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J. bras. pneumol. vol.30 número6

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Academic year: 2018

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Dados norte-americanos mostram que no ano de 2000, a indústria de medicamentos financiou mais de 314.000 eventos para médicos, desde jantares até finais de semana em lugares interessantes, ao custo de quase dois bilhões de dólares. Isto levanta a questão do conflito de interesse (COI).

O termo conflito de interesse engloba atitudes, favoráveis ou desfavoráveis, relativas a determinadas técnicas, medicamentos, ou dispositivos, que podem ser influenciadas por ganho financeiro potencial. COI é mais comumente mencionado em relação a conferências, nas quais um produto farmacêutico é sutilmente (ou não sutilmente) endossado por um médico que tem um incentivo financeiro para este fim. O New England Journal of Medicine, a mais prestigiada revista médica, recentemente desistiu de sua política Editorial de não convidar autores com potencial COI para escrever artigos de revisão e editoriais sobre tratamento de doenças comuns, sob a alegação de que tais autores enexistem. Vário s est u d o s d emo n st raram q u e o s co n flit o s financeiros de interesse podem afetar o julgamento de profissionais médicos e pesquisadores. Uma revisão sistemática conclui que “as relações financeiras entre a indústria, investigadores científicos e instituições acadêmicas são generalizados e que conflitos de ineresse provenientets destes laços podem influenciar a pesquisa biomédica de man eira import an t e”. Um edit orial publicado por Angell em 2000 teve o provocativo título de “Está a medicina acadêmica à venda?”.

A prática e a pesquisa clínica em Medicina estão sendo profundamente influenciadas pelos grandes ensaios clínicos, o desenvolvimentos de Diretrizes ou Consensos e pelos moviemtnos de Educação Médica Con t in u ada, qu e in clu em mais recen t emen t e o desenvolvimento de sites mantidos por patrocínios. Nestas três áreas, pderosas forças científicas e sócio-econômicas têm influência. Avanços médicos requerem e n sa io s clín ico s cu id a d o sa m e n t e co n t ro la d o s envolvendo muitos pacientes, cientístas e médicos. Este processo envolve grande investimento financeiro e esforço dos investigadores. Algum recurso é proveniente de fundos de pesquisa, mas a maior parte provém da indústria. Um problema importante é como realizar est u dos de pesqu isa, man t ren do a objet ividade, honestidade e comportamento científico e ético longe da influência de considerações financeiras.

O primeiro estudo clínico randomizado na Medicina foi feito em 1948 por tisiologistas, que mostraram que

A SBPT e o s co nflito s de interesse

a estreptomicina poderia curar tuberculose. Os ensaios clínicos cresceram repidamente, e nos últimos anos surgiu o investigador clínico, um novo especialista, que apoiado por fundos da Indústria Farmacêutica, participa quase anonimamente, de grandes ensaios clínicos muitas vezes mundiais. Com a extensão destes ensaios para os países em desnvolvimento, os chamados líderes de opinião, em geral ligados a Universidades públicas emporbecidas, passaram a ter, a partir da participação destes estudos a su a divu lgação,u ma n ova fon t e de ren da pesoal e institucional e garantia a uma certa notoriedade, por ter apoio a palestras financiadas, com cargos diretivos das Sociedades a que são filiados, e proferem aulas e conferências em cursos e congressos regionais e nacionais. Como profissionais médicos, nós devemos assegurar que o altruísmo, e não outros interesses, seja a nossa força primária de motivação.

Sem o apoio da Indústria, as Sociedades Médicas, incluídas obviamen t e a SBPT, n ão poderiam realizar gran des Congressos com diversos convidados estrangeiros (alguns com potenciais conflitos de interesse), cursos de Educação Continuada e implementar plataformas de Educação pela In t ern et , como ora est amos fazen do. A SBPT e os representantes da Indústria com os quais temos tido contato, entendem claramente os limites desta parceria, e nunca tentaram influenciar indevidamente no conteúdo dos programas de ensin o da SBPT. è n ecessário qu e a tranparência se estenda a outros campos. A estratégia é fazer com que os investigadores clínicos declarem abertamente quaisquer COI potenciais, ou oralmente na apresentação de palestras e cnferências, ou por ocasião da publicação de um relato científico (quem controla os dados de uma pesquisa?), incluindo as Diretrizes publicadas pela SBPT, conforme as normas estabelecidas pelo CFM. A partir desta apresentação, a audiência ou o leitor pode julgar possíveis vieses. Obviamente, a declaração de potencial COI não deve ser tomada como sinônimo de desonestidade.

Devemos discutir se colegas que ascendem a cargos diretivos na SBPT (como ocorre com Editores de grandes publicações médicas), podem manter laços específicos com determinadas casas farmacêuticas. Os colegas e o público em geral devem compeender que o suporte da indústria é vit a l p a ra o p ro g ra sse e p a ra a d issem in a çã o d o conhecimento médico, mas é tempo de discutirmos até que ponto estes progressos e sua divulgação são imbuídos de interesses secundários.

Referências

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