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O capítulo 5 descreveu a pesquisa realizada com tradutores brasileiros sobre o uso dos sistemas de memória de tradução e apresentou a metodologia

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Academic year: 2021

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O presente estudo teve por objetivo analisar os principais fatores que levam a problemas de qualidade nos sistemas de memória de tradução e apresentar sugestões para melhorar o controle da qualidade realizado, ressaltando a necessidade de manutenção e revisão das memórias para que realmente sirvam ao propósito de serem ferramentas e, não, empecilhos para o tradutor. A análise de dados foi feita em segmentos de memórias de tradução que apresentavam problemas de qualidade de diferentes níveis, desenvolvidas em dois sistemas de memória (Trados Translator’s Workbench e Wordfast) por equipes tradutores atuando em projetos de localização.

Considerando que os sistemas de memória de tradução foram desenvolvidos sobretudo para atender às demandas por ganhos de produtividade e padronização terminológica do mercado de localização de software, em função da necessidade de atualização constante e reaproveitamento de versões anteriores de produtos de software em geral, foi nesse segmento que o estudo se concentrou. O capítulo 2 explicou em linhas gerais o que é localização, seu desenvolvimento e influência para o desenvolvimento das memórias de tradução, contextualizando a importância dessas ferramentas para o sucesso de um projeto.

O capítulo 3 apresentou a fundamentação teórica que embasou o estudo, discutindo os conceitos de equivalência, erro e avaliação de diferentes correntes teóricas de tradução, mostrando ser a abordagem funcionalista a que melhor dá conta da localização.

O capítulo 4 mostrou o que existe no mercado de localização para controlar a qualidade lingüística dos projetos e procurou ressaltar que contribuições a abordagem funcionalista à avaliação de tradução pode trazer para os processos de revisão e manutenção das memórias, propondo princípios gerais que poderão nortear esses procedimentos.

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O capítulo 5 descreveu a pesquisa realizada com tradutores brasileiros sobre o uso dos sistemas de memória de tradução e apresentou a metodologia empregada para a análise de dados.

O capítulo 6 consistiu na análise de dados propriamente dita, com exemplos de diferentes memórias de tradução, mostrando que, independentemente do tamanho ou do conteúdo da memória, se não houver um processo sistemático de revisão e manutenção, esses sistemas armazenarão erros dos mais variados tipos que poderão ser propagados em futuros projetos.

Como vimos, se, por um lado, os avanços trazidos pelo uso dos sistemas de memória de tradução ao processo de localização são inegáveis – reduzindo custos dos projetos, otimizando o controle das versões de softwares, trazendo ganhos de produtividade pela automatização de processos repetitivos –, por outro, existem riscos associados à sua utilização que também devem ser discutidos, sobretudo levando em conta o objetivo pelo qual os sistemas de memória foram desenvolvidos, qual seja, o reaproveitamento de traduções anteriores. Ora, para que uma tradução seja reaproveitada é condição sine qua non que atenda a certos padrões de qualidade. Como este estudo pretendeu mostrar, para que os sistemas de memória de tradução realmente sirvam ao propósito de ferramentas de auxílio à tradução, é preciso haver um controle sistemático das memórias, por meio de procedimentos regulares de revisão e manutenção. Caso contrário, as memórias podem conter erros variados e servir como fonte propagadora de erros. De nada adiante ter um banco de dados enorme repleto de problemas de tradução, erros de gramática ou terminologia inadequada.

Durante o desenvolvimento do estudo, tive oportunidade de entrar em contato com vários tradutores autônomos, gerentes de projeto e de qualidade em diferentes empresas de localização que compartilhavam a mesma experiência: existe um problema de qualidade nas memórias de tradução que persiste, apesar dos modelos de controle da qualidade desenvolvidos pelas empresas. A análise de dados apresentou casos representativos desses erros para ilustrar os tipos de dificuldades enfrentadas.

Assim, ao final desse estudo, algumas conclusões de aplicação geral podem ser tiradas:

- existe a necessidade de haver um processo sistemático e separado para a revisão e a manutenção da memória de tradução;

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- a revisão deve ser norteada por princípios gerais, com o objetivo de eliminar os erros encontrados, sem exigência de classificação desse erros em tipologias específicas;

- esse processo deve ser realizado por usuários experientes com domínio dos recursos oferecidos pela ferramenta em que a memória foi desenvolvida, com conhecimento sobre o projeto e com acesso às especificações do cliente e material de referência.

Para alcançar esses objetivos, acredito que a melhor solução seria incorporar a revisão e a manutenção das memórias de tradução ao processo de localização, como etapa final do projeto no qual ela foi empregada, deixando-a pronta para reutilização posterior.

Assim, uma proposta para minimizar os problemas de qualidade nas memórias de tradução é criar uma equipe especializada que assuma tal responsabilidade. O foco é fazer um controle rígido por meio da revisão da memória para identificar os erros antes que eles se instalem e passem a ser propagados pelos tradutores que participem de projetos de localização, com base em princípios gerais que podem nortear o processo de análise (adequação terminológica, problemas de tradução e uso da língua). Evidentemente, cada projeto é diferente e assim deve ser administrado. Se o processo de revisão e manutenção for periódico, não será necessário fazer a revisão completa todas as vezes e haverá sempre a garantia de que a memória está em condições adequadas para reutilização. Assim que determinada memória fosse considerada livre de erros, um filtro por data poderia ser criado, por exemplo, para fazer a revisão somente a partir de determinada data. Idealmente, esse procedimento deveria estar presente em todos os projetos, independentemente do tamanho. Uma solução dessa natureza implica decisões gerencias e financeiras que cabem às empresas implementar ou não. No entanto, a equipe responsável pela revisão e manutenção das memórias pode ser a mesma encarregada do controle da qualidade durante o projeto, uma vez que conhece as especificações do cliente, o material de referência, o público-alvo do produto sendo traduzido etc. e está integrada aos processos de trabalho da empresa de localização. A empresa de localização, por sua vez, poderá oferecer esse serviço a seus clientes, como mais uma etapa de controle da qualidade dos projetos. Além disso, os tradutores autônomos que participarem de novos projetos também terão certeza de que estarão recebendo

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uma memória que já foi submetida a uma revisão e que, portanto, é confiável enquanto fonte de referência.

Quando a memória é desenvolvida pelo próprio tradutor, o processo é um pouco diferente, porque não envolve outras instâncias. Para o tradutor autônomo que desenvolve suas próprias memórias de tradução, é mais fácil manter suas memórias atualizadas, uma vez que ele tem o controle sobre o trabalho e pode atuar de forma independente, fazendo a revisão ou a manutenção conforme julgar necessário. Cabe ao próprio tradutor usuário do sistema de memória incorporar à sua rotina de trabalho esses processos. Pode-se traçar um paralelo com a rotina de criação de cópias de segurança, ou backups, e o uso de programas antivírus. Assim que tiver sido incorporada à rotina de trabalho do tradutor, fazer a revisão e a manutenção das memórias passará a ser um processo natural.

7.1.

Possíveis desdobramentos desta pesquisa

Como mencionado no primeiro capítulo, este é campo novo e há muito ainda por fazer. Os poucos estudos existentes sobre memória de tradução são de cunho comparativo e tratam principalmente de questões ligadas à interface do usuário. Nesse contexto, existe uma gama de possibilidades a serem exploradas, inclusive relativas aos aspectos técnicos envolvidos na criação dos sistemas de memória, questão não contemplada aqui.

O presente estudo também não contempla o uso integrado de sistemas de tradução automática e de memória de tradução, mas essa é uma linha que pode ser seguida, uma vez que um número crescente de ferramentas de memória de tradução oferece suporte à tradução automática. O Trados Translator’s Workbench, por exemplo, é inteiramente compatível com os sistemas LOGOS e Systran. O Wordfast oferece suporte a todos os programas que criam menus no Word, já que está inteiramente integrado ao MS Word, como vimos.

Outra linha para futuras investigações pode ser averiguar o que os outros sistemas de memória de tradução disponíveis no mercado oferecem em termos de recursos de revisão e manutenção e verificar se são melhores e mais eficientes do que os existentes no Trados Translator’s Workbench ou Wordfast. Outra possibilidade é usar outros pares de idiomas para análise de dados e verificar se os

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mesmos problemas de qualidade existem. Acredito que os mesmos princípios adotados neste estudo para o par inglês-português possam ser empregados com sucesso em outros pares de idiomas, reforçando a necessidade de revisão e manutenção das memórias, independentemente dos idiomas de origem e destino.

Também pode ser interessante investigar o grau de eficiência oferecido pelo uso de sistemas de gerenciamento de terminologia integrados aos sistemas de memória de tradução e sua contribuição para a geração de glossários multilíngües especializados.

Uma discussão interessante que não foi aprofundada neste estudo, mas que surgiu nas respostas ao questionário elaborado para fins desta pesquisa, envolve o problema trazido pelo achatamento dos preços por palavra, com base nos graus de equivalência apresentados pelos programas de memória de tradução. Esse é um problema sério que merece atenção, já que pode ter conseqüências negativas para a indústria da localização. Há uma consciência cada vez maior por parte de tradutores mais experientes de que este setor exige profissionais especializados com domínio de diferentes ferramentas. O tradutor sabe que precisa acompanhar de perto as tendências do mercado e investir constantemente para manter seu equipamento atualizado (tamanho do disco rígido, memória RAM, programas compatíveis, sem contar os próprios programas de memória que estão sempre atualizando suas versões), e rejeita a idéia de receber menos por palavra depois de tanto investimento.

Em uma perspectiva mais abrangente, esta pesquisa também pode ser relevante no ensino da tradução, nos cursos de formação ou especialização de tradutores voltados para o uso de ferramentas de tradução. Os aprendizes de hoje serão os profissionais do futuro e, como tal, precisam conhecer os recursos que estão disponíveis para aprimorar seu trabalho e os riscos que oferecem.

7.2.

Perspectivas para o futuro

Os avanços da tecnologia apontam para caminhos cada vez mais abrangentes, com os sistemas de memória de tradução desempenhando funções de gerenciamento do fluxo de traduções, com compartilhamento de recursos pela Internet. Essa perspectiva assume uma dimensão ainda maior quando

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consideramos a possibilidade do uso dos padrões abertos, que permitem a troca das memórias entre fornecedores e sua utilização em qualquer plataforma, independentemente do desenvolvedor.

Os fabricantes e especialistas da indústria afirmam que o compartilhamento de memórias de tradução via Internet constituirá a próxima grande melhoria em termos de economia de custos para o fluxo de trabalho da localização desde o surgimento da ferramenta de memória em si.

Entretanto, é preciso considerar cuidadosamente a proeminência dada à tecnologia na indústria da localização e em muitas outras áreas. O futuro promete um uso cada vez mais intenso da tecnologia como forma de diferenciação no mercado. No entanto, é fundamental ressaltar que o tipo de tecnologia a ser utilizada vai depender do tipo de projeto, da natureza do texto e do público-alvo pretendido. O uso da tecnologia inadequada provavelmente levará a resultados indesejados. É importante lembrar que nenhuma ferramenta, por melhor e mais avançada que seja, pode prescindir da intervenção humana. Ganhos de produtividade, eficiência e redução de custos podem ser alcançados, mas não há solução milagrosa.

É importante lembrar que a tecnologia pode nos ajudar a aumentar a produtividade e a velocidade dos processos, mas também pode multiplicar o caos, a falta de gerenciamento e planejamento. A mais recente ferramenta de tradução pode acabar se tornando um estorvo em vez de um banco de dados útil nas mãos de um tradutor despreparado ou que não tem condições de utilizá-la eficazmente. Sem um processo sistemático de controle da qualidade e sem padrões de desempenho específicos, nem mesmo a mais avançada tecnologia poderá garantir resultados satisfatórios.

Na verdade, o problema surge quando há um excesso de confiança na tecnologia e uma ênfase excessiva é colocada no processamento automático em detrimento do tradutor. Esse problema também foi indicado por alguns tradutores que responderam ao questionário elaborado para fins desta pesquisa. Muitas vezes, por falta de tempo, ou mesmo, por orientação do cliente, o tradutor utiliza os recursos automáticos dos programas de memória para acelerar o trabalho e acaba inserindo e propagando erros, em vez de minimizá-los.

Além disso, é preciso sempre ter em mente um horizonte de longo prazo. Como todo investimento, esses sistemas requerem planejamento e manutenção.

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Não basta usar a tecnologia. É preciso saber implementá-la, integrando-a aos processos de trabalho existentes. A tecnologia é uma criação humana. Precisamos saber usá-la para evitar que fiquemos subordinados à ela.

Referências

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