO ENFRENTAMENTO AO CRIME ORGANIZADO

INFILTRATION OF AGENTS: GOVERNMENT INTELLIGENCE AND CRIMINAL INVESTIGATION IN FACING ORGANIZED CRIME

Ueder Antônio Coimbra1 Geisla Prado Lima2

Data da submissão 11.03.2019 Data da aprovação 22.04.2019

RESUMO

A ação de maior efetividade para o combate ao crime organizado, prevista na legislação jurídica brasileira, é a técnica especial de investigação, infiltração de agentes. Com previsão na lei 12.850 de 2013 (Lei do Crime Organizado), tem como legitimados, para atuarem como agentes infiltrados para fins de investigação criminal, somente a polícia judiciária (Polícia Federal e Polícia Civil).

A cada ano que passa, com o avanço tecnológico mundial, observa-se uma grande evolução do crime organizado. Com isso, faz-se necessário que o Estado brasileiro evolua para combater esse grave problema que recai na sociedade como um todo, e coloca em risco o sistema democrático.

No Brasil, existem vários órgãos que atuam em atividades de Inteligência. A inteligência governamental, que atua tanto na Defesa Nacional, tendo como exemplo as Forças Armadas, quanto na Segurança Pública e Fiscalização de Fronteiras, cita-se como exemplo as Polícias Militares Estaduais e a Receita Federal, respectivamente. O Decreto 8.793 de 29 de junho de 2016, que fixou a Política Nacional de Inteligência, é um documento norteador para a atividade de inteligência brasileira, e dentre as ameaças nacionais que o mesmo se preocupa está a criminalidade organizada.

Traz a necessidade de os órgãos de inteligência expandir suas capacidades operacionais, fortalecerem a cultura de proteção de conhecimentos e devido à ameaça do crime organizado cooperarem entre si. Contudo, surge-se a incógnita, temos políticas que, através da cooperação entre órgãos de inteligência, buscam o combate ao crime organizado. Porém, a utilização da melhor técnica de combate, que é a infiltração de agentes, está limitada, deixando de aproveitar a eficiência todo um sistema.

Palavras-chave: infiltração de agentes, inteligência governamental, investigação criminal, crime organizado.

ABSTRACT

The most effective action to combat organized crime foreseen in Brazilian legal legislation is the special investigation technique, infiltration of agents. Under the law 12,850 of 2013 (Organized Crime Law), it has as legitimate to act as agents infiltrated for purposes of criminal investigation only the judicial police (Federal Police and Civil Police). Every year that passes with the technological advance worldwide, there is a great evolution of organized crime. With this, it is necessary that the Brazilian State evolves to combat this serious problem that falls on the society as a whole, and puts at risk the democratic system. In Brazil there are several agencies that work in Intelligence activities. Government intelligence, which acts both in National Defense, taking as an example the Armed Forces and Public Security and Border Inspection, are cited as examples of the State Military Police and the Federal Revenue Service, respectively. Decree 8.793 of June 29, 2016, which established the National Intelligence Policy, is a guiding document for Brazilian

1 Bacharel em Direito, Centro de Ensino Superior de Jataí- CESUT-GO.

2 Professora assistente do Centro de Ensino Superior de Jataí- CESUT-GO.

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Ab Origine – Cesut em Revista. V. 1, N. 28, jan/jun 2019 ISSN 2595-928X (on-line) intelligence activity, and among the national threats that the same concern is organized crime.

It brings the need for intelligence agencies to expand their operational capabilities, strengthen the culture of knowledge protection and the threat of organized crime to cooperate with each other.

However, there is the unknown, we have policies that, through cooperation between intelligence agencies, seek the fight against organized crime, but the use of the best technique of combat, which is the infiltration of agents, is limited, failing to take advantage efficiency a whole system.

Keywords: infiltration of agents, government intelligence, criminal investigation, organized crime.

INTRODUÇÃO

A atual conjuntura de evolução do Crime Organizado e do Tráfico de Drogas pelo mundo traz uma forte situação de insegurança política e social para os países, configurando, assim, um risco para o processo democrático. No Brasil, não é diferente, onde a principal vítima perante a ineficiência de ações do Estado Brasileiro para enfrentamento desse problema é a sociedade em geral.

Para vencer esse desafio contra a criminalidade, faz-se necessária a união de todos os órgãos governamentais e dos Estados Membros, através de leis e ações que se comuniquem entre si, atuando de forma estratégica, tática e operacional, objetivando assim a manutenção da democracia e a paz social.

Partindo do entendimento que “conhecimento é poder”, uma das formas de combater esse grave problema de Segurança Pública e Defesa Nacional é a utilização da atividade de inteligência governamental, em consonância com a investigação criminal.

Uma das grandes iniciativas para esse enfrentamento foi a publicação da lei 9.883, de 07 de dezembro de 1999 e do Decreto 4.376, de 13 de setembro de 2002 os quais instituem e dispõem sobre a organização e o funcionamento do Sistema Brasileiro de Inteligência - SISBIN.

De maneira geral, a inteligência seria entendida como inteligência clássica, aquela voltada principalmente para o assessoramento do processo decisório dos chefes de Estado. Porém, com a evolução tecnológica mundial, e do aproveitamento desta pelo crime surge a necessidade dos órgãos governamentais utilizarem a atividade de inteligência para enfrentarem esse avanço da Criminalidade Organizada. Com isso, a inteligência deixou de ser apenas clássica, passando a ser aplicada aos órgãos públicos em geral para fins de segurança pública e fiscalização.

Não se deve confundir atividade de inteligência com atividades de investigações, sejam cíveis, criminais, fiscais ou administrativas. Contudo, estes processos utilizam de maneira geral os procedimentos da atividade de inteligência para alcançarem os seus objetivos.

No Brasil, órgãos responsáveis para atuarem na atividade de investigação criminal são a Polícia Federal e a Polícia Civil, conforme previsão no artigo 144 da Constituição Federal de 1988 (CF/88). Contudo, observa-se que a lei 9.883, de 07 de dezembro de 1999 trouxe, de forma

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Ab Origine – Cesut em Revista. V. 1, N. 28, jan/jun 2019 ISSN 2595-928X (on-line) taxativa, vários organismos governamentais com autonomia para atuarem em conjunto na atividade de inteligência.

Partindo-se do princípio de que a obrigação de enfrentar o crime organizado é, de maneira geral, do Estado, verifica-se que na prática, devido a vários fatores, essa ação encontra dificuldades de se estabelecer. Dificuldade essa principalmente no que tange à legalidade das atividades em “situações fins para o processo penal”.

Um grande exemplo de empecilho é a legitimidade para atuação conjunta de órgãos governamentais diversos da polícia judiciária, na atividade especial de investigação – infiltração de agentes.

A infiltração de agentes no combate ao crime organizado é uma técnica especial de investigação bastante invasiva, porém muito eficiente. É uma atividade que ainda carece de evolução legislativa para que seja aproveitada de maneira integral e completa.

Além da Polícia Federal e Polícias Civis, faz-se necessária a cooperação dos diversos órgãos de segurança pública, fiscalização e Defesa Nacional, para que se aproveite a máxima eficiência dessa importantíssima ferramenta de combate.

Apesar de o Estado brasileiro ser um grande potencial na área de inteligência, com agências estruturadas, grupos diversos especializados, depara-se diante da questão de legalidade da prova obtida por alguns de seus órgãos investigativos, dificultando o trabalho de desarticulação do crime.

Um grande exemplo foi a operação “Satiagraha” desencadeada pela Polícia Federal com a participação de agentes da Agência Brasileira de Inteligência –ABIN- contra o desvio de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro.

Esta operação teve seu desfecho prejudicado devido ao entendimento que as provas obtidas com a participação de agentes de inteligência da ABIN foram ilegais, culminando assim na nulidade do processo.

Contudo, observa-se a necessidade de uma evolução legislativa que ampare os órgãos de inteligência governamental e os investigativos nesse grandioso desafio, haja vista que o Crime Organizado pratica a atividade de inteligência, infiltrando-se nos órgãos governamentais, na sociedade, enfim, para estes a legalidade de suas ações são ignoradas.

1. TÉCNICA ESPECIAL DE INVESTIGAÇÃO INFILTRAÇÃO DE AGENTES

É uma técnica especial de investigação na qual um agente policial, devidamente selecionado e treinado para a atividade, infiltra-se no meio do crime organizado, ocultando sua verdadeira identidade, fazendo-se passar como um daqueles, conquistando confiança, a fim de levantar informações importantes que servirá para desmantelar aquela organização.

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Ab Origine – Cesut em Revista. V. 1, N. 28, jan/jun 2019 ISSN 2595-928X (on-line) Relata Nucci (2013, p. 75) que a infiltração de agentes possui natureza de meio de prova misto, já que envolve busca e testemunha. Ademais, o agente infiltrado conhece a estrutura e as atividades da organização e será ouvido, futuramente como testemunha.

1.1 ASPECTOS GERAIS

É certo que a falta de políticas públicas e atuação firme do Estado, em face do aprimoramento tecnológico, estrutural e financeiro das organizações criminosas, faz com que impere na sociedade a lei do silêncio imposta pela cultura da supressão da prova (GONÇALVES, 2016, p. 193/194).

Diante dessas e de várias outras situações, aumenta cada dia mais a necessidade da utilização da técnica especial de investigação para o enfrentamento e combate ao Crime Organizado e Tráfico de Drogas pelo Estado brasileiro.

Uma ferramenta de suma importância para combater o crime organizado é a soma das forças da atividade de inteligência governamental, juntamente com as de técnicas especiais de investigação. Utilizando, assim, quando não tiver outra solução, a infiltração de agentes.

A obra de Sun Tzu, A arte da Guerra (1772), o mais antigo tratado militar do mundo, a qual remonta a turbulenta época dos Estados Guerreiros da China, traz o seguinte sobre a importância da busca do conhecimento sobre o inimigo:

Os grandes generais vencem descobrindo todos os artifícios do inimigo [. ] é de suprema importância na guerra atacar a estratégica do inimigo. Conhece teu inimigo e conhece a ti mesmo; se tiveres cem combates a travar, cem vezes serás vitorioso. Se ignoras teu inimigo e conhece a ti mesmo, tuas chances de perder e de ganhar serão idênticas. Se ignoras ao mesmo tempo teu inimigo e a ti mesmo, só contarás teus combates por tuas derrotas (Tzu, 1772, p. 122).

A primeira tentativa de implementar a técnica especial de infiltração no crime organizado no Brasil foi através do Projeto de Lei nº 3.516 de 1989, do então Deputado Federal Michel Temer, vindo o mesmo a ser transformado na Lei 9.034/1995 - Lei de Combate às Organizações Criminosas (atualmente revogada pela lei 12.850/2013).

No ano de 2001, através da Lei 10.217, a qual alterou a Lei 9.034/95, implementou-se, mediante autorização judicial, o Instituto da Infiltração de Agentes de Polícias ou de Inteligência.

(GOMES e SILVA, 2015, p. 390/391).

Note-se que a Lei 9.034/1995 autorizava a infiltração de agentes de inteligência, o que era algo inadmissível e inconstitucional, pois agentes de inteligência (a exemplo da Agência Brasileira de Inteligência – ABIN) tem por escopo a defesa do Estado, tanto no aspecto político de soberania e preservação do Estado democrático de direito como também da eficiência da prestação de serviços da Administração Pública, e não realizar a atividade de investigação policial. Diante deste quadro, não por outro motivo os Tribunais Superiores vêm considerando que a execução de atos típicos de polícia judiciária (que são a polícia civil e a polícia federal) como monitoramento eletrônico e telemático, bem como ação controlada, por órgãos de inteligência acarreta ilicitude das provas assim obtidas. (Gomes e Silva, 2015, p. 391)

Já é sabido que os meios tradicionais de obtenção de provas previstos no Código de

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Ab Origine – Cesut em Revista. V. 1, N. 28, jan/jun 2019 ISSN 2595-928X (on-line) Processo Penal, como exemplo, da prova testemunhal e documental, não são suficientes para afrontar as atividades das organizações criminosas e tráfico de drogas.

No ano de 2002, foi instituída a Lei nº 10.409, que dispunha sobre os crimes relacionados a drogas, prevendo, em seu artigo 33, inciso I, a figura da infiltração de policiais em quadrilhas, grupos, organizações e bandos, com o objetivo de colher informações sobre operações ilícitas desenvolvidas no âmbito dessas associações.” (GOMES e SILVA, 2015, p. 39).

Contudo, a Nova Lei de Drogas, Lei nº 11.343/2006, revogou a Lei nº 10.409/2002, vindo a prever a infiltração por agente de polícia em qualquer fase da persecução penal, no caso de crimes previstos na Lei de Drogas, mediante autorização judicial, a qual traz:

Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios: I – a infiltração por agente de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes.

Sobre infiltração de agentes para fins de investigação, o que se tem de mais atual como referência legal é a Lei 12.850/2013 (Lei de Combate ao Crime Organizado) a qual traz:

Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previsto em lei, os seguintes meios de obtenção de provas:

[...]

VII – infiltração por policiais, em atividade de investigação, na forma do art.

11.

Os doutrinadores Gomes e Silva (2015, p. 392/393) trazem o seguinte conceito sobre a infiltração de agentes:

A infiltração de agentes trata-se de técnica especial de investigação excepcionalíssima e sigilosa em que, após prévia autorização judicial (guardada a devida proporcionalidade com a medida), um ou mais policiais, que sem revelar suas respectivas identidades ou condições policiais, são inseridos de maneira dissimulada no bojo da engrenagem delitiva da Organização Criminosa com vistas a escaneá-la e collher provas ou fontes de provas suficientes a permitir a desarticulação da referida organização, encontrando assim os seus mandantes (ou homem de trás ou Hintermann), ou aqueles que controlam os fios (drahtzieher), bem como seus executores ou figuras periféricas (Randftiguren).

Para Nucci (2015, p. 70),

A infiltração representa uma penetração, em algum lugar ou coisa, de maneira lenta, pouco a pouco, correndo pelos seus meandros. Tal como a infiltração de água, [...] sem ser percebida, o objetivo desse meio de captação de prova tem o mesmo perfil.

1.2 ORIGEM HISTÓRICA DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES

Hilsman (1966, p. 14) observa que essa atividade infiltração de agentes é bastante antiga.

Relatos da Bíblia Sagrada citado pelo autor traz o seguinte:

.... e o senhor falou a Moisés; dizendo: Enviai homens para que procurem na terra de Canaã, que eu dou aos filhos de Israel... E Moisés mandou-os espiar a terra de Canaã, e disse-lhes: Ponde-vos a caminho do sul e subi a montanha; e vide a terra, como ela é; e a gente que lá vive, se são fortes ou fracos, poucos ou muitos.

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Ab Origine – Cesut em Revista. V. 1, N. 28, jan/jun 2019 ISSN 2595-928X (on-line) Gomes e Silva (2015, p. 389) trazem que a origem do instituto do agente infiltrado é francesa. Relatam que em meados do século XVIII, Eugèni François Vidocq criou uma Brigada de Segurança à paizana e informal. Contudo, ainda afirmam que, na verdade, a primeira atuação de um agente infiltrado está registrada na Bíblia Sagrada, particularmente nos evangelhos de Mateus e Marcos, na passagem em que Judas Escariotes, após se infiltrar entre os escolhidos de Jesus, entrega-o por 30 (trinta) moedas de prata.

Ainda de acordo com o autor (ibid), no manual militar Informações Estratégicas e Decisões Nacionais de 1966, o serviço de espionagem organizado sistematicamente (agente infiltrado) tem sua origem em 1866, durante a guerra da Prússia contra a Austrália, onde o policial prussiano, formado em Direito, Guilherme Stieber, fez- se passar por vendedor ambulante, vagando pela Boêmia por meses, a fim de colher informes minuciosos acerca das instalações militares austríacas.

1.3 LEGITIMIDADE PARA SER AGENTE INFILTRADO

O artigo 2º da lei 9.034/95 trazia a legalização da infiltração feita por agente de polícia ou de inteligência, como se segue:

Art. 2º Em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação de provas: V – infiltração por agentes de polícia ou de inteligência, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes, mediante circunstanciada autorização judicial.

Até então, entendia-se que os agentes de polícia seriam todos aqueles previstos no artigo 144 da Constituição Federal, com objetivos de buscar provas para a instrução criminal. Já os agentes de Inteligência teriam como objetivos da infiltração a obtenção de informações de natureza estratégica e preventiva.

Contudo, a lei 12.850/13, a qual revogou a lei 9034/95, trouxe apenas a previsão do agente de polícia como apto a realizar infiltrações. Antes mesmo da revogação desta, já havia alguma controversa sobre essa legalização do agente de inteligência. Sobre esse assunto Masson e Marçal (2015, p. 260) entendem que:

Seja como for, a Lei 12.850/2013 sepultou a controvérsia. A partir dela, em nosso ordenamento atual, a infiltração só pode ser realizada por agente de polícia, não havendo espaço para os agentes de inteligência das receitas federal ou estaduais, nem para os componentes do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) ou mesmo para agentes do Ministério Público.

[...] Más quem seriam os agentes de polícia legitimados a atuar na qualidade de infiltrados? Seriam todos os integrantes das instituições listados no rol do art.

144 da Constituição da República (polícia federal; polícia rodoviária federal;

polícia ferroviária federal; polícias civis; polícias militares e corpos de bombeiros militares)?

Pensamos que não. Como somente será admitida a infiltração se houver indícios de crime de organização criminosa (art. 10, § 2º., da LCO), entendemos que apenas os agentes policiais incumbidos de investigar esse delito poderão agir como infiltrados, ou seja, tão somente os integrantes da

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Ab Origine – Cesut em Revista. V. 1, N. 28, jan/jun 2019 ISSN 2595-928X (on-line) Polícia Federal (art. 144, § 1º.,I, da CR/1988) e da Polícia Civil (art. 144, § 4º., da CR/1988).

De mais a mais, pela sistemática da Lei 12.850/2013, competirá ao delegado de polícia o exercício de uma sindicalidade interna (controle), por meio da qual lhe é facultado, no curso do inquérito policial, determinar aos seus agentes a confecção de relatório da atividade de infiltração (art. 10, § 5°). Logo, parece- nos claro que os agentes mencionados na lei são os componentes das Polícias Civis e Federal. (grifo do autor).

O Decreto 8.793, de 29 de junho de 2016 (Política Nacional de Inteligência), traz em seu anexo dentre os pressupostos da atividade de inteligência que seja Atividade de Estado, ou seja exclusiva de Estado, com o objetivo de assessoramente dos seus governos e no que diz respeito aos interesses da sociedade.

Analisando as legislações em vigor, observa-se que existe uma grande lacuna legal em relação ao emprego dos agentes de inteligência dos diversos órgãos governamentais do Estado brasileiro, em especial numa possível atuação em atividades de infiltração no crime organizado, juntamente com as polícias Civis e Federais.

Na relação de garantia dos direitos fundamentais do indivíduo, previstos na Constituição Federal, versa o direito de segurança e paz de toda uma sociedade. Contudo, a falta de legalidade faz com que toda uma sociedade torne-se vítima do crime organizado.

1.4 LEGALIDADE DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES

Segundo a lei 12.850/2013, a infiltração dependerá do concurso de vários requisitos legais, tais como, natureza da infração penal, consideração dos riscos da infiltração, imprescindibilidade da infiltração, representação do delegado de polícia ou representante do Ministério Público, o agente ser policial, a infiltração ser voluntária, ter autorização judicial circunstanciada e motivada, garantia do sigilo da infiltração e a existência de indícios de cometimento de infração penal.

A lei 12.850/39, lei do Crime Organizado, trouxe os seguintes requisitos legais necessários para a infiltração:

Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus limites.

§ 1º Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.

§ 2º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art. 1º e se a prova não puder ser produzida por outros meios disponíveis.

§ 3º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada sua necessidade.

§ 4º Findo o prazo previsto no§ 3º, o relatório circunstanciado será apresentado ao juiz competente, que imediatamente cientificará o Ministério Público.

§ 5º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério Público poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração.

Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a representação do delegado de polícia para a infiltração de agentes conterão a demonstração da necessidade

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Ab Origine – Cesut em Revista. V. 1, N. 28, jan/jun 2019 ISSN 2595-928X (on-line) da medida, o alcance das tarefas dos agentes e, quando possível, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e o local da infiltração.

Nesse sentido, Gomes e Silva (2015, p. 393) explicam que a infiltração de agentes é uma medida restritiva de direitos fundamentais, o que pode afetar, de forma eventual, a autodeterminação informativa, o direito à intimidade e à inviolabilidade do domicílio.

O artigo 8º da Convenção Europeia dos Direitos Humanos -Convenção para a Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais- garante a qualquer pessoa o direito de sua vida privada, familiar, e garante ainda o seu domicílio e correspondências. Traz também que para que o Estado faça ingerências na vida privada do cidadão tem que obedecer três requisitos, os quais são: legalidade, legitimidade do fim, e necessidade.

A infiltração de agentes somente será utilizada se qualquer outra medida de investigação prevista na lei não tiver resultado.

Desta forma, conclui-se haver uma graduação legal entre as medidas, devendo a autoridade policial:

(1) utilizar-se dos meios ordinários de investigação previsto no CPP; (2) em caso de necessidade, solicitar a autorização judicial para quebra de dados bancário, fiscal telefônico etc; (3) solicitar autorização para realização de interceptações telefônicas e de dados; e (4) somente em caso de comprovada a ineficácia das medidas anteriores, requisitar a medida de infiltração policial.

(SOUSA, 2015, p. 85).

Atentos aos limites instransponíveis de um Estado Democrático de Direito, Carlos e Friede (2014, p. 24) lembram que a infiltração policial, em nenhuma hipótese, poderá perder o inquestionável caráter excepcional o qual se reveste, não podendo, desta forma, transformar-se em algo ordinário.

Conforme entendem Gomes e Silva (2015, p. 394) “a infiltração de agentes é medida a ser adotada em última ratio, e a periculosidade inerente a toda a Organização Criminosa justifica o emprego de procedimentos investigatórios mais invasivos”.

1.4.1 Jurisprudência do STJ sobre Infiltração de agentes da ABIN

No ano de 2011, o Superior Tribunal de Justiça teve o seguinte entendimento sobre a Operação Satiagraha, a qual foi conduzida por um delegado da Polícia Federal, tendo como participação, na busca de provas para o inquérito policial, a participação de agentes da Agência Brasileira de Inteligência:

1.Uma análise detida dos 11 (onze) volumes que compõem o HC demonstra que existe uma grande quantidade de provas aptas a confirmar, cabalmente, a participação indevida, flagrantemente ilegal e abusiva, da ABIN e do investigador particular contratado pelo Delegado responsável pela chefia da Operação Satiagraha. ....3. Vivemos em um Estado Democrático de Direito, no qual, como nos ensina a Profª. Ada Pellegrini Grinover, in "Nulidades no Processo Penal", "o direito à prova está limitado, na medida em que constitui as garantias do contraditório e da ampla defesa, de sorte que o seu exercício não pode ultrapassar os limites da lei e, sobretudo, da Constituição." 4. No caso em exame, é inquestionável o prejuízo acarretado pelas investigações

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Ab Origine – Cesut em Revista. V. 1, N. 28, jan/jun 2019 ISSN 2595-928X (on-line) realizadas em desconformidade com as normas legais, e não convalescem, sob qualquer ângulo que seja analisada a questão, porquanto é manifesta a nulidade das diligências perpetradas pelos agentes da ABIN e um ex-agente do SNI, ao arrepio da lei.

1. CRIME ORGANIZADO

Conforme previsto no parágrafo 1º, do artigo 1º, da lei 12.850/2013, lei do Crime Organizado:

Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, como objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.

A pena prevista para este crime está prevista no artigo 2º da referida lei, sendo de 3 (três) a 8 (oito) anos de reclusão, além da possibilidade de ser apenado também com a pena de multa.

Ainda importante ressaltar a definição de Nucci (2015, p. 13):

[...] organização criminosa é a associação de agentes, com caráter estável e duradouro, para o fim de praticar infrações penais, devidamente estruturada em organismo preestabelecido, com divisão de tarefas, embora visando o objetivo comum de alcançar qualquer vantagem ilícita, a ser partilhada entre os seus integrantes.

Para Gomes e Silva (2015, p. 22), “o núcleo pensante do crime organizado é camuflado, clandestino, pouco ou nada visível, as células ostensivas do crime organizado são servis, fragmentos operativos dos interesses daquele.” Pereira (2015, p. 31) traz expresso que:

....a atuação de uma organização criminosa se refere ao agrupamento de um número considerável de pessoas com caráter de habitualidade, as quais, baseadas no respeito ao princípio da organização hierárquica, e contando com uma estrutura logística e estrutural, próprias de uma corporação empresarial, buscam através da prática de delitos graves e com destacada repercussão social a obtenção de vantagens econômicas com alta margem de lucratividade.

A Política Nacional de Inteligência, Decreto de 2016, conceitua que a criminalidade organizada é uma das principais ameaças ao Estado e à sociedade em geral, e merece atenção especial dos órgãos de Inteligência e de repressão nacionais e internacionais.

A incidência desse fenômeno, notadamente em sua vertente transnacional, reforça a necessidade de aprofundar a cooperação. Apesar dos esforços individuais e coletivos das Nações, não se projetam resultados que apontem para a redução desse flagelo global em curto e médio prazo.

A atuação cada vez mais integrada, nas vertentes preventivas (Inteligência) e reativas (Policial), mostra ser a forma mais efetiva de enfrentar esse fenômeno, inclusive no que diz respeito a subsidiar os procedimentos de identificação e interrupção dos fluxos financeiros que lhe dão sustentação.

Atualmente, a grande maioria dos países desenvolvem e aprofundam o intercâmbio de dados e conhecimentos entre os órgãos de Inteligência e de repressão em âmbito nacional e internacional, ao que se denomina Política Nacional de Inteligência.

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Ab Origine – Cesut em Revista. V. 1, N. 28, jan/jun 2019 ISSN 2595-928X (on-line) 1.1 A EVOLUÇÃO DO CRIME ORGANIZADO EM MOMENTOS GLOBALIZADOS

Vindo como um dos grandes desafios para a segurança púbica e Defesa Nacional do Brasil, sendo também o mesmo problema enfrentado pelos órgãos de segurança em nível mundial, o crime organizado, conhecido por alguns autores como “delinquência organizada”, aproveita das tecnologias do mundo globalizado para desenvolverem-se em diversas áreas do crime, tais como tráfico de drogas, falsificações, imigrações ilegais, ataque terroristas, tráfico de seres humanos, contrabando, corrupção etc.

Pereira (2015, p. 26) expressa que:

Temos que a delinquência, especialmente aquela caracterizada pela atuação organizada e coletiva, dotada de sofisticação e logística empresarial, constitui- se nos dias de hoje um desafio sem precedentes a ser enfrentado pelos órgãos de persecução criminal e, por que não dizer, pela própria comunidade internacional.

O mesmo autor (ibid) entende que a evolução global do crime organizado é um problema vital, o qual se junta às inquietações globais, tais como, crises econômicas financeiras, epidemias, radiações nucleares, esgotamento da camada de ozônio, aquecimento global, vírus e pirataria.

Com o avanço global da criminalidade, diversas espécies de organizações criminosas vêm se expandindo de forma rápida pelo mundo. Criam redes ilícitas e apoderam-se de grandes quantias de dinheiro, infiltram-se nas empresas e principalmente nas instituições governamentais, tornando um grave problema para o Estado Democrático, o qual fica bastante vulnerável diante do autoritarismo não estatal do Estado paralelo.

Desta forma, a delinquência organizada torna-se cada vez mais poderosa economicamente. Sua entrada nas economias lícitas através da prática da reciclagem ilícita de capitais lhe permitiu, seguramente, se converter em um dos modelos empresariais mais perfeitos do sistema capitalista, culminando com a drástica conclusão de que se trata de uma máquina implacável de produzir dinheiro, exprimindo um planeta empobrecido e desumanizado em razão das crescentes diferenças na distribuição de riqueza. (Pereira, 2015, p.

31).

Estes grupos são muitas vezes entidades empresariais dignas de se qualificarem como altamente organizadas e estruturadas, com a finalidade específica de, através de condutas criminosas, obterem lucro e estabilidade de algumas atividades geradoras do status de grupamento, a ser respeitado em razão do medo e terror que provocam junto à sociedade e, consequentemente, à comunidade internacional (PEREIRA, 2015, p. 33).

1.2 NECESSIDADE DE ENFRENTAR O CRIME ORGANIZADO NO BRASIL

No dicionário Aurélio, a palavra “enfrentar” significa atacar de frente, encarar, defrontar (HOLANDA, 2010). Na atual conjuntura do Estado brasileiro de corrupção e infiltração do crime nos órgãos governamentais, observa-se a necessidade de união dos poderes constitucionais, de todas as esferas, no sentido de proteger a sociedade contra esse mal que se alastra.

Para o devido enfrentamento ao crime organizado, é de suma importância que os órgãos

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Ab Origine – Cesut em Revista. V. 1, N. 28, jan/jun 2019 ISSN 2595-928X (on-line) de inteligência do Estado estejam interligados, trabalhando em uma mesma sintonia. Gonçalves (2016, p. 79) explica que:

...os órgãos de informações não podem se dar ao luxo de atuarem isoladamente. Um sistema de inteligência fundamentado em arquipélagos de unidades autônomas e sem comunicação acaba resultando em fracasso nas funções básicas da inteligência, com consequências que podem ser letais para a sociedade, para o Estado, e para a Segurança Nacional.

O autor (ibid), ainda traz que, para enfrentar o crime organizado, o Estado:

Deve estar preparado para abrir mão de muitos prazeres e condições antes tidas como normais, inclusive econômica, social e até a própria vida, se necessário for. A coragem é o item principal para se tomar a atitude de combater o inimigo e não se aceitar mais as imposições que este faz. Nesse sentido, há que se pensar em formas de enfrentamento do crime organizado.

Para combater essa “doença”, faz-se necessário o melhor remédio. Diante desse entendimento, ainda analisando as reais dificuldades de desarticulação das organizações criminosas, que há várias décadas atuam no Brasil, uma das ferramentas legais e eficazes que o Estado pode recorrer é a técnica especial de investigação Infiltração de Agentes.

Seguindo o Princípio Constitucional da Eficiência, o Estado deverá utilizar seus meios da melhor maneira, tendo em vista que “o objetivo do Princípio da Eficiência é assegurar que os serviços públicos sejam prestados com adequação às necessidades da sociedade que os custeia”.

(ALEXANDRINO e PAULO, 2009, p. 205).

Sousa (2015, p. 79) escreve que:

O Princípio da Eficiência prega a necessidade de que a administração pública trabalhe de forma sempre a aprimorar os resultados obtidos, utilizando-se das técnicas mais eficazes à sua disposição na busca da ótima execução do serviço público.

Contudo, observa-se que somente a polícia judiciária (polícias civis e federal) tem previsão legal para atuarem como agentes infiltrados, daí a necessidade de uma evolução legislativa na qual os vários órgãos governamentais de inteligência poderiam contribuir, de forma sistemática para a atividade de investigação criminal, tudo conforme os preceitos das garantias individuais previstas na Constituição da República.

2. INTELIGÊNCIA GOVERNAMENTAL

O Decreto 8.793, de 29 de junho de 2016 -Política Nacional de Inteligência- traz em seu anexo que “a inteligência desenvolve suas atividades em estrita obediência ao ordenamento jurídico brasileiro, pautando-se pela fiel observância aos princípios, Direitos e Garantias Fundamentais expressos na Constituição Federal”

Gonçalves (2016, p.76) entende que a atividade de inteligência “é essencial ao desenvolvimento e a preservação do estado democrático de direito. Todos os países economicamente desenvolvidos, com democracias consolidadas, possuem serviços de inteligência responsáveis, legais e fortes.”

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Ab Origine – Cesut em Revista. V. 1, N. 28, jan/jun 2019 ISSN 2595-928X (on-line) Há uma imensa massa de informações com a qual o Estado tem de lidar cotidianamente, seja quanto à execução de ações específicas, seja quanto ao estabelecimento de suas políticas e estratégicas institucionais.

No Brasil, o Princípio Constitucional da Eficiência (art. 37, caput, da Constituição da República) veda que o Estado trabalhe com essa “massa de informações”, de forma meramente empírica, com desperdício de recursos humanos, materiais e financeiros.

O Estado deve utilizar métodos, técnicas e ferramentas adequados para lidar com as informações necessárias no desempenho de suas finalidades constitucionais, superando a fase individualista e amadorística de seus agentes públicos e políticos e alcançando a racionalidade gerencial exigida pelo princípio constitucional da eficiência (Gonçalves, 2016, p.76).

Uma das novidades trazidas pela Política Nacional de Inteligência –PNI- fixada pelo Decreto 8.793 de 29 de junho de 2016, foi definir os conceitos de atividade de inteligência, inteligência e contrainteligência, antes restritos aos manuais de emprego militar.

O anexo da PNI conceitua que a atividade de inteligência está dividida em dois ramos, inteligência propriamente dita e contrainteligência, ainda traz a definição de atividade de inteligência:

Atividade de Inteligência: exercício permanente de ações especializadas, voltadas para a produção e difusão de conhecimentos, com vista no assessoramento das autoridades governamentais nos respectivos níveis e áreas de atribuição, para o planejamento, a execução, o acompanhamento e a avaliação das políticas de Estado (Decreto 8.793 de 29 de junho de 2016).

2.1 INTELIGÊNCIA

Quem primeiro realizou estudos acadêmicos sobre inteligência foi o americano Sherman Kent, o qual definiu a concepção trina de inteligência, tais quais, conhecimento, organização e atividade.

No Brasil, até a década de 1990, a expressão “Inteligência” era entendida como a terminologia “informações”. O motivo dessa mudança foi de ordem política, com o objetivo de desvincular da época do regime militar.

A Lei 9.883, de 7 de dezembro de 1999, que criou a Agência Brasileira de Inteligência – ABIN- e instituiu o Sistema Brasileiro de Inteligência –SISBIN-, traz no seu artigo 1º, parágrafo 2º o seguinte conceito sobre inteligência:

A atividade que objetiva a obtenção, análise e disseminação de conhecimentos, dentro e fora do território nacional, sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório e a ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado (Lei 9.883/1999).

A Política Nacional de Inteligência classifica como:

Inteligência: atividade que objetiva produzir e difundir conhecimentos às autoridades competentes, relativos a fatos e situações que ocorram dentro e fora do território nacional, de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório, a ação governamental e a salvaguarda da sociedade e do Estado (Lei

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Ab Origine – Cesut em Revista. V. 1, N. 28, jan/jun 2019 ISSN 2595-928X (on-line) 9.883/1999).

Inteligência é ação presente para decisões futuras. Vai atrás das informações com fins de produzir conhecimentos, os quais serão de grande valia para o planejamento e desenvolvimento das atividades que se objetiva.

2.2 CONTRAINTELIGÊNCIA

É uma atividade que atua paralelamente com a inteligência, tem como objetivo a proteção dos conhecimentos produzidos pela inteligência e neutralizar a inteligência adversa. A Escola Superior de Guerra entende ainda que tem como objetivo salvaguardar os segredos de interesse da Segurança Nacional, bem como identificar as agressões à população.

O conceito que o Decreto 8.793 de 29 de junho de 2016 traz é o seguinte:

II – Contrainteligência: atividade que objetiva prevenir, detectar, obstruir e neutralizar a Inteligência adversa e as ações que constituam ameaça à salvaguarda de dados, conhecimentos, pessoas, áreas e instalações de interesse da sociedade e do Estado.

2.3 CLASSIFICAÇÃO DA INTELIGÊNCIA 2.3.1 Inteligência de Estado

É dividida em inteligência externa e inteligência interna. Gonçalves (2016, p.68) ensina que:

Trata-se daquela atividade associada a informações, processos e organizações relacionados a produção de conhecimentos, tendo por escopo a segurança do Estado e da sociedade, e que constituem subsídios ao processo decisório da mais alta esfera de governo.

A inteligência externa tem por objetivo a Defesa Nacional e a Política Externa de um país. A inteligência interna ou doméstica preocupa-se com as ameaças internas.

A inteligência interna ou doméstica tem a ver com informação voltada à segurança do Estado, de suas instituições e da sociedade, relacionada a ameaças no interior do território nacional. Entre as ameaças que são objeto da atenção da inteligência interna estão subversão, espionagem, violência politicamente motivada, instabilidade econômica, política e social etc. A ESG melhor define essa modalidade de inteligência de Estado como aquela que

“visa à obtenção de conhecimentos relativos ao próprio país, bem como de antagonismos reais ou potenciais e pressões existentes, com a finalidade de orientar o planejamento e o acompanhamento da Política Nacional.

(GONÇALVES, 2016, p. 70).

2.3.2 Inteligência Militar e de Defesa

É o ramo da inteligência voltada para a Defesa Nacional, utilizada pelas Forças Armadas para fins estratégicos de defesa em tempo de Guerra e para tempo de Paz.

É de suma importância para o planejamento militar, tem como objetivo a busca de informações para subsidiar o processo decisório dos comandantes das tropas em qualquer nível hierárquico. Os órgãos de inteligência que existem na atualidade, tanto militar quanto civil, tem como origens os serviços de inteligência militar.

No Brasil, o Sistema de Inteligência de Defesa é composto pelo setor de Inteligência

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Ab Origine – Cesut em Revista. V. 1, N. 28, jan/jun 2019 ISSN 2595-928X (on-line) Estratégica do Ministério da Defesa, e os serviços de inteligência dos respectivos órgãos das Forças Armadas, tais como: Marinha do Brasil, que tem o Centro de Inteligência da Marinha (CIM); na Força Aérea Brasileira, a Secretaria de Inteligência da Aeronáutica (Secint) e no Exército Brasileiro que tem o Centro de Inteligência do Exército (CIE) (CASTRO e FILHO, 2012, p. 79)

No caso específico do Exército Brasileiro, os serviços de inteligência dividem-se em Agências de Inteligências e Grupos de Inteligência, a primeira voltada para a coleta de informações e os últimos tendo como objetivo a busca de dados negados.

2.3.3 Inteligência de Segurança Pública

Conforme explica Castro e Filho (2012, p. 79), o objetivo da Inteligência de Segurança Pública consiste na produção de conhecimentos, análises e elaboração de planos de prevenção e combate ao crime, subsidiando os gestores da segurança pública com informações, as quais serão de importante valia para as decisões no combate à criminalidade, principalmente situações mais complexas.

A Doutrina Nacional de Inteligência Pública (DNSP, 2014, p. 15) traz o seguinte conceito:

A atividade de Inteligência Pública (ISP) é o exercício permanente e sistemático de ações especializadas para identificar, avaliar e acompanhar ameaças reais ou potenciais na esfera de Segurança Pública, basicamente orientadas para produção e salvaguarda de conhecimentos necessários para subsidiar as tomadas de decisões, para o planejamento e execução de uma política de Segurança Pública e das ações para prever, prevenir, neutralizar e reprimir atos criminosos de qualquer natureza que atentem à ordem pública, a incolumidade das pessoas e do patrimônio.

A inteligência de Segurança Pública–ISP- possui especificidade e características próprias, devendo orientar seu trabalho para objetos e objetivos bem específicos.

Conforme Melo (2017, p. 7), partindo da premissa de que o seu foco deve estar voltado prioritariamente para a prevenção e repressão de crimes, a Inteligência de Segurança Pública, no nível estratégico, deve se concentrar em fornecer subsídios para auxiliar a tomada de decisão das autoridades responsáveis pelo planejamento e gestão da área.

Já no nível tático operacional, deve servir para direcionar o emprego do policiamento preventivo e também para orientar as investigações policiais.

2.3.4 Inteligência Criminal ou Policial

Esse ramo de inteligência está voltado para as atividades operacionais e estratégicas, tendo como operadores a polícia civil, federal (ambas judiciária) e também a polícia militar. Tem como objetivo o planejamento para desarticular o crime, e ainda auxiliar o trabalho da polícia judiciária e do Ministério Público, lembrando que Inteligência Policial é diferente de Investigação Criminal.

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Ab Origine – Cesut em Revista. V. 1, N. 28, jan/jun 2019 ISSN 2595-928X (on-line) Após revisão doutrinária em 2011, o Departamento de Polícia Federal trouxe o seguinte conceito sobre inteligência policial.

Atividade de produção e proteção de conhecimentos, exercido por órgão policial, por meio do uso de metodologia própria e de técnicas acessórias, com a finalidade de apoiar o processo decisório deste órgão, quando atuando no nível de assessoramento, ou ainda, de subsidiar a produção de provas penais, quando for necessário o emprego de suas técnicas e metodologias próprias, atuando, neste caso, no nível operacional. (GONÇALVES, 2016, p. 36).

2.3.5 Inteligência Financeira

Uma das principais atividades do crime organizado é baseada na lavagem de dinheiro, caracteriza-se por ações que introduzem dinheiro do crime na economia de um país. Atualmente, a Inteligência Financeira vem sendo um dos principais instrumentos para o enfrentamento desse grandioso problema, em nível mundial.

Gonçalves (2016, p. 56) conceitua Inteligência Financeira como “o conjunto de ações de inteligência voltadas à identificação de delitos financeiros, pessoas, organizações e informações a eles relacionados e produção de conhecimentos com vistas ao combate a esses ilícitos e neutralização das atividades de pessoas e organizações.

2.3.6 Inteligência Fiscal

Gonçalves (2016, p. 59) ensina que, no exercício de seu poder de polícia, o Estado dispõe de uma série de órgãos de fiscalização nas mais distintas áreas. O autor cita como exemplo os órgãos de fiscalização do meio ambiente, agricultura e pecuária, área da saúde, previdência social e, ainda, setores responsáveis pela fiscalização do cumprimento das leis trabalhistas.

No Brasil, observa-se a importância da atividade de inteligência nos órgãos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e também na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Não deixando de anotar a importância da inteligência na proteção dos recursos naturais desenvolvida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

O principal ramo da inteligência fiscal é a inteligência fazendária, a qual tem por missão a investigação de delitos contra a ordem tributária. Contudo, Gonçalves (2016, p. 60) registra que:

Indiscutível, assim, é o importante papel da inteligência fazendária na defesa do Estado e da sociedade. Isso se evidencia pela estrutura de inteligência nas três esferas de governo (federal, estadual e municipal), com setores nas secretarias de fazenda encarregados de reunir dados e produzir conhecimentos para auxiliar o planejamento estratégico nessas organizações e contribuir para as investigações fiscais. O fisco pode, assim, recorrer à atividade de inteligência tanto para prevenir contra fraudes quanto para identificar e neutralizar essas fraudes e recuperar recursos evadidos por meios fraudulentos.

2.4 ÓRGÃOS DE INTELIGÊNCIA GOVERNAMENTAIS NO BRASIL E A EVOLUÇÃO LEGISLATIVA

A inteligência em nível de Estado desenvolveu-se no Brasil a partir de 1927, durante o

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Ab Origine – Cesut em Revista. V. 1, N. 28, jan/jun 2019 ISSN 2595-928X (on-line) regime republicano, fazendo parte da história do país, tanto nos períodos democráticos como nas fases de exceção. De 1927 a 1964, entende-se como a fase embrionária da inteligência brasileira, onde foi criado o Serviço Federal de Informações e Contra-Informações – SFICI. (ABIN, 2016).

De 1964 a1990, a atividade de inteligência brasileira “esteve atrelada, de forma direta, ao contexto da Guerra fria, de características notoriamente ideológicas.” (ABIN, 2016)

Conforme a (ABIN, 2016) na redemocratização, de 1990 até 1999, a atividade de inteligência viveu a fase de transição, onde passou por um processo de reavaliação e autocrítica, adequando-se aos novos contextos governamentais e tornando-se vinculada à Secretaria da Presidência da República.

2.4.1 Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN)

No ano de 1999, através da Lei 9.883, de 7 de dezembro, foi instituído o Sistema Brasileiro de Inteligência, criando assim a Agência Brasileira de Inteligência, órgão da Presidência da República, com a atribuição de ser o órgão central das atividades de inteligência brasileira.

Gonçalves (2016, p. 140) escreve o seguinte sobre a instituição do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), por esta lei:

O primeiro artigo da Lei nº 9.883/1999 instituiu o Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), nome oficial da comunidade de inteligência do País.

Observemos que se tem com o SISBIN uma perspectiva de integração de diversos órgãos de inteligência, civis e militares, com a finalidade precípua de assessorar o Presidente da República fornecendo-lhe subsídios – conhecimento de inteligência – sobre assuntos de interesse nacional.

Através do Decreto 4.376, de 13 de setembro de 2002, foi disposto sobre o funcionamento do Sistema Brasileiro de Inteligência. Trouxe em seu artigo 4º a seguinte composição do Sistema Brasileiro de Inteligência:

Art. 4º O Sistema Brasileiro de Inteligência é composto pelos seguintes órgãos:

I- Casa Civil da Presidência da República, por meio de sua Secretaria- Executiva;

II- Secretaria de Governo da Presidência da República, órgão de coordenação das atividades de inteligência federal;

III- Agência Brasileira de Inteligência - ABIN, da Secretaria de Governo da Presidência da República, como órgão central do Sistema;

IV- Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública, da Diretoria de Inteligência Policial do Departamento de Polícia Federal, do Departamento de Polícia Rodoviária Federal, do Departamento Penitenciário Nacional e do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, da Secretaria Nacional de Justiça;

V- Ministério da Defesa, por meio da Subchefia de Inteligência Estratégica, da Assessoria de Inteligência Operacional, da Divisão de Inteligência Estratégico- Militar da Subchefia de Estratégia do Estado-Maior da Armada, do Centro de Inteligência da Marinha, do Centro de Inteligência do Exército, do Centro de Inteligência da Aeronáutica, e do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia;

VI- Ministério das Relações Exteriores, por meio da Secretaria-Geral de Relações Exteriores e da Coordenação-Geral de Combate aos Ilícitos Transnacionais;

VII- Ministério da Fazenda, por meio da Secretaria-Executiva do Conselho de

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Ab Origine – Cesut em Revista. V. 1, N. 28, jan/jun 2019 ISSN 2595-928X (on-line) Controle de Atividades Financeiras, da Secretaria da Receita Federal do Brasil e do Banco Central do Brasil;

VIII- Ministério do Trabalho e Previdência Social, por meio da Secretaria- Executiva;

IX- Ministério da Saúde, por meio do Gabinete do Ministro de Estado e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA;

X- Casa Militar da Presidência da República,

XI- Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio do Gabinete do Ministro de Estado;

XII- Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria-Executiva e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA;

XIII- Ministério da Integração Nacional, por meio da Secretaria Nacional de Defesa Civil.

XIV- Controladoria-Geral da União, por meio da Secretaria-Executiva.

XV- Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio de sua Secretaria-Executiva;

XVI- Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, por meio de sua Secretaria-Executiva.

XVII- Ministério dos Transportes, por meio de sua Secretaria-Executiva e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT;

XVIII- Ministério de Minas e Energia, por meio de sua Secretaria-Executiva; e XIX- Ministério das Comunicações, por meio de sua Secretaria-xecutiva.

2.4.2 Sistema de Inteligência Pública (SISP)

É um Subsistema do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), o qual tem como centro a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). Integram o SISP os subsistemas de Inteligência de Segurança Pública, de cada Unidade da Federação. Subsistemas estes que funcionam com normas, peculiaridades e interesses de cada Estado.

No ano de 2007, após estudos sobre o assunto Inteligência Pública, foi divulgada a Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública, a qual traz que é “um conjunto de conceitos, características, princípios, valores, normas, métodos, procedimentos, ações técnicas que orientam e disciplinam a atividade de ISP”. (CASTRO e FILHO, 2012, p. 104).

2.5 POLÍTICA NACIONAL DE INTELIGÊNCIA - PREOCUPAÇÃO COM O CRIME ORGANIZADO

Em 29 de junho de 2016, após 16 anos de espera, foi fixada pelo Presidente Michel Temer, através do Decreto 8.793, a Política Nacional de Inteligência, sendo este um documento norteador da atividade de inteligência no Brasil.

“A iniciativa foi muito bem recebida, pois representa a sinalização de que o novo Governo dá atenção diferenciada à inteligência” (GONÇALVES, 2016 p. 209).

A Política Nacional de Inteligência trata dos limites de atuação da comunidade de inteligência no Estado Democrático de Direito, deixa claro que a atuação de seus agentes se dá em uma democracia, e sob a égide da Constituição Federal de 1988, de leis e princípios que sustentam esse regime democrático, ainda traz que os serviços de inteligência devem proteger o Estado e a sociedade.

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Ab Origine – Cesut em Revista. V. 1, N. 28, jan/jun 2019 ISSN 2595-928X (on-line) Proteção esta que, além de dar importância para aspectos relacionados à espionagem, desinformação e sabotagem, a Política Nacional de Inteligência preocupa-se também, de uma forma especial, com a violência provocada pelo desenvolvimento do crime organizado no Brasil.

...violência, em larga medida financiada por organizações criminosas ligadas ao narcotráfico; crimes financeiros internacionais; violações dos direitos humanos; terrorismo e seu financiamento; e atividades ilegais envolvendo o comércio de bens de uso dual e de tecnologias sensíveis, que desafiam os Estados democráticos (GONÇALVES, 2016 p. 209).

O Decreto 8.793/16 –PNI-, traz em seu anexo um rol de onze principais ameaças que apresentam potencial capacidade de pôr em perigo a integridade da sociedade e do Estado, além da Segurança Nacional do Brasil. Dentre eles estão elencadas a criminalidade organizada, a corrupção e o estado democrático de direito.

Gonçalves (2016, p. 222) escreve sobre a importância dada pela nova Política Nacional de Inteligência ao trabalho coordenado entre os órgãos de inteligência do Estado:

Importante também a observação na PNI sobre a necessidade de uma atuação

“não concorrente” dos órgãos da comunidade de inteligência, bem como do compartilhamento de informações e do trabalho coordenado e integrado dos serviços secretos para fazer frente às ameaças e executar de forma eficiente e eficaz sua missão. Entendemos que sem esses aspectos é muito difícil se produzir conhecimento de inteligência de maneira efetiva. Fundamental, nesse sentido, que além de um arcabouço legislativo que dê respaldo a essas ações coordenadas e integradas e ao compartilhamento de informações, haja a real intenção de cooperar por parte de vários órgãos da comunidade de informações e de seus dirigentes. [...]

Inconcebível combater o crime organizado de forma isolada: as vertentes estatais de inteligência e policial devem operar em harmonia, com intercâmbio de dados e conhecimentos entre os serviços secretos e os órgãos de repressão à criminalidade em âmbito nacional e internacional. Essa maneira de atuar é tendência pelo mundo e com o Brasil não pode ser diferente. A esse respeito, a PNI propõe que “a atuação cada vez mais integrada nas vertentes preventiva (inteligência) e reativa (policial) mostra ser a forma mais efetiva de enfrentar esse fenômeno...” [...] Sem cooperação, integração, e inteligência, o trabalho de combate ao crime organizado torna-se ineficiente, ineficaz e pouco efetivo.

A Política Nacional de Inteligência deixa claro que o objetivo da atividade de inteligência é atuar em consonância com os preceitos constitucionais através da prevenção contra ameaças e antecipação de oportunidades, constituindo assim a Inteligência de Defesa, Inteligência de Estado, Inteligência Econômica e Financeira e Inteligência de Segurança Pública; protegendo o Estado e a sociedade, fortalecendo assim o Estado Democrático de Direito.

2.6 O ESTADO, A SOCIEDADE E A INTELIGÊNCIA

Na situação de grande evolução tecnológica da atualidade, o Estado, através de seus órgãos de inteligências, se vê na obrigação de atualizar-se para que consiga acompanhar e combater o avanço do crime organizado e assim proteger a sociedade e o estado democrático.

No mundo contemporâneo, a gestão dos negócios de Estado ocorre no curso de uma crescente evolução tecnológica, social e gerencial. Em igual medida, as opiniões, interesses e demandas da sociedade evoluem com celeridade. Nessas condições, amplia-se o papel da Inteligência no assessoramento ao processo decisório nacional e, simultaneamente, impõe- se aos profissionais dessa

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