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Rev. bras. ter. intensiva vol.18 número1

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RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva EDITORIAL

RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva

Volume 18 - Número 1 - Janeiro/Março 2006

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S

epse é a principal causa de mortalidade em uni-dades de terapia intensiva não-cardiológicas em todo mundo, especialmente em decorrência de dis-função de múltiplos órgãos. Estima-se uma taxa de mortalidade média de 40%. Cerca de 10% dos lei-tos destas unidades são, atualmente, ocupados por pacientes sépticos. Do ponto de vista populacional, cerca de 18 milhões de novos casos de sepse grave serão diagnosticados a cada ano em todo mundo, com crescimento estimado de 1% ao ano. Só nos Estados Unidos, poderemos ter, em poucos anos, cerca de 1 milhão de casos novos de sepse grave a cada ano.

Estes números foram apresentados às comunida-des leiga e científica somente nos últimos anos. Neste período vários estudos epidemiológicos têm sido publicados na literatura médica oriundos de diferentes países. O crescente interesse pelo tema tem mudado o perfil de atuação de pesquisadores, profissionais e gestores de saúde e órgãos governa-mentais. Não mais encarada como uma complicação eventual, sepse direciona as atenções destes profis-sionais no sentido de reduzir sua incidência e taxa de mortalidade. Dentre as diversas iniciativas, a mais ambiciosa é a Surviving Sepsis Campaign (Campa-nha Sobrevivendo à Sepse), cujo objetivo é reduzir a mortalidade em 25% do risco relativo de morte em 5 anos1. Implementada em vários países, incluindo

Brasil, a Campanha vem mobilizando esforços em diferentes instituições e começa a envolver setores da saúde pública.

Nesta edição da Revista Brasileira de Terapia In-tensiva, Sales Jr e col.2 apresentam dados sobre a

epidemiologia da sepse que corroboram com os já mencionados neste editorial. Os autores avaliaram, em 65 unidades de terapia intensiva brasileiras, mais de 3.000 pacientes dos quais 16% apresentaram sepse, em algum momento da internação. A taxa de mortalidade variou de 16% para aqueles pacientes sem disfunções orgânicas a 65% nos pacientes com choque séptico. Além disso, relataram que a princi-pal fonte de infecção do quadro séptico foi a pulmo-nar e que, entre as culturas positivas, houve predo-mínio de bactérias gram-negativas.

Sepse, um problema do tamanho do Brasil

Sepsis, a problem with the size of Brazil

O único estudo epidemiológico brasileiro3 que serve

de comparação a estes dados foi publicado há dois anos, mostrou dados bastante semelhantes no que diz respeito à taxa de ocorrência e de mortalidade e perfis bacteriológicos. Adicionalmente, ao buscar-mos dados internacionais, o presente estudo buscar-mostra que o Brasil apresenta taxa de ocorrência superior a muitos estudos epidemiológicos realizados em outros países, corroborando a tese da “incidência tratada”4. Segundo este conceito, países em que há

pouca disponibilidade de leitos de terapia intensiva relativa à demanda, políticas institucionais favorecem a admissão de pacientes sépticos, o que aumentaria a taxa de ocorrência ou a densidade de incidência. Em recente revisão, Angus e col.5 mostraram que o

Brasil e o Reino Unido são os países que apresentam maior taxa de ocorrência de sepse em unidades de terapia intensiva e possuem semelhantes políticas de admissão e alta nestas unidades. Por fim, o presente estudo ressalta a importância da infecção respirató-ria como origem do quadro séptico e o predomínio de bactérias gram- negativas em culturas positivas de pacientes sépticos independentemente da ori-gem da infecção. Estes dados estão de acordo com boa parte dos estudos publicados. Especificamente quanto ao predomínio de gram-negativos esta é uma constatação em estudos realizados exclusivamen-te em exclusivamen-terapia inexclusivamen-tensiva, mas estudos populacionais apontam para um predomínio de gram-positivos nos últimos anos quando se considera pacientes admiti-dos com sepse em instituições hospitalares6.

Indubitavelmente, este estudo acresce, sobrema-neira, nosso entendimento epidemiológico de sepse em nosso país. Reforça que o foco de todos aqueles envolvidos, direta ou indiretamente com o problema, deve ser a prevenção e a redução de mortalidade de sepse através da implementação de intervenções precoces guiada por protocolos gerenciados em nossas instituições. Este estudo servirá ainda como fonte de consulta periódica para termos uma estima-tiva do impacto da Campanha Sobrevivendo à Sepse que ora se desenvolve em nosso país.

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RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva

Volume 18 - Número 1 - Janeiro/Março 2006 6

RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva

EDITORIAL

REFERÊNCIAS

01. Dellinger RP, Carlet JM, Masur H et al - Surviving Sepsis Campaign Management Guidelines Committee. Surviving Sepsis Campaign gui-delines for management of severe sepsis and septic shock. : Crit Care Med, 2004;32:858-873.

02. Sales Júnior JAL, David CM et al - RBTI - Revista Brasileira Terapia Intensiva, 2006;18(1):9-17

03. Silva E, Pedro Mde A, Sogayar AC et al - Brazilian Sepsis

Epidemio-logical Study. Brazilian Sepsis EpidemioEpidemio-logical Study (BASES study). Crit Care, 2004;8:R251-R26060.

04. Linde-Zwirble WT, Angus DC - Severe sepsis epidemiology: sam-pling, selection, and society. Crit Care, 2004;8:222-226.

05. Angus DC, Pereira CAP, Silva E - Epidemiology of severe sepsis around the world. Endocrine, Metabolic & Immune Disorders - Drug Targets, 2006;6:7-16.

Referências

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