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Código de Conduta e Princípios de Boa Doação da ICCO

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Academic year: 2021

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ICCO, uma Organização intereclesiástica para a cooperação ao desenvolvimento

Boa Doação da ICCO

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Preâmbulo

A ICCO foi fundada em 1964 para funcionar como intermediária entre organizações do Hemisfério Sul, organizações relacionadas com igrejas na Holanda e o governo holandês. O objetivo, então, era estabelecer uma coordenação entre esses canais, de tal maneira, que fosse feito o melhor uso possível de fundos da Cooperação Internacional do governo holandês para organizações privadas e voluntárias empenhadas no combate à pobreza. O quadro para esta tarefa era, e continua sendo, o Programa Holandês de Co-financi-amento. Nos anos transcorridos desde então, muito aconteceu. O objetivo do programa inicial foi ampli-ado, em decorrência da compreensão crescente da natureza complexa e das causas da pobreza estrutural. As metas do programa foram ampliadas de modo a incluir-se o desenvolvimento da sociedade civil e as ações de ‘lobby’ e de advocacia. No decorrer desse processo, a ICCO definiu sua missão como sendo ‘trabalhar na construção de um mundo em que pobreza e injustiça deixem de existir’.

No âmbito desta missão, a ICCO oferece sua colabo-ração e seus serviços, financeiros e outros, a organi-zações do Hemisfério Sul que compartilham de sua meta de estimular e capacitar os pobres para que consigam, à sua maneira, melhorar sua condição de vida e de trabalho e lutar pelo estabelecimento de estruturas sociais, econômicas e políticas mais justas na sociedade em que vivem. A ICCO entende também que as relações com seus parceiros no Sul incluem o trabalho conjunto de advocacia e de ‘lobby’ em torno de questões que não podem ser resolvidas apenas no nível nacional.

A ICCO enfatiza a importância crucial do estabele-cimento de parceiras efetivas com organizações no Norte e no Sul para a realização dessas metas, que não podem ser conquistadas apenas por engajamen-tos individuais. A noção de complementaridade é um elemento central na estratégia da ICCO. Isto nos leva a definir nossa compreensão dessas parcerias, o que foi feito em nosso Documento de Política de Parcerias, de abril de 2003. Nesse documento, a ICCO compromete-se a determinar compromete-seus princípios orientadores no cum-primento de seu papel nessas mesmas parcerias: este documento visa apresentar e descrever esses

princípios.

Ao oferecermos esses princípios a nossos parceiros pretende

mos explicitar claramente a visão da ICCO sobre a natureza das parcerias e daquilo que nelas procuramos, de modo a ofe-recermos aos nossos parceiros uma plataforma de aprofun-damento da nossa compreensão comum da parceria dando-lhes condições de controlar as práticas da ICCO em base aos parâmetros presentes nesses princípios.

Boa Doação: uma definição ampla

Quarenta anos de trabalho em conjunto com uma gama de organizações no Sul ensinaram muito a nossos parceiros e a nós mesmos sobre a natureza complexa das relações de um trabalho que supera bar-reiras culturais, inclui mecanismos de financiamento e estabelece diferentes formas de responsabilidades. Essas relações estão, ao mesmo tempo, baseadas numa vasta extensão de valores compartilhados, muitas vezes implícitos, que devem ser traduzidos em ativi-dades concretas e para as quais recursos materiais devem ser mobilizados. Tornou-se claro que, apesar da importância dos acordos, que permitem a colaboração, não existe um padrão único para as relações Norte-Sul. A diversidade de antecedentes culturais é um fato incontestável e há uma grande quantidade de questões que, mesmo depois de quarenta anos, continuam resi-stindo teimosamente a qualquer solução fácil. Essas questões envolvem, por exemplo, a disparidade de poder entre doador e recipiente no quadro da parce-ria, o papel e a capacidade das organizações na elabo-ração da política dos doadores, a prestação mútua de contas, etc. Aceitando o fato de que muitas questões não podem ser resolvidas plenamente, a ICCO chegou

à conclusão que temos que trabalhar com elas, tentando esclarecer nossas políticas e procedimentos, fazendo-nos mais transparentes e acessíveis e tentando estabelecer um diálogo Norte-Sul sempre melhorado com nossos parceiros. Para que o diálogo seja relevante, é necessário explicitar nossas polí-ticas e definir os padrões com que operamos e pelos quais queremos responsabilizar-nos.

‘Boa Doação’ pode então ser definida como um conjunto de princípios orientadores do trabalho que a ICCO realiza em parceria com organizações do Sul e com seus grupos-alvo. Um dos principais elementos desses princípios refere-se obviamen-te à maneira como a ICCO leva em consideração - em suas políticas, procedimentos e práticas - os interesses dos grupos-alvo com quem e por quem trabalhamos. Boa Doação não se refere apenas aos aspectos materiais ou financeiros da relação de trabalho, mas inclui também aspectos intangíveis como a solidariedade, a parceria e o compartilhamento de ideais sobre os quais a parceria deve ser construída.

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Princípios de Boa Doação: visão e ações da ICCO

Sobre o que nos une:

• Metas: os esforços conjugados orientam-se para uma meta comum, acabar com a injustiça contra os grupos de pobres e excluídos e de setores da sociedade. O princípio maior neste caso é evitar danos. Meios para realizar esta meta: Uma reflexão sobre esses princípios compartilhados deverá ser feita anualmente com cada parceiro individual. Em cada período de quatro anos serão realizadas consultas regionais ou temáticas, para aprofundar a compreensão mútua e para esclare-cer os conceitos fundamentais.

• Parceria: a base para se trabalhar em conjunto pode ser definida como complementaridade, aceitação dos papéis e responsabilidades diferentes e prestação mútua de contas. Meios para realizar

esta meta: um acordo deverá ser formalizado entre

a ICCO e os parceiros que deverá constar de uma agenda de trabalho com elementos financeiros e não-financeiros, juntamente com uma divisão de tarefas e de responsabilidades compartilhadas. • Os parceiros do Sul: A ICCO considera os parceiros

do Sul como organizações autônomas no seio de suas respectivas sociedades e aceita que eles devam prestar contas, em primeiro lugar, a seus próprios estatutos. Meios para realizar esta meta: A ICCO manifesta respeito e compreensão para relação e manifesta também o desejo de apoiar o parceiro do Sul em seu desenvolvimento. A ICCO não vê seus parceiros como meros canais de prestação de ajuda, nem como sub-contratantes de projetos. Uma vez definidas, aceitas e formalizadas as res-ponsabilidades mútuas, a ICCO evitará qualquer tipo de interferência nos processos de tomadas de decisão, definidos como responsabilidade do par-ceiro. Os parceiros deverão conhecer, compreender e aceitar as responsabilidades da ICCO em relação a seus doadores-primários e suas normas e o que isto implica em fornecimento de informações, etc. • A ICCO e o parceiro do Sul: compartilhar valores,

confiar e compreender, tanto o contexto global quanto o contexto específico, de cada país a fim de determinar os modos e os instrumentos para se atingirem as metas comuns de eliminação da

pobreza e da injustiça. Meios para realizar esta meta: tanto a ICCO quanto seus parceiros fizeram escol-has explícitas de políticas e de práticas para reali-zar esta meta: compatibilidade e complementaridade nesta escolha são elementos essenciais da parceria. Os critérios da ICCO para o processo de seleção de seus parceiros podem ser livremente fornecidos a parceiros potenciais e estão abertos à discussão. A ICCO dispõe-se a consultar seus parceiros em casos de mudanças substantivas em sua política e tam-bém a informar previamente os parceiros em caso de mudanças.

Sobre o que nos une:

• Transparência: A ICCO quer imprimir na relação de trabalho com seus parceiros a disposição e os meios necessários para informar, esclarecer e consultar os parceiros sobre a natureza de suas opções políticas e suas modalidades de trabalho. Para isto encoraja suas contribuições e aportes crí-ticos. A ICCO espera que os parceiros façam o mesmo. Em relação à política e procedimentos, a ICCO dispõe-se também a esclarecer a medida em que a organização está ligada às exigências inerentes do Programa de Co-financiamento, sua posição no contexto holandês e em outras áreas, que podem limitar o debate e o diálogo. Meios para realizar

esta meta: o diálogo político com os parceiros, seja

individual ou coletivo, será mantido sempre que possível separado das decisões de financiamento. A ICCO transmitirá a seus parceiros as informações relevantes através de visitas anuais regulares, de correspondência aberta, consultas, boletins de notícias, de seu ‘site’ na internet, etc. Os documen-tos de políticas, procedimendocumen-tos de trabalho e meca-nismos de apêlo estão sempre disponíveis em versões traduzidas para as línguas mais correntes. • Prestação de contas: A ICCO pretende estar sempre

aberta a explicar os motivos de suas decisões.

Meios para realizar esta meta: as decisões serão

sempre comunicadas formalmente, inclusive seus motivos e considerações. Para os parceiros é forne-cida uma possibilidade independente de apelo contra decisões que estes considerem injustas ou insuficientemente fundadas. A ICCO apresentará um relatório anual a seus parceiros. A ICCO espera que os parceiros também criem e procurem mel-horar seus próprios mecanismos de prestação de contas, visando em primeiro lugar justificar seu

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próprio desempenho e seus próprios estatutos. • Fidelidade: é óbvio que os compromissos

assu-midos entre parceiros devem ser cumpridos.

Meios para realizar esta meta: A ICCO responderá

prontamente a pedidos de informações ou outros pedidos feitos pelos parceiro (num prazo de três semanas) e de maneira mais detalhada (num prazo de até três meses, com considerações substantivas e conclusões) para pedidos de financiamento (num prazo de três semanas será enviada uma confirma-ção de recepconfirma-ção). A ICCO aportará na relaconfirma-ção de trabalho compreensão e vontade suficientes para superar dificuldades - no cumprimento de acordos dos programas e/ou dificuldades internas específi-cas das organizações parceiras - e levará em conta as conseqüências financeiras dessas dificuldades em suas decisões.

• Flexibilidade: A ICCO demonstrará discrição e confiança em relação às organizações parceiras e em relação ao contexto em que os parceiros reali-zam seu trabalho. Meios para realizar esta meta: isto implica, entre outras coisas, em levar em conta as condições do contrato e modalidades de financiamento, as necessidades, potencialidades e limitações que a organização parceira por ventura esteja enfrentando. Modificações de acordos serão aceitáveis dentro de alguns limites em base a moti-vos devidamente fundados apresentados pelo parceiro. Modificações aceitas serão confirmadas por escrito.

• Respeito mútuo pela autonomia: os parceiros preservam sua autonomia nos acordos de trabalho.

Meios para realizar esta meta: o ponto de partida

para a colaboração com a ICCO será sempre a solicitação do próprio parceiro. Apoio material ou de outro tipo será estabelecido, na medida do possível ou desejável, como apoio institucional (projeto ou programa) no quadro de uma estratégia de longo prazo. Procedimentos de apresentação de relatórios e modalidades de financiamento serão, quando possível, adaptadas às normas de PMA adotadas pelo parceiro. O princípio de base do apoio da ICCO a parceiros é facilitar e estimular o desenvolvimento próprio dos parceiros. Em ativi-dades relacionadas com o fortalecimento insti-tucional ou outro tipo de apoio, serão respeitadas a agenda própria e as responsabilidades específicas do parceiro. Quando a ICCO, como instituição

doa-dora, solicitar explicitamente a ajuda de um par-ceiro, deverá explicar os motivos do pedido e deixar claro que será respeitada qualquer decisão que o parceiro venha a tomar.

• Parcerias são estratégias de longo prazo: a natureza das metas a que a ICCO e seus parceiros potenciais se propõem é de tal ordem que a ICCO regularmente não busca parcerias de curto prazo baseadas em projetos, mas dá preferência à colabo-ração de longo prazo em que a estratégia que sustenta as metas desejadas constitui o elemento principal da parceria. Meios para realizar esta meta: isto significa que a ICCO levará em conta, entre outras coisas, o currículo estabelecido do novo parceiro e procurará estabelecer acordos mútuos e obrigações numa perspectiva de longo prazo. A ICCO não excluirá riscos de financiamento e out-ros riscos inerentes a este tipo de acordo: será feito um esforço de identificação desses riscos e de cri-ação de mecanismos para evitá-los ou, eventual-mente mitigá-los. No início da colaboração, a ICCO exigirá clareza sobre as expectativas, possibilidades e limitações; sobre uma agenda de atividades nas áreas de discussão de políticas, de ‘lobby ’e de advocacia e sobre serviços de apoio que o parceiro pode esperar da ICCO. Na medida em que a natu-reza da organização parceira e suas metas de longo termo fizerem necessário ou útil, a política finan-ceira e administrativa deverá objetivar a continu-idade da organização: no caso desta estratégia, a diversificação das fontes de financiamento deve ser uma preocupação comum.

Finalmente: Estes princípios estão baseados no

Documento de Política de Parcerias da ICCO, que expli-cita detalhadamente os elementos centrais referidos acima. Para os funcionários da ICCO isto significa que em sua relação de trabalho com os parceiros a ICCO espera deles o cumprimento dos parâmetros aqui determinados. A ICCO prefere trabalhar com princípi-os do que com regras. A ICCO procura também estabe-lecer uma comunicação cada vez mais ampla e aberta com seus parceiros. Consultas aos parceiros serão organizadas para este fim. Está sendo desenvolvido um canal da internet para o intercâmbio de informações, pontos de vista e opiniões. A opinião dos parceiros sobre esses princípios e sobre a forma como eles orientam nosso trabalho será ativamente buscada por nós neste e em outros mecanismos de

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comunica-ção.

ICCO adere aos seguintes Padrões e Códigos:

• Código de Conduta da Cruz Vermelha

Internacional/Movimento do Crescente Vermelho e ONGs especializadas em Ajuda de Emergência em Catástrofes; www.icrc.org

• Carta do NGDO do ‘Liaison Committee of Development NGO’s’, da União Européia; www.eldis.org/static/DOC3473.htm

• Código de Conduta para serviços de consultoria do I/C Consult; www.icconsult.nl

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Referências

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