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FORTALEZA - CEARÁ,SEGUNDA-FEIRA, 6 DE SETEMBRO DE 2021 FORTALEZA - CEARÁ,SEGUNDA-FEIRA, 6 DE SETEMBRO DE 2021

www.opovo.com.br/vidaearte vidaearte@opovo.com.br | 3255 61 37

“Uma luz para o cinema” — era o editorial do O POVO de 8 de setembro de 2001. A publica- ção tinha relação com a Medida Provisória (MP) nº 2.219, assi- nada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) quatro dias antes. “Essa agência vai monitorar toda a indústria ci- nematográfica”, dizia trecho do artigo. O documento foi revo- gado e reeditado, com altera- ção pela MP nº 2.228-1, de 6 de setembro daquele ano. Assim, há exatamente duas décadas, nascia a Agência Nacional do Cinema (Ancine). Uma agência reguladora de fomento, regu- lação e fiscalização do mercado audiovisual brasileiro.

A medida também estabele- ceu a Política Nacional do Cine- ma, criou o Conselho Superior do Cinema, instituiu o Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Cinema Nacional (Prodecine), autorizou a criação de Fundos de Financiamento da Indús- tria Cinematográfica Nacional (Funcines) e alterou a legisla- ção sobre a Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Con- decine). À época, isso significa- va uma nova era para a indús- tria do cinema. Após onze anos da extinção dos órgãos públicos de apoio à cultura pelo Governo Collor, “uma luz” surgiu.

A Ancine tornou-se a princi- pal responsável pela viabiliza- ção de recursos para o cinema nacional, além de regrar todo o segmento. Um órgão público tão específico, ligado à cultu- ra, chega aos 20 anos de exis- tência em meio às constantes ameaças de desmonte pelo Go- verno Federal. O presidente da república já havia anunciado:

“Vamos buscar a extinção da Ancine”, em 25 de julho de 2019, numa transmissão virtual. A promessa não foi cumprida, já que a agência foi criada por lei. Os trâmites para extingui-la

| DEBATE | A Agência Nacional do Cinema (Ancine), órgão de fomento, regulação e

fiscalização do mercado audiovisual no Brasil, completa 20 anos de existência em meio à crise

não são tão simples assim. No entanto, segundo artistas, pesquisadores e gestores da Cidade, ligados à indústria au- diovisual, a Ancine sobrevive a uma crise institucional. A insta- bilidade teria iniciado em 2016, quando Michel Temer assumiu a presidência, e se agravado com a política de esfacelamen- to cultural de Bolsonaro. Após o Tribunal de Contas da União (TCU) questionar a prestação da Ancine em 2019, o órgão, ao invés de organizar os processos, paralisou os recursos. No mes- mo ano, a Ancine foi transferida para o Ministério do Turismo.

Desde então, a agência não lançou linhas do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) nem edi- tais, interrompeu os Arranjos Regionais (política que libera recursos para estados e muni- cípios), suspendeu o Programa de Apoio Internacional (suporte a filmes exibidos fora do País) e tão pouco consegue alterar o quadro de funcionários ou cap- tar recursos. Quando conside- rada a pandemia da Covid-19, as medidas são agravadas.

Lays Antunes, cineasta e gestora da produtora Memo- rabilia, trabalha com escrita de roteiros e projetos. Esses tra- balhos prospectam financia- mento da Ancine. Na Gavulino Filmes, por exemplo, ela desen- volvia projetos para inscrição em editais (a maioria apoiados pela agência). “(Com a crise), meu trabalho de desenvolver projetos já era. Sem falar que isso gera instabilidade no mer- cado todo. Salários baixam e trabalhos ficam mais escassos. Sinto como se eu tivesse passa- do anos construindo um saber, o de escrever bons projetos, de compreender as normativas da Agência e do FSA... E tendo meu trabalho atacado por essa pos- tura do governo em relação à cultura. Tá bem difícil”.

Num cenário ideal, as duas décadas da Ancine “esta- riam coroadas por nú- meros incríveis”, diz Lays. Para a cineasta, LUIZA ESTER

luiza.ester@opovo.com.br

muitas das produções que al- cançaram certo prestígio exis- tem por conta da agência. “Ou o governo cai, ou vamos ter um retrocesso muito parecido com o da ‘era Collor’ no audiovisual. Vamos sempre continuar lu- tando e resistindo aos ataques e às tentativas de nos silenciar e acabar com os fundos, que ao contrário do que muitos pen- sam, é lucrativo para a União”, assegura. O cinema brasileiro gerou mais de R$ 2,7 bilhões de renda em 2019, segundo dados do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA).

A produtora Caroline Loui- se, da Marrevolto Filmes, con- corda: “Nunca pensei que toda uma política de anos sendo construída poderia ir por água abaixo em tão pouco tempo. Só consigo enxergar uma espe- rança com o fim deste governo”. Atuando no cinema desde 2009, Caroline teve suas primeiras grandes produções realizadas com recursos da Ancine. Se- gundo a produtora, a Marre- volto só está “aberta” porque a empresa foi contemplada no último edital promovido pela agência, em 2018. “Tinha um recurso bom e conseguiu fazer com que a gente se mantives- se trabalhando. Desde 2018 não teve mais edital. Imagina que várias empresas do Brasil estavam a todo

momento t r a -

balhando, você terminava um projeto e começava outro... Essa roda parou”, salienta.

Para a professora Bete Jagua- ribe, diretora de formação do Instituto Dragão do Mar (IDM), a Ancine, numa articulação com o Ministério da Cultura (extinto por Bolsonaro), é essencial para o desenvolvimento do cinema brasileiro. “Todos os países do mundo possuem estruturas de fomento. O cinema, além de ser uma forte economia mundial, é importantíssimo para a identi- dade cultural de um povo”.

A professora classifica como

“muito grave” o momento que a Ancine vive. “O desmonte da An- cine, patrocinado pelo Governo Bolsonaro, é mais um exemplo do que está acontecendo com todas as demais políticas públi- cas do País. Estamos num mo- mento muito grave no Brasil, com quase 600 mil mortes de Covid, e um presidente sugerin- do que os brasileiros comprem armas, ao invés de feijão”.

Segundo Bete, há um con- texto de morte física e sim- bólica. “O Governo Bolsonaro escolheu os artistas como alvo prioritário, criminalizando a arte e patrocinando o maior desmonte da estrutura pú- blica de cultura do País. A

Ancine insere-se nesse con- texto de tragédia. Em termos de prospecção de futuro, só há uma saída. A derrota de Bol- sonaro nas urnas, num pleito democrático. Os democratas do Brasil devem andar juntos nessa jornada, porque será um caminho difícil, conside- rando que estamos enfren- tando patrocinadores de uma cultura de morte”.

As fontes da reportagem apontaram que o apogeu da Ancine ocorreu durante as ges- tões de Manoel Rangel na dire- toria-presidência da agência. Durante o período (2006 - 2017), foi implementado um Plano de Desenvolvimento, a média de produção chegou a 100 filmes por ano e diversos setores fo- ram ativados. O POVO tentou contato com a Ancine, mas não obteve retorno até o fecha- mento desta edição.

“O cinema, além

de ser uma forte

economia, é

importante para

a identidade

cultural de um

povo”

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VIDA&ARTE

FORTALEZA - CE, SEGUNDA-FEIRA, 6 DE SETEMBRO DE 2021

􀣥

ROMEU DUARTE*

romeuduarte@opovo.com.br

*ESCREVE QUINZENALMENTE, ÀS SEGUNDAS C O N F I R A E STA E O U T R A S C O LU N A S E M W W W. O P O V O . C O M . B R / C O LU N A S

PRÓXIMA

SEMANA

R AY M U N D O N E T T O

GLORIFICAÇÃO

DA PÁTRIA OU

DEMONSTRAÇÃO

DE PODER? ERA

MUITA COISA PARA

A MINHA CACHOLA

DE MENINO

Pátria amada

Dono de uma coleção de cadernos Avante (24 páginas. Aliás, onde foi parar?), morador da Base Aérea de Fortaleza e educado no Co- légio Cearense Sagrado Coração, lógico que o hino nacional brasileiro entrou cedo na mi- nha vida. Com letra de Osório Duque Estrada e música de Francisco Manuel da Silva, o tal cântico verde e amarelo sempre me pare- ceu longo e gongórico demais, muito aquém dos hinos da Independência e da Bandeira, este, para mim, o mais belo que existe. A no- ção de civismo me foi incutida pela seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo do México, quando fomos tricampeões. Hoje, a Canarinho joga e dou por perdido, nem aí. Na José Avelino, uma montanha de mantos do escrete nacional mofa na calçada. “Quem quer essa camisa réa cafona? Nã...”.

O pensamento voa e vai bater na Aveni- da Duque de Caxias, nos anos de 1960, onde se dava a parada do 7 de Setembro. Levado pelos meus pais, assisti a muito samango marchar sob o sol quente do bêerreobró. O palanque com as autoridades, os jatos dando

rasante sobre as nossas cabeças, Narcélio e Paulo Limaverde fazendo a transmissão do evento pelo rádio, tudo isso em plena dita- dura militar. Além das forças armadas, al- guns colégios também desfilavam. Acabada a festa, era enrolar a bandeirinha e pegar o Aerolândia na Praça do Coração de Jesus. Na volta à casa, sempre me pegava pensando no propósito de tudo aquilo. Glorificação da pá- tria ou demonstração de poder? Era muita coisa para a minha cachola de menino. De- pois, “Perdidos no espaço” e cama...

Das lembranças daquele tempo escuro, de triste memória, uma certeza, ou melhor, uma ilusão: o Brasil era de todos, orgulhá- vamo-nos de ser brasileiros. Ainda hoje me pego refletindo sobre o resultado da “gran- de feijoada” que o Glauber Rocha queria ofe- recer aos milicos, na panela da qual os pro- blemas brazucas seriam discutidos entre uma caipirinha e outra, o que jamais se deu. Acho que se perdeu uma grande oportuni- dade de se estabelecer um diálogo pela via do amor à nação. Ao final do ágape, prisões,

indigestão, ressaca ou um acordo? Assim, minha geração cresceu dividida e aliena- da, enquanto a turma da farda foi e conti- nua sendo cevada no ideário da Guerra Fria, vendo comunismo até no vermelho do sinal. O analfabetismo é o pai todos os males...

Amanhã Pindorama completará 199 anos de sua libertação de Portugal, faltando ape- nas mais um para inteirar o bicentenário. Se o episódio relativo à emancipação do Brasil em relação à terrinha é um dos mo- mentos mais lisérgicos da nossa história, o que hoje amargamos não lhe fica atrás. No trono, um sujeito que se acha o dono do país, irresponsável, patético e perverso, zonzo de tanta porrada e amedrontado pela perspec- tiva de ser preso com os filhos, tenta inti- midar os dois demais poderes com bravatas fajutas. Seus fiéis zumbis, minguando cada vez mais, sequestraram os símbolos pátrios como se este chão fosse só deles. No outro corner, o povo, faminto, desempregado, liso, cansado, além dos arrependidos. Salve, salve, lindo pendão da esperança.

O Canal Brasil exibe o filme “Domingos” (2009) hoje, 6, às 18 horas. O filme, dirigido por Maria Ribeiro, documenta o cotidiano de Domingos de Oliveira, ator, diretor, dramaturgo de cinema e teatro, poeta e cineasta brasileiro

DIVULGAÇÃO

Márcio Brandão, Dextape, Singular, Rômulo Cordeiro e Mateus Farias são os nomes desta segunda-feira do Festival Acordes do Amanhã

DIVULGAÇÃO

O MELHOR DA A G E N DA C U LT U R A L

Q U E R D I V U L GA R S E U E V E N T O ? M I G U E L A R AUJ O @ O P O V O . C O M . B R

EXPERIÊNCIAS

NA COZINHA

ADEGA SUBTERRÂNEA

CURSOS COM CHEFS

PARA RESERVAR

O Laboratório de Experiências Gastronômicas (LEG Fortaleza), espaço de cursos e

serviços de gastronomia na Cidade, realiza programação especial neste mês de setembro. Estão previstos, para os próximos dias, cursos de preparos com camarão, sushis, pães recheados e menu degustação.

Onde: LEG Fortaleza (rua Dr. José Frota, 127 - Mucuripe)

Mais info: @legfortaleza

A Cervejaria Turatti disponibiliza reservas para sua “Adega Subterrânea Turatti”. O espaço está localizado na unidade Varjota. A Turatti promete o melhor da gastronomia e rótulos artesanais em um ambiente intimista e climatizado. “Risoto de Camarão Defumado” e “Bife Ancho” são alguns pratos. As reservas estão disponíveis de quinta-feira a domingo, para almoço executivo e jantar, a partir das 11 horas. O local deve funcionar seguindo os protocolos para conter o avanço da Covid-19. Onde: Cervejaria Turatti Varjota (rua Ana Bilhar, 1178 - Varjota)

Mais info: (85) 9 98706-5047 ou (85) 9 8871-1808

INFORMAÇÕES SOBRE ATRAÇÕES, DATAS E HORÁRIOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DOS ORGANIZADORES DOS EVENTOS

HOMENAGEM

A DOMINGOS

DE OLIVEIRA

FESTIVAL

ACORDES DO

AMANHÃ

FILME

MÚSICA

O Canal Brasil exibe o filme

“Domingos” (2009) hoje, 6, às 18 horas. O filme, dirigido por Maria Ribeiro, documenta o cotidiano de Domingos de Oliveira, ator, diretor, dramaturgo de cinema e teatro, poeta e cineasta brasileiro. Ele foi um dos mais emblemáticos artistas do Brasil na segunda metade do século XX. Em homenagem pelo seu aniversário (em 28 de setembro), a exibição integra a Mostra “Domingos Oliveira - 85 anos”.

Quando: hoje, 6, às 18 horas Onde: Canal Brasil

Tem programação de música on-line hoje, 6! O Festival Acordes do Amanhã apresenta, a partir das 18 horas, shows virtuais de diversos artistas e variadas bandas. Márcio Brandão, Dextape (foto), Singular, Rômulo Cordeiro e Mateus Farias são os nomes desta segunda-feira. Com o tema #MúsicasQueAbraçam, esta edição do evento acontece até 15 de setembro. As

apresentações ocorrem sempre de modo virtual, pelo canal Quitanda Soluções Criativas no YouTube.

Quando: hoje, 6, a partir das 18 horas

Onde: Quitanda Soluções Criativas no YouTube

SÉRIE CRIMINAL

AUDIOVISUAL

A série original ID “Culpado ou Inocente?” estreia hoje, 6, às 22h15min, no canal de televisão por assinatura Discovery ID. A produção investigativa debate as diversas versões conflitantes defendidas por profissionais que trabalharam nas

investigações de assassinatos reais. A obra retorna a vários casos controversos, que estão cercados por mistérios e debates sobre os principais suspeitos e as diversas hipóteses em torno de crimes. Cada episódio tem cerca de uma hora. Na estreia, um duplo homicídio que aconteceu em 1990. Numa mata, dois caçadores de animais silvestres foram encontrados mortos. Quando: hoje, 6, às 22h15min Onde: canal de TV por assinatura Discovery ID

A Cervejaria Turatti disponibiliza reservas para visitação à “Adega Subterrânea Turatti”. O espaço, recém inaugurado, está localizado na unidade Varjota

DIVULGAÇÃO/CERVEJARIA TURATTI

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FORTALEZA - CE, SEgundA-FEiRA, 6 dE SETEmbRO dE 2021

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literatura

& Aviso

A coluna de Lêda maria não será publicada

durante as férias da jornalista

Em 2004, por volta dos 13 anos, o escritor Mailson Furta- do descobriu a poesia. Os ver- sos surgiram ao lado de outras tantas novidades, como o tea- tro, rock’n roll e a filosofia, no ambiente de uma nova escola na cidade de Varjota, no Ceará. Apenas em 2011, depois de as- similar a referência de nomes como Paulo Leminski, o autor estreou na literatura com o livro

“Sortimento” (2011), antecedente ao “Versos Pingados” (2014). Dez anos depois destes experimen- tos, ele revê os dois primeiros trabalhos em “Nômade”, lança- do na última sexta, 3.

A obra compila 43 trabalhos de Mailson, sendo cinco inédi- tos, todos escritos entre 2007 e 2014. “São poemas que me dizem muito, na verdade, e até me desnudam enquanto autor nesse primeiro momento do meu tentar poético”, reflete o poeta. A necessidade de revi- sitar os escritos cresceu após a conquista do 60º Prêmio Jabu- ti por “À Cidade”, em 2018, que impulsionou a procura pelos livros. “Como eles já se esgo- taram, não tinha motivo para trazer novamente, vendo com os olhos de hoje”, explica.

Ele começou a metodologia de reler e selecionar os poemas para dar forma ao novo proje- to. A edição minuciosa, reco- nhece Mailson, foi adquirida durante os anos de experiência e, agora, os traços de cada obra ficam mais claros. “Sortimen- to” é influenciada pela fala e o pré-modernismo, enquanto

“Versos Pingados” ecoa as in- fluências do neoconcretismo. Ambas são constituídas por críticas sociais e, juntas, con- figuram uma poesia nômade:

“uma característica é a plura- lidade, não está nem aqui, nem ali”, delineia o escritor.

“Eu tentei ao máximo tentar

deixar o cerne, a ideia inicial deles, o objetivo é manter. A partir disso, fui tentando tra- zer novas imagens, que fossem possíveis para cada poema, algumas questões linguísticas que acho importante. É muito desta busca de alicerçar ainda mais aquela ideia que eu ti- nha naquele momento, há dez anos”, complementa Mailson. Agora, as palavras ganham o peso do “trilhar literário” de- pois da publicação de trabalhos como “Passeio pelas ruas de mim [e de outros]” (2018).

Também se une ao repertó- rio o aprofundamento, já mais recente, na escrita do ensaio literário, Gonçalo Tavares e Octavio Paz, sem esquecer da poesia mimeógrafa e de Fer- reira Gullar, que acompanham desde o início as atividades li- terárias do poeta. “Passa muito

dessa questão metalinguísti- ca, onde a brincadeira como palavra é poema, até alguns poemas mais políticos, poe- mas crônicos. Esse livro diz em si muito do meu primeiro momento para dizer o que sou hoje”, complementa.

“Nômade”, previsto para ser lançado inicialmente em 2020, é disponibilizado agora devi- do à pandemia causada pelo novo coronavírus. O público entra em contato com outras versões de Mailson após um período em que cada pessoa, circunstancialmente, teve que rever os próprios trajetos. Por enquanto, a venda do livro em formato físico e digital será fei- ta virtualmente, mas o plano é que, com a flexibilização das medidas, o autor possa realizar eventos de lançamento em al- gumas cidades do Estado.

| LANÇAMENTO | Após ganhar o 60º Prêmio Jabuti com “À Cidade” (2018), o

escritor cearense Mailson Furtado lança livro com releitura de primeiras obras

PoesiA nômAde

Lara MontezuMa

lara.montezuma@opovo.com.br ESpECiAL pARA O pOVO

Vetinflix em expansão

vetinflix terá parceria com Kondzilla e Cufa

REpROduçãO/ inSTAgRAm @VETinFLix

| AudiOvisuAL | Vetinflix, coletivo de produção audiovisual de Fortaleza, se

juntou ao empresário Kondzilla e à Central Única das Favelas

Há quase dois anos, a Vetinflix - coletivo de produção audiovi- sual de Fortaleza - lançava sua obra de maior sucesso: “La Casa Du’z Vetin”. Com mais de um mi- lhão de visualizações no primei- ro episódio, disponibilizado no canal do Youtube da página Suri- cate Seboso, conteúdo aborda o cotidiano da periferia a partir de um viés cômico. Agora, entre cursos de preparação e até fil- me previsto com a Rede Globo, a produtora firma parceria com o empresário Kondzilla e a Central Única das Favelas (Cufa).

O objetivo desta colaboração é realizar projetos voltados para a juventude que mora na periferia

da capital cearense. “O Kondzilla vai ser o nosso consultor de ne- gócios em parceria com a Cufa Ceará. Tivemos um primeiro momento, com a ideia de levar negócios para a juventude da periferia, desenvolver projetos sempre na pegada tanto da área tecnológica quanto de comuni- cação”, explica Leo Suricate.

Segundo o produtor audio- visual e membro do coletivo, a cooperação entre essas três frentes ainda terá o intuito de ampliar a atuação da Vetinflix no Nordeste. “Vejo que, para a Vetinflix, desde o nosso nasci- mento até agora, teve um ‘boom’ no sentido das pessoas do Estado

verem a gente não só como coi- tadinho. A galera gosta de ver a gente como coitado, mas, não, a gente veio para fazer negócio sé- rio e com qualidade”, diz.

“Isso não vai ser bom só para nós. Isso também vai ser bom para os influenciadores de For- taleza, do Ceará e, quem sabe, do Nordeste”, afirma Leo.

De acordo com ele, a Vetinflix surgiu para fomentar o trabalho dos jovens moradores da perife- ria. “A Vetinflix não nasceu com o propósito de fazer caridade, mas de formar o jovem, pegá-lo lá da ponta e levá-lo lá para cima. Eu sou esse exemplo”, explica. Mailson Furtado é autor do premiado

“À Cidade” e lança novo livro de poesia

AuRéLiO ALVES

“ Esse livro diz

em si muito do

meu primeiro

momento

para dizer o

que sou hoje”

Mailson furtado Escritor

Como adquirir

“Nômade” (2021), de Mailson Furtado Quanto: R$ 25 Onde comprar: mailsonfurtado.com.br

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VIDA&ARTE

FORTALEZA - CE, SEGUNDA-FEIRA, 6 DE SETEMBRO DE 2021

􀏄

O que é e como jogar

1. O jogo é constituído de 81 quadrados numa grade de 9 x 9 quadrados, subdivivida em nove grades menores de 3 x 3 quadrados. 2. Cada fileira (vertical e horizontal) deverá conter números de 1 a 9. 3. Cada grade menor, de 3 x 3 quadrados, deverá conter números de 1 a 9.

4. Nas fileiras horizontais e verticais da grade maior, cada número deverá aparecer uma só vez.

SUDOKU

PALAVRAS CRUZADAS

23 DE SETEMBRO A 22 DE OUTUBRO 23 DE OUTUBRO A 21 DE NOVEMBRO 22 DE NOVEMBRO A 21 DE DEZEMBRO 21 DE JUNHO A 22 DE JULHO 23 DE JULHO A 22 DE AGOSTO 23 DE AGOSTO A 22 DE SETEMBRO

22 DE DEZEMBRO A 20 DE JANEIRO 21 DE JANEIRO A 19 DE FEVEREIRO 20 DE FEVEREIRO A 20 DE MARÇO 21 DE MARÇO A 20 DE ABRIL 21 DE ABRIL A 20 DE MAIO 21 DE MAIO A 20 DE JUNHO

Brincar

Os mundos de Liz. DANIEL BRANDÃO

www.estudiodanielbrandao.com

Os Intrépidos. KARLSON GRACIE E BRENO TAVEIRA

@karlsongracie

Coisinhas. DHIOW

adivinhadindi.tumblr.com

HORÓSCOPO PERSONARE

www.personare.com.br | a.martins@personare.com.br

PEIXES

AQUÁRIO

CAPRICÓRNIO

SAGITÁRIO

ESCORPIÃO

LIBRA

VIRGEM

LEÃO

CÂNCER

GÊMEOS

TOURO

ÁRIES

Busque valorizar a

diversidade de pensamento e se mostrar aberta aos acordos. Vênus ingressa na casa material e estimula a economia criativa. O céu da semana inicia com a Lua Nova na área da crise, podendo lhe fazer encarar os desafi os sob outras perspectivas.

Seu carisma e criatividade tendem a afl orar. O céu da semana inicia com a Lua Nova no setor de amizades, despertando seu lado solidário e socialmente sensível, o que ajuda nas interações no dia a dia e nas redes virtuais. Que tal tentar ser mais colaborativa e prática?

Você pode ter mais consciência de suas potencialidades e das fragilidades, pois a Lua chega a seu signo, e Vênus ao setor de crise. A fase se inicia com a Lua Nova na área profi ssional, estimulando práticas inovadoras na gestão do trabalho, além de lhe guiar rumo a novos projetos. A Lua Nova chega ao setor

do cotidiano, favorecendo a aplicação do aprendizado na rotina. Vênus adentra a casa dos prazeres e pode dar toque criativo às suas vivências. O referido astro entra na casa comunicativa, despertando jovialidade e pensamento irreverente.

O cotidiano tende a fi car versátil e aprazível, visto que a Lua Nova chega à casa do prazer. Vênus adentra o setor familiar, conectando seu bem-estar emocional à das pessoas queridas. A tendência é que a inovação na gestão prática da vida e a economia criativa sejam valorizadas.

Tente compartilhar suas vivências em família e colocar em prática o aprendizado, pois a Lua chega ao setor doméstico e Vênus ao da comunicação. Este momento se inicia com a Lua Nova em seu signo, o que lhe motiva a buscar experiências inovadoras para sua

existência.

O momento tende a promover questionamentos sobre a vida e confrontos com o que incomoda. Vênus adentra a casa das amizades, favorecendo a solidariedade. O céu da semana inicia com a Lua Nova no setor espiritual, fl exibilizando valores e crenças e motivando experiências.

Procure se mostrar aberta a parcerias, pois a Lua chega na casa das amizades e Vênus na do trabalho. O período se inicia com a Lua no setor íntimo e entrando na fase nova, favorecendo a depuração da vida pessoal. Com isso, você se liberta do que lhe aprisiona e se sente motivada frente ao novo.

Esta momento astrológico tende a motivar parcerias que se pautam por

posicionamentos éticos. O céu da semana inicia com a Lua no setor de relacionamentos, quando inicia sua fase nova, o que lhe faz renovar vínculos de caráter humano e a se abrir a outros contatos. Vênus adentra a área íntima,

podendo lhe deixar afetuosa e sensual. A Lua no setor do cotidiano e entrando na fase nova tende a motivar você a dar frescor à rotina com ações inovadoras. O referido astro chega à casa espiritual, de modo que as experiências promovem sabedoria.

Sua felicidade tende a se associar à das pessoas que você tanto ama. A fase se inicia com a Lua Nova no setor dos prazeres, o que lhe deixa otimista perante a vida, além de nutrir convivência prazerosa com os entes queridos, já que o referido astro chega ao setor íntimo em breve.

Vênus pode estimular prazeres do dia a dia ao ingressar no setor das rotinas. O foco tende a ser na vida familiar, por conta da Lua Nova nessa área, promovendo a busca por renovação no cotidiano e no trato interpessoal, pois até domingo esse astro chega à casa dos relacionamentos.

O SANTO

São Liberato de Loro

O ANJO

Nith-haiah

Nascido no século III, na Itália, na pequena vila de Loro, filho de um grande dono de terras. Apesar do dinheiro, Liberato ouviu o chamado de Deus, abandonando a vida de luxos. Foi ordenado sacerdote, consagrando sua vida à penitência e às orações contemplativas. Vestindo o hábito da Ordem dos frades menores de São Francisco, viveu uma vida de virtudes e santidade. Aos 45 anos, Liberato caiu enfermo,

sofrendo uma grave doença que lhe deixou entre a vida e a morte. Mesmo no auge do sofrimento, sentia-se consolado por Maria e Jesus Cristo, nunca reclamando das dores. O dia de seu falecimento é desconhecido, foi somente no século XIX após um difícil processo de canonização que seu culto seria reconhecido pelo Papa Pio IX, lhe dando autorização canônica de ser chamado de Santo.

Este Anjo ajuda a descobrir a verdade nos mistérios esotéricos, domina as revelações, influencia a paz através do conhecimento da verdade. Gosta de práticas mágicas, seguindo as leis divinas. Quem nasce sob esta influência, possui serenidade, moderação, equilíbrio, autocontrole, harmonia e paciência. Assim, consegue com mais facilidade que os outros, estabilidade emocional, profissional e material.

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FORTALEZA - CE, SEGUNDA-FEIRA, 6 DE SETEMBRO DE 2021

􀎑

Top 3 Literatura

LIVROS DE FICÇÃO QUE ABORDAM A SAÚDE MENTAL E O INCONSCIENTE

“DEPOIS A

LOUCA SOU EU”,

TATI BERNARDI

DIVULGAÇÃO

A escritora Tati Bernardi apresenta ao leitor seus pensamentos mais íntimos. Momentos em que enfrentou crises de pânico, ansiedade, consequências dos remédios, mania de organização e medo de situações comuns estão expostos em “Depois a Louca Sou Eu”. Ao mesmo tempo que aborda questões complexas sobre saúde mental, também consegue expor o humor em situações que poderiam parecer pouco cômicas. Ela traz o que muitos brasileiros aprendem a fazer: rir da própria tragédia. Obra ganhou adaptação que está no Amazon Prime Video.

2 3

Por Clara Menezes

clara.menezes@opovo.com.br

“MRS.

DALLOWAY”,

VIRGINIA WOOLF

DIVULGAÇÃO

Considerada a obra mais popular da escritora inglesa Virginia Woolf (1882 - 1941), “Mrs. Dalloway” explora um dia na vida da protagonista Clarissa Dalloway. Ela anda pelas ruas de Londres, na década de 1920, com o objetivo de finalizar os preparativos para uma festa que ocorrerá à noite. No caminho para concluir tudo que precisa fazer, ela guia a narrativa por suas memórias do passado e também a leva para o futuro. Entre esses três períodos, o leitor é apresentado à uma mulher em uma Inglaterra pós- Primeira Guerra Mundial. 328 páginas

1

Penguin

Preço médio: R$ 34,90 (e-book: R$ 19,90)

“POR LUGARES

INCRÍVEIS”,

JENNIFER NIVEN

DIVULGAÇÃO

Violet Markey tinha uma vida perfeita até sofrer um acidente de carro, em que sua irmã morreu. Desde então, sentindo-se culpada pela situação, ela se afasta de todos os amigos enquanto descobre maneiras de enfrentar o luto. Em paralelo, Theodor Finch é um adolescente que sofre bullying na escola e recebe pouca atenção da família. Ele, porém, vive longos períodos de depressão. Quando os dois são obrigados a

permanecerem juntos em um trabalho, encontram um no outro uma espécie de apoio emocional. 355 páginas Editora Seguinte

Preço médio: R$ 39,90 (e-book: R$ 19,10)

144 páginas

Companhia das Letras Preço médio: R$ 42,90 (e-book: R$ 23,90)

CLOVISHOLANDA@OPOVO.COM.BR | *ESTA COLUNA É PUBLICADA TODOS OS DIAS

CLÓVIS

HOLANDA

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HOLANDA

Pause O POVO

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NOVO IMORTAL 

Poeta, escritor, compositor e empresário, Pio Rodrigues Neto foi empossado como o mais novo membro da Academia Cearense de Letras (ACL) em solenidade virtual, com transmissão simultânea a partir da residência do empresário, onde Pio estava com a família, e da residência do presidente da Academia, Lúcio Alcântara, acompanhado da diretoria da entidade. Seguem cenas... 

SINAL DOS

TEMPOS... 

A busca é por

hiperconectividade com ótimos resultados. Um olho no peixe e outro no gato das telas da vida... Ao mesmo tempo em que precisa sobrar energia para mais um MBA, o livro do momento, treino (pesado) às 5h da manhã, posts de autopromoção nas redes sociais, um alarme permanente gritando por atenção chamado WhatsApp e mais, muito mais... Quem aguenta? Ainda mais enfiados na “Caverna do Dragão” das variantes...  Nessa roda viva, neurologistas e psiquiatras alertam para um novo “hábito”: o consumo de psicoestimulantes por pessoas sem nenhum déficit de atenção ou cognitivo oriundo de problemas de saúde, mas fruto dessa exaustão coletiva. É o “doping intelectual”, como apontou o médico psiquiatra Filipe Batista em seu último artigo, publicado na Vogue Brasil.  

Hiperconectividade com o tempo contribui para a desconexão, aquela sensação de ausência de presença, do pensamento, alerta o médico. As “drogas da eficiência” vêm fazendo sucesso com grandes executivos e, no Sudeste, até já ganhou o apelido de “novo elixir da Faria Lima”. 

O intuito de “turbinar a mente” já demonstra reflexos na indústria farmacêutica. Em 2019, comparando com o ano anterior, houve aumento superior a 20% na venda destas drogas. 

“Sentir-se assim (desconectado, sem atenção nas tarefas), mas não querer abrir mão de nada, gera um impasse. O problema está em não se dispor a refletir ou mudar qualquer aspecto ou hábito de vida”, alerta o médico no texto, frisando que só o descanso é capaz de renovar a mente para as atividades dia após dia. A “solução” imediatista esconde os limites do próprio corpo e das nossas escolhas. 

LIDE CEARÁ E PLANOS... 

Medalha de ouro olímpica e estrela de reality shows, a famosa transgênero Caitlyn Jenner lançou sua campanha para se tornar governadora da Califórnia. Candidata conservadora, pretende substituir o democrata Gavin Newsom, governador daquele estado desde 2019. Ao mesmo tempo em que ingressa na vida política, ela comemora o sucesso do documentário “Untold: Caitlyn Jenner” (Netflix), que narra a história do atleta nascido Bruce Jenner que, após três casamentos e seis filhos, dentre os quais as famosas Kendall e Kylie Jenner, decidiu fazer sua transição de gênero e se assumir como Caitlyn. A foto é da capa da revista Vanity Fair, junho de 2015, quando Bruce pediu ao mundo: “Me chamem de Caitlyn”. Após a última separação e com nova identidade, Caitlyn segue se relacionando com mulheres.

DOC E ELEIÇÕES

Emília Buarque e Sérgio Resende reuniram alguns casais do mundo empresarial, no restaurante Mangue Azul, para jantar em que a presidente do Lide compartilhou seus planos para os últimos meses de 2021. William Waack, Salim Mattar, Paulo Uebel e Jorge Gerdau estão dentre os convidados para palestrar nos próximos almoços da entidade. Vou informando por aqui as datas. Seguem registros do momento...

Sérgio Resende e Emília Buarque com Alexandre Sales

Otílio Ferreira e Manuela Macedo Ferreira com Sérgio Resende e Emília Buarque

Luiz Gustavo Viana e Tássia Farias, Águeda Muniz e Geraldo Luciano

Tássia Farias Viana, Águeda Muniz, Emília Buarque e Manuela Macêdo

ANNIE LEIBOVITZ/ VANITY FAIR/ DIVULGAÇÃO

Pio Rodrigues e Edyr Rolim

Regina Fiúza, José Augusto Bezerra, Lúcio Alcântara, Beatriz Alcântara e Flávio Leitão

Novo imortal e família Ticiana Rolim Queiroz e Pio Rodrigues

BOA SEGUNDA! Pause O POVO

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NOVO IMORTAL 

Poeta, escritor, compositor e empresário, Pio Rodrigues Neto foi empossado como o mais novo membro da Academia Cearense de Letras (ACL) em solenidade virtual, com transmissão simultânea a partir da residência do empresário, onde Pio estava com a família, e da residência do presidente da Academia, Lúcio Alcântara, acompanhado da diretoria da entidade. Seguem cenas... 

LIDE CEARÁ E PLANOS... 

Medalha de ouro olímpica e estrela de reality shows, a famosa transgênero Caitlyn Jenner lançou sua campanha para se tornar governadora da Califórnia. Candidata conservadora, pretende substituir o democrata Gavin Newsom, governador daquele estado desde 2019. Ao mesmo tempo em que ingressa na vida política, ela comemora o sucesso do documentário “Untold: Caitlyn Jenner” (Netflix), que narra a história do atleta nascido Bruce Jenner que, após três casamentos e seis filhos, dentre os quais as famosas Kendall e Kylie Jenner, decidiu fazer sua transição de gênero e se assumir como Caitlyn. A foto é da capa da revista Vanity Fair, junho de 2015, quando Bruce pediu ao mundo: “Me chamem de Caitlyn”. Após a última separação e com nova identidade, Caitlyn segue se relacionando com mulheres.

DOC E ELEIÇÕES

Emília Buarque e Sérgio Resende reuniram alguns casais do mundo empresarial, no restaurante Mangue Azul, para jantar em que a presidente do Lide compartilhou seus planos para os últimos meses de 2021. William Waack, Salim Mattar, Paulo Uebel e Jorge Gerdau estão dentre os convidados para palestrar nos próximos almoços da entidade. Vou informando por aqui as datas. Seguem registros do momento...

Sérgio Resende e Emília Buarque com Alexandre Sales

Otílio Ferreira e Manuela Macedo Ferreira com Sérgio Resende e Emília Buarque

Luiz Gustavo Viana e Tássia Farias, Águeda Muniz e Geraldo Luciano

Pio Rodrigues e Edyr Rolim

Regina Fiúza, José Augusto Bezerra, Lúcio Alcântara, Beatriz Alcântara e Flávio Leitão

Novo imortal e família Ticiana Rolim Queiroz e Pio Rodrigues

BOA SEGUNDA!

(6)

VIDA&ARTE

FORTALEZA - CE, SEGUNDA-FEIRA, 6 DE SETEMBRO DE 2021

􀠾

Marcelo Ikeda, pesquisador, crítico e curador de cinema, lança o livro “Utopia da Autos- sustentabilidade: impasses, de- safios e conquistas da Ancine” pela Editora Sulina. Professor do curso de Cinema e Audiovi- sual da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ikeda trabalhou na Agência Nacional do Cinema (Ancine) entre 2002 e 2010. Ao O POVO, ele aponta os destaques dos 20 anos do órgão.

O POVO - Em que con- texto a Ancine surgiu? Marcelo Ikeda - Em 1990, o

presidente Fernando Collor acabou com todos os órgãos de apoio à cultura e ao ci- nema brasileiro. Ele acabou com a Embrafilme (Empre- sa Brasileira de Filmes S.A), o Concine (Conselho Nacio- nal de Cinema) e a Fundação do Cinema Brasileiro. Após o impeachment do Collor, houve uma reconstrução do apoio do Estado às ativida- des culturais. Com as leis de incentivo fiscais, com a Lei Rouanet e, especialmente a Lei do Audiovisual, entra- mos num processo chamado

“retomada do cinema brasi- leiro”. O cinema brasileiro chegou, ao final da década de 1990, com cerca de 8% ou 9% de participação de mer- cado. As leis de incentivo ti- veram um papel fundamen- tal para a recuperação do cinema brasileiro depois do Governo Collor. Mas ficava claro que só as leis de incen- tivo não seriam suficientes para colocar o cinema bra- sileiro num patamar estra- tégico de desenvolvimento. Nesse momento de crise, a própria classe se organizou no 3º Congresso Brasileiro de Cinema (2000), em Porto Alegre. Esse foi o embrião da criação de um órgão com um projeto para o cinema brasi- leiro. Esse foi o contexto em que foi criada a Ancine. A Ancine cuidava não só do fo- mento, mas também da re- gulação e da fiscalização de todo audiovisual brasileiro... Não só do cinema, mas tam- bém do home video (termo para mídias pré-gravadas, como DVD) e da televisão. Ou seja, tem uma estrutura mais completa.

OP- A Ancine passou por diferentes governos. Há como delimitar ou ca- racterizar essas “eras”? MI - O grande desafio da An-

cine é sobreviver às mu- danças de governo. Cada governo quer implemen- tar uma política diferente,

muitas vezes acabar com a política implementada pelo governo anterior e instau- rar uma “nova marca”. A Ancine teve um diferencial, porque foi criada como uma agência reguladora. Agências reguladoras têm uma série de caracterís- ticas que permitem uma certa estabilidade, por serem órgãos de Estado, órgãos tecnicamente neu- tros. A Ancine, por exem- plo, é comandada por uma diretoria colegiada. Todas as decisões são monta- das por um colegiado com mandato fixo. O presidente não pode exonerar livre- mente um diretor da Anci- ne ou de qualquer agência reguladora, diferentemen- te de um secretário ou de um ministro. Ao mesmo tempo, toda a trajetória da agência tem embates com o governo de realmente estabelecer a sua autono- mia como órgão regulador. Na prática, os governos acabam desenvolvendo instrumentos para tentar atuar junto às agências reguladoras. O grande de- safio da Ancine foi exata- mente essa relação entre órgão e Governo. Quando a relação era de harmonia, quando à frente da Ancine tinha alguém com a mes- ma visão do Governo, isso ficava mais fácil. Quando Manoel Rangel assumiu a presidência da Ancine du- rante o governo Lula e o governo Dilma, existia uma afinidade. Isso fez com que Manoel conseguisse apro- var leis para ampliar as atribuições da Ancine, que foi criada com uma série de restrições. Os objetivos da Ancine eram muito amplos, estavam em torno da ideia da auto sustentabilidade do mercado brasileiro. Os instrumentos da sua lei de criação eram restritos em relação a tão ambiciosa missão. Era preciso a apro- vação de leis complemen- tares, que ampliassem as atribuições da Ancine. Para aprovar a lei, você tem que ter essa interlocução com Governo e Congresso Na- cional. Uma das principais conquistas das gestões do Rangel (diretor-presidente entre 2006 e 2017) foi con- seguir aprovar três leis que transformaram o cinema brasileiro (lei 11.437, que criou o Fundo Setorial do Audiovisual); lei 12.485, de regulamentação da TV por assinatura; e lei 12.599, de expansão do parque exibi- dor).

OP - Como pode ser de- finido o momento que a Ancine vive?

MI - A Ancine vive um momen- to de crise institucional. Acho que isso faz parte do contexto macropolítico do governo Bolsonaro de des- monte da política cultu- ral. Existe uma política de enxergar a cultura como inimiga do Estado. Aí re- side o desafio da Ancine como agência reguladora, de estabelecer instrumen- tos técnicos, que possam garantir uma política de desenvolvimento do se- tor independentemente das matrizes ideológicas do governo. Esse últimos anos têm sido um desafio para a Ancine. É curioso perceber que a Ancine não acabou, diferentemente da Embrafilme. Quando o Collor entrou, com um de- creto, com uma canetada, acabou com tudo. E o Bol- sonaro não conseguiu aca- bar com tudo. Existe uma institucionalidade sólida para que, mesmo contra a vontade do presidente, a Ancine continue de pé. Isso só foi possível, ao meu ver, porque a Ancine foi criada como uma agência regu- ladora. Se fosse qualquer outro órgão de governo, ficaria mais fácil de aca- bar. Fica difícil, porque se isso acontece, pode abrir um precedente para fazer o mesmo tipo de ação com outras agências regula- doras, como a Anatel e a Aneel (respectivamente, dos setores de telecomu- nicação e energia). A An- cine conseguiu se susten- tar de pé, mas o Governo conseguiu uma série de subterfúgios para que, se não acabasse com o órgão, meio que ele ficasse por asfixia. Apesar da Ancine continuar, as ações nos

| ANÁLISE | Marcelo Ikeda lança o livro “Utopia da Autossustentabilidade: impasses,

desafios e conquistas da Ancine”. Em entrevista, o pesquisador, crítico e curador de

cinema aponta destaques dos 20 anos de agência

“A Ancine vive

um momento de

crise institucional”

Utopia da

Autossustentabilidade

de Marcelo Ikeda Editora Sulina 246 pág.

Quanto: R$ 39,90

Mais info: www.editorasuli- na.com.br

“De forma indireta, a

Ancine, hoje, é aderente a

essa política ideológica de

Bolsonaro.”

MARCELO IKEDA, pesquisador

últimos anos foram muito pequenas. Principalmente porque não houve lança- mento de novas linhas do FSA. Houve um imbróglio jurídico junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), em que foram questiona- dos os critérios de pres- tação de contas da Ancine. O TCU ordenou que a An- cine aperfeiçoasse os seus processos de prestação de contas, mas em momento algum mandou suspender recursos. Foi muito mais cômodo para a gestão simplesmente paralisar os processos. Uma aderência do governo Bolsonaro que queria travar o fluxo de re- cursos para o audiovisual e para a cultura como um todo. Com a pandemia, os critérios de financiamen- to teriam que ser revistos. Como a gente iria fazer fil- mes nesse período? Quais seriam os protocolos, os prazos? Haveria a neces- sidade de revisão desses critérios. Em vez disso, a Ancine paralisou os inves- timentos. E a justificativa não são só questões técni- cas, relativas às demandas do TCU. Na verdade, em última instância, espe- lham impasses da visão do governo Bolsonaro para a cultura. Tem muitos indí- cios de que a Ancine, nes- se período, não conseguiu estabelecer a sua indepen- dência. De fato, os direto- res da Ancine acabaram capturados pelo governo. De forma indireta, mesmo não de forma explícita, a Ancine, hoje, é aderente a essa política ideológica de Bolsonaro.

OP - Por fim, gostaria que o senhor comentasse so- bre esse 20º aniversário. Como prospectar um fu- turo para a agência?

MI - É curioso que a Embra- filme foi criada em 1969 e acabou em 1990. Ela com- pletou os vinte anos, mas não chegou a completar seu 21º ano. Em 2022, a Ancine pode superar a Embrafilme em duração. O grande desafio é se es- tabelecer como um órgão independente, que consi- ga implementar políticas visando o desenvolvimen- to do setor, baseado em critérios técnicos. Uma política setorial que não esteja à margem dos hu- mores de cada governo.

O POVO MAIS

MAIS.OPOVO.COM.BR

Resposta da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult) sobre o impacto da Ancine no cinema local

Referências

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