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Simone A. Fernandes Universidade Federal do Espírito Santo. Resumo

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Academic year: 2021

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UTILIZAÇÃO DE ATIVIDADE EXPERIMENTAL INVESTIGATIVA NO AEE DE CRIANÇAS DO PRIMEIRO CICLO DO ENSINO

FUNDAMENTAL I COM INDICATIVOS DE ALTAS HABILIDADES OU SUPERDOTAÇÃO

Simone A. Fernandes Universidade Federal do Espírito Santo Resumo

Para o Atendimento Educacional Especializado (AAE) aos alunos com indicativo de altas habilidades e superdotação são sugeridos três tipos de Atividades de Enriquecimento Escolar (Renzulli e Reis, 1997, p. 14). Este trabalho apresenta o resultado da inserção de uma atividade experimental investigativa como possibilidade de Atividade de Enriquecimento Escolar. Atividades experimentais investigativas são baseadas na manipulação, em questionamentos, argumentação, levantamento de hipóteses e discussão em grupo. Os alunos desenvolvem seu conhecimento a partir problemas reais que lhes são apresentados para serem resolvidos. Nesse sentido acredita-se que tais atividades apresentam potencial para serem utilizadas como Atividades de Enriquecimento II, que envolvem a utilização de métodos, materiais e técnicas instrucionais que possam contribuir para o desenvolvimento de níveis superiores de pensamento (avaliar, sintetizar, analisar) e também de habilidades criativas e críticas, de pesquisa, entre outras (BRASIL, 2007, p. 60).

Palavras-chave: altas habilidades, superdotação, atividades investigativas

1. Introdução

A Política Nacional de Educação Especial em termos da Educação Inclusiva procura garantir um sistema educacional inclusivo em todos os níveis de escolaridade e a promoção de práticas de ensino que visem atender as especialidades dos alunos. Tem como público-alvo “pessoas com deficiência, com transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades ou superdotação”, sendo que para estes últimos o atendimento educacional especializado deve ser “suplementar à formação” (BRASIL, 2011, p.1). Diante disso, os sistemas de ensino devem matricular os alunos nas classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado (AEE), que deve ser ofertado em salas de recursos multifuncionais.

Este trabalho apresenta os resultados desenvolvimento de uma atividade experimental investigativa com alunos com indicativo de altas habilidades e superdotação do Ensino Fundamental I (primeiro e segundo ciclos) de uma escola pública. Os alunos frequentavam a sala de AEE no contra turno. No turno matutino o grupo era formado por 2 crianças do sexo masculino, com idades de 7 e 9 anos e, no turno vespertino, por 5 crianças do sexo feminino com idades de 9 e 10 anos. A atividade, a primeira de várias outras, foi realizada com as duas turmas no segundo

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semestre de 2013 com o apoio da escola e participação da professora da sala de recursos multifuncionais.

2. Referencial teórico

2.1 Altas habilidades, superdotação e as atividades investigativas

Segundo os documentos que regem a Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 2008), os alunos com altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas do seu interesse (BRASIL, 2008, p.22). Renzulli e Reis (2004) caracterizam a superdotação como sendo o intercruzamento de três comportamentos: (i) habilidade acima da média (não necessariamente muito superior) em alguma área do conhecimento; (ii) envolvimento com a tarefa, ou seja, engajamento na realização da tarefa; (iii) criatividade.

Para a realização do trabalho de AAE são sugeridos três tipos de Atividades de Enriquecimento Escolar (Renzulli e Reis, 1997, p. 14). Neste trabalho o interesse está voltado para as atividades do tipo II, que envolvem a utilização de métodos, materiais e técnicas instrucionais que possam contribuir para o desenvolvimento de níveis superiores de pensamento (avaliar, sintetizar, analisar) e também de habilidades criativas e críticas, de pesquisa, entre outras (BRASIL, 2007, p. 60). O objetivo deste tipo de enriquecimento é “desenvolver nos alunos habilidades de ‘como fazer’, de modo a instrumentá-los a investigar problemas reais usando metodologias adequadas à área de conhecimento e de interesse dos alunos” (BRASIL, 2007, p. 60). Além disso, acredita-se que possam deacredita-senvolver, entre outras coisas, habilidades de pensamento criativo, habilidades de definição e solução de problemas e características afetivas como cooperação, assertividade e autoconfiança (BRASIL, 2007, p. 61).

Atividades experimentais investigativas, comumente utilizadas no ensino de Ciências, são baseadas em questionamentos. Os alunos desenvolvem seu conhecimento a partir problemas que lhe são apresentados para serem resolvidos. Devem centrar-se na ação do aluno e, além de levar em conta a manipulação ou observação, devem contribuir para os alunos refletirem, discutirem, levantarem hipótese, explicarem e fazerem relatos (Azevedo, 2006, p.21). Como são realizadas organizando-se os alunos em grupo, estão centradas na interação social e na linguagem. Assim, diante do exposto, acredita-se que

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tais atividades apresentam características que permitem que sejam utilizadas no AEE como uma atividade de enriquecimento do tipo II.

3. Metodologia

Inicialmente foi apresentado um problema experimental a ser resolvido: o problema do barquinho (Carvalho et al., 1998, 32). As crianças tinham sobre a mesa uma bacia retangular com água até próximo da metade, um rolo de papel alumínio e 12 arruelas de metal. O problema a ser resolvido consistia em construir um barco de papel alumínio que suportasse o maior número possível de arruelas sem afundar. As etapas da atividade podem ser assim descritas: (i) o problema foi proposto. (ii) os alunos agiram sobre os objetos, testaram hipóteses, discutiram as possibilidades; (iii) experimentaram diferentes ações até chegarem à solução do problema; (iv) foi aberta uma discussão geral na qual os alunos oralmente relataram a atividade e deram explicações causais; (vi) os alunos produziram relato escrito e através de desenhos.

A análise consistiu em avaliar se a atividade atendia ao que é sugerido pelo Ministério da Educação e Secretaria de Educação o Especial (MEC/SEE) enquanto tipo de atividade a ser realizada pelo AEE e também sua contribuição para o desenvolvimento de habilidades apresentadas pelo mesmo documento (BRASIL, 2007, p.61). Para isso, cada etapa da atividade filmada e dividida em episódios, as falas dos alunos e da professora foram transcritas e, por fim, foram realizadas entrevistas individuais para os alunos relatarem como se sentiram ao participar da atividade. Foi realizada a análise dos diferentes modos semióticos de comunicação (oral, gestual, escrita, desenho) utilizados pelos alunos (Jewitt, 2001, 5-18).

4. Resultados e discussão

A seguir são apresentados quadros demonstrativos das habilidades que acredita-se que tenham sido deacredita-senvolvidas através da atividade.

Inicialmente os alunos construíram um barco de dobradura que afundou rapidamente. Mesmo assim, insistiram nesse modelo de barco, porém construindo barcos maiores. Após discutirem, levantarem hipóteses e testa-las, surgiram as primeiras ideias sobre a necessidade de mais espaço no barco (Quadro 1).

Os alunos começaram a construir diferentes tipos de jangada (barco plano), mas não perceberam que a distribuição das arruelas na sua superfície era importante. Ao colocarem todas as arruelas no centro a jangada afundava rapidamente (Quadro 2).

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Quadro 1. Resultados das análises oral e gestual quanto às habilidades desenvolvidas Treinamento em: (i) técnicas de observação, seleção, classificação, organização, análise de dados; (ii) técnicas de liderança e gerenciamento (BRASIL, 2007, p. 61).

Habilidades: (i) pensamento criativo e técnicas e ferramentas de criatividade como listagem de atributos, comparação, relações forçadas; (ii) definição e solução de problemas (BRASIL, 2007, p. 61).

“[...]fazer um barco quadrado e ir modelando ele nas beiradas e colocar a mesma quantidade dos dois lados[...]o barco tem que ser pequeno por que grande ele fica mais pesado [...] se colocar muita camada (referindo-se ao papel para confecção do barco) fica muito pesado, só uma acho que fica melhor[...](aluna 2)

“Fica mais leve[...]quanto mais papel mais vai ficar pesado[...]” (aluna 5)

Quadro 2. Resultados da análise oral da entrevista quanto às habilidades desenvolvidas Treinamento em: técnicas de resolução de problemas e conflitos (BRASIL, 2007, p. 61). Habilidades: (i) pensamento criativo e técnicas e ferramentas de criatividade como tempestade de idéias, listagem de atributos, comparação, relações forçadas; (ii) definição e solução de problemas (BRASIL, 2007, p. 61).

“[...]Se colocar as arruelas só no meio acho que afundava mais rápido por que ia dar mais peso.... colocar as arruelas espalhadas da menos peso, se colocar elas juntas no meio da mais peso. [...]”(aluna 2)

“[...] você tem que colocar espalhado pra dar menos peso, porque se colocasse tudo junto ia dar mais peso e ia afundar . [...]”(aluno 1)

Após conseguirem resolver o problema foi aberta uma roda de discussão para relatarem a atividade realizada e a forma como conseguiram realizar a tarefa. Posteriormente, foram elaborados os relatos escritos.

Quadro 3. Resultados das análises da escrita quanto às habilidades desenvolvidas Treinamento em: (i) técnicas de desenvolvimento de apresentações orais, escritas e práticas; (ii) técnicas de relatórios; (iii) técnicas de discussão,debates e argumentação (BRASIL, 2007, p. 61).

“[...] o barquinho de dobradura não tinha muito espaço[...]em segundo fizemos outro barco maior sem bordas para ver se afundava sim ou não o meu não afundou acho que e porque eu coloquei uma arruela longe um pouquinho da outra.”(aluno 1)

“[...] a gente precisava de espaço para colocar um longe do outro e dar menos peso.” (aluno 2).

De acordo com os relatos apresentados nas entrevistas, o problema proposto se constituiu enquanto um desafio e serviu para aproximar os alunos, contribuindo, portanto, para o desenvolvimento de habilidades de características afetivas como sensibilidade, cooperação e senso de humor.

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Quadro 4. Resultados das análises das entrevistas quanto às habilidades desenvolvidas Habilidades: de características afetivas como sensibilidade, cooperação e senso de humor (BRASIL, 2007, p. 61).

“Eu gostei do experimento porque é legal, a gente se divertiu muito nele porque toda hora a gente faz um negocio e num dava certo aí ia fazendo outro e não dava certo aí todo mundo ficava rindo” (aluna 5).

“Foi muito legal por que [...]a gente estava trabalhando lá fora aí tava legal e a gente tava prestando mais atenção[...]quando não funcionava eu sentia decepção, por que a gente tentava, tentava e o barquinho a fundava, mas aí a gente foi tentando, tentando até que a gente conseguiu [...] antes a gente não se dava muito bem né, agora a gente tava se empenhando mais em trabalhar em grupo” (aluna 2).

5. Referências bibliográficas

AZEVEDO, M.C.P. S. Ensino por Investigação: Problematizando as atividades em sala de aula. In: CARVALHO, A. M. P. (org.). Ensino de Ciências: Unindo a pesquisa e a prática. São Paulo: Pioneira Thomson, 2006. P. 19-33.

BRASIL, Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial. A Construção de Práticas Educacionais para Alunos com Altas Habilidades / Superdotação. v. 2: Atividades de Estimulação de Alunos. Organização: Denise de Souza Fleith. Brasília:MEC/SEE, 2007.121p.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008. Disponível em: <www.mec.gov.br>. Acesso em: 06/ 2013.

BRASIL. Decreto 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7611.htm>. Acesso em: 06/2008.

CARVALHO, A. M. P. de; VANNUCCHI, A. I.; BARROS, M. A. ; GONÇALVES, M. E. R. ; REY, R. C. de. Ciências no ensino fundamental. O conhecimento físico - São Paulo : Scipione, 1998.

JEWITT, C. et. al.. Exploring learning through visual, actional and linguistic communication:the multimodal environment of a science classroom. Education Review, V.53, n.1, p. 5-18, 2001.

RENSZULLI, J. S. O que é esta coisa chamada superdotação, e como a desenvolvemos? Uma retrospectiva de vinte e cinco anos. Educação, v. 27, n. 1, p. 75-131, Jan./Abr. 2004. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/viewFile/375/272>. Acesso em: 06/2013.

RENZULLI, J. S. & REIS, S. M. The school wide enrichment model: A how to guide for educational excellence (2. ed.). Mansfield Center, CT: Creative Learning Press, 1997. p. 73.

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