Curto, logo existo
Com a evolução e o aumento de
usuários e da importância das redes
sociais, o nome e a fotografia de cada
pessoa passaram a funcionar como o
substituto do sujeito. O “eu” real se
esvaziou para dar lugar ao “perfil”. O
filósofo
francês
René
Descartes
pensamento no século XVII, ao formular
em latim a seguinte proposição: “Penso,
logo existo” (Cogito, ergo sum). Era uma
forma de demonstrar que aquele que
existe raciocina e, por conseguinte, põe
em xeque o mundo que o cerca. A dúvida
científica substituía a certeza religiosa.
Hoje, Descartes se reviraria no seu
túmulo em Estocolmo, caso pudesse
seres humanos. “Curto, logo existo”
(Amo, ergo sum) parece ser a nova
atitude
lógica
popularizada
pelo
Facebook. A dúvida científica cedeu
espaço à presunção tecnológica.
Melhor ainda é a formulação da
jornalista americana Nancy Jo Sales no
livro Bling Ring – a gangue de
Hollywood: a dúvida sobre a existência
do ego deu lugar, na cultura do
ultraconsumismo e das celebridades, a
um outro tipo de pergunta: “Se postei
algo no Facebook e ninguém curtiu, eu
existo?”.
A resposta é: provavelmente não. Eu
existo se meus tuítes não são comentados
nem retuitados? Claro que não. E se são
curtidos
e
retuitados,
tampouco!
lugar dos indivíduos. Não há uma
transparência ou uma continuidade
natural entre o que somos de fato e o que
queremos ser nas redes sociais. Isso
parece óbvio, mas não o é para muita
gente. Agora as pessoas reais guardam
uma alta concentração de nada nos
cérebros, pois preferem jogar tudo o que
pensam e sentem via suas representações
nas redes sociais. Elas se tornam ocas
para rechear de signos seus perfis. O
verdadeiro eu migrou do mundo off-line
para o online.
É óbvio que os signos na internet
podem enganar, mentir e insidiosamente
simular um alter ego digital. Os vigaristas
e falsários pululam alegremente com suas
máscaras nas redes sociais. Quando
alguém me “curte” ou “não curte”, está
quer agradar e parecer inteligente? Nesse
sentido, se o eu do Facebook quiser se
sentir mais vivo com o número de pessoas
que o curtiram, estará caindo em uma
armadilha. Pois ele não é o que é nem
quem curte é o que parece ser. Mesmo
quando a boa-fé existe, ela deixa de o ser
porque nada se mantém estável no
ambiente da “curtição” do Facebook. [...]
(Luís Antonio Guiron, Época, 01 ago. 2013)Tese
O ponto de vista do autor; aquilo que ele
defende no texto.
É para sustentar a tese que o autor
apresenta argumentos no texto.
1. Qual(is) dos trechos a seguir aponta de
modo mais preciso para a tese do autor?
a) Com a evolução e o aumento de usuários e da importância das redes sociais, o nome e a fotografia de cada pessoa passaram a funcionar como o substituto do sujeito.
b) O “eu” real se esvaziou para dar lugar ao “perfil”. c) A dúvida científica substituía a certeza religiosa.
d) Hoje, Descartes se reviraria no seu túmulo em Estocolmo, caso pudesse observar o que se passa na cabeça dos seres humanos.
e) “Curto, logo existo” (Amo, ergo sum) parece ser a nova atitude lógica popularizada pelo Facebook.
f) A dúvida científica cedeu espaço à presunção tecnológica.
g) Ninguém existe nas redes sociais senão como representações, que estão ali no lugar dos indivíduos.
h) Não há uma transparência ou uma continuidade natural entre o que somos de fato e o que queremos ser nas redes sociais.
i) O verdadeiro eu migrou do mundo off-line para o online.
j) Os vigaristas e falsários pululam alegremente com suas máscaras nas redes sociais.
l) Nada se mantém estável no ambiente da “curtição” do Facebook.
Melhores escolhas
a) Com a evolução e o aumento de usuários e da importância das redes sociais, o nome e a fotografia de cada pessoa passaram a funcionar como o substituto do sujeito. b) O “eu” real se esvaziou para dar lugar ao “perfil”.
g) Ninguém existe nas redes sociais senão como representações, que estão ali no lugar dos indivíduos.
2. Então, qual seria a tese do autor?
Luís Antonio Guiron defende que os sujeitos
reais deram lugar a seus perfis, graças à
importância que as redes sociais ganharam na
sociedade atual.
3. Quais das afirmações abaixo são
argumentos para a tese do autor?
a) Hoje, Descartes se reviraria no seu túmulo em Estocolmo, caso pudesse observar o que se passa na cabeça dos seres humanos. “Curto, logo existo” (Amo, ergo sum) parece ser a nova atitude lógica popularizada pelo Facebook. A dúvida científica cedeu espaço à presunção tecnológica.
b) Melhor ainda é a formulação da jornalista americana Nancy Jo Sales no livro Bling Ring – a gangue de Hollywood: a dúvida sobre a existência do ego deu lugar, na cultura do ultraconsumismo e das celebridades, a um outro tipo de pergunta: “Se postei algo no Facebook e ninguém curtiu, eu existo?”.
A resposta é: provavelmente não.
c) Eu existo se meus tuítes não são comentados nem retuitados? Claro que não.
d) Ninguém existe nas redes sociais senão como representações, que estão ali no lugar dos indivíduos. Não há uma transparência ou uma continuidade natural entre o que somos de fato e o que queremos ser nas redes sociais. e) Agora as pessoas reais guardam uma alta concentração de nada nos cérebros, pois preferem jogar tudo o que pensam e sentem via suas representações nas redes sociais. Elas se tornam ocas para rechear de signos seus perfis. O verdadeiro eu migrou do mundo off-line para o online.
f) É óbvio que os signos na internet podem enganar, mentir e insidiosamente simular um alter ego digital. Os vigaristas e falsários pululam alegremente com suas máscaras nas redes sociais.
g) Quando alguém me “curte” ou “não curte”, está agindo com sinceridade na mensagem ou quer agradar e parecer inteligente?
h) Nesse sentido, se o eu do Facebook quiser se sentir mais vivo com o número de pessoas que o curtiram, estará caindo em uma armadilha. Pois ele não é o que é nem quem curte é o que parece ser.
i) Mesmo quando a boa-fé existe, ela deixa de o ser porque nada se mantém estável no ambiente da “curtição” do Facebook.
Melhores escolhas
Todas as alternativas são argumentos.
Como agrupá-los?
Lógico e autoridade
a) Hoje, Descartes se reviraria no seu túmulo em Estocolmo, caso pudesse observar o que se passa na cabeça dos seres humanos. “Curto, logo existo” (Amo, ergo sum) parece ser a nova atitude lógica popularizada pelo Facebook. A dúvida científica cedeu espaço à presunção tecnológica.
A racionalidade proposta pelo modelo cartesiano, fonte primeira da própria existência (“Penso, logo existo”) parece ter sido substituída pela vaidade das redes sociais
b) Melhor ainda é a formulação da jornalista americana Nancy Jo Sales no livro Bling Ring – a gangue de Hollywood: a dúvida sobre a existência do ego deu lugar, na cultura do ultraconsumismo e das celebridades, a um outro tipo de pergunta: “Se postei algo no Facebook e ninguém curtiu, eu existo?”.
A resposta é: provavelmente não.
c) Eu existo se meus tuítes não são comentados nem retuitados? Claro que não.
Esse novo modelo é defendido por outras pessoas, como a americana Nancy Jo Sales. A existência do indivíduo parece ser derivada das curtidas e retuitadas em seu perfil.
A racionalidade proposta pelo modelo cartesiano, fonte primeira da própria existência (“Penso, logo existo”) parece ter sido substituída pela vaidade das redes sociais (“Curto, logo existo”).
NeEsse novo modelo, é defendido por outras pessoas, como a americana Nancy Jo Sales. Aa existência do indivíduo parece ser é derivada das curtidas e retuitadas em seu perfil.
A racionalidade proposta pelo modelo cartesiano, fonte existência (“Penso, logo existo”) parece ter sido substituída pela vaidade das redes sociais (“Curto, logo existo”). Nesse novo modelo, a existência do indivíduo é derivada das curtidas e retuitadas em seu perfil.
Lógica
d) Ninguém existe nas redes sociais senão como representações, que estão ali no lugar dos indivíduos. Não há uma transparência ou uma continuidade natural entre o que somos de fato e o que queremos ser nas redes sociais. e) Agora as pessoas reais guardam uma alta concentração de nada nos cérebros, pois preferem jogar tudo o que pensam e sentem via suas representações nas redes sociais. Elas se tornam ocas para rechear de signos seus perfis. O verdadeiro eu migrou do mundo off-line para o online.
A representação do indivíduo (perfil) descarrega tudo o que o indivíduo real sente e pensa, esvaziando este em detrimento da existência daquele.
Lógica
f) É óbvio que os signos na internet podem enganar, mentir e insidiosamente simular um alter ego digital. Os vigaristas e falsários pululam alegremente com suas máscaras nas redes sociais.
g) Quando alguém me “curte” ou “não curte”, está agindo com sinceridade na mensagem ou quer agradar e parecer inteligente?
h) Nesse sentido, se o eu do Facebook quiser se sentir mais vivo com o número de pessoas que o curtiram, estará caindo em uma armadilha. Pois ele não é o que é nem quem curte é o que parece ser.
i) Mesmo quando a boa-fé existe, ela deixa de o ser porque nada se mantém estável no ambiente da “curtição” do Facebook.
O ambiente virtual pode enganar, à medida que a representação de alguém pode ser bem diferente do que ela é na realidade.
Da mesma forma, as curtidas recebidas podem ser falsas, porque o ambiente permite isso. Ou seja, quem posta e quem curte agem por representações. Nesse contexto, quem existe?
O ambiente virtual pode enganar, à medida que a representação de alguém pode ser bem diferente do que ela é na realidade., tanto quanto
Da mesma forma, as curtidas recebidas podem ser falsas. porque o ambiente permite isso. Ou seja, quem posta e quem curte agem por representações. Nesse contexto, quem existe? Dessa forma, a existência volta a ser nula, porque não são os indivíduos, mas suas representações que agem.
O ambiente virtual engana, à medida que a representação de alguém pode ser bem diferente do que ela é na realidade, tanto quanto as curtidas recebidas podem ser falsas. Dessa forma, a existência volta a ser nula, porque não são os indivíduos, mas suas representações que agem.