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PERCEPÇÕES DAS DOADORAS DE LEITE HUMANO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO ATO DE DOAR

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Academic year: 2021

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM

ILAENIS GOMES MESQUITA

PERCEPÇÕES DAS DOADORAS DE LEITE HUMANO

SOBRE A IMPORTÂNCIA DO ATO DE DOAR

BOA VISTA, RR 2017

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ILAENIS GOMES MESQUITA

PERCEPÇÕES DAS DOADORAS DE LEITE HUMANO

SOBRE A IMPORTÂNCIA DO ATO DE DOAR

BOA VISTA, RR 2017

Monografia apresentada como requisito para conclusão do curso de Bacharelado em Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Roraima.

Orientadora: Prof. Msc. Tárcia Millene de Almeida Costa Barreto.

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PARECER DA BANCA EXAMINDORA

ILAENIS GOMES MESQUITA

PERCEPÇÕES DAS DOADORAS DE LEITE HUMANO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO SEU PAPEL SOCIAL

Monografia apresentada como requisito para conclusão do curso de Bacharelado em Enfermagem da Universidade Federal de Roraima.

Data de aprovação: Boa Vista – RR, 14 de novembro de 2017.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

PROF. MSC. TARCIA MILLENE DE ALMEIDA COSTA BARRETO (Orientadora)

_____________________________________________________ PROF. CINTIA FREITAS CASIMIRO (Membro Interno – UFRR)

____________________________________________________ PROF. RAQUEL VOGES CALDART (Membro Interno – UFRR)

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AGRADECIMENTOS

À Deus em primeiro lugar, por colocar pessoas maravilhosas no meu percurso, e conceder bons momentos e oportunidades essenciais na minha formação, pela força, coragem e sabedoria na busca deste sonho.

A minha mãe Luzia Durcinéia e meu pai (in memorian) José Raimundo Mesquita que colaboraram no apoio e na minha criação, fomentando meu caráter e princípios que uso na vida.

À meus amados filhos Jackson Antonio, Dalila Vitória (in memorian), Maria Luiza e Jose Ozeas que foram minha principal motivação para superar todas dificuldades nesse caminho, bem como meus companheiros e incentivadores a todo momento.

A minha mãe de coração Antonia, minha irmã Damares e irmão Jozinei de coração pelo apoio incondicional, em todas as fases desse percurso.

A minha família pelos incentivos mesmo à distância.

A minha orientadora e amiga Professora Tárcia Millene de Almeida Costa Barreto pela sua compreensão, paciência, sugestões e principalmente pela sua amizade e apoio tanto na minha vida acadêmica, como pessoal.

Aos amigos que sempre estiveram presentes nessa longa caminhada Sônia, Shirlene, Hudson, Beatriz Nina, que deram apoio essencial para conclusão deste curso.

Aos amigos Fernanda, Karen, Cleiton e Pablo que na vivência dos estágios foram fundamentais no apoio e aprendizado.

Aos professores da graduação pelos conhecimentos transmitidos, dedicação a profissão, e contribuição a minha formação, especialmente a professora Manuella Feitosa, a professora Cíntia Casimiro e Andreia Cardoso.

Aos preceptores que permitiram a vivencia prévia da profissão, mostrando que mesmo com as dificuldades é possível cuidar com profissionalismo e amor, especialmente a Enfermeira Angela Neto, Enfermeiro Anderson Barros e Enfermeiro Evaldo Hilário.

As amigas do Grupo Quebrando Tabus, pois além da amizade, me incentivaram a valorizar o cuidado mais humano, e respeitar as individualidades e proximidade com o público que será atendido na minha vida profissional.

A equipe do Banco de Leite Humano e as doadoras de leite pela confiança e participação, permitindo a realização deste trabalho.

À Universidade Federal de Roraima – UFRR por me dar a oportunidade de vivenciar o sonho da graduação.

E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão deste sonho.

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RESUMO

A doação de leite materno é de extrema importância para os recém-nascidos (RNs) prematuros ou aqueles privados do acesso ao leite humano, visto que esse alimento possui proporções adequadas e alta qualidade de nutrientes, os quais irão contribuir para crescimento e desenvolvimento de maneira saudável. A presente pesquisa teve como objetivo conhecer a visão das doadoras de um hospital materno-infantil de Roraima sobre a importância do ato de doar relacionado aos benefícios psicossociais dos RNs, mães e sociedade. Quanto à metodologia científica, utilizou-se a abordagem qualitativa, com objetivo descritivo. O público alvo voltou-se as doadoras de leite humano, as quais estavam inscritas e ativas durante o período de 01 de setembro a 30 de outubro de 2017. Aplicou-se como instrumento de coleta um formulário contendo questões norteadoras, voltados ao perfil demográfico, motivações e percepções sobre os benefícios da doação de leite. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas pessoalmente em visitas domiciliares pela entrevistadora. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas através da técnica de análise de conteúdo do tipo temático proposto por Bardin (2006). O presente estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Ética da Universidade Federal de Roraima. Quanto ao perfil das doadoras, verificou-se que a maioria delas eram mulheres adultas, com nível superior completo, casadas, primíparas e com 2 ou mais filhos e possuíam as mais variadas profissões. Com relação à motivação para se tornar doadora, pode-se notar que a maioria optou a doação após assistir a palestra sobre “Aleitamento Materno”, fornecida pelo Banco de Leite Humano (BLH). Em se tratando dos benefícios de ser doadora, pode-se verificar o aumento da autoestima e bem-estar com o ato de doar, bem como saber da importância de sua ação na recuperação, desenvolvimento e crescimento dos RNs que recebem seu leite. Além disso, as doadoras referiram benefícios para as mães receptoras e principalmente para os RNs, garantindo sua saúde, crescimento, desenvolvimento e da imunidade através do leite humano. Por fim, pode-se verificar que o Banco de Leite é um elemento importante nas para incentivar a amamentação e este é um fator considerável para a saúde materno-infantil. Porém, o mesmo depende da doação de leite materno para alcançar essas estratégias, sendo fundamental para os profissionais envolvidos conhecerem as características, as motivações, os benefícios visualizados pelas doadoras, para com isso, valorizar cada vez mais o processo de doação.

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ABSTRACT

Breastfeeding is of paramount importance for premature newborns or those deprived of access to human milk, as this food has adequate proportions and high quality of nutrients, which will contribute to growth and development in a healthy way. The present research had as objective to know the vision of the donors of a maternal-infant hospital of Roraima on the importance of the act of giving related to the psychosocial benefits of the newborns. As for the scientific methodology, the qualitative approach, of the descriptive and exploratory type, was used. The target audience turned to human milk donors, who should be enrolled and active during the period from September 1 to October 30, 2017. A form was used as a collection tool containing guiding questions, geared to the social profile, motivations and perceptions about the benefits of milk donation. The data collection was done personally in home visits or by means of electronic message by the interviewer. The interviews were recorded, transcribed and analyzed using the content analysis technique of the thematic type proposed by Bardin (2009). The present study was submitted and approved by the Ethics and Ethics Research Committee of the Federal University of Roraima. As for the profile of the donors, it was verified that the majority of them were adult women, with complete superior level, married, primiparous and 2 or ane more childrens, had the most varied professions. With regard to the motivation to become a donor, it can be noted that the majority opted for donation after attending a lecture on "Breastfeeding" provided by the Human Milk Bank. When it comes to the benefits of being a donor, one can verify the increase of self-esteem and well-being with the act of donating, as well as knowing the importance of its action in the recovery, development and growth of newborns receiving their milk. In addition, donors reported benefits to recipient mothers and especially newborns, ensuring their health, growth, development and immunity through human milk. Finally, it can be verified that the Milk Bank is an important element in the breastfeeding promotion and this is a considerable factor for maternal and child health. However, it depends on the donation of breast milk to reach these strategies, and it is fundamental for the professionals involved to know the characteristics, the motivations and the benefits seen by the donors, in order to increase the value of the donation process.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 9

1.1 OBJETIVOS ... 11

1.2 JUSTIFICATIVA ... 11

2 REVISÃO DE LITERATURA ... 12

2.1 A IMPORTÂNCIA DO LEITE MATERNO ... 12

2.2 AS POLÍTICAS SOBRE ALEITAMENTO MATERNO NO BRASIL ... 13

2.3 BANCO DE LEITE HUMANO ... 15

2.3.1 Processo Operacional do BLH ... 17

2.3.2 As Doadoras de Leite Humano ... 20

2.3.3 Critérios para o RN receber o LH doado ... 20

2.3.4 Características da Mãe do RN Receptor – Mãe Receptora ... 21

3 METODOLOGIA ... 23

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA ... 23

3.2 LOCAL DE ESTUDO ... 23

3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA ... 23

3.4 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS ... 24

3.5 ANÁLISE DE DADOS... 25

3.6 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS ... 25

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 27

4.2 MOTIVAÇÕES PARA DOAÇÃO DE LEITE HUMANO ... 28

4.3 AS PERCEPÇÕES DAS DOADORAS SOBRE OS BENEFÍCIOS DA DOAÇÃO DE LEITE HUMANO PARA A SAÚDE DOS RÉCEM-NASCIDOS RECEPTORES, MÃES E SOCIEDADE. ... 33

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CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 42

ANEXOS ... 47

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1 INTRODUÇÃO

Ao longo da história, a amamentação teve diferentes definições e foi abordada com relevância por vários grupos sociais, sendo influenciada fortemente por diversos fatores socioculturais, assim é considerada a função humana mais agredida e artificializada, atualmente o aleitamento materno, tornou-se apenas uma das opções para alimentar o recém-nascido (SOUZA; ALMEIDA, 2005).

Alguns fatores relacionados direta ou indiretamente com a amamentação são econômicos, sociais e culturais. Em relação aos fatores econômicos e sociais considera-se que o atendimento é oneroso, devido a necessidade de manter o recém-nascido prematuro na incubadora, aumentando as chances de quebra nos vínculos emocional no relacionamento com seus familiares, principalmente com sua mãe, resultando num problema de saúde pública (MAGGI; PRUX; PALMA, 2009).

Entre as questões culturais, os tabus ou restrições alimentares, raramente justificadas do ponto de vista biológico, fazem com que a lactante se prive de nutrientes importantes para a sua alimentação e interferindo diretamente na produção de leite (ANDRADE et al., 2016).

Contudo, o Leite Humano (LH) tem muito valor nutritivo para o recém-nascido e para o lactente por conter, em proporções adequadas, todos os nutrientes importantes inicialmente para os mesmos, pois apresenta melhores condições de digestão para o trato intestinal imaturo dos mesmos. Além de propiciar nutrição de alta qualidade para a criança, contribuindo para seu crescimento e desenvolvimento (LOURENÇO; BARDINI; CUNHA, 2012).

Considerando esses benefícios oriundos do leite materno para os Recém-Nascidos (RNs), é imprescindível haver leite humano a disposição, em quantidade suficiente que permita atender os lactentes em momentos urgentes, com motivos clinicamente comprovados, e impossibilitados de receber o aleitamento materno, a solução utilizada nas instituições de saúde materno-infantil são os Bancos de Leite Humano (BHL) (GALVÃO; VASCONCELOS; PAIVA, 2006).

O BLH é definido como um centro especializado, sendo obrigatório o vínculo à um hospital materno e/ou infantil, tem a responsabilidade de promover e incentivar o aleitamento materno, executar as atividades de coleta, e processamento e controle de

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qualidade de colostro, leite de transição e leite humano maduro para posterior distribuição, tudo com prescrição médica ou de nutricionista. Geralmente, os nascidos beneficiados apresentam algumas indicações como: prematuros e recém-nascidos de baixo peso que não sugam; infectados, especialmente com entero-infecções; entre outras e casos excepcionais a critério médico (BRASIL, 2010).

O BLH é um estabelecimento público, sendo proibida a comercialização do seu produto final, o leite humano, que deve ser doado por mulheres em lactação, na qual as mesmas devem ser orientadas que a doação seja exclusivamente do excedente. Segundo o Ministério da Saúde, as nutrizes candidatas às doadoras de leite humano devem ser saudáveis e apresentar produção de secreção láctea maior que o necessário às exigências do seu filho, e estão dispostas a doar, por livre e espontânea vontade. Sendo submetida a exame clínico detalhado, além de estar esclarecida sobre o uso de medicamentos e/ou quaisquer substâncias, caso ocorra deverá ser informado ao BLH, visando a qualidade do leite doado, com finalidade de proteger a sua saúde e a do receptor (BRASIL, 2006; BRASIL, 2008).

Logo, as doações voluntárias têm papel fundamental para a continuação do projeto dos BLH, os quais permitem a manutenção do aleitamento natural para os recém-nascidos prematuros beneficiados, principalmente os de baixo peso e com outras intercorrências (GALVÃO; VASCONCELOS; PAIVA, 2006).

O leite materno doado é essencial para os recém-nascidos prematuros ou privados do acesso ao leite humano, pois após ser processado nos Bancos de Leite Humano, são utilizados no atendimento, suprindo provisoriamente suas necessidades nutricionais, até adquirir condições de serem amamentados pela própria mãe na própria mãe. Os BLH, garantem assim, o recebimento do aporte de nutrientes suficientes e adequados à espécie humana, resultando no seu crescimento e desenvolvimento compatível com idade, bem como interferindo no processo de recuperação.

Sendo assim, conhecer as características dessas mães, torna possível a obtenção do adequado enfoque de divulgação do BLH e trabalhar em determinados locais para a captação de novas doadoras (LOURENÇO; BARDINI; CUNHA, 2012). Portanto, buscou-se nesta pesquisa conhecer o perfil socioeconômico das doadoras, motivações e benefícios do ato de doar, suas percepções sobre a importância do ato de doar, e analisar os fatores que envolvem a decisão dessas mães de doar seu leite.

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1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

 Analisar a percepção das doadoras de leite do BLH/HMINSN sobre a importância do ato de doar leite.

1.1.2 Objetivo Específicos

 Conhecer o perfil social das doadoras de leite;

 Conhecer as motivações para se tornar doadora;

 Conhecer os benefícios da doação de leite humano sob a ótica das doadoras.

1.2 JUSTIFICATIVA

Após a experiência vivida de ser doadora de leite, e observar o comportamento das demais doadoras percebi a necessidade de somar o conhecimento teórico adquirido na universidade e percepções da realidade das doadoras, visando favorecer a integração de serviços de assistência e reais intenções do ato de doar, que envolve a proteção, promoção e prevenção da saúde materno-infantil.

O BHL se configura como um dos mais importantes elementos estratégicos da política pública no Brasil, em favor da amamentação e saúde materno-infantil, com resultados positivos devido todo esforço de captar novas doadoras, coletar o leite até o processo de pasteurização e sua distribuição com qualidade adequada aos recém-nascidos, processo que envolve um grupo de mulheres mutável e diversificado, que vivenciam o mesmo período de início da maternidade e amamentação. Visa-se conhecer o perfil dessas mulheres e suas percepções para obter um direcionamento para ações educativas e de promoção ao aleitamento materno, pois aumentando o número de doadoras consequentemente aumenta o volume de leite coletado.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A IMPORTÂNCIA DO LEITE MATERNO

O leite materno é importante para o recém-nascido e para o lactente por sua composição ser em proporções adequadas, com os nutrientes necessários para o início da vida, e apresentar melhores condições de digestibilidade para o trato intestinal, ainda imaturo. Também proporciona nutrição de alta qualidade para a criança, contribuindo para seu crescimento e desenvolvimento. Tem sido responsável pela redução da morbi-mortalidade infantil. As frações de mortalidade evitável por amamentação são maiores que 60% e os 80%, respectivamente, para os casos de infecção respiratória e de diarréia, as duas principais causas de óbito após o período neonatal precoce (ESCUDER; VENÂNCIO; PEREIRA, 2003).

Soares (2013), reforça que a amamentação materna constitui igualmente um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento emocional do bebê, pois promove fortalecimento do laço emocional com a mãe, este ato transmite segurança e carinho, facilitando posteriormente, o seu relacionamento interpessoal e, ainda, contribui para o desenvolvimento psicomotor do bebê. O próprio ato de mamar promove uma melhor flexibilidade na articulação das estruturas que participam na fala e estimula também o padrão respiratório nasal do bebê.

Devido aos seus benefícios nutricionais, psicológicos, econômicos, imunológicos e fisiológicos, a amamentação é indicada pela Organização Mundial da Saúde como a atitude mais eficiente para o desenvolvimento adequado de uma criança no primeiro ano de vida (OMS, 1994).

Além dos benefícios da amamentação para a criança, são citados vários benefícios proporcionados para a mãe como: prevenção das hemorragias pós-parto, involução do útero, prevenção de anemias, proteção contra o câncer ginecológico. Por meio da amamentação a mulher além de adquirir benefícios para sua saúde também melhora a sua autoestima (PINTO et al., 2012).

Com relação aos recém-nascidos prematuros receptores do leite humano a amamentação representa um fator importante e desafiador. Pois, estes apresentam

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imaturidade fisiológica e neurológica aumentadas, com exigências de proteína e cálcio comparadas ao bebê a termo, somada a proteção imunológica desenvolvida inadequadamente. Assim, o leite humano é o alimento completo, adequado e oferece melhor proteção (NASCIMENTO; ISLLER, 2004).

Nascimento e Isller (2004) mostram que a incidência de infecção é menor nos recém-nascidos de muito baixo peso (RNMBP) alimentados com leite humano, se comparados a bebês que são alimentados exclusivamente com leite artificial.

Considerando que o leite materno de mães de neonatos a termo e pré-termo possuem composição diferente, é preferencial a oferta do leite da própria mãe para alimentar o bebê. Alguns estudos revelam que o leite produzido pela mãe do recém-nascido pré-termo é mais concentrado em proteínas, sódio, cálcio, lipídeos, calorias, eletrólitos, minerais e várias propriedades anti-infecciosas (BRASIL, 2009; PASSANHA; CERVATO-MANCUSO; SILVA, 2010).

Além de todas as vantagens descritas referentes à saúde para os recém-nascidos e para a mãe, a dieta exclusiva de leite materno ou o leite materno doado, resulta em benefícios sociais e econômicos, com a redução de custos no tratamento, diminuição de complicações, na dependência prolongada destes doentes em nutrição parentérica total, diminuição do tempo de hospitalização prolongada, no uso de antibióticos, na economia de recursos hospitalares e com maior valor social, diminuindo a mortalidade infantil (MAIA et al., 2014; ESCUDER; VENÂNCIO; PEREIRA, 2003).

2.2 AS POLÍTICAS SOBRE ALEITAMENTO MATERNO NO BRASIL

A identificação dos benefícios da amamentação para a criança, a mulher e a sociedade como um todo têm sido fator de incentivo para ações voltadas a melhoria dos dados relacionados ao aleitamento materno em todo o mundo (PINTO et al., 2012).

No Brasil, a prática aleitamento materno vem aumentando gradativamente nos últimos anos, demonstrando que as ações voltadas para o incentivo do aleitamento têm resultados positivos (BRASIL, 2009).

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A criação em 1981, do Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno (PNIAM), foi um acontecimento importante para a saúde materno e infantil, pois estabeleceu algumas estratégias adotadas na rede hospitalar (ISSLER, 2008), destacam-se a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), BLH, Rede Amamenta Brasil, Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, Método Canguru, Proteção Legal ao Aleitamento Materno, Mobilização Social e Monitoramento dos Indicadores de Aleitamento Materno (BRASIL, 2017).

Na atenção hospitalar, duas iniciativas têm contribuído para aumentar os índices de aleitamento materno, a primeira é a IHAC que está inserida na Estratégia Global para Alimentação de Lactentes e Crianças de Primeira Infância da OMS e do UNICEF e tem por objetivo resgatar o direito da mulher de aprender e praticar a amamentação com sucesso por meio de alterações nas rotinas nas maternidades para o cumprimento dos Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno. Entre 1992 e 2009 foram credenciados 352 hospitais brasileiros na IHAC (BRASIL, 2011).

A segunda iniciativa é o Método Canguru definido como um modelo de assistência perinatal voltado para o cuidado humanizado do recém-nascido de baixo peso, que além de promover maior apego entre mãe e filho, influencia positivamente as taxas de aleitamento materno nessa população (BRASIL, 2009b).

Com relação à proteção legal ao aleitamento materno, o Brasil foi um dos primeiros países a adotar o Código Internacional de Substitutos do Leite Materno na sua totalidade, criando a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes, em 1988. Em 2006, a partir da norma foi criada a Lei 11.625, que regulamenta a promoção comercial e dá orientações do uso apropriado de alimentos para crianças de até três anos. E ainda mudanças no período da licença maternidade, que era de quatro meses, foi ampliada para seis meses em 2008. Atualmente, está sendo estimulada a criação de Salas de Apoio à Amamentação nas empresas, que possibilitam que a mulher trabalhadora possa coletar seu leite e armazená-lo com segurança durante a jornada de trabalho, para que seja oferecido ao bebê durante sua ausência (ARAÚJO et. al, 2006).

Nesse contexto também foram criadas as ações de mobilização social desde 1992, assim foi criada a Semana Mundial de Amamentação, com a participação da mídia e de diversos segmentos da sociedade. Em 2003 instituiu-se o Dia Nacional de Doação de Leite Humano, em 1º. de outubro de cada ano, com o objetivo de aumentar

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o volume de leite humano doado no País. Os Corpos de Bombeiros Militares também participam ativamente na promoção do aleitamento materno, sendo responsáveis por buscar leite humano doado nas residências das doadoras (SOUZA; SANTO; GIUGLIANI, 2010).

Estes mesmos autores ainda afirmam que outro importante componente da Política Pública de Incentivo ao Aleitamento Materno é o monitoramento tanto das ações como das práticas de amamentação no País. Já ocorreram dois inquéritos nacionais, no dia da campanha nacional de vacinação contra poliomielite, o primeiro em 1999 e o segundo em 2008. Outras pesquisas de âmbito nacional também investigam as práticas de aleitamento materno como a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde, realizada a cada 10 anos.

Em 2011 foi instituída a Rede Cegonha, no âmbito do Sistema Único da Saúde (SUS) fundamenta-se nos princípios da humanização e da assistência, que asseguram às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo, à atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério; e às crianças, o direito ao nascimento seguro, ao crescimento e ao desenvolvimento saudáveis. A Rede Cegonha aliou-se a Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil resultando na integração das ações com as Rede Amamenta Brasil e da Estratégia Nacional de Promoção da Alimentação Complementar Saudável, com a finalidade de promover a reflexão da prática da atenção à saúde de crianças de 0 a 2 anos de idade e a capacitação dos profissionais de saúde, por meio de atividades participativas, incentivando a troca de experiências e a construção do conhecimento a partir da realidade local (BRASIL, 2015).

2.3 BANCO DE LEITE HUMANO

Os BLH surgiram em decorrência da entrada de mulheres no mercado industrial e para auxiliar aquelas mães com dificuldade ou incapacidade de amamentar seus filhos, assim como para alimentar crianças prematuras que necessitavam de nutrientes eficazes em decorrência do uso de outra dieta artificial. Assim, os primeiros bancos datam de 1900, na Áustria, se estendendo para o Reino Unido, Estados Unidos (VINAGRE; DINIZ; VAZ, 2001).

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No Brasil, o primeiro BLH foi implantado em outubro de 1943 no Instituto Nacional de Puericultura, atualmente conhecido Instituto Fernandes Figueira, com o objetivo de coletar e distribuir leite humano, para atender os casos considerados especiais, como prematuridade, distúrbios nutricionais e alergias a proteínas hierólogas (BRASIL, 2008).

No entanto, os primeiros BLH no Brasil funcionavam com o único objetivo de obter LH, adotando estratégias muitas vezes questionáveis, não seguiam os critérios de prioridade clínica, as dadoras eram remuneradas de acordo com o volume de leite produzido ou eram atraídas pela assistência médica diferenciada e distribuição de alimentos ofertadas e o leite era distribuído sem receber qualquer tipo de tratamento. Somente na década de 1980, foram criadas e publicadas as primeiras normas com o objetivo de monitorizar a implementação e o funcionamento dos BLH, resultando no desenvolvimento progressivo desses bancos, baseado em trabalhos de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico, de forma a otimizar as condições operacionais dos BLH em todo o mundo (BRASIL, 2008).

Segundo Brasil (2004), existem dois tipos de Bancos de leite, tipo empresa e tipo referência, sendo o primeiro vinculado aos serviços de saúde de empresas na qual as mães trabalham, tendo como objetivo incentivar o aleitamento materno e o processo de coleta e distribuição é prioritário para as funcionárias. O segundo é aquele que é utilizado nas ações estratégicas de saúde pública, com objetivo de treinar, orientar e capacitar recursos humanos, desenvolver pesquisas, ter um laboratório de controle de qualidade credenciado pelo Ministério da Saúde, estes formam a Rede Brasileira de Banco de Leite Humano.

Atualmente, a Rede Brasileira de Banco de Leite Humano é reconhecida como a maior e mais ampla do mundo pela OMS, sendo um projeto coordenado pelo Instituto Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/FIOCRUZ) e pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT/FIOCRUZ). Em 2017, a Rede Brasileira de Banco de Leite Humano é composta por 221 bancos de leite humano e 190 postos de coleta cadastrados no sistema de produção da Rede Banco de Leite no Brasil, sendo 15 na Região Norte e apenas 01 no estado de Roraima (FIOCRUZ, 2012; FIOCRUZ 2017).

Todos devem possuir licença sanitária atualizada, que deve ser emitida pelo órgão de vigilância sanitária competente, seguindo normas legais e regulamentares.

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Assim, garante-se também a oferta do leite humano como primeira opção de alimento para os recém-nascidos de risco e/ou bebês doentes, contribuindo com a prevenção de doenças e a redução da mortalidade (BRASIL, 2008)

O profissional de saúde tem um papel fundamental, porém necessita estar preparado, pois, por mais competente que ele seja nos aspectos técnicos relacionados à lactação, o seu trabalho de promoção e apoio ao aleitamento materno não será bem-sucedido se ele não tiver um olhar atento, abrangente, sempre levando em consideração os aspectos emocionais, a cultura familiar, a rede social de apoio à mulher, entre outros. Esse olhar necessariamente deve reconhecer a mulher como protagonista do seu processo de amamentação, assim deve valorizar, escutar e empoderar a mesma (BRASIL, 2009a).

2.3.1 Processo Operacional do BLH

O processo operacional de leite humano disponibilizado em BLH, envolve uma sequência de procedimentos de alta complexidade e baixa densidade tecnológica, que vão desde a ordenha, mas que envolve processos fisiológicos bastante complexos que culminam com a saída do leite pelo seio materno, até a pasteurização desse leite e distribuição aos lactentes. Assim como o processo muito delicado, que é a decisão e disponibilização da nutriz pela doação (VILLAÇA et al., 2015).

O processo inicia com a triagem das doadoras, sendo realizada por um profissional treinado, no momento do primeiro contato da nutriz com o BLH, mediante o preenchimento de formulário de cadastro com informações pertinentes da doadora como dados pessoais e de saúde. Em seguida, a seleção de doadoras é de responsabilidade do médico responsável pelas atividades médico-assistenciais do BLH, esta deve preencher os pré-requisitos exigidos: ser saudável, doar apenas o leite materno excedente, não utilizar substâncias ou medicamentos que interfiram na qualidade do leite doado, não fumar mais que dez cigarros por dia, realizar exames (hemograma completo, VDRL, anti-HIV e demais sorologias usualmente realizadas no período do pré-natal). Em seguida tem-se as ações de ordenha, transporte, seleção, classificação, estocagem, reenvase, pasteurização, controle de qualidade e distribuição (BRASIL, 2008).

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A coleta de leite humano deve ser preferencialmente por meio de ordenha manual, podendo também ser utilizada a bomba elétrica ou manual, de forma que se utilizada a técnica adequada a qualidade do leite não será alterado. Na ordenha manual do leite humano o seio é manipulado e pressionando de forma cuidadosa estimulando a ejeção do leite, esses movimentos podem ser realizados pela própria nutriz (auto ordenha), por um profissional de saúde ou por alguém de sua escolha. Na ordenha com bomba elétrica ou manual, deve-se ter o cuidado com a esterilização das partes que compõem o equipamento. Em ambas opções, devem seguir os seguintes padrões higiênico-sanitários: higiene adequada dos seios; utensílios utilizados que devem ser previamente esterilizados; usar vestuário adequado; utilização de gorros para prender cabelos e máscaras para cobrir narinas (ALENCAR; SEIDL, 2010; BRASIL, 2008).

Matahura e Naganuma (2004) orientam que a ordenha deve sempre ser precedida da lavagem cuidadosa das mãos, da escolha de um lugar tranquilo e da massagem delicada em todos os quadrantes das mamas, que é essencial para facilitar o reflexo de ejeção do leite. A massagem, com estímulo do tecido mamário e do mamilo, tem efeito adicional no aumento da produção láctea.

Após a ordenha, o leite humano ordenhado cru deve ser transportado sob cadeia de frio, e o tempo de transporte não deve ultrapassar seis horas. Os produtos devem ser transportados do local de coleta ao BLH em recipientes isotérmicos exclusivos, constituídos por material liso, resistente, impermeável, de fácil limpeza e desinfecção, contendo gelo reciclável na proporção de três litros deste para cada litro de leite (BRASIL, 2008).

A seleção e classificação são realizadas em todo leite humano recebido pelo BLH mesmo antes de estocar o leite cru e o início do controle de qualidade. Sendo que a seleção envolve da condições da embalagem, presença de sujidades, cor, off-flavor (sabores e odores indesejáveis ou inoportunos decorrentes exposição à substâncias químicas do meio externo), considera-se que o leite humano é levemente adocicado nos primeiros 30 dias de lactação, e depois tende para um padrão ligeiramente salgado, a partir do quinto mês de lactação, e acidez Dornic (determinação simples do Ph do leite humano, é considerada acidez normal com valores entre os 6,6 e os 6,9, a acidez, acima desses valores indica um decréscimo na qualidade nutricional e diminuição de fatores imunológicos). A classificação verifica

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as características de acordo com o tempo de lactação, acidez Dornic e conteúdo energético – crematócrito (FIOCRUZ, 2003; BRASIL, 2006).

Segundo Brasil (2006), o reenvase é a etapa em que o leite humano ordenhado é transportado de um recipiente para outro, com o objetivo de padronizar volumes e embalagens. Sendo realizado após degelo, seleção e classificação do leite humano ordenhado, antes da pasteurização, e as embalagens utilizadas devem ser padronizadas, íntegras e vedação adequada.

A estocagem é considerada um conjunto de atividades e requisitos para se obter uma correta conservação do leite humano ordenhado, a uma condição de temperatura e tempo sob a qual o LH é mantido antes do seu processamento (pasteurização) no BLH, e até o recém-nascido consumi-lo. O leite humano ordenhado cru e o pasteurizado devem ser estocados sob congelamento, porém o leite pasteurizado liofilizado e embalado a vácuo pode ser estocado em temperatura ambiente pelo período de um ano (BRASIL, 2006; BRASIL, 2008).

A pasteurização é um processo essencial e indispensável para a segurança de qualidade do leite materno doado, trata-se do aquecimento a uma determinada temperatura, por um determinado período de tempo, que visa de destruir possíveis agentes patógenos presentes no leite cru (BRASIL, 2004).

Os cuidados com a higienização estão presentes em todas as etapas envolvidas na produção de leite doado desde a limpeza das mamas na coleta, escolha do material e qualidade dos recipientes utilizados para o armazenamento do leite coletado. Cada etapa deve ser acompanhada de perto pelos profissionais do BLH para evitar a contaminação do leite materno com sujidades da área externa das mamas e do meio ambiente (VILAÇA, 2015). O controle de qualidade é uma avaliação da presença ou ausência de microrganismos contaminantes tem como objetivo garantir a qualidade do leite humano realizado após a pasteurização (SOARES, 2013).

A última etapa é a distribuição do leite humano ordenhado pasteurizado apresentando características adequadas para consumo, este é liberado de acordo com os critérios de prioridades do BLH e necessidades do receptor (BRASIL, 2008).

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2.3.2 As Doadoras de Leite Humano

O papel da doadora de leite humano é essencial, já que os BLH são instituições públicas, sem fins lucrativos, com a missão de incentivar e promover o aleitamento materno, sendo assim, somente com a participação das doadoras os Bancos de Leite podem cumprir os seus objetivos de coletar e distribuir o leite humano, podendo assim, suprir as necessidades dos receptores (BRASIL, 2010).

A legislação que disciplina o funcionamento dos Bancos de Leite no Brasil, a RDC Nº 171, estabelece que a doadora, tem de apresentar excesso de leite, se dispor a ordenhar e a doar o excedente, além de ser saudável e não usar medicamentos e/ou quaisquer substâncias que impeçam a doação (BRASIL, 2006).

Estudos apontam que o perfil das doadoras de leite humano são mulheres adultas jovens, casadas ou em união estável, com bom nível de escolaridade (ensino médio e superior) e, trabalhadoras remuneradas. Sendo os principais fatores que influenciaram na decisão de doar entre ele: saber da necessidade das mães e crianças que dele dependiam e o excesso de produção láctea (PINTO et al., 2012; SILVA et al., 2015).

Os mesmos autores ainda dissertam que as doadoras conheceram o trabalho dos BLH através de família, amigos e meios de comunicação. A doação é percebida como um ato solidário essencial para salvar vidas de crianças impossibilitadas de mamar. Sendo importante destacar que o contexto social da doadora influencia em sua decisão, considerando o suporte institucional e do seu relacionamento interpessoal com os que a cercam. Em relação à interrupção do ato de doar citaram o retorno às atividades de trabalho e estudo, além da redução da produção láctea.

2.3.3 Critérios para o RN receber o LH doado

O número elevado de nascimentos de recém-nascidos prematuros, provoca graves consequências tanto médicas quanto sociais. A criança prematura necessita de cuidados específicos, considerando sua vulnerabilidade e maior risco de desenvolver doenças, pela sua condição orgânica e múltiplos aspectos inseridos no

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contexto do nascimento, principalmente relacionados a saúde materna, intercorrências na gestação e parto, ainda o maior risco de desenvolvimento físico e mental inadequados, tendo em vista a imaturidade de seus órgãos e sistemas. (SANTOS et al., 2009; BOTELHO et al., 2012).

Segundo Brasil (2006) anualmente vinte milhões de crianças prematuras e com baixo peso nascem no mundo, sendo que, dessas, um terço, vão a óbito antes de completar um ano de vida. No Brasil, as afecções perinatais são a primeira causa de mortalidade infantil são as afecções perinatais, sendo mais comuns em crianças prematuras e de baixo peso. Além do neonato geralmente, estar sendo alimentado por sondas enterais, e/ou, ter algum fator que o impossibilita de receber a alimentação por via oral, este ainda está exposto a um ambiente estressante composto de muitas luzes, aparelhos, circulação de profissionais, estimulação sonora excessiva (GALVÃO; VASCONCELOS; PAIVA, 2006; ARAÚJO; RODRIGUES, 2010).

Nesse contexto foram estipuladas condições para que esses recém-nascidos estejam aptos a receber o leite pasteurizado, advindo dos bancos de leite como: estar inscrito como receptor no BLH; identificação do receptor e de sua mãe; número do prontuário do receptor e da mãe; informações sobre o parto; data e idade gestacional; prescrição médica ou de nutricionista, contendo diagnóstico do receptor, aporte energético e volume de cada mamada, além do número e do horário das mamadas prescritas. Entre os critérios de prioridade para receber o leite estão: recém-nascido prematuro ou de baixo peso, que não suga; recém-nascido infectado, especialmente com entero-infecções; recém-nascido em nutrição trófica; recém-nascido portador de imunodeficiência; recém-nascido portador de alergia a proteínas hierólogas; casos excepcionais, a critério médico (BRASIL, 2008).

2.3.4 Características da Mãe do RN Receptor – Mãe Receptora

A internação de um recém-nascido prematuro é prolongada, somada a falta de contato precoce mãe-filho e ausência de amamentação na sala de parto resultam em muitas dificuldades de enfrentamento para a mãe, produzidas pela incerteza e insegurança em relação à vida e à alimentação de seu filho e com a falta de orientações adequadas, deixando de realizar a ordenha no seio e, dificultando desta

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forma a própria produção de leite humano, acabando por depender do apoio do BLH para poder oferecer seu próprio leite ao seu filho ou o leite humano doado (MATUHARA; NAGANUMA, 2004).

Considerando o nascimento prematuro como uma realidade mundial, a articulação de estratégias para o seu enfrentamento, principalmente no que se refere a participação das famílias no contexto hospitalar, busca-se a atenção humanizada tanto para a criança, quanto para sua família (BRASIL, 2009b).

A equipe que atende as necessidades do recém-nascido, deve dar atenção ao que acontece com a mãe deste bebê, devendo informá-la sobre o tratamento dele e orientá-la quanto a sua importância durante toda a recuperação de seu filho. Esse acolhimento da equipe e a interação entre a família irá fortalecer a relação de mãe e filho, diminuindo o fator de estresse e ansiedade materna, possibilitando que ela esteja afetiva e fisicamente bem para atender de forma adequada às demandas do bebê (OLIVEIRA, 2017).

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3 METODOLOGIA

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa do tipo descritiva. O objetivo da pesquisa qualitativa é buscar a explicação do porquê dos fatos, exprimindo o que convém ser feito, sem quantificar valores e as trocas simbólicas nem se submetem à prova de fatos, pois os dados analisados são não-métricos (suscitados e de interação) e se valem de diferentes abordagens, sendo assim, os aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais (GERHARDT; SILVEIRA, 2009).

Para Gil (2008), a pesquisa descritiva realiza a descrição das características de uma determinada população ou o fenômeno. Estudar a característica de um grupo (ex., distribuição por idade, sexo) ou o nível de atendimento de órgãos públicos de uma comunidade, inclusos neste tipo, o levantamento de opiniões, de atitudes e crenças.

3.2 LOCAL DE ESTUDO

A pesquisa foi realizada pessoalmente no domicílio das doadoras. As visitas domiciliares para doadoras externas e ativas foram realizadas após as mães aceitarem participar da entrevista, através de convite por meio de mensagem eletrônico, e agendamento do encontro para assinar o termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A) e aplicar entrevista.

3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA

A população-alvo do estudo consistiu em doadoras de leite humano inscritas no BLH/HMINSN e ativas no período de 01 de setembro de 2017 a 30 de outubro de 2017. Neste período estavam cadastradas 71 doadoras, porém o número de doadoras

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ativas sofre mudanças constantes, sendo consideradas ativas as doadoras de leite que fazem pelo menos uma doação a cada 15 dias. Foram inclusas as doadoras de leite externas e ativas, aquelas que fazem ordenha domiciliar do leite e recebem periodicamente a visita de funcionários do BLH em suas casas, para orientação e busca do leite. Excluídas as doadoras ativas que não aceitaram participar da pesquisa, assim 12 doadoras de leite participaram da pesquisa, determinado pela saturação dos dados.

3.4 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS

Esta pesquisa foi realizada no período de setembro a outubro de 2017, iniciando com um levantamento das prováveis participantes do estudo junto ao cadastro de doadoras de leite humano do BLH/HMINSN, em seguida entramos em contato por meio de mensagem eletrônica com as doadoras, para convite e agendamento da visita, domiciliar, de acordo com disponibilidade das doadoras, buscando não intervir na sua rotina diária, foram convidados a participar do estudo, momento no qual se apresentou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

A entrevista constituía-se de formulário composto por questões norteadoras semiestruturadas relacionadas as motivações e percepções sobre os benefícios da doação de leite para as doadoras, bem como a obtenção do perfil social das mesmas. Segundo Prodanov (2013) foi sempre realizada face com base em um roteiro de questões norteadoras preestabelecidas e impressa. Para o registro das respostas utilizou-se um gravador, com a permissão das entrevistadas, após as respostas foram transcritas para serem analisadas. As respostas foram identificadas com a letra “D”, e numerais de 1 a 12 de acordo com a ordem das entrevistas para manter o anonimato das participantes.

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3.5 ANÁLISE DE DADOS

O objetivo da análise de dados é a compreensão das informações coletadas, confirmar ou não os pressupostos da pesquisa e/ou responder os questionamentos formulados previamente, ampliando os conhecimentos sobre o tema abordado relacionando ao contexto do qual faz parte (MINAYO, 2007).

Os dados foram analisados utilizando-se da técnica de Análise de Conteúdo do tipo temático proposto por Bardin (2006), que define como um conjunto de técnicas de análises de comunicações, buscando obter por meios sistemáticos e objetivos a descrição do conteúdo das mensagens, que favorecem a inferência de conhecimentos relativos a condições de produção/recepção desta mensagem. Assim a análise divide-se em três etapas, divide-sendo (I) a pré-análidivide-se, (II) exploração do material, (III) tratamento dos resultados, inferência e interpretação.

A primeira etapa, designada pré-análise, é a fase desenvolvida para organização das ideias iniciais elencadas no referencial teórico, a fim de torná-las operacionais dividida em quatro processos: a leitura; escolha dos documentos a serem analisados; o pesquisador formula hipóteses e objetivos por meio de afirmações provisórias e se propõe a verificá-las; elaboração de indicadores por meio de recortes de textos nos documentos analisados, sendo os índices constituídos a partir dos temas que mais se repetem. Segue-se para a fase de exploração de material, etapa de suma importância devido aumentar as interpretações e inferência. São questões básicas desta fase a codificação, classificação e categorização. Na terceira e última fase ocorre à intuição, momento no qual acontece a condensação e o destaque das informações para posteriormente ocorrer a análise reflexiva e crítica, além das interpretações inferenciais. (BARDIN, 2006).

3.6 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS

Esta pesquisa foi autorizada pelo Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, onde funciona o Banco de Leite Humano Dra. Marilurdes Albuquerque, no qual foi acessado os cadastros das doadoras de leite, e pelo Comitê de Ética e

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Pesquisa da Ética da Universidade Federal de Roraima, de acordo com o parecer de número 2.177.325 (ANEXO B), em 18 julho de 2017, conforme prevê a Resolução nº 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Todas as participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido antes de sua inclusão no estudo, no qual foram esclarecidos as dúvidas e o mantido sigilo das mesmas, conforme citado anteriormente.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram entrevistadas 12 doadoras de leite materno das 71 cadastradas e ativas, estas aceitaram participar e 59 não atenderam os critérios de inclusão. Observado que 25% das doadoras de leite são mulheres jovens com idade entre 20 e 24 anos, e 75% adultas com idade entre 25 e 41 anos. Quanto a escolaridade 58,4% com nível superior e 33,3 com ensino médio. Quanto ao número de filhos as doadoras de leite humano, 50% são primíparas e 50% têm 02 ou mais filhos. A maioria (58,4%) casadas, as entrevistas referiram desempenhar as mais variadas profissões sendo as mais citadas atividades na área administrativa, do lar e professora. Cerca de 58.4% relatam que estão empregadas.

Tabela 1. Características demográficas das doadoras de leite do BLH/HMINSN, 2017.

Característica No % Faixa Etária 19-24 anos 3 25 25-41 anos 8 75 Escolaridade Ens. Fundamental 1 8,3 Ens. Médio 4 33,3 Ens. Superior 7 58,4 Estado Civil Solteira 5 41,6 Casada 7 58,4 No de Filhos 1 6 50 2 ou mais 6 50 Profissão Do lar 2 16,6 Estudante 1 8,3 Eng. Agrônoma 1 8,3 Professora 2 16,6 Áreas Adm. 4 33,3 Peixeira 1 8,3 Fisioterapeuta 1 8,3 Empregada Sim 7 58,4 Não 5 41,6 Fonte: Própria

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Ao analisar os discursos das participantes sobre as motivações das doadoras para a prática da doação de leite foram identificas categorias e agrupadas em: ação educativa, saúde da doadora, incentivo de pessoas próximas e apoio da equipe multiprofissional ás doadoras e seus filhos. E relacionado as percepções sobre importância da doação de leite os resultados foram agrupados em benefícios para: mães receptoras; recém-nascidos e; sociedade. Sendo observado a identificação de sentimentos da doadora com as mães receptoras e a diminuição dos fatores estressantes que envolvem uma mãe com seu recém-nascido internado na UTI neonatal. Quanto ao recém-nascido as falas relatam sobre os valores do aleitamento humano e sua importância para recuperação, crescimento e desenvolvimento. Relacionado a sociedade, o papel cidadão, o altruísmo, salvar vidas e a possibilidade de influenciar outras mulheres a doar leite humano foram citados pelas participantes.

4.2 MOTIVAÇÕES PARA DOAÇÃO DE LEITE HUMANO

Pôde-se evidenciar neste estudo que os principais fatores que motivaram as mulheres/nutrizes a doarem LH foram: a ação educativa, realizada através de palestras; benefícios para a saúde da doadora, no alívio do desconforto causado pela produção excessiva de leite; incentivo de pessoas próximas (amigas, esposo, vizinhas); apoio da equipe multiprofissional recebido no BLH, tanto para a doadora quanto para o seu bebê.

Os resultados mostraram que as mulheres foram incentivadas a ser doadoras após assistir a palestra sobre “Aleitamento Materno”, evidenciado através das falas das doadoras.

“Na palestra sobre aleitamento materno quando recebi alta na maternidade” (D2).

“Me tornei doadora, quando tive minha filha na maternidade, e estive na palestra do Banco de Leite” (D7).

As atividades de educação em saúde realizadas em grupos, favorecem o apoio mútuo, o compartilhamento das dificuldades comuns entre pessoas que vivenciam

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situações semelhantes, bem como o aprendizado e a adoção/manutenção de comportamentos saudáveis (MONTEIRO, 2009).

Esta palestra era a estratégia mais utilizada pelo BLH/HMINSN para aumentar o número de doadoras e orientar as mães sobre a importância do aleitamento materno, os cuidados no momento da amamentação, além de orientações necessárias e sensibilizando as mães sobre a importância do ato voluntário de doar leite. As palestras eram atividades educativas dinâmicas que utilizam tecnologias leves, através do diálogo, acolhimento e escuta, que proporcionavam resultados favoráveis para a doação de leite humano, estabelecendo um vínculo de informações necessárias para a continuidade do aleitamento materno e a decisão de determinadas mães em doar.

No entanto, nas falas das doadoras, percebe-se a maioria conheceu os serviços do Banco de Leite somente no período após o parto. Já em estudo realizado por Galvão, Vasconcelos e Paiva (2006), estes citam que as ações educativas foram realizadas tanto no período pré-natal quanto após parto.

Nesse contexto, o pré-natal é o período em que ocorre um maior contato dos profissionais de saúde com as mulheres, torna-se importante aproveitar esses momentos para sensibilizar a mulher para o processo de doação. Associado práticas e técnicas às atividades educativas para orientações sobre a amamentação e doação de leite humano para os bancos de leite, assim considera-se importante que esses profissionais estejam preparados para realizar uma abordagem sobre esse tema na saúde pública, no pré-natal, bem como nas consultas de puerpério (FELIPE; ALMEIDA, 2005; SILVA; AZIZI, 2017).

Observou-se que para algumas mulheres a motivação para doar leite surgiu após precisarem utilizar serviços de assistência de saúde do BLH por apresentarem problemas com ingurgitamento mamário e/ou apresentarem produção láctea excessiva que dificultava a amamentação.

“...quando tive meu primeiro filho fui orientada a doar, pois tinha muito leite e ele era de baixo peso. Porém o fato de ser baixo peso era pelo fato de ter refluxo e o médico me orientou pra que ele pudesse mamar até o final da mama. Pois durante amamentação ele não esvaziava a mama por completo. Como o 2º filho, e já profissional da área de saúde (vivência de UTI) tinha consciência da importância da

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doação. Sabendo que já produzia em excesso, doei no 3º dia de internação do colostro por saber da importância para os prematuros extremos” (D1).

“Eu ganhei o G. dia 07 de agosto, 03 dias depois meu peito tava com muito leite, daí na palestra eu tinha escutado sobre as doadoras, meu filho teve um probleminha e levei ele lá, ai já vi a questão da doação né, fui lá om as meninas que já me explicaram como ia ser [...] é como eu tenho bastante leite eu tenho que doar mesmo, pois de qualquer forma eu tenho que tirar o leite, para não pedrar (ingurgitar), para mim não ficar om febre ou doente isso é um benefício pra mim” (D4).

“Depois que tive meu bebê meus seios encheram muito assim que me deram alta na maternidade fiquei sabendo das doações e decidir ajudar essas lindas crianças que precisam tanto...” (D5).

“Meus seios encheram muito assim que meu bebê nasceu e ele não conseguia mamar, devido meu peito estar muito cheio, daí comecei a tirar leite para meu bebê mamar melhor, mas o leite que eu tirava eu jogava fora, daí meu esposo começou a se incomodar com o tanto de leite que eu jogava e começou a me incentivar a ir procurar o banco de leite para doar meu leite para os bebês da maternidade...” (D8).

“Fui lá, pois o pediatra me orientou a passar dois dias sem amamentar. No segundo, não tava conseguindo ordenhar e fui até o banco e nesse mesmo dia já me tornei doadora” (D10).

“Me tornei doadora de leite no momento que minha filha nasceu, ela nasceu prematura, de uma gravidez complicada, na 29ª semana retiraram ela, e nesse momento eu não conseguia tirar leite para alimenta-la, então ela teve que receber leite das doadoras, então nesse momento que ela começou a receber leite de outra pessoa me sensibilizou, porque foi de suma importância para a recuperação dela. Então quando eu comecei a amamentar e tinha excesso de leite eu resolvi contribuir da mesma forma que contribuíram para a saúde da minha filha quando estava internada...” (D11).

Resultado semelhante foi demonstrado nos estudos de Santos e outros autores (2009), Silva e outros autores (2013) e, Galvão; Vasconcelos; Paiva (2006), sendo as principais razões de ir ao BLH foram intercorrências ou alterações que envolviam o processo de amamentação, ou mesmo a busca por auxílio para evitar tais intercorrências por excesso de produção láctea e desperdício do leite materno.

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É comum nos primeiros dias após o parto, principalmente entre o segundo e quinto dia do puerpério, a nutriz produzir leite acima das necessidades do recém-nascido, esse esvaziamento inadequado das mamas após a satisfação do bebê pode causar uma tumefação da mama, o chamado ingurgitamento mamário. O ingurgitamento mamário se caracteriza por deixar as mamas duras e dolorosas, volumosas, apresentando sinais de hiperemia, e quando o ingurgitamento não é resolvido ocorre a mastite. A melhora do desconforto e alívio do ingurgitamento ocorre pela extração manual do leite materno ou amamentação direta do recém-nascido, lembrando que o esvaziamento da mama pode estimular a produção láctea (SCHMITZ, 1995).

Assim o atendimento dado no BLH, além de auxiliar para aliviar e evitar as complicações, serve para receber informações sobre a importância e benefícios do aleitamento materno, incentivo para doação de leite para outros recém-nascidos, resultando na adesão e permanência dessas mulheres na doação de leite (ALENCAR; SEIDL, 2010).

Outras doadoras entrevistadas afirmaram que procuraram o BLH após o incentivo ou receber informações sobre a doação de leite por amigas e vizinhas, sendo estes que trabalhavam na maternidade ou já conheciam o programa de doação por outros meios. Não foram citados campanhas ou meios de comunicação que divulgassem os serviços do BLH. Demonstrado nas seguintes falas:

“Uma amiga que trabalha na maternidade, falou sobre o banco de leite” (D6). “Eu me tornei doadora através de uma vizinha minha que já trabalhou na maternidade e via que meu bebê mamava muito e tinha muito leite [...] ela disse que tava bom de ser doadora na maternidade e eu fui à maternidade” (D12).

Este resultado demonstra que a comunidade e pessoas próximas a mulher influenciam sua conduta, desde a gestação até a fase de nutriz, tanto quanto as orientações recebidas pelos serviços de saúde, conforme exposto anteriormente nos estudos de Lourenço; Bardini; Cunha (2012) e Santos e outros autores (2009).

Considerando as falas das doadoras, observa-se que o serviço do BLH ainda é pouco conhecido, que as mulheres tomaram conhecimento após o parto, quando assistiram a palestra, ou precisaram de auxílio, e poucas doadoras citaram o incentivo por pessoas próximas. E uma apenas citou ter conhecido o BLH quando precisou ir

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ao HMINSN para realização de Teste do Pezinho, pois seu parto foi realizado em uma unidade de saúde particular.

“Quando fui na maternidade fazer o teste do pezinho e lá me interessei pelo programa” (D9).

Silva e outros autores (2013), considera importante treinar os profissionais das redes básicas de saúde e utilizar os diversos meios de comunicação, bem com divulgação em outros setores de saúde para divulgar sobre a importância da amamentação, os cuidados com as mamas e doação de leite humano. Essa suposta deficiência pode resultar de forma negativa para a duração do aleitamento materno, favorecer o desmame precoce e diminuição da captação de doadoras.

Outro motivo relatado que estimula a doação de leite materno é a assistência de saúde multiprofissional recebida pela rede de apoio profissional ofertada pelo BLH/HMINSN para as doadoras e seus bebês no período em que a mãe doa leite materno.

“... pois lá temos todo apoio da fonoaudióloga, da mastologista, de uma rede de médicos, pediátrica, que nos ajuda no período que estamos doando” (D3).

Os profissionais da área da saúde devem saber, que não é suficiente que a mulher conheça as vantagens do aleitamento materno, é necessário que ela esteja inserida em um ambiente favorável ao aleitamento e contar com o apoio de um serviço ou profissional habilitado que estimule e auxilie na continuidade desta opção (SHIMODA; SILVA, 2010).

Alencar e Seidl (2010) consideram em seu estudo sobre a satisfação das doadoras sobre o atendimento realizado pelo BLH a elas, que a realização de visitas domiciliares de servidores do BLH, em dias distintos, dos que são realizadas as coletas, serviriam para sanar as dúvidas advindas da prática da doação, garantindo a qualidade do leite humano doado, e sigam os requisitos determinados pelas normas técnicas. Mas que sejam realizadas de acordo com os recursos humanos e financeiros disponibilizados aos BLH.

O atendimento institucional humanizado, baseado em ações de incentivo e de aprimoramento do processo de comunicação sobre doação, incluindo apoio social para a doadora, contribuem para o fortalecimento da rede de doação de leite humano, favorecendo a fidelização dessas voluntárias, que poderá se manter em uma nova

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gravidez. Além da possibilidade que doadoras exerçam um papel multiplicador junto a seus relacionamentos sociais, disseminando informações e valores que favoreçam o engajamento de novas mulheres doadoras (ALENCAR; SEIDL, 2010).

4.3 AS PERCEPÇÕES DAS DOADORAS SOBRE OS BENEFÍCIOS DA DOAÇÃO DE LEITE HUMANO PARA A SAÚDE DOS RÉCEM-NASCIDOS RECEPTORES, MÃES E SOCIEDADE.

4.2.1 Benefícios para mães receptoras

O nascimento prematuro é uma experiência estressante que modifica a dinâmica familiar, especialmente a da mãe, que durante a vivência da maternidade prematura enfrenta conflitos, diante da necessidade de hospitalização do filho, assim como o curto período permitido para ela acompanhá-lo na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (SOUZA et al., 2010). Nesse contexto, as mães doadoras utilizam como base no ato de doar leite a atitude de desprendimento e instinto materno, justificado pela identificação com o sentimento maternal das mães receptoras que estão vivenciando, gerando um vínculo emocional entre ambas.

“Se eu produzo muito porque não doar, porque não ajudar uma mãe que já vive a aflição de ter passado por um parto prematuro, por estar vivendo um estresse tremendo. Muitas vezes diante de toda circunstância, essa mulher não produz leite suficiente. Muitas vezes essa mãe vê que seus planos tomaram outro rumo e acredito que ao saberem que tem um mulher que nunca a viu, não conhece sua história e doa de bom grado ajuda seu filho (sem pedir nada em troca) já lhe sirva de exemplo para acreditar que existam pessoas boas nesse mundo” (D1).

“...para a mãe do bebê imagino que deva ser bem difícil não poder amamentar seu bebê seja lá por qualquer motivo for, creio que seja o sentimento de gratidão seja imenso...” (D2).

“...é bem difícil ela (mãe receptora) tirar leite para poder dar o leite para o nenê [...] e tendo pessoas para doar ajuda, porque não produz o leite, já que o leite vem no

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meu entender pela sucção do bebê, e é muito difícil ter leite só apertando ou tentando tirar de outra forma...” (D4).

“Eu quando fui a maternidade observei que muitas mães sofrem muito porque tem pouco leite para seus bebês e pelo menos nós doando, ela não fica tão infeliz porque toda mãe quer dar leite de peito para seu filho, e nos doando por compreender a importância do leite. Mas nós doadoras de leite fazemos com que os filhos de outras mães possam sair rápido do estado de gravidade, porque o leite tem nutrientes completos para as crianças crescer saudável e estar pronto para sua mãe e seu papai...” (D7).

“Para as mães é menos uma preocupação, pois devido ao estresse da UTI Neonatal, elas acabam ficando sem leite nos seios, então ter alguém que faça isso por elas é muito bom. Ajudá-las é uma satisfação que podemos fazer por elas” (D8).

“Bom pra mim, é um privilégio doar, porque passei por uns problemas quando a minha bebê tinha três meses, eu tive um tumor no seio direito e isso me incapacitou de amamentar minha filha, e além disso me deram um remédio para parar a minha lactação, minha filha mamava em outras pessoas e eu fiava om anseio de querer amamentar ela de novo, eu chorava todos os dias pedindo a Deus para que eu voltasse a lactar e Deus me respondeu, depois de um mês meu seio começou a encher novamente e eu pude doar de novo. Eu vi a situação da minha filha por isso decidi que eu ia doar até onde pudesse” (D9).

“Para as mamães é um alento, pois sabemos que não é fácil para elas conseguirem ordenhar, já que estão passando por uma fase turbulenta” (D10).

“Tem muitas mães om seus bebês na UTI, que devido ao estresse e vendo seu filho ligado aos aparelhos, não conseguem produzir leite, então o leite materno das doadoras é de suma importância para a recuperação deles e a alegria de uma mãe ver seu filho recebendo leite materno é sem igual, por que elas sabem que doar leite é um ato de amor, que é fundamental para os filhos delas...” (D11).

Apesar da recomendação de alimentar os recém-nascidos prematuros com leite humano e preferencialmente da própria mãe, na prática as mães desses bebês têm dificuldade em manter a amamentação, devido fatores como: distanciamento prolongado da mãe e do bebê causado pela hospitalização, prejudicando o vínculo mãe-filho, além dos sentimentos de insegurança e ansiedade, fatores psicológicos e

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emocionais que diminuem a produção e ejeção do leite (REGO, 2000; SERRA;SCOCHI, 2004; JAVORSKI et al., 2004).

A possibilidade que a mãe receptora conta de pessoas que ajudem nesse momento difícil e estressante, possibilita que esteja afetiva e fisicamente disposta a atender de forma adequada às necessidades do bebê.

Segundo Alencar e Seidl (2009) em alguns casos a opção pela doação está relacionada fato das próprias doadoras já ter vivenciado acontecimentos muito marcantes no período da gravidez, pós-parto e/ou puerpério, que além de motivar, facilita a compreensão sobre a importância do ato de doar. Assim, o gesto de se colocar no lugar de outras mães que estariam passando por dificuldades dessa natureza demonstra a sensibilização dessas mulheres para a doação.

Portanto, as doações de leite e o apoio da equipe multiprofissional do BLH/HMINSN que acompanha a alimentação e distribuição do leite doado para essa criança, são de fundamental importância para que as mães possam ser tranquilizadas na recuperação e desenvolvimento de seu filho, bem como tornar-se uma provável doadora de leite humano.

4.2.2 Benefícios para os recém-nascidos

Foi evidenciado neste estudo que as doadoras assimilam a importância da doação com os valores do aleitamento materno para as crianças, como garantia da saúde, do crescimento, do desenvolvimento infantil e da imunidade contra doenças, bem como a responsabilidade das mulheres pela saúde infantil. Demonstram em suas afirmações o conhecimento sobre benefícios nutricionais do leite humano para os bebês, explicando a escolha entre doar ou desperdiçar o leite em excesso.

“É de suma importância visto que o leite materno é essencial nos primeiros seis meses de vida! É o leite que já vem pronto e com todo potencial nutritivo que o RN precisa. Se eu produzo muito porque não doar...” (D1).

“Para os bebês da UTI é muito importante, porque eles precisam de alimento, as vezes quando a mãe tem um bebê lá na UTI e que nunca sugou...” (D4).

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“Sei da importância de doar leite para bebes prematuros, e suas mães não têm leite de peito e nós que somos mães e temos muito leite doamos para eles, para que possam sair logo da UTI e ajudar com seu crescimento...” (D7).

“...para os bebês é o que eles precisam de leite materno, é essencial para o crescimento e desenvolvimento deles, então é muito importante eles terem esse leite acessíveis à eles...” (D8).

“...contribuir para a recuperação mais rápida do filho delas, nós sabemos que é o melhor leite que uma criança pode receber” (D11).

Uma das dificuldades no tratamento clínico do recém-nascido prematuro é com relação à dieta, pois necessitam de leite materno distribuídos pelos BLH, principalmente em virtude da imaturidade do reflexo de sucção e deglutição, privando-os, assim, do seio materno, ou a amamentação é desaconselhada mesmo na presença da sucção e reflexo de deglutição coordenados, pois este ato demanda energia, visando evitar a perda de calorias significativas para essas crianças (FELIPE; ALMEIDA, 2005).

No entanto o leite humano é considerado mais adequado por ser mais tolerado pelo prematuro, apresentando nutrientes adequados, que estimulam o amadurecimento da imunidade fisiológica e da nutrição e das funções nutricionais do trato gastrointestinal. Quanto mais precoce for a introdução do leite humano, maior é a chance de sobrevida e recuperação destes recém-nascidos (MACIEL; ALMEIDA; BRAGA, 2014)

4.2.3 Benefícios para a sociedade

Quanto as questões sociais, as doadoras de leite humano justificam a doação como uma prática de cidadania, com objetivo de ser exemplo na sociedade, através de ações que conscientizem e sensibiliza acerca da importância do aleitamento maternos e incentivo para a prática da doação de leite, demonstradas nas seguintes falas:

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