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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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Registro: 2016.0000093659 ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0020416-87.2011.8.26.0071, da Comarca de Bauru, em que é apelante JOSE LEONEL MACIEL JUNIOR, é apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO.

ACORDAM, em 16ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de

São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram parcial provimento ao recusro, nos termos do v. acórdão. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GUILHERME DE SOUZA NUCCI (Presidente), LEME GARCIA E OSNI PEREIRA.

São Paulo, 23 de fevereiro de 2016.

Guilherme de Souza Nucci RELATOR

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Apelação nº 0020416-87.2011.8.26.0071 Comarca: Bauru

Apelante: JOSE LEONEL MACIEL JUNIOR Advogado: Luis Delledono

VOTO Nº. 11931

Apelação. Furto qualificado tentado. Pleito de absolvição por falta de provas. Inviabilidade. Farto e suficiente conjunto probatório, ratificado pela confissão do apelante. Qualificadora relativa à escalada devidamente demonstrada. Condenação mantida. Processos sem trânsito em julgado não podem ser considerados para majorar a reprimenda, sob pena de ofensa à presunção de inocência. Redução concedida apenas. Compensação entre a reincidência e a confissão espontânea. Redução adequada ao 'iter crimins' percorrido. Parcialmente provido.

Trata-se de recurso de apelação interposto por JOSE LEONEL MACIEL JUNIOR contra sentença de primeiro grau (fls. 112/114), prolatada em 11 de julho de 2014, pelo MM. Juiz de Direito, Dr. Benedito Antonio Okuno, da 1ª Vara Criminal da Bauru, que condenou às penas de 1 ano e 2 meses de reclusão, em regime inicial fechado, e pagamento de 5 dias-multa, no mínimo legal, declarando-o como incurso no art. 155, § 4º, inciso II, combinado com o art. 14, inciso II, ambos do Código Penal.

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objetivando, em resumo, absolvição por insuficiência de provas, bem como o afastamento da qualificadora e, subsidiariamente, a mitigação da reprimenda.

Em suas contrarrazões, o Ministério Público endosso parcialmente as razões defensivas, pugnando pelo afastamento dos maus antecedentes.

A douta Procuradoria Geral de Justiça, em seu parecer, bateu-se pelo acerto do decisum, opinando pelo improvimento ao recurso.

É o relatório.

Devidamente processado, o apelo defensivo comporta parcial provimento, merecendo reparo a r. decisão atacada.

Segundo descreve a denúncia, em 27 de maio de 2011, na Rua Araújo Leite, nº 35, o apelante tentou subtrair, mediante escalada, utensílios domésticos e artigos de bebê (pacotes de fraldas, panelas, canecas e caldeirões de alumínio), avaliados em R$192,00, em prejuízo à Waldemar Caselato, somente não consumando o delito graças à rápida intervenção policial.

A materialidade e a autoria restaram amplamente demonstradas, conforme provas coligidas, todas produzidas em perfeita consonância, restando de rigor a manutenção do édito condenatório em desfavor do apelante.

A vítima Waldemar narrou não ter presenciado os fatos, pois estava em seu trabalho, quando recebeu um telefonema informando sobre o furto de sua

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residência. Ao chegar em sua casa, deu falta dos bens descritos na denúncia, provenientes de doações para uma instituição de caridade, da qual é mantenedor. Salientou que o ingresso em sua residência se deu mediante a escalada de um muro, pois parte dos bens estaria jogado no terreno vizinho ao imóvel.

O policial Marcelo Novaes relatou ter sido acionado para atender à notícia de furto e, em diligência até o local informado, surpreendeu o recorrente saltando o muro, carregando um saco, consigo um saco, com parte da res furtiva. No terreno vizinho existia outra sacola, com iguais dimensões, contendo o restante dos produtos furtados. Diante disso, o apelante foi detido e conduzido ao distrito policial, sendo certo que o mesmo já era conhecido, por práticas semelhantes.

O recorrente, em seu interrogatório, confessou integralmente os fatos, esclarecendo ter sido detido, logo ao saltar o muro da casa, enquanto saia com as sacolas.

Os autos de exibição, apreensão e entrega (fls. 13/15) aliados ao auto de avaliação (fl. 34) é suficiente à materialidade delitiva, descrevendo estado do bem subtraído.

Quanto ao depoimento do policial militar, deve ser analisado sob o mesmo prisma de qualquer outra testemunha, não tendo seu valor diminuído pelo fato de ser servidor público. A esse respeito, valioso mencionar decisão do Superior Tribunal de Justiça, in litteris:

Conforme entendimento desta Corte, o depoimento de policiais responsáveis pela

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prisão em flagrante do acusado constitui meio de prova idôneo a embasar o édito

condenatório, mormente quando

corroborado em Juízo, no âmbito do

devido processo legal. (HC 166979/SP. Min.

Rel. Jorge Mussi. 5ª Turma. DJe 15.08.2012)

Ademais, sendo agente público, goza de presunção de legitimidade, não se podendo, em princípio, considerá-lo inidôneo ou suspeito para prestar depoimentos, exclusivamente por sua condição funcional, na ausência de quaisquer elementos concretos aptos a eivar sua credibilidade, os quais, in casu, inexistem.

Diante do quadro, a versão apresentada pelo apelante converge com as demais provas coligidas, sendo, de rigor, a manutenção do édito condenatório em seu desfavor.

Conforme uníssono acervo oral, o recorrente foi detido em posse da res furtiva, ainda saltando o muro, ocasião em que confessou seu intento delitivo.

No mesmo passo, inequívoco o

reconhecimento da qualificadora relativa à escalada, devidamente certificada pelo laudo pericial (fl.44), bem como da situação em que se efetuou a prisão em flagrante.

Não fosse suficiente, o próprio apelante asseverou ter saltado o muro, em plena consonância com o relato do policial responsável por detê-lo.

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afastamento da reconhecida qualificadora.

De tal sorte, amplamente demonstradas autoria e materialidade do delito, irreprochável a condenação do apelante como incurso na conduta delitiva prevista no art. 155, § 4º, II do Código Penal, devidamente respaldada no harmônico conjunto probatório coligido na fase instrutória, cuja reprimenda comporta pequeno reparo.

Na dosimetria da pena, consoante o art. 59 do Código Penal, a reprimenda foi exasperada pelo magistrado a quo, a título de maus antecedentes, contudo escorado exclusivamente em feito desprovido de condenação definitiva (fl. 82).

Todavia, imperioso observar a

inidoneidade de condenações não transitadas em julgado para agravar a reprimenda, sob pena de ofensa ao princípio da presunção de inocência. Neste sentido, vimos defendendo:

Não se deve levar

em conta inquéritos arquivados,

processos com absolvição ou em

andamento, feitos prescritos (pretensão punitiva), entre outros fatores transitórios ou concluídos positivamente para o réu, como causa de majoração da reprimenda. Ilustrando, se o acusado foi absolvido, como poderia gerar essa absolvição o aumento de sua pena num processo futuro? Seria evidente lesão ao princípio

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constitucional da presunção de inocência2.

Com efeito, as mencionadas

condenações sequer transitadas em julgado, não podem ser consideradas como maus antecedentes.

Dessa feita, mantenho a pena-base em seu patamar mínimo legal perfazendo 2 anos de reclusão e pagamento de 10 dias-multa.

Na etapa seguinte, uma vez compensada a reincidência (fl. 85 condenação por semelhante delito, não atingida pelo período depurador) com a confissão espontânea, a reprimenda mantém-se no mesmo patamar.

Na etapa final, igualmente adequada a redução de 1/2, uma vez proporcional à razoável parcela do iter

criminis percorrida, tornando-a definitiva em 1 ano e pagamento

de 5 dias-multa, ante a ausência de demais causas modificadoras.

Por derradeiro, a quantidade de pena estabelecida, aliada às condições pessoais do apelante (reincidente específico, que ainda responde pelo cometimento de outra prática semelhante), permite a manutenção do regime fechado, único producente à reprovação do delito, igualmente ilidindo a substituição por restritiva de direitos, nos exatos moldes esposados pelo juiz sentenciante.

Ante o exposto, pelo meu dou parcial

provimento ao recurso interposto por JOSE LEONEL MACIEL

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JUNIOR, reduzindo sua reprimenda ao montante de 1 ano de reclusão e pagamento de 5 dias-multa, mantendo-se, no mais, a r. sentença atacada, por seus próprios e jurídicos fundamentos.

GUILHERME SOUZA NUCCI Relator

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