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1. Composição e funcionamento do Fórum da Cooperação para o Desenvolvimento

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Parecer FEC | Estratégia de Cooperação Portuguesa 30/07/2012

Ex. Mos Srs.

Na sequência da reunião do Fórum da Cooperação para o Desenvolvimento, realizada no dia 12 de Julho de 2012, sob o tema "A Estratégia da Cooperação Portuguesa (período 2011 - 2015)", a FEC gostaria de apresentar as seguintes considerações / sugestões a dois níveis: i) ao nível da composição e funcionamento do próprio Fórum e ii) ao nível do processo de reflexão em curso sobre a Estratégia de Cooperação:

1. Composição e funcionamento do Fórum da Cooperação para o Desenvolvimento

a. Representação das ONGD | Enquanto atores da sociedade civil vocacionados para a Cooperação para o Desenvolvimento, as ONGD podem desempenhar um papel fundamental no desenho e implementação da Estratégia de Cooperação e possuem conhecimentos e experiência relevantes que podem ser colocadas ao serviço do Fórum e da Cooperação Portuguesa. A FEC entende que o Fórum deve ser aberto a uma maior representatividade de ONGD a quem o IPAD reconhece o respetivo estatuto. Caso, por uma questão de funcionamento, seja necessário optar-se por limitar o número de ONGD representadas, deverão ser explicitados os critérios de seleção dessas mesmas entidades.

b. Participação dos municípios envolvidos nas ações de cooperação no Fórum | Os municípios têm vindo a afirmar-se como atores relevantes e parceiros empenhados na cooperação para o desenvolvimento. A FEC trabalha de forma continuada com atores da cooperação descentralizada desde 2002, designadamente com a Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, Cascais, Loures, Portimão, Faro, Seixal, Santarém e Vagos, que globalmente não têm sido convidadas para participar nos vários encontros do Fórum. Consideramos que são elementos valiosos, de modo a ter uma perspectiva mais abrangente das diversas formas de cooperação. No caso destes municípios, evidencia-se a particularidade de terem decidido cooperar a nível regional na Guiné-Bissau, numa lógica de «cluster» (regiões Bafatá, Quínara e Tombali) e não com a cidade com a qual estão geminados, de modo a rentabilizar os escassos recursos que cada um possui, mas que juntos conseguem ter mais impacto. Também no que se refere a estes atores de cooperação, a FEC defende uma explicitação das regras de participação no Fórum.

2. Reflexão sobre a Estratégia de Cooperação Portuguesa

a. Coerência das políticas para o desenvolvimento | Com vista a uma maior coordenação, complementaridade e diálogo interinstitucional entre os diversos parceiros, a FEC considera essencial a definição de uma Estratégia de Cooperação, dotada de objetivos e metas claros e de um sistema de

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monitorização e avaliação que facilite e torne efetiva a avaliação e mensuração da relevância, eficácia, eficiência, sustentabilidade e impacto das ações da Cooperação Portuguesa. Importa aqui referir também que os indicadores a definir para o processo de monitorização e avaliação devem ter em atenção a qualidade dos processos, não se limitando à quantificação das ações.

b. Concentração das iniciativas | A FEC está em consonância com o objetivo da não fragmentação dos programas, projetos e ações da Cooperação Portuguesa. No trabalho que desenvolve, a FEC tem procurado aplicar este princípio, elegendo três setores estratégicos de intervenção - Educação, Saúde e Capacitação Institucional - e os PALOP como área geográfica de atuação. Acreditamos que pela ligação histórica, económica e cultural que Portugal tem com os PALOP, estes países devem continuar a ser centrais na Estratégia de Cooperação. Não obstante as especificidades dos compromissos assumidos com cada país, a FEC defende que educação/formação e saúde deverão ser áreas prioritárias na Cooperação Portuguesa, sem as quais não pode existir um verdadeiro desenvolvimento. Por outro lado, a capacitação institucional e a geração de rendimentos/emprego/empreendorismo são áreas que em maior grau garantem processos de emancipação social e autonomia em termos de desenvolvimento da população-alvo e permitem a médio/longo prazo assegurar a sustentabilidade dos projetos.

Adicionalmente à não fragmentação dos programas, projetos e ações, a FEC defende ciclos de projeto de duração alargada (pelo menos 3 anos) e que estejam articulados e em harmonia com os Programas Indicativos de Cooperação entre Portugal e os países em termos de duração. Considera-se que ciclos de 3 ou mais anos consecutivos permitem recolher lições aprendidas e uma alteração efetiva de mudança de atitudes e comportamentos no caso de os projetos incidirem nestas áreas. A experiência da FEC e dos seus parceiros, na área da formação e capacitação, indica-nos que para mudanças mais estratégicas em termos comportamentais junto de pessoas, comunidades e instituições sejam necessários ações contínuas e permanentes de pelo menos 5 anos. 1

A identidade histórica, cultural e linguística é importante no reforço de ações de cooperação. A ação da FEC em termos de capacitação institucional das Cáritas de Angola e Guiné-Bissau levou a que a Cáritas de Cabo Verde e de Moçambique convidasse a pensar-se num projecto que envolvesse as Cáritas Lusófonas, sem anular, no entanto, as especificidades de cada país.

Porém é igualmente importante uma abordagem regional dos países. A experiência da FEC na Guiné-Bissau, nomeadamente nas zonas de fronteira evidencia o relevo de uma abordagem sectorial entre Guiné-Bissau e Senegal (os grupos étnicos são os mesmos, as necessidades idênticas e permite o desenvolvimento inter-regional propício a situações de paz). A seleção dos países de atuação da Cooperação Portuguesa deve assim ter em atenção i)

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identidade histórica, cultural e linguística entre países; ii) intervenções setoriais em que a língua não seja o elemento comum, mas em que um dos países-alvo faça parte da rede linguística portuguesa.

c. Cofinanciamento das iniciativas | Em todos os seus programas e projetos, a FEC procura envolver um conjunto de parceiros e financiadores locais e internacionais, diversificando fontes de financiamento e complementado competências, diversificando-se a tipologia e nacionalidade dos financiamentos, não se restringindo apenas a financiamentos da Comissão Europeia.

É importante que existam datas e períodos estáveis de concursos para projectos de desenvolvimento e de educação para o desenvolvimento, com indicação clara de montantes.

Seria igualmente importante introduzir mecanismos inovadores no (co) financiamento da cooperação portuguesa, particularmente aqueles que (des)envolvem maior participação e coresponsabilização por parte dos actores privados e do público em geral, à semelhança do mecanismo UK Aid Match (http://www.dfid.gov.uk/ukaidmatch), que é uma boa prática internacional nesta matéria. Estes mecanismos - fundos dirigidos pela procura - permitem que a sociedade tenha uma palavra a dizer na forma como um elemento do orçamento de ajuda é gasto, assim como alavancar financiamentos. No Reino Unido, o Departamento para o Desenvolvimento Internacional (DIFD) cobre, libra por libra, as doações públicas a apelos feitos por organismos com fins não-lucrativos para o trabalho que é realizado nos países em desenvolvimento, dentro de um determinado limite e respeitando um conjunto de critérios. Mecanismos desta natureza são também uma forma de educação para o desenvolvimento, com particular relevância numa sociedade como a portuguesa.

3. Reflexão sobre a Estratégia de Cooperação Portuguesa na Guiné-Bissau, Angola e Moçambique

Angola

i) Atribuição de Vistos

A atribuição de vistos continua a constituir um elemento que condiciona a performance dos projectos, pela alteração de datas de missões e por encarecer o custo dos projectos. Considera-se fundamental que a nível da estratégia entre Portugal e Angola se pondere de forma efetiva uma maior rapidez na atribuição de vistos, nomeadamente nos projectos reconhecidos pela Cooperação Portuguesa em Angola.

ii) Articulação entre actores da cooperação portuguesa

O investimento português empresarial em Angola tem vindo a aumentar significativamente. De modo a poderem fixar-se de forma mais eficiente e com impacto nos locais onde trabalham, as empresas necessitam de criar actividades e projectos de responsabilidade

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social. Estes projectos beneficiam as populações em termos de empregabilidade, em áreas de satisfação de necessidades básicas (educação e saúde), que têm uma influência no bem-estar das famílias dos colaboradores e, no caso da educação, permitem um aumento da qualidade da actividade nas empresas. No caso angolano, o facto de ter sido foi recentemente aprovada a Lei do Mecenato em Angola, que prevê uma série de benefícios e incentivos fiscais para empresas, reforça o potencial de articulação que pode ser promovido pela Cooperação Portuguesa entre empresas e ONGD.

Neste sentido, as ONGD podem concretizar de forma eficiente, com qualidade e impacto projectos de responsabilidade social. A Cooperação Portuguesa deveria: 1) fazer um mapeamento dos actores da cooperação portuguesa (empresas, ONGD, municípios) por províncias e municípios; 2) promover encontros entre estes actores com uma linha estratégica definida.

Guiné-Bissau

i) Definição de uma estratégia para o sector da educação

Considera-se fundamental, dado a Cooperação Portuguesa ser a que tem implementação mais contínua na educação na Guiné-Bissau, que se defina um Plano Estratégico para o Sector da Educação, com indicação clara do período de implementação, das zonas regionais e dos sectores (educação de infância, ensino básico, ensino secundário, ensino superior) e a percentagem do esforço em cada um destes sectores.

Também deve ser referida a distribuição clara entre actores das suas responsabilidades na obtenção dos resultados que se querem alcançar.

Considera-se igualmente importante valorizar abordagens integradas de desenvolvimento. No quadro do sector da educação, até há pouco tempo as abordagens eram muito conservadoras e estandardizadas para contextos urbanos. A abordagem participativa e integrada com outros sectores como seja saúde e capacitação institucional é fundamental para a obtenção de resultados a médio e longo prazos, ainda mais significativa nas zonas rurais e abandonadas.

ii) Apoio integrado e logístico dos projectos reconhecidos pela Cooperação Portuguesa Na Guiné-Bissau, a Cooperação Portuguesa tem uma estrutura implementada e organizada (Bairro da Cooperação, Centro Cultural Português, …). No caso dos projectos reconhecidos como estratégicos para a Cooperação Portuguesa, dever-se-á integrar e ponderar apoios logísticos existentes (alojamentos em Bissau), que permitem reduzir custos desnecessários aos projectos e rentabilizar redes de contactos.

A outro nível, para reforçar a imagem da Cooperação Portuguesa, as ONGD com implementação no terreno em projectos estratégicos da CP deveriam divulgar as boas práticas, num sentido inclusive de advocacia política, das ações financiadas por Portugal e, em articulação, com o Estado da Guiné-Bissau.

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Considera-se fundamental existir uma maior articulação e rapidez entre as diretrizes apresentadas por Lisboa (Instituto Camões) com a Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau e vice-versa, de modo a rentabilizar o tempo e o esforço concertado permitir resultados com mais impacto na Guiné-Bissau.

Moçambique

i) Definição da estratégia da Cooperação Portuguesa

Tal como Angola e pelas dimensões do país, considera-se fundamental definir uma estratégia de actuação por sectores e por zonas geográficas em Moçambique. Neste sentido, é fundamental a elaboração de um mapeamento dos actores da cooperação portuguesa e das outras cooperações internacionais de modo a harmonizar o esforço europeu para cooperação com África.

ii) Articulação entre actores da cooperação portuguesa

O investimento português empresarial tem-se também desenvolvido em Moçambique. Os contactos efetuados por diversas empresas com capital moçambicano e português junto da FEC têm crescido, destacando-se o interesse em trabalhar no quadro da capacitação dos recursos humanos e no desenvolvimento de áreas sociais que pudessem reforçar a actividade das empresas e simultaneamente o reconhecimento da população relativamente ao seu trabalho.

Neste sentido, considera-se fundamental que a Cooperação Portuguesa promova a partilha da informação de quem são os actores, onde estão localizados e o que fazem, de modo a que se possam criar sinergias mais concertadas entre estes.

Considera-se igualmente fundamental que a cooperação portuguesa promova e envolva os diversos actores da cooperação portuguesa a participar em encontros e fóruns em articulação com autoridades estatais moçambicanas de modo a dar mais visibilidade ao esforço da cooperação portuguesa no país e simultaneamente reforçar a legitimidade dos actores portugueses, nomeadamente as ONGD no país

iii) Apoio integrado e logístico dos projectos reconhecidos pela Cooperação Portuguesa

À semelhança do que foi indicado para os outros países, considera-se fundamental que projectos e entidades reconhecidos como estratégicos para a Cooperação Portuguesa, possam ser apoiados na logística existente, que permitam reduzir custos desnecessários aos projectos e rentabilizar redes de contactos.

Referências

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