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IDENTIDADE: AS DIVERSAS FACES EM UMA SOCIEDADE EM REDE

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

THELMA FERNANDES DE NOVAES

IDENTIDADE: AS DIVERSAS FACES EM UMA

SOCIEDADE EM REDE

Mestrado em Tecnologias da Inteligência e Design Digital

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

THELMA FERNANDES DE NOVAES

IDENTIDADE: AS DIVERSAS FACES EM UMA

SOCIEDADE EM REDE

Mestrado em Tecnologias da Inteligência e Design Digital

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital, na área de concentração Processos Cognitivos e Ambientes Digitais, seguindo a linha de pesquisa Aprendizagem e Semiótica Cognitiva, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Tecnologias da Inteligência e Design Digital sob a orientação do Prof. Dr. Alexandre Campos Silva.

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FOLHA DE APROVAÇÃO

ORIENTADOR:

________________________________

BANCA:

________________________________

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor Alexandre Campos Silva, pelas valiosas contribuições que possibilitaram uma relação de discussão saudável e inteligente, trazendo a luz do conhecimento a este trabalho.

À Edna Conti, secretária do TIDD, pela eficiência em suas atividades e pela atenção especial em todo o período do Mestrado.

À minha amiga Marcia Cristina Vieira Pinto, pelo apoio e o maior e inestimável valor: a amizade.

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“A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu

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RESUMO

NOVAES, Thelma. F. de. Identidade: as diversas faces em uma sociedade em rede. São Paulo, 2013. 97f. Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2013.

Na rede, vivemos conectados, interligados, independentes e indissociáveis. A sociedade em rede é caracterizada pela globalização, flexibilidade e interatividade. A pós-modernidade é acompanhada de diversas características na qual podemos citar entre outras, velocidade de informações, instantaneidade, transitoriedade e falta de profundidade. Por sua vez, o indivíduo com o objetivo de se autorrepresentar dentro de um contexto social organizado em rede, expressa na internet suas referências, interesses e características pessoais. O objetivo dessa pesquisa é analisar as identidades na rede considerando as formas de apropriação dos espaços de expressão pelos sujeitos na Web. O estudo considera um levantamento bibliográfico de diversos autores que abordaram o tema como Castells, Hall, Turkle, Bauman, Sibilia, Giddens, Santaella, Recuero, entre outros. As redes sociais, subjetividades e o novo “eu”, percepção, imagem, contexto, relacionamentos amorosos na rede, perfis falsos e exemplos do impacto de identidades na Web foram analisados nesse estudo. Para elaboração deste trabalho foi utilizada a metodologia de rastreamento derivada do método de etnografia digital e a metodologia exploratória de pesquisa bibliográfica em livros e documentos publicados na internet, bem como a participação da pesquisadora como usuária em diversas redes sociais. A conclusão substancia a afirmação de diversos autores que consideram as identidades pós-modernas fragmentadas e múltiplas.

(7)

ABSTRACT

NOVAES, Thelma F. de. Identity: the many faces in a networking society. São Paulo, 2013. 97f. Dissertation (Master) – Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2013.

On the network we live connected, interconnected, independent and interrelated. The network society is characterized by globalization, flexibility and interactivity. In this context, post-modernity is accompanied by several characteristics which we mention among others, speed information, immediacy, transience and lack of depth. In turn, the individual in order to represent himself within a social context organized in network, express on the internet his references, interests and personal characteristics. The objective of this research is to analyze the identities in the network considering the forms of appropriation of spaces of expression by the subjects on the Web. The study considers a literature of several authors who have addressed the issue as Castells, Hall, Turkle, Bauman, Sibilia, Giddens, Santaella, Recuero among others. Social networks, subjectivities and the new “I”, perception, image, context, loving relationships in the network, fake profiles and examples of the impact of Web identities were analyzed in this study. For preparation of this paper we used the tracking methodology derived from the method of digital ethnography methodology and exploratory research on books and documents published on the Internet as well as the participation of the researcher as users in different social networks. The conclusion substantiates the claim of many authors who consider the identities post-modern fragmented and multiple.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Pág.

Figura 1 – Identidade ... 11

Figura 2 – Mapa mental ... 18

Figura 3 – Modernidade ... 21

Figura 4 – Ícones e pastas ... 22

Figura 5 – Eu ... 23

Figura 6 – Reflexo da identidade ... 25

Figura 7 – Construção da identidade ... 27

Figura 8 – Identidades múltiplas ... 28

Figura 9 – Sociedade ... 29

Figura 10 – Movimentos sociais ... 31

Figura 11 – Nações ... 33

Figura 12 – Mídias ... 35

Figura 13 – Identidades pós-modernas ... 36

Figura 14 – Espetáculo ... 37

Figura 15 – Proliferação de imagens ... 38

Figura 16 – Você ... 40

Figura 17 – Experiência subjetiva ... 42

Figura 18 – Olhar alheio ... 43

Figura 19 – Click ... 44

Figura 20 – Máscaras ... 45

Figura 21 – Incógnitos na rede ... 46

Figura 22 – Buscador Google ... 48

Figura 23 – Imagem na internet ... 52

Figura 24 – Geolocalização de fotos no smartphone ... 53

Figura 25 – Perfil falso ... 55

Figura 26 – Relacionamento na rede ... 58

Figura 27 – Delete-me ... 60

Figura 28 – Identidade na rede ... 63

Figura 29 – Construção da identidade ... 64

Figura 30 – Site PagSeguro ... 65

(9)

Figura 32 – Site Greenpeace ... 67

Figura 33 – Usuário do Facebook ... 70

Figura 34 – Usuário do Linkedin ... 72

Figura 35 – Cartão do Linkedin ... 72

Figura 36 – Carta do Linkedin ... 73

Figura 37 – Twitter ... 74

Figura 38 – Alcance real – Klout ... 77

Figura 39 – Amplificação –Klout ... 77

Figura 40 – Influência na rede –Klout ... 78

Figura 41 – Usuário Klout ... 78

Figura 42 – Usuário Obama no Twitter ... 81

Figura 43 – Movimentos sociais no Brasil – junho de 2013 ... 83

Figura 44 – Movimentos sociais e as redes sociais ... 84

Figura 45 – Movimento “Passe Livre” nas redes sociais ... 85

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 10

CAPÍTULO 1 IDENTIDADE ... 18

1.1 Modernidade X Pós-modernidade ... 20

1.2 As facetas do “Eu” (Ser) ... 23

1.3 Identidade – Crise? ... 26

1.4 Sociedade – Grupos – Movimentos Sociais ... 29

1.5 Estado-Nação ... 32

CAPÍTULO 2 IDENTIDADE NA REDE ... 36

2.1Sociedade, subjetividades e o novo “EU” ... 36

2.1.1 Sociedade contemporânea ... 36

2.1.2 Subjetividades e o novo "EU" ... 40

2.2 Percepção e os mecanismos de busca na Web ... 47

2.3 Imagem no contexto ... 51

2.4 Perfis falsos –fakes ... 54

2.5 Identidade e os relacionamentos amorosos e encontros na Web ... 56

CAPÍTULO 3 – IDENTIDADE NA ERA DAS REDES SOCIAIS ... 62

3.1 Poder da identidade ... 62

3.2 Redes sociais ... 67

3.2.1Facebook – identidade social ... 69

3.2.2Linkedin – identidade profissional ... 71

3.2.3Twitter ... 74

3.2.4 Influência nas mídias sociais -- klout.com ... 76

3.3 O impacto das identidades na Web ... 80

3.3.1 O caso Obama ... 80

3.3.2 Protestos no Brasil – junho de 2013 ... 82

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 89

(11)

INTRODUÇÃO

Contextualização e justificativa

Com o advento da internet, o sujeito social exerce as atividades de comunicar-se e relacionar-se com outros indivíduos, utilizando a tecnologia existente.

A rede representa um ideal de democratização, diminuindo utopicamente as diferenças e assim possibilitando um sentimento de liberdade por meio do anonimato em diversos níveis: emocional, relacional, cultural e profissional.

Castells argumenta que a internet, muito mais do que uma simples tecnologia, é o meio de comunicação organizador das nossas sociedades.

A internet é o coração de um novo paradigma sociotécnico, que constitui na realidade a base material de nossas vidas e de nossas formas de relação, de trabalho e de comunicação. O que a internet faz é processar a virtualidade e transformá-la em nossa realidade, constituindo a sociedade em rede, que é a sociedade em que vivemos. (CASTELLS, 1999a, p. 287)

Ainda segundo Castells, outros fatores de sociabilidade refletem na sociedade atual:

A sociabilidade está se transformando através daquilo que alguns chamam de privatização da sociabilidade, que é a sociabilidade entre pessoas que constroem laços afetivos, que não são os que trabalham ou vivem em um mesmo lugar, que coincidem fisicamente. [...] Esta formação de redes pessoais é o que a internet permite desenvolver mais fortemente. (CASTELLS, 1999a, p. 274)

(12)

Para Giddens,

[...] nas sociedades pré-modernas, o espaço e o lugar eram amplamente coincidentes, uma vez que as dimensões espaciais da vida social eram, para a maioria da população, dominadas pela presença – por uma atividade localizada... A modernidade separa, cada vez mais, o espaço do lugar, ao reforçar relações entre outros que estão “ausentes”, distantes (em termos de local), de qualquer interação face-a-face. Nas condições da modernidade [...], os locais são inteiramente penetrados e moldados por influências sociais bastante distantes deles. O que estrutura o local não é simplesmente aquilo que está presente na cena; a “forma visível” do local oculta as relações distanciadas que determinam sua natureza. (GIDDENS, 1990, p. 18)

Num mundo de fronteiras dissolvidas e de continuidades rompidas, a vida social se torna mediada pelo mercado global de estilos, imagens e pelos sistemas de comunicação globalmente interligados. Com isso, as identidades se tornam desvinculadas de tempos, lugares, histórias e tradições específicas, parecendo “flutuarem livremente” na rede.

Figura 1 – Identidade

(13)

A decadência do Estado-Nação, conforme é mostrada em estudos de Castells (1999b), a dissolução da comunidade e a volatilidade das relações pessoais deixam poucas saídas para estabilizar a identidade. Mudar e se adaptar já não é mais uma opção, mas um imperativo. Pode-se ser qualquer coisa, menos o mesmo.

Todas essas alterações atingem profundamente o indivíduo no final do século XX, quando se tem instaurada a chamada “crise de identidade”, inserida num contexto mais amplo de mudança que desloca as estruturas e processos centrais das sociedades modernas e abala os quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social (HALL, 2000).

Assim, a realidade passa a ser diferente, e as barreiras espaciais, temporais e geográficas tornam-se pouco significativas. As redes globais de intercâmbios conectam e desconectam indivíduos, grupos, regiões e até países sob os efeitos globalizantes provenientes da pós-modernidade e/ou modernidade tardia (HALL, 2000), ou alta modernidade (GIDDENS, 2002).

Se a impermanência inquieta, a rigidez apavora. Estar sempre atualizado, acompanhar as tendências, ser flexível e fazer escolhas é a realidade atual. A única escolha que não se pode fazer é rejeitar esse contexto de liberdade compulsória. Uma liberdade endividada: se está sempre devendo para os outros e para si mesmo. Nenhum esforço é o bastante (BAUMAN, 2001).

Os processos de construção identitária vêm ganhando uma nova forma. Ao disponibilizar um lugar no ciberespaço, a rede possibilita a cada vez mais pessoas a oportunidade de se relatar, garantindo maior liberdade de mostrar e de se construir a própria identidade.

(14)

Sibilia (2008) se baseia em várias evidências para afirmar que o centro das atenções atualmente é cada pessoa, o que ela chama de “você”. Seus estudos mostram que a passagem do século XX para o XXI vem sendo marcada por uma grande mudança na experiência de si, implicando diretamente nas formas com que cada um se constrói como sujeito. As novas formas de expressão, com base na Web, demonstram que o que se quer é que os outros possam reconhecer e legitimar a sua existência. As ferramentas ajudam a recriar a si mesmo visando a captação dos olhares alheios em um mundo saturado de estímulos visuais. Na Web, as identidades são construídas para serem visíveis e aprovadas pelos demais usuários.

No universo digital, para que exista conhecimento mútuo e se estabeleça uma troca, uma vez que não há relação física, a construção de uma identidade virtual é imprescindível.

Turkle (1997) apresenta três processos fundamentais em que ocorre a identidade pessoal na Web:

1. Superficialização – Para se mostrar na rede, o usuário dificilmente se mostra por completo. Comumente desenvolve identidades alternativas como estratégia. Surgem os fakes, ou versões alteradas de si mesmo. Essas personas são como máscaras que o usuário escolhe conforme a situação e a oportunidade.

2. Fragmentação – Ao mesmo tempo, diferentes personas podem ser ativadas na rede devido à sua natureza multitask. Um usuário pode utilizar oSkype e ao mesmo tempo ser outra pessoa num chat digitado pelo Facebook, por exemplo. As identidades se misturam, sobrepõem-se e concorrem entre si.

3. Dinamismo – Os dois processos anteriores estão sempre mudando, e com isso, na mesma linha, o usuário constantemente cria novas personas ou as altera, reforçando assim o aspecto de ansiedade desse ambiente.

(15)

Lévy define a comunidade virtual como

[...] um grupo de pessoas se correspondendo mutuamente por meio de computadores interconectados que se constrói sobre afinidades de interesses, de conhecimentos, sobre projetos mútuos, por meio de cooperação ou de troca, independentemente das proximidades geográficas e das filiações institucionais. (LÉVY, 1999, p. 127)

As comunidades virtuais, assim como os movimentos sociais, necessitam de um sentimento compartilhado, pois se trata de uma criação cultural, social. O ciberespaço potencializa o agrupamento, e com isso surgem as comunidades, e daí a sua importância.

Por meio das comunidades virtuais, novas relações pessoais se construíram no ciberespaço e com elas a formação de novos tipos de identidades.

Redes sociais como, por exemplo, o Facebook, o Linkedin e o Twitter, apresentam diferentes faces de identidades e tornam-se ferramentas de uso cotidiano para os seus usuários. Também os sites de relacionamentos e encontros com suas inúmeras possibilidades de relacionamentos amorosos tornam-se ferramentas cada dia mais utilizadas no Brasil e no mundo.

Nesse panorama de múltiplas identidades e relações mediadas pela tecnologia, a percepção e a imagem exercem papéis fundamentais.

De acordo com Merleau-Ponty (1994), na ideia de consciência do corpo percebe-se que, no mundo virtual, sua expressão a partir de uma imagem é intencional, e torna-se vitrine no novo estilo de vida contemporâneo. Assim, as imagens são cuidadosamente selecionadas para mostrar o melhor de si.

(16)

conexão estabelecida a partir da imagem permite fantasiar tanto quanto se quer, uma vez que a conexão física não existe.

Para Santaella (1993), percepção é aquilo que se apresenta, o que é percebido e o que está no “aqui e agora”. Perceber é estar diante de algo que se apresenta, não somente vendo, mas utilizando outros sentidos e aguçando o sistema cognitivo.

A percepção em relação às identidades na rede é construída por meio de vários fatores, entre eles imagens, resultados de busca, comunidades virtuais de que o usuário participa, entre outros.

Assim, como afirmam os estudiosos Bauman (2001), Castells (1999b) e Hall (2000), a identidade se tornou um dos temas centrais da pós-modernidade, principalmente porque as mudanças sociais, políticas e econômicas que a internet provocou foram mais do que suficientes para alterar não somente o dia a dia das pessoas por meio da tecnologia, mas também para alterar a noção de identidade.

Ao se falar de identidade na rede, aqui será evidenciada a identidade das pessoas (sujeito). Não é objetivo deste trabalho analisar a identidade das máquinas e computadores ou a de empresas e instituições.

Objetivo

O objetivo desta pesquisa é analisar as identidades na rede, considerando as formas de apropriação dos espaços de expressão pelos sujeitos na Web.

Pontos de análise

(17)

 visão da identidade na pós-modernidade;

 reflexão sobre as múltiplas identidades apresentadas na rede considerando imagem, contexto e percepção relacionados ao tema da pesquisa;

 análise e impacto das identidades na era das redes sociais.

Metodologia de pesquisa

Para elaboração deste trabalho, foi utilizada a metodologia de rastreamento derivada do método de etnografia digital e a metodologia exploratória de pesquisa bibliográfica em livros e documentos publicados na internet, bem como a participação da pesquisadora como usuária em diversas redes sociais.

A pesquisa é um estudo de natureza qualitativa e se propõe a compilar material necessário para a criação de uma dissertação dentro do recorte do tema.

Esquema geral da dissertação

Além da introdução, que contextualiza as razões e motivações para a pesquisa, a dissertação está composta por três capítulos:

Capítulo 1 – Identidade: são apresentadas as relações com o tema identidade na modernidade e pós-modernidade, relação Estado-Nação e movimentos sociais.

Capítulo 2 – Identidade na rede: o indivíduo frente às subjetividades e o novo “Eu” é analisado, fazendo valer apenas o que é visto e aprovado pelos demais. Percepção, imagem e contexto são relacionados ao objeto de pesquisa.

(18)
(19)

CAPÍTULO 1 – IDENTIDADE

Para a estruturação e a compreensão de um tema, bem como a gestão de informações e de conhecimento a ele relacionada, a criação de um mapa mental facilita a visualização e a divisão dos principais tópicos que pretendem ser discutidos.

Por esse motivo, este capítulo irá transcorrer no mapa mental da identidade, assunto sobre o qual este trabalho abordará diversas questões.

Figura 2 – Mapa mental

Fonte: <http://cmapspublic2.ihmc.us/rid=1KMNLTXXV-VX1V12-N4/Castells.cmap> Acesso em: fev. 2013.

(20)

Segundo Kruger, identidade é “a consciência que todo o indivíduo tem de si mesmo, da sua origem, filiação, relações que estabelece, atributos físicos e psicológicos e fatores capazes de diferenciarem de outros indivíduos”. (KRUGER, 1995, p. 20)

Tal nível de conscientização proporciona o surgimento de crenças nesse indivíduo sobre sua unidade, demonstrada na coerência e organização deste quanto à sua personalidade e conduta. As crenças se caracterizam por constituir a identidade e por serem obtidas a partir das inúmeras experiências vividas pela pessoa ao longo de seu desenvolvimento, cabendo ressaltar aquelas que se dão durante o processo de socialização.

Kruger (1995) destaca quatro aspectos da identidade:

1. pode ser apresentada tendo a sua origem na percepção de características pessoais e permite que este indivíduo acredite ser diferente dos outros em alguns aspectos;

2. possibilidade que qualquer sujeito tem de distinguir na sua autoapresentação simbólica a existência de diversas dimensões, isto é, das variadas formas de identidade por ele apresentadas ao se inserir em grupos, coletividades e processos sociais;

3. constitui-se com base em crenças autodescritivas e autoavaliativas, as quais lhe conferem um caráter dinâmico que permite mudanças;

4. esse sistema de crenças contribui para o desenvolvimento da personalidade e da conduta dos indivíduos.

Ainda de acordo com Kruger (1995), a análise da formação do ser social implica na articulação entre os processos de sustentação, construção e possível modificação de identidade e o processo de socialização pois, devido à socialização, opera-se a progressiva transformação de um recém-nascido, cujas condutas são inicialmente determinadas por reflexos e respostas não condicionadas em um ser social.

(21)

consequentemente, são influenciadas a todo momento. Esse movimento ocorre em toda e qualquer sociedade e acompanha o indivíduo ao longo de sua vida.

1.1 Modernidade X Pós-modernidade

O “desalojamento do sistema social” – a “extração” das relações sociais dos contextos locais de interação e sua reestruturação ao longo de escalas indefinidas de espaço-tempo – geraram uma descontinuidade.

No entendimento de Giddens,

[...] os modos de vida colocados em ação pela modernidade nos livraram, de uma forma bastante inédita, de todos os tipos tradicionais de ordem social. Tanto em extensão, quanto em intensidade, as transformações envolvidas na modernidade são mais profundas do que a maioria das mudanças características dos períodos anteriores. No plano da extensão, eles serviram para estabelecer formas de interconexão social que cobrem o globo; em termos de intensidade, elas alteraram algumas das características mais íntimas e pessoais de nossa existência cotidiana. (GIDDENS, 1990, p. 21)

O estudo de como a internet estava alterando a experiência do “eu” e do senso de individualidade de cada usuário na década de 90, quando a internet era uma novidade, foi realizado por Sherry Turkle, psicóloga e professora do MIT.

Turkle (1997) estudou como as tecnologias digitais alterariam o comportamento, a identidade e a experiência subjetiva das pessoas no mundo.

(22)

Figura 3 – Modernidade

Fonte: <http://ccsourcecode.blogspot.com.br/2011/06/entendendo-os-bits-e-bytes-da-vida.html>. Acesso em: mai. 2013.

Já na pós-modernidade, a cultura passa a ser a da simulação, da opacidade, superfície e interface. Os usuários começam a ter depedência e sedução pelos computadores. O computador se transforma em um amigo com quem se pode conversar.

(23)

Figura 4 – Ícones e pastas

Fonte: <http://shunkaqkanal.blogspot.com.br/2010/06/icone-gratis_17.html>. Acesso em: mai. 2013.

Segundo Turkle,

A vida real é só mais uma janela e não é a que mais me agrada. [...] As janelas tornaram-se uma poderosa metáfora para pensar no eu como um sistema múltiplo fragmentado. O eu já não se limita a desempenhar diferentes papéis em cenários e ambientes diferentes [...] A prática vivida na janela é a de um eu descentrado que existe em muitos mundos e desempenha muitos papéis ao mesmo tempo” (TURKLE, 1997, p.18).

Assim, para Turkle (1997), a visão modernista da realidade é caracterizada como linear, lógica, hierárquica e possui “profundezas” que podem ser sondadas e compreendidas. Já os mundos virtuais proporcionam experiências das ideias abstratas pós-modernas que, utilizando-se dos computadores, serviram de base para uma filosofia “radicalmente não mecânica do pós-modernismo”.

(24)

Nesse contexto, o computador deixa de ser uma calculadora gigante e modernista, para se tornar a realização do pensamento social pós-modernista.

1.2 As facetas do “Eu” (Ser)

No mundo mediado pelo computador, o “eu” é múltiplo, fluido e constituído por interações com uma rede de máquinas. Ele é formado e transformado pela linguagem. Nesse cenário, ocorrem diversas facetas do “eu” com aceitação e rejeição de analogias com “a máquina”. Turkle afirma que:

A cada passo que damos ao longo da vida, tentamos projetar-nos no mundo. O computador oferece-nos oportunidade de realizar isso, ao corporizar nossas ideias e expressar nossa diversidade. Entramos no mundo do ecrã da mesma forma que Alice atravessou o espelho. (TURKLE, 1997, p.43)

E assim surgiram novas formas de organizar a produção e o acesso ao conhecimento, bem como o imaginário cyborg e tecno-corpos.

Figura 5 - Eu

Fonte: <http://www.gemagema.tv>. Acesso em: abr. 2013.

(25)

Turkle afirma:

O advento desse discurso utópico em torno da descentralização coincidiu com a crescente fragmentação da sociedade em que vivemos. Muitas das instituições que costumavam reunir as pessoas – a rua principal de uma localidade, a sede de um sindicato, uma associação de municípios – já não cumprem a função de outrora. Muitas pessoas passam a maior parte do dia sozinhas, diante de uma tela de televisão ou de computador. Ao mesmo tempo, como seres sociais que somos, estamos a tentar (nas palavras de Lanham) retribalizar-nos. E, nesse processo, o computador desempenha um papel central. (TURKLE, 1997, p. 262).

Com a “descoberta do inconsciente”, Freud (1900) rejeitou o sujeito racional, cuja identidade é algo inato. Afirmou que as identidades são formadas com base em processos psíquicos e simbólicos do inconsciente, por meio dos quais ela se desenvolve ao longo do tempo e está sempre em processo de formação, como resultado de negociações psíquicas com outros indivíduos.

Baseando-se em estudos de Freud, Turkle reafirma que o ego é uma ilusão:

Uma das contribuições mais revolucionárias de Freud foi ter proposto uma visão radicalmente descentrada do eu, mas a sua mensagem foi várias vezes obscurecida por alguns de seus seguidores, que insistiam em atribuir ao ego uma autoridade superior no governo do eu. Todavia, essas tendências recentralizadoras foram por sua vez questionadas periodicamente por membros do próprio movimento psicanalítico. As ideias jungianas sublinharam que o eu é o lugar de encontro de diversos arquétipos. A teoria das relações objetais referiu o modo como as coisas e as pessoas que povoam o mundo vêm viver dentro de nós. Mais recentemente, os pensadores pós-estruturalistas tentaram descentrar o ego duma forma ainda mais radical. Na obra de Jacques Lacan, por exemplo, os complexos encadeamentos de associações que constituem o significado para cada indivíduo não conduzem a qualquer instância final ou nuclear. Sob a bandeira de um regresso a Freud, Lacan insistia que o ego é uma ilusão. Com isto, ele estabelece a ponte entre a psicanálise e a tentativa pós-moderna de tratar o eu como um domínio discursivo, e não uma coisa real ou uma estrutura permanente da mente humana. (TURKLE, 1997, p. 263).

(26)

A pós-modernidade é o período em que a desmarginalização das identidades múltiplas acontecem. Turkle (1997, p. 265) considera que “agora, na era pós-moderna, as identidades múltiplas perderam grande parte do seu caráter marginal. Muitas pessoas aprendem a identidade como um conjunto de papéis que podem ser misturados e acoplados”.

Figura 6 – Reflexo da identidade

Fonte: <http://esquenta.com.br/ser-e-saber>. Acesso em: abr. 2013.

O anonimato, vidas paralelas, superação de si próprio, desempenho de papéis, intimidade, projeção e transposição de fronteiras ficam evidentes. A internet funciona como um laboratório social para experimentação de construções e reconstruções do eu que caracterizam a vida pós-moderna. Turkle reforça:

(27)

1.3 Identidade – Crise?

A questão da identidade está sendo extensamente discutida na teoria social. De acordo com Hall,

[...] Em essência, o argumento é o seguinte: as velhas identidades que por tanto tempo estabilizaram o mundo social estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado. A assim chamada “crise de identidade” é vista como parte de um processo mais amplo de mudança, que está deslocando as estruturas e processos centrais das sociedades modernas e abalando os quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social. (HALL, 2000, p. 7)

Hall (2000) estudou a identidade cultural na modernidade tardia e avaliou a “crise de identidade” e em que direção ela estaria indo. O autor é partidário à afirmação de que as identidades modernas estão sendo “descentradas”, isto é, deslocadas ou fragmentadas.

A identidade virtual é abordada nos estudos de Turkle como elemento vocativo para pensar no “eu”. É uma brincadeira com máscaras, e se deve pensar em como utilizá-las no dia a dia. A autora dá foco à natureza múltipla:

(28)

Figura 7 – Construção da identidade

Fonte: <http://blog.msmacom.com.br/os-comecos-da-filosofia-patristica/>. Acesso em: abr. 2013.

O que existe de fato é um estado contínuo de construção e reconstrução em que tudo é relativizado. Não existe mais um centro coeso. Tem-se êxtases do ser múltiplo.

Embora no início as pessoas possam se sentir angustiadas ante aquilo que entendem como um colapso da identidade, Gergen acredita que elas poderão vir a abraçar as novas possibilidades que se lhes oferecem. As noções individuais do eu desaparecem, dando lugar ao primado das relações. Deixamos de acreditar num eu independente da teia de relações na qual estamos mergulhados. (TURKLE, 1997, p. 384-385).

A questão que fica é a de como se pode ser múltiplos e coerentes ao mesmo tempo.

As diversas manifestações de multiplicidade na nossa cultura, incluindo a adoção de personalidades online, contribuem para uma revisão generalizada das noções de identidade. Turkle destaca que:

(29)

claramente definidos. No outro extremo do continuum vamos encontrar indivíduos afetados por PPM (perturbação da personalidade múltipla), cuja multiplicidade existe no contexto duma rigidez igualmente repressiva. [...] Todavia, se o que caracteriza as perturbações da personalidade múltipla é a necessidade de erigir barreiras rígidas entre as diferentes facetas do eu (bloqueando os segredos que essas facetas protegem), então o estudo das PPM talvez possa abrir caminho a formas de encarar a personalidade saudável como não unitária, mas com acesso fluido entre as suas múltiplas facetas. Assim, para além dos extremos do eu unitário e das PPM, podemos imaginar um eu flexível.” (TURKLE, 1997, p. 390).

Figura 8 – Identidades múltiplas

Fonte: <http://www.ppublico.org/nfse/mage/index.php?option=com_content>. Acesso em: mai. 2013.

Quando se percebe a diversidade interna, as limitações e o caráter incompleto se tornam conhecidos.

Por sua vez, com os computadores e a realidade virtual, é possível se passar a maior parte do tempo imersos em sonhos. Turkle cita Gibson:

[...] Para Gibson, o jogador de videogame já se fundiu com o computador. O jogador de videogame já é um cyborg, ideia que Gibson incorporou numa mitologia pós-moderna. Ao longo da última década, tais mitologias têm vindo a reformular a nossa percepção de identidade coletiva. (TURKLE, 1977, p. 396-397).

(30)

que se estabeleçam interações cativantes totalmente ligadas à autorrepresentação online. Quando essa representação não condiz com a realidade, é inevitável que surja a dor pela mortalidade da pessoa física. Turkle, assim, afirma:

A adoção de pontos de vista múltiplos suscita um novo discurso moral. Eu tenho afirmado que a cultura da simulação pode ajudar-nos a alcançar uma visão duma identidade múltipla, mas integrada, cuja flexibilidade, elasticidade e capacidade de alegrar-se advém do fato de ter acesso às muitas personalidades que nos constituem. Todavia, se entretanto nos tivermos divorciado da realidade, ficaremos claramente a perder. (TURKLE, 1997, p. 401)

1.4 Sociedade Grupos Movimentos Sociais

Castells concentra-se no ponto de vista sociológico, afirmando que toda e qualquer identidade é construída, e essa construção social sempre ocorre em um contexto marcado por relações de poder. Para o autor, “cada tipo de processo de construção de identidade leva a um resultado distinto no que tange à constituição da sociedade” (CASTELLS, 1999b, p. 24).

Os objetivos individuais são moldados e enriquecidos face às necessidades organizacionais e sociais. Chiavenato (1993, p. 115) afirma: “A moderna e industrializada sociedade é uma sociedade de organizações nas quais o ser humano nasce, vive e morre”.

Figura 9 – Sociedade

(31)

Os grupos produzem movimentos sociais que se formam no que eles são ou acreditam que são – vão em busca da fonte e significado de um povo.

Para Castells (1980), os movimentos sociais constituem-se em forma social atuante capaz de empreender transformações estruturais. O autor atribuiu aos movimentos sociais urbanos a possibilidade de construção de um futuro otimista, referindo-se a eles como uma alternativa frente à opressão capitalista e à sociedade burocrática.

Giddens argumenta que as sociedades modernas são por definição sociedades de mudanças constantes, rápidas e permanentes. Segundo o autor,

[...] nas sociedades tradicionais, o passado é venerado e os símbolos são valorizados porque contém e perpetuam a experiência das gerações. A tradição é um meio de lidar com o tempo e o espaço, inserindo qualquer atividade ou experiência particular na continuidade do passado, presente e futuro, os quais, por sua vez, são estruturados por práticas sociais recorrentes (GIDDENS, 1990, p. 37)

O ritmo e o alcance da mudança e a natureza das instituições modernas são destacados por Giddens (1990, p. 6): “À medida que áreas diferentes do globo são postas em interconexão umas com as outras, ondas de transformação social atingem virtualmente toda a superfície da terra”.

Touraine nos oferece uma interpretação global da sociedade combinando mecanismos de funcionamento do sistema social e condições estruturais. Na perspectiva do autor, os movimentos sociais constituem-se:

[...] na ação, ao mesmo tempo culturalmente orientada e socialmente conflitiva de uma classe social definida por sua posição dominante ou dependente no modo de apropriação da historicidade dos modelos culturais de inversão do conhecimento e moralidade até os quais ele mesmo se orienta. (TOURAINE, 1987, p. 99)

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de classe como pela transição política. Seus estudos mostram novas práticas de participação social em que novas dimensões da socialização e articulação dos trabalhadores são descobertas nos espaços coletivos da vida cotidiana.

Para Gohn (1999), os movimentos sociais são ações coletivas de caráter sócio-político, construídas por atores sociais pertencentes a diferentes classes e camadas sociais. Por meio da politização de suas demandas, esses movimentos formam um campo político de força social na sociedade civil.

Figura 10 – Movimentos sociais

Fonte:<http://www.educacao.cc/cidada/movimentos-sociais-estudantis-e-urbanos/>. Acesso em: mai. 2013.

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movimentos sociais devem expressar-se as demandas sociais, configurando-se como reivindicações de uma ação coletiva.

1.5 Estado-Nação

Em seus estudos, Castells afirma que o controle do Estado vem perdendo espaço para a tecnologia, os fluxos globais de capital, serviços, comunicação e informação. Segundo o autor, os cidadãos estão se tornando indiferentes em relação ao Estado-Nação. A perda do poder pelo Estado-Nação é caracterizada pelo crescimento do capitalismo global e das ideologias capitalistas, embora sua influência permaneça.

O controle do Estado sobre o tempo e o espaço vem sendo sobrepujado pelos fluxos globais de capital, produtos, serviços, tecnologia, comunicação e informação. A apreensão do tempo histórico pelo Estado mediante a apropriação da tradição e a (re)construção da identidade nacional passou a enfrentar o desafio imposto pelas identidades múltiplas definidas por sujeitos autônomos. A tentativa de o Estado reafirmar seu poder na arena global pelo desenvolvimento de instituições supranacionais acaba comprometendo ainda mais sua soberania. (CASTELLS, 1999b, p. 287)

Castells analisou tabelas de seis países cujas economias se sobressaem aos demais, fornecendo assim uma visão geral sobre alguns indicadores da atividade econômico-financeira dos governos relativa ao processo de internacionalização das economias. O autor afirma que o Estado-Nação enfrenta três grandes desafios interrelacionados: a globalização e não exclusividade da propriedade; flexibilidade e capacidade de penetração da tecnologia e autonomia e diversidade da mídia.

[...] As novas e poderosas tecnologias da informação podem ser colocadas a serviço da vigilância, controle e repressão por parte dos aparatos do Estado [...] Do mesmo modo que podem ser empregadas pelos cidadãos para que estes aprimorem seus controles sobre o Estado, mediante o exercício do direito a informações [...] (CASTELLS, 1999b, p.348-349).

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Graças às novas tecnologias de informação e comunicação, o mundo se torna fluído e as fronteiras porosas. Como consequência, a natureza do Estado-Nação se modifica causando a perda ou o enfraquecimento gradativo de sua identidade nacional.

Figura 11 Nações

Fonte:< http://www.proprofs.com/quiz-school/story.php?title=volta-ao-mundo-em-80-segundos>. Acesso em: jun. 2013.

Nesse processo, na visão de Giddens (2005), há uma intensificação das relações sociais em escala mundial da qual povos de diferentes localidades vêm se aproximando. O resultado é visto em acontecimentos ocorridos em lugares distantes que influenciam outros a milhares de quilômetros, provocando várias transformações.

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Acompanhando a mesma linha de raciocínio, a globalização acaba diminuindo, muitas vezes, o sentimento nacionalista dos povos em relação ao seu Estado-Nação, desenvolvendo relações sociais entre comunidades de diferentes países. Por outro lado, também é possível acelerar esse sentimento nacionalista, fazendo fortalecer os laços de identidade cultural regional.

Castells (1999b) ressalta o surgimento de uma onda poderosa de identidade coletiva que desafia a globalização e o cosmopolitismo em função da singularidade cultural e autocontrole individual. O autor fundamenta a discussão nos movimentos sociais e na política como resultantes da interação entre a globalização induzida pela tecnologia, o poder da identidade e as instituições do Estado. Analisa a sociedade conectada pela convergência de telecomunicações, computadores e redes. E ainda enfatiza nossa pluralidade, sendo o multiculturalismo o fator transformador da globalização tecnoeconômica.

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Figura 12 – Mídias

Fonte: <http://bibliomania4.blogspot.com.br/2010/11/explosao-da-era-da-informacao.html>. Acesso em: jun. 2013.

As identidades fixam as bases no poder, organizam resistência na luta informacional e constroem novos comportamentos e instituições. Os movimentos sociais devem fornecer novos códigos por meio dos quais as sociedades podem ser repensadas e/ou restabelecidas e, portanto, são os sujeitos sociais da Era da informação.

Por fim, os estudos de Castells (1999b) apresentam novos embriões de uma nova sociedade, atrelados ao poder da identidade.

A identidade na rede é apresentada entre amigos, amores, desconhecidos, e com isso novas instabilidades para o entendimento de identidade, privacidade, e comunidade são apresentadas. É um deslocamento emocional com riscos e consequências de viver em uma sociedade em rede.

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CAPÍTULO 2 IDENTIDADE NA REDE

Na nova sociedade contemporânea, tem-se o virtual, o mundo sem limites de tempo e espaço, o indivíduo reciclando-se, transformando-se e evoluindo. Identidades e papéis sociais giram em torno do “novo” sujeito social, individual e multifacetado.

Figura 13 – Identidades pós-modernas

Fonte: <http://www.moodle.ufba.br/mod/book/print.php?id=64904>. Acesso em: set. 2012.

O indivíduo pós-moderno precisou rever seus conceitos, sua identidade e sua posição no mundo para dar sentido a todas as novidades.

2.1 Sociedade, Subjetividades e o novo “EU”

2.1.1 Sociedade contemporânea

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concreto e natural, a ilusão e a realidade, a imobilidade e a atividade de pensar e reagir com dinamismo, a aparência ao ser. Seus estudos se basearam na crítica de todo e qualquer tipo de imagem que leve o indivíduo à aceitação de valores preestabelecidos pelo capitalismo.

Debord analisa pelas mensagens dos meios de comunicação de massa, mediação das imagens, entre outros, que os indivíduos passaram a viver num mundo movido pelas aparências e consumo permanente de fatos, notícias, produtos e mercadorias:

[...] O espetáculo consiste na multiplicação de ícones e imagens principalmente através dos meios de comunicação de massa, mas também dos rituais políticos, religiosos e hábitos de consumo de tudo aquilo que falta à vida real do homem comum: celebridades, atores, políticos, personalidades, gurus, mensagens publicitárias – tudo transmite uma sensação permanente de aventura, felicidade, grandiosidade e ousadia. (DEBORD, 1967, p. 92)

Dessa maneira, as relações entre as pessoas transformam-se em imagens e espetáculo: “O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas mediadas por imagens.” (DEBORD, 1967, p. 95)

Figura 14 – Espetáculo

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O que antes era um diálogo pessoal, agora é ocupado por consumo e imagem gerados pelos meios de comunicação de massa, ocorrendo uma enorme inversão da noção de valores. O espetáculo vira realidade e a realidade vira espetáculo. Não existe mais um limite definido. Assim, o homem passa a ser e a viver uma vida idealizada e sonhada, em que a ficção se mistura com a realidade e vice-versa, fazendo parte da realidade vivida pelo indivíduo.

Debord (1967) enfatiza a manipulação existente nos meios de comunicação em massa que criam uma realidade própria, para que a sociedade se solidarize gerando critérios de julgamento e justiça baseados em emoções como raiva, felicidade etc., que são manipulados via imagem e apresentados como espetáculo.

Assim, com as novas tecnologias no campo da informação agindo na capacidade de percepção dos indivíduos e dificultando a representação do mundo pelas atuais categorias mentais, asociedade e as identidades transformam-se em espetáculoem que a reprodução da cultura se faz pela proliferação de imagens e com superexposição, apresentando um novo tipo de experiência humana para o qual cada dia se torna mais difícil separar a ficção da realidade.

Figura 15 – Proliferação de imagens

Fonte: <http://2.bp.blogspot.com/_fFCOFoFtySA/TOqRzZ0uqBI/AAAAAAAAAZk/ R1kmNvRqVSw/s1600/untitled.bmp>

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As mídias atuam de forma decisiva na definição dos temas que norteiam todo o processo cultural e social relevantes. Como observa Debord (1967),

O conceito de espetáculo unifica e explica uma grande diversidade de fenômenos aparentes. As suas diversidades e contrastes são as aparências organizadas socialmente, que devem, elas próprias, serem reconhecidas na sua verdade geral. Considerado segundo os seus próprios termos, o espetáculo é a afirmação da aparência e a afirmação de toda a vida humana, socialmente falando, como simples aparência. Mas a crítica que atinge a verdade do espetáculo descobre-o como a negação visível da vida; uma negação da vida que se tornou visível”. (DEBORD, 1967, p. 10)

Dentro de um mundo de manipulação, o homem acaba sendo governado por algo que ele mesmo criou. Como afirma DEBORD:

Quando o mundo real se transforma em simples imagens, as simples imagens tornam-se seres reais e motivações eficientes de um comportamento hipnótico. O espetáculo, como tendência a fazer ver (por diferentes mediações especializadas) o mundo que já não se pode tocar diretamente, serve-se da visão como sendo o sentido privilegiado da pessoa humana – o que em outras épocas fora o tato; o sentido mais abstrato, e mais sujeito à mistificação, corresponde à abstração generalizada da sociedade atual. Mas o espetáculo não pode ser identificado pelo simples olhar, mesmo que este esteja acoplado à escuta. Ele escapa à atividade do homem, à reconsideração e à correção de sua obra. É o contrário do diálogo. Sempre que haja representação independente, o espetáculo se reconstitui. (DEBORD, 1967, p. 112)

Ainda com base nos estudos de DEBORD (1967), temos o espetáculo caracterizado em dois tipos: concentrado e difuso.

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2.1.2 Subjetividades e o novo “EU”

A passagem do século XX para o século XXI está sendo marcada por um deslocamento do eixo central que alicerça a experiência do indivíduo, e como consequência, fortes mutações nas formas com que este se constrói como sujeito.

Em seus estudos,Sibilia (2008) apresenta várias evidências de que o centro das atenções atualmente é cada indivíduo. Aquele sujeitoque utiliza diversas ferramentas na internet tentando ser alguém. Segundo a autora, as relações entre as novas formas de expressão com base na Web demonstram que o objetivo é estar lá, ser reconhecido e não propagar uma obra. As ferramentas existentes ajudam o sujeito a recriar a si mesmo, uma personalidade subjetiva que espera validação de sua legitimação por meio dos comentários de resposta pelos outros usuários. “Pois sob o império das subjetividades alterdirigidas, o que se é deve ser visto – e cada um é aquilo que mostra de si.” (SIBILIA, 2008, p. 235)

Figura 16 – Você

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Assim, em vez daquelas subjetividades tipicamente modernas, pacientemente elaboradas no silêncio e na solidão do espaço privado, proliferam de maneira crescente as personalidades alterdirigidas, voltadas não mais para “dentro de si”, mas para “fora”, visando à captação dos olhares alheios em um mundo saturado de estímulos visuais.

Sibilia assim argumenta:

Quanto mais a vida cotidiana é ficcionalizada e estetizada com recursos midiáticos, mais avidamente se procura uma experiência autêntica, verdadeira, não encenada. Busca-se o realmente real – ou, pelo menos, algo que assim pareça. Uma das manifestações dessa fome de veracidade na cultura contemporânea é o anseio por consumir lampejos da intimidade alheia. Em meio ao sucesso dos reality-shows, o espetáculo da realidade faz sucesso: tudo vende mais se for real, mesmo que trate de versões dramatizadas de uma realidade qualquer. Como duas caras da mesma moeda, o excesso de espetacularização que impregna nosso ambiente tão midiatizado anda de mãos dadas com as diferentes formas de “realismo sujo” hoje em voga. A internet é um palco privilegiado deste movimento, com sua proliferação de confissões reveladas por um eu que insiste em se mostrar sempre ambiguamente real, mas o fenômeno é bem mais amplo e atinge as mais diversas modalidades de expressão e comunicação. (SIBILIA, 2008, p. 195)

Por isso, cada vez mais, segundo Sibilia (2008), as subjetividades contemporâneas parecem se ancorar na exterioridade, naqueles sinais visíveis emitidos por um corpo, assim como na conquista da tão almejada visibilidade.

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Figura 17 – Experiência subjetiva

Fonte: <http://www.tumblr.com/photo/1280/constantefase/2338657505/1/ tumblr_ldjbvmRVSu1qdkx7f>. Acesso em: out. 2012.

Nesse novo modo de construir uma subjetividade que possa ser aceita na sociedade atual, as pessoas buscam recursos diversos, em que o objetivo final é ser visto, mas que o que se é mostrado é aquilo que se quer ser.

Por isso é necessário ficcionalizar o próprio eu como se estivesse sendo constantemente filmado: para realizá-lo, para lhe conceder realidade. Pois estas subjetividades alterdirigidas só parecem se tornar reais quando são emolduradas pelo halo luminoso de uma tela de cinema ou televisão como se vivessem num reality-show, ou nas páginas multicoloridas de uma revista de celebridades, ou como se a vida transcorresse sob a lente incansável de uma webcam. É assim como se encena, todos os dias o show do eu. Fazendo da própria personalidade um espetáculo; isto é, uma criatura orientada aos olhares dos outros como se estes constituíssem a audiência de um espetáculo. (SIBILIA, 2008, p. 258)

Sibilia (2008) baseia-se em Riesman para substanciar essa transformação de caráter com a passagem do que é para o que se quer ser que acontece por conta dos meios de comunicação de massa e de consumo. Agora o que vale é o efeito que essa personalidade criada e transmitida é capaz de provocar nos outros.

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novas subjetividades construídas nessas visualizações do novo “eu” nas telas denotariam um tipo contemporâneo de fragilidade, por conta da enorme dependência do olhar alheio.

Figura 18 – Olhar alheio

Fonte: <http://2.bp.blogspot.com/_fFCOFoFtySA/TOqOlSVsmxI/AAAAAAAAAZc/S0H7IzO-1u0/s200/placa-sinalizacao-filmado.gif >. Acesso em: out. 2012.

Seguindo a análise de Debord (1967), o espetáculo é uma relação social entre pessoas mediadas por imagens. É o resultado do mundo de produção, do coração da irrealidade sob a forma de informação e estabelece o modelo de vida socialmente dominante. Para descrever o espetáculo é necessário distinguir seus elementos inseparáveis: a linguagem que deve ser grandiosa e monopoliza a verdade da aparência. Enfim, o fundamental do espetáculo é o fato dos meios serem a finalidade.

Ainda segundo Debord (1967), o espetáculo é uma forma de sociedade na qual a vida real é pobre e fragmentada, e os indivíduos são conduzidos a contemplar e a consumir passivamente as imagens de tudo o que lhes falta em sua existência real.

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Figura 19 – Click

Fonte:<http://www.dreamstime.com/royalty-free-stock-image-mouse-click-image4889246>. Acesso em: out. 2012.

Com o novo ambiente em que se encontra o homem pós-moderno, as múltiplas identidades que se apresentam nesse contexto não passam de uma composição indispensável para o ajuste do indivíduo a um mundo de transformações constantes, referências variadas, incertezas e inseguranças. Para conseguir sobreviver nessa realidade, o sujeito social precisa construir diversas formas de se relacionar, conviver e ser inserido no contexto atual, a fim de estabelecer relações e comunicar-se.

A construção da identidade depende fortemente da situação em que se encontra o indivíduo e de sua intenção naquele determinado momento. Posições menos fixas e unificadas aparecem num contexto de se colocar o sujeito pós-moderno em simultaneidade com o novo conceito espaço-tempo. Novas identidades surgem na rede.

No mundo virtual, existe uma realidade em que o indivíduo se mostra como realmente quer ser visto, ou seja, tem-se um sujeito pós-moderno livre para se apresentar com a identidade que deseja mostrar.

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relacionamento. No mundo online essa possibilidade existe, com muito mais rapidez, mesmo que de modo superficial e efêmero.

As redes sociais na era das novas tecnologias confirmam seu espaço como importante ferramenta de construção de identidades pessoais. Em uma época em que a utilização desses recursos cresce exponencialmente, as redes ganham corpo de intensa influência e revelam-se como algo que modifica radicalmente as formas de relacionamento na sociedade.

Delarbre (2006, p. 207) reforça que “as identidades virtuais são máscaras que podemos trocar à vontade, exceto quando nos envolvemos demais com algumas delas”. Ainda segundo o autor,

[...] as identidades sempre estão ou podem estar mascaradas: fantasia e o jogo são elementos indissociáveis da relação que podemos estabelecer, a qual está condicionada pela fugacidade como característica constante, mas, também, pela prerrogativa de quem entra nesses espaços de reunião. (DELARBRE, 2006, p. 208)

Figura 20 – Máscaras

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Como paradoxo, o mesmo ambiente que viabiliza identidades incógnitas em comunidades virtuais, chats e salas de bate-papo também permite uma superexposição do indivíduo. Assim, com a mesma facilidade que a internet permite assumir mais de uma identidade, ocultar e dissimular, também potencializa uma sociedade do espetáculo.

Ainda ao mesmo tempo que a internet estimula o desenvolvimento de capacidades expressivas, relacionais e emocionais, também tende a provocar abalo nas estruturas. A rede facilita o contato, poupa esforços e reúne os interessados, porém coloca-os na dependência do subjetivismo de uma vida social dominada pelo fetiche da mercadoria. E uma mercadoria que nem sempre é real nem tão pouco consumível.

Podendo navegar incógnito na internet e também observar, vigiar e se expor conforme se deseja, é possível construir sua identidade da forma como quer que a imagem apareça. Na realidade, como resultado, expressa o que gostaria de ser, como gostaria de ser visto e tratado.

Figura 21 – Incógnitos na rede

Fonte: <http://portaldailha.com.br/giomarca/wp-content/uploads/2012/12/i89276.jpg>. Acesso em: out. 2012.

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As novas identidades do homem pós-moderno são apresentadas e ampliadas na rede prolongando o espetáculo, uma vez que cada indivíduo é responsável pela sua própria mídia.

Com um mundo novo de oportunidades e segurança frágeis, as identidades ao estilo antigo, rígidas e inegociáveis, deixam de funcionar. As estruturas duráveis, tais quais eram conhecidas num passado recente, não conseguem incluir novos conteúdos que se desejam agregar, ou todas as identidades que poderiam ser experimentadas.

Nesse panorama, a área de relacionamentos amorosos se revela mais dinâmica e competitiva, fazendo com que seja sempre mais difícil tirar vantagens de situações de monopólio, ao multiplicar oportunidades e desenvolver novas capacidades relacionais.

2.2 Percepção e os mecanismos de busca na Web

Percepção consiste na aquisição, interpretação, seleção e organização das informações obtidas pelos sentidos. Pela percepção, um indivíduo organiza e interpreta suas impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio. É o processo por meio do qual as pessoas escolhem, organizam e reagem às informações do mundo que as rodeia.

Com base na fenomenologia da percepção de Merleau-Ponty, que considera o papel da percepção na experiência vivida, tem-se:

Tudo aquilo que sei do mundo, mesmo por ciência, eu o sei a partir de uma visão minha ou de uma experiência do mundo sem a qual os símbolos da ciência não poderiam dizer nada. Todo o universo da ciência é construído sobre o mundo vivido, e se queremos pensar a própria ciência com rigor, apreciar exatamente seu sentido e alcance, precisamos primeiramente despertar essa experiência do mundo da qual ela é a expressão segunda. (MERLEAU-PONTY, 1994, p. 3)

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No âmbito pessoal, a identidade, ou o conceito de si mesmo, orienta a ação individual. Já no âmbito social, as identidades das pessoas configuram-se como a percepção de si mesmas dentro de um ou vários grupos e, nesse aspecto, direcionam os movimentos, refletindo a ação grupal.

Quando se fala em identidades na rede, a percepção tem valor fundamental. Ao procurar saber sobre um determinado indivíduo, mecanismos de busca da Web com o seu nome (ex: Google) são utilizados, e os resultados encontrados muitas vezes acabam formando uma visão da identidade do sujeito por meio da percepção dos resultados.

Para explicar melhor, foi tomado como exemplo o orientador deste trabalho, Professor Doutor Alexandre Campos Silva. O professor Alexandre é um profissional do mundo corporativo, professor da PUC, casado, pai de dois filhos e surfista nos momentos de lazer. Ao consultar seu nome na Web, tem-se diversas visões de sua identidade.

Figura 22 – Buscador Google

Fonte: <https://www.google.com.br/> pesquisando Alexandre Campos Silva em 16/06/13.

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Segundo Silva (2005, p. 76), é necessária a compreensão de uma situação num determinado contexto. Um contexto comum deve ser compartilhado com a audiência e “a participação humana nas redes de pessoas contribui muito para dar o contexto adequado e facilita a disseminação de um deteminado conhecimento para a platéia”. Assim, para se dar ênfase a um discurso, é necessário se criar um contexto pessoal, passando experiências, sentimentos e emoções. Criar esse contexto no ambiente digital é, segundo o autor, o desafio.

Dependendo de onde se “clica”, a identidade se apresenta em diferentes papéis. Segundo Hall, o homem moderno não tem identidade fixa e assume diversas identidades em diferentes momentos.

Se sentimos que temos uma identidade unificada desde o nascimento até a morte, é apenas porque construímos uma cômoda estória sobre nós mesmos ou uma confortadora “narrativa do eu” [...], a identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia. Ao invés disso, à medida que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos identificar – ao menos temporariamente. (HALL, 2006, p. 13)

Os mecanismos de busca tornaram-se tão importantes em relação à visualização de uma identidade, que mostrar primeiramente perfis positivos e links que passem uma boa impressão passou a ser um diferencial. Com isso, percebe-se o desenvolvimento de diversas ferramentas como, por exemplo, o BrandYorself, cujo objetivo é analisar tudo o que se publica na internet. A ferramenta cria um índice de busca que monitora o quanto positivo versus negativo estão os resultados na primeira página de consulta com algum nome. Fornece ainda os passos para que seja possível posicioná-los melhor nos mecanismos de busca e mantém um controle sobre isso. A reputação do indivíduo online passou a ter grande importância.

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Youtube, podem ser encontradas algumas palestras efetuadas em eventos acadêmicos e corporativos. Para completar essa visão, há também apresentações publicadas no slideshare (ferramenta de compartilhamento de conteúdo) e diversos outros sites, blogs, comunidades virtuais nos quais mais e mais perfis do professor Alexandre se apresentam.

Ainda há a variável temporal, uma vez que as identidades estão organizadas na rede em um espaço de tempo que representa a continuidade de um “eu”. A concepção de tempo e espaço é a edificação utilizada para sustentar a existência do indivíduo de uma forma geral.

No Facebook, a linha do tempo dá a visão de uma sucessão de momentos que representam os indivíduos em diversas fases. Compreender a ordenação e a sucessão de fatos, bem como a simultaneidade e a relação entre eles, ajuda a caracterizar períodos e obter conceitos de tempo físico e social, permitindo também uma leitura da realidade em suas dimensões espacial e temporal.

Tem-se então a percepção se referindo ao campo da subjetividade e da historicidade, ao mundo dos objetos culturais, das relações virtuais e sociais como base das experiências vividas. Para Merleau-Ponty,

[...] a percepção sinestésica é a regra e, se não percebemos isso, é porque o saber científico desloca a experiência e porque desaprendemos a ver, a ouvir e em geral, a sentir, para deduzir de nossa organização corporal e do mundo tal como concebe o físico aquilo que devemos ver, ouvir e sentir. (MERLEAU-PONTY, 1994, p. 308)

O corpo, a afetividade e as relações sociais são relacionadas ao sujeito e, com isso, percebe-se que o ser humano é mais do que suas palavras, sua escrita e seus contatos virtuais. Ele é também atitude, tom de voz, expressão, ritmo, criatividade e espontaneidade interagindo dinamicamente.

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2.3 Imagem no contexto

No mundo pós-moderno, falar sobre identidade implica o uso de termos como fragmentação, deslocamento, descentramento, conforme apontam os estudos de Hall. Para o autor,

a identidade é formada na interação entre o eu e a sociedade. O sujeito ainda tem um núcleo ou essência interior que é o “eu real”, mas este é formado e modificado num diálogo contínuo com os mundos culturais “exteriores” e as identidades que esses mundos oferecem. (HALL, 1998, p. 11)

Hall (1998) complementa que, para os teóricos, crentes nas identidades que caminham para seu fim, as transformações que vêm ocorrendo causaram um abalo na “ideia que temos de nós próprios como sujeitos integrados”, o que teria levado, à “perda de um ‘sentido de si’ estável”, provocando o “deslocamento ou descentralização do sujeito”.

Para Bauman (2005), a identidade é uma construção que demanda esforço e “nos é revelada como algo a ser inventado, e não descoberto”.

Com as novas condições tecnológicas de acesso e troca de informações, as identidades individuais estão passando por profundas alterações e as imagens exibidas são parte importante desse contexto.

A percepção e a significação das imagens dependem dos sujeitos e do contexto, porém as imagens contêm em si elementos capazes de chamar a atenção e gerar interesse.

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Figura 23 – Imagem na internet

Fonte: <http://jessicavasconcelosuerj.blogspot.com.br/>. Acesso em: jun. 2013.

Vídeos e fotos feitos por pessoas comuns têm diversas finalidades na Web. Desde a identificação de uma pessoa até testemunhos de eventos cotidianos, pessoas falando de suas vidas e também registros de catásfrotes, manifestações etc.

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Figura 24 – Geolocalização de fotos no smartphone

Fonte: <http://iplace.maiscommac.com.br/2012/02/criando-albuns-de-fotos-no-iphone-ipad-e-ipod-touch/>. Acesso em: jul. 2013.

Esse “mostrar e ver” estabelece uma forma de ligação social e flutuante, características da sociabilidade e subjetividade pós-modernas. Para Bauman, viver na modernidade líquida implica assumir responsabilidades e viver o momento, o instântâneo em seu tempo e espaço únicos.

Como tudo o mais, as identidades humanas – suas autoimagens – se dividiram em coleções de instantâneos, cada uma tendo que evocar, carregar e expressar seu próprio significado, muitas vezes sem se referir a outros instantâneos. Em vez de construir nossa identidade de maneira gradual e paciente, como se constrói uma casa, lidamos com formas montadas instantaneamente, apesar de desmanteladas com facilidade, pintadas umas sobre as outras; é uma identidade palimpsética. É o tipo de identidade que se adapta a um mundo em que a arte de esquecer é bem mais importante do que a arte de memorizar; em que esquecer, mais que aprender, é a condição de adequação contínua, segundo a qual novas coisas e pessoas entram e saem do campo de visão da câmera estacionária da atenção e onde a própria imagem é como fita de vídeo, sempre pronta para ser apagada para poder gravar novas imagens.” (BAUMAN, 2001, p. 115)

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2.4 Perfis falsos –fakes

As formas identitárias na Web se apresentam de maneira nômade, uma vez que podem estar aqui e ali sem fronteiras impostas pela longa distância territorial; ou múltipla, quando se opta por ter vários perfis falsos, como são chamados os fakes, vários “eus”.

O anonimato fornecido pela internet e a sensação de impunidade que existe como consequência colaboram para a criação desses tipos de perfis, uma vez que não há ninguém que observa esses autores, dando a possibilidade de, no espaço da Web, “agir como bem entenderem”, visto não estarem sob vigilância.

Essas relações não precisam ser providas da revelação de suas identidades offline, ou seja, não é preciso revelar sua identidade civil para se comunicar com outra pessoa. Assim, é possível aos indivíduos serem o que quiserem sem afetar, de modo geral, suas vidas fora da Web.

Essa possibilidade tem permitido aos milhares de indivíduos na contemporaneidade, a invenção, experimentação, redefinição e a exibição de múltiplas identidades.

Podemos classificar os perfis falsos em quatro grandes grupos:

1. os obviamente falsos: perfis que demonstram claramente serem falsos, pelas informações constantes que podem ser irreais, satíricas, estranhas ou excêntricas;

2. os falsos, que copiam uma identidade real: nesse caso, temos perfis de artistas, personalidades famosas etc;

3. os falsos “espiões: perfis criados para analisar, observar outros perfis sem serem reconhecidos;

(56)

Os fakes podem ser entendidos como uma faceta da fragmentação das identidades tão comentada por autores como Bauman (2001); Giddens (1990) e Hall (2000), fragmentação essa propiciada pela diversificação dos contextos de interação contemporâneos.

Nesse emaranhado de nomes, pseudônimos e falsos perfis, há a única certeza de não se ter certeza, uma vez que o referencial se baseia apenas no discurso do que é apresentado e na aceitação do que é compartilhado na Web.

Figura 25 – Perfil falso

Fonte:<http://www.geekaco.com/perfis-fakes-do-twitter-que-valem-a-pena-seguir>. Acesso em: out. 2012.

As redes sociais proporcionam a atemporalidade dos relacionamentos e a multiplicação das identidades. Geralmente as pessoas que criam e utilizam os fakes fazem com que a mentira se torne certeza e a verdade apenas uma dúvida.

Turkle destaca que:

Imagem

Figura 1  –  Identidade
Figura 2  –  Mapa mental
Figura 3  –  Modernidade
Figura 4  –  Ícones e pastas
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