• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

Esta dissertação trata do estudo do semicondutor magnético diluído (DMS diluted magnetic semiconductor) Cd1–x MnxSe, mais precisamente da determinação experimental das constantes de troca entre íons magnéticos vizinhos distantes. Neste capitulo introdutório mencionamos algumas propriedades físicas dos semicondutores magnéticos diluídos e em seguida apresentamos um esquema da dissertação.

Os DMS são compostos semicondutores em que uma quantidade dos cátions é substituída por íons magnéticos de maneira aleatória. Os semicondutores mais conhecidos são do grupo II–VI, tendo como formula AII1-xYxBVI, onde os cátions (AII) podem ser zinco, cádmio, mercúrio, etc., e os ânions (BVI) S, Se ou Te. Os íons magnéticos (Y) que substituem os cátions são Mn, Fe, Co. Outras amostras baseadas em compostos do grupo IV–VI , como por exemplo PbS, têm como íons magnéticos também o Mn, ou terras raras como Gd e Eu.

Os DMS AII1-xMnxBVI são de grande interesse por variadas razões; entre elas, sua fórmula ternária nos dá a possibilidade de sintonizar a constante de célula e os parâmetros de banda pela variação da concentração dos íons magnéticos Mn++. Além disso, a substituição dos íons Mn++ no cristal AIIBVI produz grande eficiência eletroluminescente, fazendo o composto AII1-xMnxBVI importante em aplicações ópticas [1.1].

Podemos considerar um DMS como formado por dois subsistemas interagentes: o subsistema eletrônico e o subsistema magnético. O subsistema eletrônico consiste de elétrons s próximos à borda da banda de condução e buracos p próximos à borda da banda de valência. Esse subsistema determina as propriedades de transporte eletrônico e as características ópticas típicas dos semicondutores. O subsistema magnético consiste de elétrons localizados nos

(2)

Esse subsistema será mencionado muitas vezes nesta dissertação. Os dois subsistemas não são independentes, eles estão acoplados pela interação de troca

sp-d ou sp-f, que produz algumas propriedades únicas dos DMS. Por exemplo, uma perturbação do subsistema magnético, como um campo magnético H ou uma troca de temperatura, afeta o subsistema eletrônico.

Os DMS do grupo II–VI podem apresentar a estrutura das duas variedades do ZnS: a blenda e a wurtzita. A blenda é uma rede cúbica de faces centradas (fcc) com uma base de dois átomos, um cátion e um ânion. A wurtzita é uma estrutura hexagonal compacta (hcp), com uma base de quatro átomos, dois cátions e dois ânions. Em cada tipo de estrutura um cátion, selecionado como cátion central, tem 12 cátions como primeiros vizinhos (“nearest-neighbor”, NN ou J1) e 6 cátions como segundos vizinhos (“next-nearest-neighbor”, NNN ou J2). Os cátions que ficam além dos primeiros vizinhos são denominados vizinhos distantes.

Apesar de haver diferenças de simetria, ambas as estruturas têm arranjo atômico local similar, devido à coordenação tetraédrica (sp3) em que o cátion é rodeado por quatro ânions e vice-versa. Esta coordenação se mantém ainda quando no cristal o íon magnético substitui o cátion e contribui com dois elétrons s de sua camada exterior, formando um enlace tetraédrico (sp3) com elétrons de cada um dos quatro ânions que o rodeiam. Os planos de empacotamento atômico seguem a direção [111] na blenda e do eixo c na wurtzita.

Há dois tipos de interações de troca em um DMS: a interação sp-d entre os elétrons-buracos e os íons magnéticos; e a interação d-d entre os íons magnéticos localizados, caracterizada pelas constates de troca Jij. Devido à grande distância entre os íons magnéticos (> 4 Å), o acoplamento forte d–d entre íons magnéticos só é possível com a mediação das bandas carregadas, por isso diz-se que a interação de troca d–d é predominantemente supertroca. Com poucas exceções nos DMS, para cálculos fenomenológicos pode-se assumir uma localização completa dos elétrons d ou f, dando resultados com boa aproximação.

(3)

Em DMS do grupo II-VI, as constantes de troca Jij são antiferromagnéticas (negativas por convenção) e o mecanismo de troca é de super-troca (super-exchange), e foram estudadas teoricamente por Larson[1.2]. As notações convencionais para nos referirmos à constante de troca entre um par de íons primeiros vizinhos é J1, para segundos vizinhos é J2, etc. Para DMS do grupo II-VI contendo Mn++, a constante de troca J1 /kB tem ordem de grandeza de   -10 K

[1.2,3].

Para o DMS CdxMn1-xSe, determinaram-se experimentalmente os valores das duas constantes de troca entre primeiros vizinhos que foram batizadas como J1in e

J1out. Isso porque, ao contrário da estrutura da blenda em que todos os 12 vizinhos NN são equivalentes por simetria, na estrutura wurtzita, há dois distintos grupos de vizinhos NN: seis no mesmo plano do cátion central (“in-plane”), e seis NN fora do plano do cátion central (“out-of-plane” - três vizinhos acima e três vizinhos abaixo do plano c). Os valores para as constantes correspondentes são:

J1out = - 7.0K, J1in = - 8.1K [1.4].

Em DMS do grupo II-VI, segundo as regras de Hund, o estado fundamental do íon Mn++ é sêxtuplo spin degenerado, tem configuração eletrônica 3d5 e, portanto, momento angular orbital nulo, L = 0, com spin S = 5/2 ( 6S 5/2 ). Se esse íon é

situado no cristal, a ausência de momento angular orbital faz com que a perturbação de primeira ordem causada pelo efeito spin órbita tenha um efeito insignificante sobre os níveis de energia. O campo cristalino da estrutura blenda é tetraédrico. Na estrutura wurtzita, ao campo cristalino tetraédrico superpõe-se a distorção trigonal devida à simetria do cristal, mas no caso do íon Mn++, nos devemos esperar um desdobramento muito pequeno do estado fundamental. Em estudos experimentais de EPR realizados em 1958-60,[1.5,6,7] encontrou-se um pequeno desdobramento do estado fundamental do íon Mn++.

Em trabalhos recentes com DMS Zn1-xMnxX (X = S,Se,Te), que têm estrutura de blenda, determinaram-se algumas constantes de troca Ji entre pares de

(4)

troca depois de J1 é J4, e não J2, como havia sido previsto[1.8]. Nosso estudo do Cd1-x MnxSe é o primeiro de um material do grupo II–IV com estrutura wurtzita.

Para a determinação da interação de troca utilizamos a técnica de sondar a estrutura dos níveis de energia de pequenos clusters de spins, principalmente pares [1.9]. Essa técnica consiste na observação de degraus de magnetização, em que são necessárias temperaturas muito baixas (kBT<<J), e campos magnéticos

tais que a energia de Zeeman seja grande (gmBH>>2J). Esta técnica foi

estabelecida no Laboratório de Estado Sólido e Baixa Temperatura (LESBT), com o desenvolvimento de refrigeradores de diluição construídos totalmente com plástico e com a implementação de um magnetômetro de força. Os detalhes serão vistos mais adiante.

Esta dissertação apresenta-se dividida da seguinte forma: No capítulo 2 tratamos das interações de troca d-d.

No capítulo 3 discutimos o modelo de ‘clusters’ de spins.

No capitulo 4 tratamos da magnetização e também descrevemos o fenômeno dos degraus de magnetização (MST).

No capítulo 5 discutimos o arranjo experimental, descrevendo o refrigerador de diluição de plástico, assim como o magnetômetro de força e demais aparatos.

No capítulo 6 apresentamos os resultados e a análises de dados experimentais. No capítulo 7 apresentamos as conclusões.

(5)

REFERÊNCIAS [1.1] J. K. Furdyna

J. Appl. Phys. 64, R29 (1988).

[1.2] B. E. Larson, K. C. Hass, H. Ehrenreich e A. E. Carlsson

Phys. Rev. B37, 4137 (1988) e Phys. Rev.B38, 7842E (1988). [1.3] Y. Shapira, S. Foner, D. H. Ridgley, K. Dwight e A. Wold.

Phys. Rev. B30, 4021 (1984).

[1.4] V. Bindilatti, T. Q. Vu, Y. Shapira, C. C. Agosta, E. J. Mcniff Jr., R. Kershaw, K. Dwight e A. Wold

Phys. Rev. B. 45, 5328 (1992). [1.5] P. B. Doraim

Phys. Rev. 112, 1058 (1958).

[1.6] S. P. Keller, I. L. Gelles e W. V. Smith

Phys. Rev. 110, 850 (1958). [1.7] J. Lambe e C. Kikuchi

Phys. Rev. 119, 1256 (1960).

[1.8] V. Bindillati, E. ter Haar, N. F. Oliveira Jr., Y. Shapira e M. T. Liu

Phys. Rev. Lett. 80, 5425 (1998). [1.9] Y. Shapira

em “Semimagnetic Semiconductors and Diluted Magnetic Semiconductors” editado por M. Averous e M. Balkanski ( Plenum Press., Nova Iorque e Londres 1991).

(6)

Filename: CAP-01r.doc

Directory: D:\User\Rafael\Tes-Diserta

Template: C:\Program Files\Microsoft Office\Office\Normal.dot

Title: CAPITULO 1

Subject:

Author: Instituto de Fisica Keywords:

Comments:

Creation Date: 10/02/01 11:36 PM Change Number: 41

Last Saved On: 01/28/02 9:02 PM

Last Saved By: Instituto de Fisica da USP Total Editing Time: 176 Minutes

Last Printed On: 08/25/03 2:49 PM As of Last Complete Printing

Number of Pages: 5

Number of Words: 1,216 (approx.) Number of Characters: 6,936 (approx.)

Referências

Documentos relacionados

Durante os 20 anos em que vivi no interior do Estado, conheci poucos negros, todavia, em Florianópolis, há expressivos números de afrodescendentes e lugares que

Foi lavado com este Magnesol um biodiesel virgem, para que assim fosse possível a comparação entre o biodiesel lavado com um adsorvente virgem, e outro biodiesel lavado com

Fazer a manutenção e lavagem dos equipamentos de proteção após cada aplicação do produto, longe de fontes de d’água para consumo.. Não lavar embalagens ou equipamento

Faza IIIc) Spregnuti presek prima uticaj različitog zagrevanja ploče i nosača 8.1.. PRORAČUN SPREGNUTE KONSTRUKCIJE SA PODIZANJEM U L/2 Faza Ia) Montaža čeličnog nosača

Dispõe sobre a adequação do plano diretor de Curitiba ao estatuto da cidade - Lei federal nº 10.257/01, para orientação e controle do desenvolvimento integrado

Caso não seja possível realizar o Estágio Supervisionado II na mesma escola em que você realizou o Estágio I, entre em contato com o professor coordenador da disciplina� Mas

Média e desvio padrão dos concluintes das questões discursivas no Componente de Formação Geral quanto a IES, UF, Grande Região, Categoria Administrativa, Organização Acadêmica

Devido aos resultados promissores para a remoção dos corantes verde brilhante e vermelho congo, via processo de adsorção com quitina como sólido adsorvente, foi