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Reflexos da desconsideração do Acidente de percurso em Acidente de trabalho

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REFLEXOS DA DESCONSIDERAÇÃO DO ACIDENTE DE TRAJETO EM ACIDENTE DE TRABALHO

Içara 2020

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REFLEXOS DA DESCONSIDERAÇÃO DO ACIDENTE DE TRAJETO EM ACIDENTE DE TRABALHO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Francisco Luiz Lazendorf.

Içara

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REFLEXOS DA DESCONSIDERAÇÃO DO ACIDENTE DE TRAJETO EM ACIDENTE DE TRABALHO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Direito e aprovado em sua forma final pelo Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Içara, (dia) de (mês) de 2020.

______________________________________________________ Professor e orientador Francisco Luiz Lazendorf, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Reginaldo Messaggi, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Silvio Gama Farias, Esp.

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disposição e dedicação em ver concluída com êxito essa importante etapa da minha vida acadêmica.

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Meus agradecimentos a minha esposa Katia Regina dos Santos de Castro que não mediu esforços para me ver de volta aos bancos da universidade quando já não encontrava mais o caminho de volta para seguir adiante na continuidade do curso.

Aos meus filhos, Helen, David, Estevão, Bianca, Bruno (obitus) e Alan que foram parceiros nos incentivos e elogios quando me impulsionavam com coragem e força para que eu seguisse avante no ambiente acadêmico.

Ao professor Francisco Luiz Lazendorf pelo apoio e incentivo quando em dúvidas frente a proposta de outra instituição Universitária me instigou a conclusão do curso junto a Universidade.

Ao meu Pai Astrogildo Castro e minha mãe Terezinha Pacheco Castro (ambo obitus) por acreditar na minha capacidade e me dando coragem quando apavorado frente a trabalhos e provas com aquele sorriso tranquilizador ela me levantava o ânimo afirmando que aqueles desafios não eram nada para mim pois que eu tiraria de letra.

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mais o lugar em que estamos hoje, e a vislumbrar melhor onde queremos chegar.” ( René Mendes, 1998)

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O acidente de percurso ou acidente de trajeto é uma modalidade de acidente de trabalho que vem seriamente sendo discutido por setores que representam tanto a classe trabalhadora quanto pela classe patronal os quais através de seus sindicatos buscam um equilíbrio neste impasse que tem provocados os ânimos em todos os setores. Alvo de projetos e campanhas que tem como objetivo retirar dos ombros das empresas o ônus da responsabilidade pelo deslocamento de seus funcionários de sua residência para o trabalho ou vice e versa. Se de um lado as empresas não querem arcar com este compromisso imposto pela atual legislação complexa e confusa, por outro lado os empregados não querem a sensação da descobertura por parte da empresa de lhes assegurar as garantias legais nos seus deslocamentos. Uma queda de braço que sinaliza a incerteza de uma solução pacifica que embora todos os esforços de ambas as partes em encontrar uma equalização de entendimentos, lá se foram trinta anos de legislações trabalhistas no Brasil, o que infelizmente não demonstra nenhum sinal de que teremos uma solução em menos tempo do que já se passou.

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The Road accident or Road accident is a type of work accident that has been seriously discussed by sectors that represent both the working class and the employer class who through their unions seek a balance of this impasse that has provoked the spirits in all sectors. Target of projects and campaigns that aims to remove from the shoulders of the company the burden of responsibility for the displacement of its employees from their residence to work or work to residence. If on the one hand companies do not want to pay for this commitment imposed by the current complex and confusing legislation, on the other hand employees do not want the feeling of the company's discoverage to guarantee them the legal guarantees in their travel. An arm wrestling that signals the uncertainty of a peaceful solution that although all efforts of both parties to find an equalization of understandings, there were thirty years of labor legislation in Brazil, which unfortunately shows no sign that we will have a solution in less time than has already happened.

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1 INTRODUÇÃO 12

1.1 Delimitação do tema e formulação do problema 14

1.1.1 Delimitação do problema 14 1.1.2 Formulações do problema 14 1.2 OBJETIVOS 14 1.2.1 Objetivos gerais 14 1.2.2 Objetivos específicos 15 1.3 JUSTIFICATIVA 15 1.4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO 16 1.4.1 Método 16 1.4.2 Tipo de pesquisa 17 1.5 ESTRUTURA DO RELATÓRIO 17

2 HISTORIA DO ACIDENTE DE TRABALHO NO BRASIL 19

2.1 CONCEITO DE ACIDENTE DE TRABALHO 19

2.2 ESPÉCIE DE ACIDENTE DO TRABALHO E SUAS CARACTERISTICAS 21

2.2.1 Acidente de trabalho típico 22 2.2.2 Doenças profissionais 22

2.2.3 Acidentes de trabalho por equiparação 22

2.3 EMISSÃO DE COMUNICAÇÃO ACIDENTE 24

2.4 TRIPLICE DO NEXO CAUSAL 26

3 MEDIDA PROVISÓRIA 905/2019 28

3.1 O QUE MUDOU EM RELAÇÃO AO ACIDENTE DE PERCURSO COM A MP

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3.2 APOSENTADORIA POR INVALIDEZ DO ACIDENTADO NO TRABALHO 30

3.3 APARTIR DE QUANDO É DEVIDO O AUXÍLIO 31

3.4 AS OBRIGAÇÕES DA EMPRESA EM CASO DE ACIDENTE DE TRABALHO

32

3.5 IDENIZAÇÃO DO SEGURO DPVAT NO ACIDENTE DE PERCURSO 33

3.6 LEI 8.213/1991 35

3.7 DOENÇA PROFISSIONAL X DOENÇA DO TRABALHO 36

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4.1 EXCEÇÃO À REGRA 39

4.2 PROGRAMA TRABALHO SEGURO 41

5 CONCLUSÃO... 43

REFERÊNCIAS 46

ANEXOS A - BONBA RELÓGIO 49

ANEXOS B - IMPREVISTO NO CAMIMHO 50

ANEXOS C – AS EMPRESAS NÃO QUEREM CARREGAR ÔNUS 51 ANEXOS D - ACIDENTES DE TRABALHO 52

ANEXOS E - ACIDENTES DE TRABALHO II53

ANEXOS F - ACIDENTES DE TRAJETO E ANOVA CLT 54 ANEXOS G - NÃO É MAIS ACIDENTES DE TRABALHO 55

ANEXOS H – LEI 8213 – QUALQUER QUE SEJA O MEIO DE LOCOMOÇÃO 56 ANEXOS I - AÇÕES QUE PODEM SER ÚTEIS 57

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1 INTRODUÇÃO

Considere a seguinte situação. Ao sair de casa para trabalhar no caminho que costuma fazer todos os dias, sofre um acidente de trajeto. Uma batida de carro, um atropelamento ou uma queda na rua, não importa, o fato é que fica impossibilitado de ir à empresa. O que fazer?

Muitos trabalhadores entendem que esse período de deslocamento já é uma parte do dia dedicada às empresas e por isso, a empresa deve ser responsabilizada. As empresas, entretanto, não querem ver sob esta ótica.

Então, fica a dúvida: esse tipo de acidente é um acidente de trabalho? E, afinal, quem deve pagar essa conta? Por esta razão é preciso entender como a legislação caracteriza um acidente de trabalho.

De acordo com o artigo 19 da Lei 8.123/1991, ele “ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa […] provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”.

Portanto na presente obra buscarei demonstrar ambos os lados da questão, onde de um lado os trabalhadores e seus sindicatos fins defendem a manutenção desta garantia, enquanto que por outro lado as empresas pleiteiam pelo afastamento da responsabilidade pelo ônus dessa natureza, uma vez que tal não ocorre nos limites de sua propriedade laborativa.

Esta queda de braço sequer sinaliza um fator de equilíbrio tanto para um lado quanto para o outro, restando ao judiciário exercer o papel de apaziguador do conflito diante dos fatos narrados pelos envolvidos, o que na maioria das vezes ao invés de solucionar o impasse acabam gerando ainda mais incertezas e transtornos as partes.

A pergunta que não quer calar sem uma resposta objetiva é se o acidente de trajeto deve ou não ser considerado um acidente de trabalho.

Por esta razão trago na presente obra os dois lados da moeda na busca de não apenas entender os conflitos mas em especial oferecer uma proposta equalizadora do impasse que ao longo dos anos tem sido peças centrais de ações judiciais, conflitos de normas, temas preferidos nos palanques de campanhas eleitorais nas propostas de candidatos e o que é pior um peso nos ombros de gestores incapazes de implantar uma solução equilibrada nem nas empresas nem nos governos que se revezam no poder executivo.

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Classes divididas entre sim tanto dos representantes empresariais quanto dos trabalhadores que se arrastam pelo universo da incerteza na busca de resolução do conflito.

Essa problemática fez despertar no pesquisador o interesse em abordar o referido tema, uma vez que sendo analisado de forma equivocada pelo magistrado pode vir a resultar em injustiças, tanto em prejuízo do trabalhador, nos casos de absolvição da empresa por falta de provas, quanto em prejuízo da empresa, quando, inocente, sofre condenação pela prática de um ato cuja responsabilidade não teve nexo de causalidade.

Nessa esteira, a presente monografia tem por objetivo responder à seguinte questão-problema:

O Acidente de Percurso deve ou não ser considerado um Acidente de Trabalho? Qual o valor probatório que as alegações do trabalhador exercem sobre o livre convencimento do magistrado nos acidentes de percurso? Que provas precisa este produzir? A empresa ao refutar as provas o que poderia contestar, caso desconsidere sua responsabilidade objetiva?

Assim, visando atingir-se esse objetivo de forma didática e fundamentada, o método de abordagem utilizado foi a leitura de jurisprudências, leis, regras e normas bem como a busca de doutrinadores que tratam do referido tema, sites na internet que tratam avidamente do assunto, bem como trabalhos acadêmicos que já se desenvolveram na busca de analisar esta temática.

Uma vez que serão analisados aspectos gerais, será necessário a busca de jurisprudências sobre julgados relacionados bem como do estudo da legislação em vigor tanto quanto do processo Trabalhista como forma de se alcançar a justiça, convergindo, ao final, à abordagem dos aspectos especiais, consistentes nos elementos que circundam a questão-problema.

No que tange à técnica de pesquisa, será ela bibliográfica e documental, sendo enriquecida com o conteúdo obtido ao conversar com empresários da região.

Na parte bibliográfica, utiliza-se como fontes obras doutrinárias e material captado na rede mundial de computadores; na documental, o pesquisador socorre-se de textos de lei (documentos normativos) e de excertos jurisprudenciais;

Ao término, já nas considerações finais, se procura fazer um apanhado do trabalho desenvolvido e, sobretudo, responder a questão-problema proposta.

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1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Este capítulo aborda os elementos que compõem a etapa decisória do projeto, desde a delimitação do tema, até os conceitos operacionais, requisitando, para isso, dedicação e profundidade no estudo, como condição fundamental para a dinâmica da pesquisa monográfica.

1.1.1 Delimitação do tema

Em sua dimensão operacional, o acidente de trajeto tem sido destaque há anos, especialmente por não ser tão comum devido às suas particularidades.

Não se trata de um tema relativamente novo, mas que merece ser amplamente debatido. Frisa-se que o Estado, conforme prevê em nossa Constituição Federal, tem diversos indicativos dos rumos a seguirem o que veremos ao longo do contexto.

Com base no exposto, apresenta-se a seguinte delimitação temática de pesquisa: Quais os reflexos da desconsideração do acidente de trajeto em acidente de trabalho.

1.1.2 Formulação do problema

Para corroborar com a natureza do tema proposto, bem como motivar a investigação, lançaram-se algumas indagações para auxiliar o entendimento, como: qual a preocupação do Estado em relação ao acidente de trajeto

Quem tem a responsabilidade de tratar deste assunto no âmbito dos Governos por assegurar o direto à esta consideração? A sociedade em geral e o meio jurídico têm ou podem desempenhar algum papel nesse processo?

Destacadas as indagações e com o fim de tornar preciso o problema da pesquisa, estabeleceu-se como pergunta central: O acidente de Trajeto ou de Percurso pode ou deve ser considerado um acidente de Trabalho?

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Analisar como o direito do trabalhador que se envolve em um acidente de trajeto quando seguindo de sua casa para o trabalho ou do trabalho para sua casa, pode ou não ser respeitado pela empresa no intuito de tratar aquele fatídico episódio como um acidente de trabalho e com isso os benefícios atrelados e seus reflexos legais bem como os efeitos decorrentes deste entendimento.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Apresentar os principais aspectos acerca do Acidente de trajeto; b) Discorrer sobre os direitos e garantias do trabalhador neste episódio;

c) Analisar o direito que decorre das partes tanto do trabalhador quanto da empresa;

d) Apresentar uma proposta coerente que possa promover equilíbrio as partes envolvidos no embate.

1.3 JUSTIFICATIVA

O tema proposto no presente trabalho se justifica pela importância que representa ao campo jurídico, com relação aos reflexos dos efeitos legais de considerar um acidente de trabalho aquele acidente ocorrido no percurso casa trabalho ou vice versa.

Sendo assim, importante pontuar que o interesse em pesquisar sobre o acidente de trajeto se deu em razão de vivenciar experiências de amigos que passaram por tais circunstâncias e se arrastam até hoje pelos corredores de Fóruns e Delegacias em busca de requerer seus direitos.

Ocorre que, a partir dos dados estatísticos acerca dos acidentes de trajeto e das experiências envolvendo conhecidos do pesquisador, verificou-se o quase absoluto desinteresse das autoridades Legislativas em buscar equacionar este impasse.

Diante do que foi exposto, verifica-se que esse projeto é importante para o meio acadêmico e aos profissionais da área, dada a carência de pesquisas sobre o tema.

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Em especial, possibilitará discussão a respeito da garantia do direito dos trabalhadores e em especial quem sabe abrir um precedente para invocar para uma mesa de ponderações tantos quantos forem necessários na busca de equalização da matéria.

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O delineamento da pesquisa “refere-se ao planejamento da mesma em sua dimensão mais ampla envolvendo tanto a sua diagramação quanto a previsão de análise e interpretação de dados.” (GIL, 2002, p. 70). Assim, esta seção consiste na especificação dos tipos de método e pesquisa cabíveis ao objeto em estudo, no caso, “Os reflexos da desconsideração do Acidente de trajeto em acidente de trabalho”.

1.4.1 Método

Método é o meio pelo qual o pesquisador buscou respostas e obteve resultados confiáveis. Trata-se de “[...] um recurso que requer detalhamento de cada técnica aplicada na pesquisa. É o caminho sistematizado, formado por etapas, que o pesquisador percorre para chegar à solução.” (MOTTA, 2012, p. 83).

Os métodos de procedimento utilizados na pesquisa foram o monográfico e o comparativo. O primeiro se deve pela preocupação com o aprofundamento do tema em estudo, e o segundo, à necessidade de comparações entre leis, normas e doutrinas.

Para Motta (2012, p. 96-98), “o método monográfico é aquele que analisa, de maneira ampla, profunda e exaustiva, determinado tema-questão-problema.” E o método comparativo consiste “[...] na verificação de semelhanças e diferenças entre duas ou mais pessoas, empresas, tratamentos, técnicas, etc., levando-se em conta a relação presente entre os aspectos comparados.”

O método de abordagem que se aplicará na pesquisa é o do tipo dedutivo, uma vez que se analisarão documentos inerentes às normas e leis, e doutrinas vinculadas ao tema proposto no projeto, do âmbito geral para o específico. Assim, trata-se de um método “[...] que parte sempre de enunciados gerais (premissas) para chegar a uma conclusão particular.” (HENRIQUES; MEDEIROS apud MOTTA, 2012, p. 86).

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1.4.2 Tipo de pesquisa

A pesquisa proposta para o trabalho monográfico, quanto ao seu objetivo, foi o da exploratória, pois proporciona “[...] maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses.” (GIL, 2002, p. 41). Ainda, envolve levantamento bibliográfico, sem desenvolver análises mais detidas.

Quanto aos procedimentos na coleta de dados, foram aplicadas as pesquisas dos tipos bibliográfica e documental pela necessidade de se fazer leituras, análises e interpretações de fontes secundárias (livros, revistas, jornais, monografias, teses, dissertações, relatórios de pesquisa, doutrinas, etc.). A finalidade desta consiste em colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que já foi escrito ou dito sobre o tema em estudo. É uma pesquisa que explica o tema em questão à luz dos modelos teóricos pertinentes (MOTTA, 2012).

A pesquisa documental baseia-se em fontes primárias ou documentais, uma vez que serve de base material ao entendimento da tese em questão. Pertence ao campo da hermenêutica, pois o documento deve ser analisado como se apresenta, e não como quer que se apresente (MOTTA, 2012).

Por sua vez, com base no objeto de estudo, a pesquisa foi do tipo instrumental, pois diz respeito à preocupação prática, que busca “[...] trazer uma contribuição teórica à resolução de problemas técnicos (transformando o saber em saber-fazer).” (SILVA, 2004

apud MOTTA, 2012, p. 48).

Ao visitar algumas empresas da região de Criciúma, Santa Catarina e conversar com empresários do setor sobre o tema o pesquisador teve a experiência de vê-los se manifestarem o que pensam a respeito do tema.

1.5 ESTRUTURA DO RELATÓRIO

O presente trabalho monográfico teve por finalidade realizar uma análise de como o acidente de trajeto ou de percurso pode impactar no âmbito da administração da empresa onde aquele trabalhador exerce suas atividades segundo a legislação brasileira caso vier a ser constituído como acidente de trabalho.

Considerando que o primeiro capítulo é introdutório e o último é conclusivo, a presente pesquisa foi estruturada em capítulos principais, que serão apresentados a seguir.

O segundo capítulo do desenvolvimento teve como enfoque a história do acidente de trabalho no Brasil.

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No terceiro capítulo foi trazido a Medida Provisória 905/2019 bem como a Lei 8.213/1991.

Por fim, no quarto e último capítulo do desenvolvimento, objetivando finalizar o tema proposto de forma esclarecedora, foi discorrido com relação aos reflexos da desconsideração do acidente de trajeto em acidente de trabalho apresentando-se a legislação aplicável ao tema bem como as possíveis implicações legais tanto para o trabalhador quanto para a empresa

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2 HISTÓRIA DO ACIDENTE DE TRABALHO NO BRASIL

A história do Acidente do Trabalho no Brasil passa por uma evolução das Legislações Acidentárias e Normativas sempre na busca de equalizar as forças entre empresas e trabalhadores, porém com suas divergências e aplicabilidades controvertidas.

Cabe aqui, portanto uma observação pela evolução histórica do acidente de trabalho e da legislação acidentária no Brasil observando a dinâmica social que nos trouxe até a situação atual, compreendendo a relevância do tema, a evolução em seu embate para aprendermos com os erros e acertos do passado e, sobretudo, contribuir para o aprimoramento da proteção ao ser humano.

René Mendes (1995, p. 5) explica brilhantemente a importância do contexto histórico:

“Conhecer a saga do conhecimento na área em que trabalhamos dá mais sentido ao pedaço da caminhada que nos propomos a fazer hoje. Ajuda-nos, também, a valorizar mais o lugar em que estamos hoje, e a vislumbrar melhor onde queremos chegar. ”

Fazendo menção ao Código Comercial de 1850, Sérgio Pinto Martins (2005, p. 425) define:

Foi a primeira lei a trazer orientações acerca do acidente do trabalho no Brasil e previa a manutenção dos salários por três meses contínuos por ocorrência de acidentes imprevistos e inculpados (art. 78).

A Lei nº 3.724, de 1919, segundo o mestre Sergio Pinto Martins (2005, p. 428) detalhava ele que:

Foi a primeira lei brasileira que tratou de fato do acidente do trabalho e, para tanto, adotou a teoria do risco profissional. Adotava-se a teoria da responsabilidade civil objetiva do empregador, prescindindo da comprovação de culpa lato sensu, permanecendo os demais elementos, fato, dano e o nexo causal entre os primeiros.

Este diploma legal se aplicava apenas às atividades consideradas mais perigosas em que se utilizassem máquinas movidas por motor e aos casos advindos estritamente do contrato de trabalho. As doenças ocupacionais eram abarcadas pela lei, mas não as concausas.

Tirado do artigo da internet. Link:

https://vitordaguia.jusbrasil.com.br/artigos/170946709/historia-do-acidente-do-trabalho-no-brasil-e-a-evolucao-das-legislacoes-acidentarias?ref=serp

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2.1 CONCEITO DE ACIDENTE DE TRABALHO.

Primeiramente, vale dizer “que o termo acidente do trabalho é gênero, do qual são espécies, o acidente do trabalho típico, as doenças ocupacionais e os acidentes do trabalho por equiparação bem como o Acidente de Percurso. ” (Boskovic, 2020, s/p).

Destaco aqui o conceito do Acidente de trabalho trazido pelo artigo 19 da Lei 8.213 de 24 de julho de 1991sendo:

O que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”. Este é o acidente do trabalho típico, mas este conceito legal é genérico e serve como paradigma aos demais. (BRASIL, 1991, s/p)

Este dispositivo fala em lesão corporal e perturbação funcional, onde nas palavras de Adilson Sanchez (2012. p.246) a lesão se caracteriza:

Pelo dano à estrutura físico-anatômica, sendo visível a sua existência, a perturbação, por sua vez, é constatada pelo dano fisiológico ou psíquico relacionado a órgãos ou funções especificas, que nem sempre são aparentes.

De acordo com Brandão:

“A primeira noção a respeito do tema compreende a idéia de que o acidente é um fato que resulta do inter- relacionamento patrão/empregado, sendo anterior e independente de qualquer definição jurídica.” (Cláudio Brandão, 2006, p. 113)

Hertz Jacinto. Costa define como:

“Um ataque inesperado ao corpo humano ocorrido durante o trabalho, decorrente de uma ação traumática violenta, subitânea, concentrada e de consequências identificadas.” (HERTZ apud BRANDÃO, 2006, p. 121.)

Para Mozart Victor Russomano, o acidente do trabalho deverá, sempre ser:

“Súbito: acontece em um pequeno lapso de tempo, não sendo assim, de natureza progressiva. Violento: capaz de causar danos de natureza anatômica, fisiológica ou psíquica. Fortuito: Não pode ser provocado, nem direta, nem indiretamente, pela vítima. Determina uma lesão corporal capaz de diminuir ou excluir a capacidade de trabalho da vítima, sendo essa a sua consequência direta”. (RUSSOMANO apud BRANDÃO, 2006, p. 124)

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As doenças ocupacionais, gênero cujas espécies são as doenças profissionais e do trabalho e que estão previstas no artigo 20 da mesma lei e seus efeitos jurídicos são equiparados ao acidente de trabalho típico.

Quanto aos acidentes de trabalho por equiparação, estão previstos no art. 21 do mencionado diploma.

Por fim, de grande relevância é a observação feita pelo Professor Sergio Pinto Martins (2005, p. 433) quando ele declina que:

Ao tratarmos do tema acidente do trabalho é conveniente utilizar a expressão contingência e não evento. Pois evento é o jogo de futebol, o espetáculo e não o acidente do trabalho. Morte, mutilação ou qualquer outro acidente do trabalho não se deve considerar um evento, pois não se trata de festa, de espetáculo, mas sim, de tragédia.

Se faz necessário também destacar que além das consequências diretas ao trabalhador, ocorre reflexos ao familiares e ao empregador.

Neste sentido, Malerba (2015) :

[...] uma ocorrência de acidente do trabalho gera diversas consequências, e muitas vezes extremamente traumáticas ao trabalhador, vezes estas que ocasionam na maior parte das vezes mutilações, invalidez parcial ou permanente, entre outros danos, que nem sempre se limitam ao corpo físico do trabalhador, afetando na maioria das vezes também, sua integridade psicológica e em outras vezes chegando até a acarretar a morte do trabalhador repercutindo também em seus familiares, além dos prejuízos para a sociedade de modo geral, bem como para os cofres públicos. Já que em regra todos perdem (alguns mais outros menos) com os acidentes de trabalho, já que de alguma forma todos acabam sofrendo algum tipo de prejuízo, é no mínimo plausível de se concluir que investir em prevencionismo proporciona incalculáveis benefícios ao trabalhador e, principalmente, ao empregador, com retorno financeiro, por exemplo, decorrente da diminuição de gastos com verbas indenizatórias concedidas juridicamente ao trabalhador acidentado, melhoria na qualidade do meio ambiente de trabalho [...]. O que nem sempre é facilmente perceptível aos olhos de alguns empresários de visão capitalista (MALERBA, 2015).

2.2 ESPÉCIES DE ACIDENTES DO TRABALHO E SUA CARACTERIZAÇÃO

O texto abaixo faz referência a três espécies de acidentes de trabalho, que serão melhor esclarecidos ao longo de cada tópico. Fazendo referência a Vitor Fernandes (2014. p 78) ele afirma que:

Em que pese haver as espécies acima elencadas as estatísticas oficiais da Previdência Social e Ministério do Trabalho são divulgadas apenas nas três espécies consideradas principais, com mais incidência, que são: o acidente típico, as doenças ocupacionais e o acidente de trajeto.

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Ocorrido o acidente de trabalho em qualquer modalidade, emerge no eventos o § 1ºº do Artigo 222 da Lei 8.2133 de 24 de julho de 1991 que determina que: “A empresa deverá comunicá-lo à Previdência Social até́ o 1º (primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa pelo descumprimento da obrigação.” (BRASIL, 1991, s/p)

As espécies de acidentes do trabalho estão elencadas nos artigos 19, 20 e 21 da Lei 8.213/1991 e são as seguintes:

Tirado do artigo da internet. Link: https://yurims.jusbrasil.com.br/artigos/190508942/a-responsabilidade-civil-do-empregador-em-caso-de-acidentes-do-trabalho

CITAR A RESPECTIVA FONTE 2.2.1 Acidente do trabalho típico

Fazendo uma comparação entre as diversas modalidades Melo (2006, p.23), conceitua o acidente do trabalho típico como:

Macrotrauma ou acidente típico é o que ocorre de forma instantânea e atinge o trabalhador de súbito, causando-lhe gravame consubstanciado numa incapacidade parcial ou total (transitória ou definitiva) para o trabalho, com dano lesivo à saúde física ou psíquica, podendo ainda resultar na morte do trabalhador.

Enquanto que as doenças ocupacionais são as que resultam da exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, ou mesmo do uso inadequado dos novos recursos tecnológicos, como os da informática. Dividem-se, portanto, em doenças profissionais e do trabalho.

Para identificar os elementos de diferenciação entre o acidente-tipo e as doenças ocupacionais podemos ainda citar que o acidente é caracterizado, em regra, pela sua forma súbita e violência, ao passo que a doença decorre de um processo que tem certa duração, embora desencadeie num momento certo, gerando a impossibilidade do exercício das atividades pelo empregado.

Vale ressaltar que no acidente, a causa é externa, enquanto na doença, em geral, apresenta-se internamente, num processo silencioso peculiar às moléstias orgânicas do homem.

O acidente pode ser provocado, intencionalmente, ao passo que a doença não, ainda que seja possível a simulação pelo empregado a causa e o efeito, em geral, são simultâneos, enquanto na doença o imediatismo é a sua característica.

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A grande necessidade de estabelecer o liame entre a doença e a atividade fim que exerce o trabalhador durante os exames e junto a perícia de forma inequívoca. “Vê-se, por conseguinte, que, para ser considerada como doença ocupacional, exige-se que a moléstia decorra, necessariamente, do trabalho. Daí a importância do vínculo fático que liga o efeito à causa.” (Paraguassu, 2016, s.p.)

Tirado do artigo da internet: https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-118/acidente-do-trabalho-conceito-e-configuracao/

CITAR A RESPECTIVA FONTE 2.2.2 Doenças profissionais

A lei prevê e define as doenças profissionais como sendo as que resultam comprovada e diretamente das condições de trabalho e não de desgaste normal do organismo. Para uma doença ser considerada profissional terá que ter condições para causar incapacidade de trabalho ou em último caso morte ao trabalhador.

Algumas doenças profissionais e suas diferenças segundo Reis (2018, s/p):

A lista de doenças reconhecidas como doenças profissionais é longa, mas pode ser agrupada pelos seguintes tipos:

 Doenças provocadas por agentes químicos;  Doenças do aparelho respiratório;

 Doenças cutâneas;

 Doenças provocadas por agentes físicos;  Doenças infeciosas e parasitárias;  Tumores;

 Manifestações alérgicas das mucosas.

Apesar desta lista extensa, a legislação abre a porta para que outras doenças não incluídas nessa lista possam ser consideradas como doenças profissionais, desde que haja elementos comprovativos de relação direta entre a doença e o trabalho. Esta peritagem e avaliação é feita pelo Centro Nacional de Proteção contra os Riscos Profissionais.

2.2.3 Acidentes do trabalho por equiparação

Considerando, portanto, a equivalência entabulada para que se estabeleça a conexão entre o acidente de trabalho e os acidentes de percursos, ficou claro que a equiparação passou a ser o carro chefe desta ligação uma vez que não há uma lista definitiva

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própria que se enquadre nesta categoria. Daí o porquê de se buscar as equivalências que mais se adeque para aquele caso especifico:

Quanto a equiparação legal ao acidente do trabalho o artigo Nº 21 da Lei Federal 8213/19 diz que equipara-se ao acidente do trabalho: O acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação. O acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de:

a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho.

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho.

c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho.

d) ato de pessoa privada do uso da razão.

e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior.

f) a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade.

g) o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa. h) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito.

i) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado. j) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado (Acidente de Percurso). (BRASIL, 1991, s/p)

A equiparação é, portanto, a metodologia adotada para estabelecer esta ligação e consequentemente configurar naquela categoria pretendida pelo autor do pedido.

2.3 EMISSÃO DE COMUNICAÇÃO ACIDENTE TRABALHO - CAT

O registro legal do Acidente é feito em documentação especifica para aquela situação preenchendo um formulário cuja sigla é CAT que significa Comunicação de Acidente de Trabalho e refere-se a um documento informativo utilizado para comunicar a ocorrência de um acidente de trabalho ou de trajeto, bem como uma doença ocupacional ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS.

De acordo ao artigo 22 da lei nº 8.213/1991, todo acidente do trabalho, ocorrido com seu empregado, havendo ou não afastamento do trabalho, deverá ser comunicado pela empresa ao INSS, sob pena de multa em caso de omissão se utilizando da CAT.

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Conforme Pereira (2015) a emissão da Comunicação de Acidente do Trabalho “CAT” da qual devem receber cópia fiel do documento o acidentado ou seus dependentes, bem como o sindicato a que corresponda a sua categoria. Se a empresa deixar de emitir o “CAT” podem fazê-lo, independentemente de prazo o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública.

Todavia, a emissão feita por estes agentes não desobriga a empresa da responsabilidade pela falta de emissão do documento. Ainda quanto à comunicação dos infortúnios, o artigo 169 da CLT do Decreto - Lei 5.452 , de 1º de maio de 1943 prevê que: “Será obrigatória a notificação das doenças profissionais e das produzidas em virtude de condições especiais de trabalho, comprovadas ou objeto de suspeita, de conformidade com as instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho.”

Quanto à caracterização do acidente do trabalho, é importante a distinção que se faz, neste aspecto, entre o acidente e o nexo advindos do exercício do trabalho.

Há maior facilidade para a caracterização do acidente do trabalho quanto à extensão do dano e sua delimitação no tempo e espaço, tendo em vista, como apontam alguns autores, que este decorre de um fato violento, que ocorre de forma abrupta e inesperada e seus efeitos são geralmente instantâneos e, portanto, mensuráveis.

Citando Gustavo Filipe Barbosa Garcia (2013. p.53) temos que: “Os Acidentes de Trajeto e do trabalho normalmente causam a impossibilidade de labor e sua existência podem ser medidos e eliminados se observadas as normas de segurança e medicina do trabalho. ”

Sendo assim, segundo a legislação vemos no, Artigo 23 da Lei 8.213 de 24 de julho de 1991 que:

Considera-se como o dia do acidente a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro. (BRASIL. 1991, s/p)

Tirado do artigo da internet: https://yurims.jusbrasil.com.br/artigos/190508942/a-responsabilidade-civil-do-empregador-em-caso-de-acidentes-do-trabalho#:~:text=Quanto %20%C3%A0%20caracteriza%C3%A7%C3%A3o%20do%20acidente,advindos%20do %20exerc%C3%ADcio%20do%20trabalho.&text=E%20seu%20desenvolvimento%2C %20assim%20como,seguran%C3%A7a%20e%20medicina%20do%20trabalho .

CITAR A RESPECTIVA FONTE

Pelo entendimento de Sebastião G. de Oliveira:

Assim, a partir do momento em que surge a “suspeita diagnóstica” da doença relacionada ao trabalho, é dever do empregador e direito do empregado a emissão da

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CAT. De qualquer forma é necessário que haja alguma alteração, sintoma ou sinal clínico que possa levar á “suspeita”, para não cair no excesso oposto de emissão da CAT pela simples desconfiança ou mero capricho por parte do empregado. (OLIVEIRA, 2007, p. 62)

Sebastião Geraldo de Oliveira nos orienta que:

A emissão da CAT não significa automaticamente que houve uma confissão da empresa quanto à ocorrência do acidente do trabalho, por quanto a caracterização oficial do infortúnio é feita pela Previdência Social, depois de comprovar o liame causal entre o acidente e o trabalho exercido. (OLIVEIRA, 2007, p. 63)

Caso o acidente laboral seja detectado tardiamente, quando o trabalhador estiver desempregado, o que é comum ocorrer nas hipóteses das doenças ocupacionais ou nos exames médicos para novo emprego, a CAT deverá ser emitida pela ex-empregadora ou pelas pessoas designadas no art. 336, § 3°, do regulamento da Previdência Social, o Decreto n. 3.048/99. (OLIVEIRA, 2007, p. 59).

A definição do termo a quo do acidente do trabalho, ou seja, a delimitação do infortúnio no tempo é importante por vários aspectos jurídicos, é essencial, entretanto, para a verificação da prescrição.

2.4 TRIPLICE DO NEXO CAUSAL

Jorge Neto e Cavalcante (2008, p. 849) explicam melhor o nexo causal nas palavras que mais trilham pelos cadernos processuais nos termos:

O acidente típico “decorre do exercício do trabalho, ocasionando a lesão, a qual leva à ocorrência de uma incapacidade (total ou parcial, permanente ou temporária) ”, que evidencia o tríplice nexo causal entre “trabalho e acidente; acidente e lesão; lesão e incapacidade”.

Maurício Godinho Delgado (2012, p. 621) por sua vez, diz que: O acidente do trabalho típico se manifesta pelas lesões que resultam de “fato ou ato unitário, regra geral, ou pelo menos concentrado no tempo, que produz significativa agressão à higidez físico-mental do trabalhador”.

A lei 8.213 no caput de seu artigo 19 traz o conceito do acidente do trabalho típico, todavia, este conceito também é utilizado genericamente para as demais espécies de acidente para efeitos de equiparação. Por sua importância para o tema em analise, convém a citação deste dispositivo legal.

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. (BRASIL, 1991, s/p).

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Como dito, acidente do trabalho é o infortúnio que ocorre em razão do trabalho e que gera incapacidade laborativa, permanente ou temporária, total ou parcial, ou a morte do trabalhador.

Por assim dizer urge-se citar por óbvio Sebastião Geraldo de Oliveira (1998, p.265) em suas afirmações de que: “Quanto à presunção do nexo de causalidade entre a Atividade Laborativa e o Acidente de Percurso a primeira goza de presunção absoluta, a segunda, de relativa.”.

Nesta esteira dos embates legais entre empresas e trabalhadores surgem, portanto, o Acidente de Percurso que passa a ser considerado como Acidente de trabalho e conexo a este, todas as implicações legais referentes ao ocorrido, uma vez que a caminho do trabalho ou no seu retorno para sua casa acabou se envolvendo em determinado acidente no trajeto.

Não podemos deixar passar despercebido, portanto a complexidade de comprovar o nexo de causalidade, sempre que houver no episódio, má fé por parte do acidentado.

Há que se deixar registrado a necessidade da comprovação do nexo de forma lúcida, transparente e inquestionável tanto por parte do empregado quanto pelo empregador quando se trata de provas que fundamentam a conexão ou o desencontro entre empresa e trabalhador.

Dito isto, resta obviamente deixar esclarecido que para a formação de convencimento do magistrado não há como esperar uma decisão neste ou naquele sentido caso o nexo de conexão não esteja fortemente estabelecido.

Na maioria das vezes estas decisões inclinam sempre contrários a empresa se levar em conta o sentido do trajeto que o funcionário trafegava naquele momento fatídico.

Em sua grande maioria, senão em sua totalidade os acidentes de percurso cujo trajeto apresentava indicativos tais, como: direção, horário e tempo despendido naquele sentido laboral, induzem claramente a se constituir em um acidente de trabalho flagrante.

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3 MEDIDA PROVISÓRIA 905/2019

A Medida Provisória 905 /19 que criou o Contrato Verde e Amarelo excluiu do rol de acidente de trabalho, o acidente de percurso, que é aquele ocorrido no translado entre residência e trabalho, e vice e versa. A referida Medida Provisória somente esteve em vigor pelo período de 11 de novembro de 2019 até 20 de abril de 2020, data em que foi revogada, ou seja, perdeu a eficácia legal.

Conforme o texto desta MP observe-se que em seu art 51 trouxe a revogação da alínea “d” do inciso IV do caput do art 21 senão vejamos:

Art. 51. Ficam revogados:

I - os seguintes dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1943:

XIX - os seguintes dispositivos da Lei nº 8.213, de 1991:

b) a alínea “d” do inciso IV do caput do art. 21; (BRASIL, 2019, s/p)

Ocorre que esta Medida Provisória 905 /19 foi revogada pela Medida Provisória de número 955 de abril de 2020 e por conta desta nova decisão o trabalhador que sofrer acidente durante o trajeto volta a ter seus direitos acidentários garantidos, como a estabilidade provisória por 12 meses após a alta médica.

Ou seja, volta a ter validade o artigo da legislação que equipara ao acidente do trabalho o acidente sofrido pelo trabalhador, ainda que fora do local e horário de trabalho, "no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado" (ANGELO, 2020, s/p).

No entanto, os contratos de trabalho celebrados dentro da vigência da MP, aos acidentes de percursos que ocorreram não são passíveis de reformas, portanto, seguem os mesmos princípios regidos na MP, ou seja, nesses casos, acidentes de trajeto não são considerados acidentes de trabalho, valendo, somente para casos posteriores a revogação da MP 905 /19. Conforme aduz o art. 21 , d”, do inciso IV, da Lei 8.213 /91:

Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. Revogado pela Medida Provisória nº 905, de 2019 e esta MP foi revogada posteriormente com a edição da Medida Provisória nº 955, de 2020. (BRASIL, 1991, s/p)

É necessário considerar também, que na hipótese de afastamento médico superior a 15 dias e a percepção do auxílio doença acidentário, o empregado fará jus a estabilidade provisória de doze meses contados a partir da data de cessação do benefício previdenciário (art. 118 da Lei 8.213 /91 c/c Súmula 378 do TST).

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A Súmula nº 378, do Tribunal Superior do Trabalho – TST, aborda o tema da seguinte maneira:

“ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. ART. 118 DA LEI Nº 8.213/1991. (Inserido item III) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012.

I - É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura o direito à estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação do auxílio-doença ao empregado acidentado.

II - São pressupostos para a concessão da estabilidade o afastamento superior a 15 dias e a consequente percepção do auxílio-doença acidentário, salvo se constatada, após a despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do contrato de emprego.

III - O empregado submetido a contrato de trabalho por tempo determinado goza da garantia provisória de emprego decorrente de acidente de trabalho prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91” (BRASIL, 2017 s/p)

Considerando então que o acidente de percurso é aquele que ocorre no caminho entre a residência e o local de trabalho ou vice-versa vamos imaginar que certo personagem qualquer que chamarei de João foi atropelado por uma moto durante este deslocamento, ou que sofreu uma queda e quebrou uma perna.

Tanto faz a causa, o que importa é que ele sofreu um acidente a caminho do trabalho, precisa de cuidados médicos e a partir do 16º dia afastado, será encaminhado ao INSS e passará então a receber o auxílio-doença.

Antes da edição da MP 905, o acidente sofrido por João, por ter acontecido durante um deslocamento entre a casa e a empresa, seria considerado um acidente de trabalho e após o tratamento, quando fosse liberado para retornar às atividades profissionais, ele teria uma estabilidade de 12 meses no emprego, contados a partir do dia da alta previdenciária.

3.1 O QUE MUDOU EM RELAÇÃO AO ACIDENTE DE PERCURSO COM ESTA MP

A medida provisória 905/2019, que criou o contrato de trabalho verde e amarelo alterou 60 artigos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) sendo um deles o que estabelecia que o acidente de percurso não era mais um acidente laboral.

A MP avançou num tema que já havia sido tratado pela reforma trabalhista de 2017, que acabou com as “horas in itinere”, ou seja, o pagamento de horas extras durante o deslocamento para locais de trabalho de difícil acesso, em que não era possível chegar com o uso de meios de transporte público. O Judiciário passou a entender que se estas horas de deslocamento não são consideradas tempo de trabalho, e não requerem o pagamento de horas-extras. A mudança acabou sendo confirmada pela medida provisória do contrato verde e amarelo. (LIMA, 2020, s/p)

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Uma decisão no mínimo polêmica porque mudou completamente o que já vinha sendo praticado pelas empresas fazendo então com aquela medida o empregador não teria mais que:

1 – Recolher o fundo de garantia referente ao tempo em que o funcionário ficou afastado. 2 – Também não precisaria emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). Este documento tinha que ser enviado até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência. Caso contrário, a empresa era penalizada com uma multa de até R$ 5.839,45. (PEREIRA, 2015, s/p)

Com o fim da Medida Provisória, retorna-se ao status quó onde os acidentes de trajeto retornam a condição de enquadramento como acidente de trabalho.

São processos infinitos que abarrotam os gabinetes judiciários cujos pleitos variam na sua diversidade tanto entre provas e documentos quanto em alegações deste ou daquele lado procurando demonstrar ao magistrado na busca de seu convencimento a seu favor ou conectando o acidente ao vínculo empregatício quanto buscando afastar aquele vínculo que se estabeleceu entre o acidente de percurso enquanto acidente de trabalho. De acordo com Reino (2019, s.p.) temos que:

“O tempo de afastamento, ou seja, o tempo que o trabalhador fica recebendo aposentadoria por invalidez ou auxílio doença, conta para a sua aposentadoria desde que seja intercalado por tempo de contribuição. Sendo assim, nesse caso, quando o trabalhador volta do afastamento, havendo ao menos um recolhimento para o INSS, o tempo de afastamento deve ser computado para fins de aposentadoria. O trabalhador tem direito a estabilidade no emprego, quando retornar do afastamento pelo INSS. Ele se afasta do trabalho e recebe pelo INSS um benefício relacionado e ao retornar ao trabalho tem direito garantido de ficar no emprego por 12 meses. O empregador não pode demiti-lo, assim que terminar o afastamento pelo INSS. (Reino, 2019, s.p.)

Cada uns destes episódios são em sua maioria senão em sua totalidade cercados de processos judiciais envolvendo num embate jurídico as partes que se revezam em buscar provar sua desvinculação ou conexão tanto pelo trabalhador quanto pela empresa.

3.2 APOSENTADORIA POR INVALIDEZ DO ACIDENTADO NO TRABALHO

A aposentadoria por invalidez em razão de incapacidade gerada por acidente de trajeto, segundo Reino (2019, s/p) “até 11.11.2019 os acidentes de trajeto eram considerados

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acidentes de trabalho. Sendo assim, por conta disso, os trabalhadores recebiam o valor de 100% de seu salário de benefício a título de aposentadoria por invalidez. ”

Com a mudança na categoria do acidente de trajeto, que passaria a ser considerado um acidente de qualquer natureza, a aposentadoria por invalidez respeitaria o cálculo previsto na Reforma da Previdência que considera todos as remunerações, desde julho de 1994 até o dia anterior a invalidez. Soma-se e faz a média aritmética simples, para se chegar no salário de benefício. Logo após, sobre o salário de benefício, se aplica uma alíquota de 60%, para todos os segurados contribuído por até 20 anos antes de terem ficado incapacitados.

Tirado do artigo da internet: https://www.jornalcontabil.com.br/clt-acidente-de-trajeto-e-acidente-de-trabalho-saiba-o-que-mudou/#:~:text=Agora%2C%20com%20a

%20mudan%C3%A7a%20na,o%20dia%20anterior%20a%20invalidez.

CITAR A RESPECTIVA FONTE

Vejamos nesta tabela elaborada por Ingrácio (2020, s/p), para uma maior compreensão dos valores dos benefícios:

Data do fato gerador Valor do benefício

Até 11/11/2019 50% do Salário de Contribuição (SB). Esse SB é a média dos 80% maiores salários de contribuição desde 07/1994.

Entre 12/11/2019 e 19/04/2020

50% do valor caso você fosse aposentado por Incapacidade Permanente Aposentadoria por Incapacidade Permanente (por Invalidez) na hora do fato gerador.

A partir de 20/04/2020

50% do Salário de Contribuição (SB). Esse SB é a média dos 100% (todos) salários de contribuição desde 07/1994 ou de quando você começou a contribuir.

ESSA TABELA NÃO SE REFERE À APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SE REFERE AU AUXÍLIO ACIDENTE.

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3.3 A PARTIR DE QUANDO É DEVIDO O AUXÍLIO

De acordo com Ingrácio (2020, s/p), “o Auxílio Acidente é devido a partir do dia seguinte do fim do Auxílio Doença. Caso não tenha solicitado Auxílio Doença, o Auxílio Acidente terá como início do benefício considerando então a data que entrou com o requerimento no INSS”. Existem algumas hipóteses de cessação do benefício, conforme Ingrácio (2020, s/p) há três hipóteses a saber:

Como o Auxílio Acidente é um benefício indenizatório, em tese, ele será vitalício, mas há 3 casos em que ele será cessado:

Morte do segurado, uma vez que não faz mais sentido ser pago um benefício que é

para indenizar o trabalhador que teve sua capacidade de trabalho reduzida;

Concessão de aposentadoria para o segurado, porque a lei veda expressamente a

acumulação entre o Auxílio Acidente e qualquer aposentadoria;

Capacidade de trabalho não ficar mais reduzida, ou seja, se houve melhora das

sequelas. Isso é atestado pelo perito do INSS a partir de perícias feitas de tempos em tempos. Essa hipótese só é válida para os acidentes ocorridos entre 12/11/2019 e 19/04/2020, data em que a Medida Provisória esteve em vigor.

Por esta razão a grande importância da emissão da CAT e os devidos encaminhamentos necessários requeridos pela Previdência pois é partindo desta documentação que dá-se início ao processo de aposentadoria por invalidez, afastamento temporário ou o retorno as suas atividades laborais.

3.4 AS OBRIGAÇÕES DA EMPRESA EM CASO DE ACIDENTE DE TRABALHO

Em caso de acidente de trabalho é obrigação da empresa se certificar que a CAT foi preenchida e encaminhada imediatamente, além de fornecer os documentos solicitados pois vai arcar com o pagamento do salário dos primeiros 15 dias – depois disso, será pago pelo INSS;

Em caso de o empregado ficar afastado por um período de mais que 15 dias (ele vai fazer uso do INSS) gozará de estabilidade e a empresa deverá aguardar 12 meses, caso queira rescindir o contrato e o FGTS deve ser pago continuadamente durante o período de afastamento.

Tal possibilidade está definida na Lei dos Planos de Benefícios da Previdência Social. Sobre o tema, o art. 118 da lei em mencionada dispõe o seguinte:

Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após

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a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.

Valentin Carrion destaca que:

“Estabilidade é o direito de não ser despedido, senão em razão da prática de ato que tenha violado o contrato. A estabilidade real é a absoluta, a que resulta em reintegração do trabalhador e não se substitui por indenização, nem se quer com sua concordância” (CARRION, 2004, p 1057 )

O pagamento do tratamento médico e remédios necessários ainda são alvo de discussões, porque, segundo alguns especialistas, a empresa efetua o pagamento do SAT (Seguro Acidente de Trabalho) e o tratamento pode ser feito pelo SUS que, segundo a legislação, teria condições de fornecer o tratamento necessário.

Contudo, a maioria das empresas prefere arcar com tudo e fazer o possível para que o funcionário se recupere o quanto antes, evitando “problemas”. Isso porque, caso o empregado sofra com lesões definitivas que reduzam sua capacidade laboral, a empresa terá que arcar com uma pensão correspondente ao salário até o fim da convalescença ou estimativa de vida do brasileiro.

Em caso de ajuizamento de reclamatória trabalhista, esse valor pode ser requerido de forma adiantada, normalmente aplicado um diminuidor de 30% em virtude disso.

Mas fica claro que o prejuízo pode ser devastador para uma empresa. Por isso, que por medidas de segurança as empresas adotam práticas para incentivar bons comportamentos nos deslocamentos buscando sempre instruir os funcionários das boas práticas para evitar acidente de percurso em especial quanto ao seu comportamento no transito nos seus deslocamentos.

Tirado do artigo da internet: https://conect.online/blog/funcionario-sofreu-acidente-de-trabalho-o-que-fazer/#:~:text=Em%20caso%20de%20ajuizamento%20de,de %2030%25%20em%20virtude%20disso.&text=C%C3%A1lculo%3A,o%20percentual) %20%3D%20R%242.600.

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Há empresas que procuram realizar palestras, eventos, treinamentos todos voltados para os acidentes de trajeto pois acabam se tornando reféns do compromisso de escoltar seus trabalhadores nos percursos rumo ao parque laboral.

3.5 INDENIZAÇÃO DO SEGURO DPVAT NO ACIDENTE DE PERCURSO

A sigla DPVAT significa “Danos Pessoais por Veículos Automotores Terrestres. O termo refere-se ao seguro obrigatório, pago de forma anual pelos proprietários de veículos no Brasil, juntamente com a primeira parcela ou na cota única do IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores).” (MAPFRE, 2020, s/p).

“Este seguro DPVAT cobre casos de morte; invalidez permanente, total ou parcial; e reembolso de despesas médicas e suplementares (DAMS) decorrentes de acidentes de trânsito” (LIDER, 2020, s/p), como é o caso do acidente de percurso ou trajeto quando do deslocamento rumo ao trabalho ou vice versa.

Nesta cobertura, o beneficiário é a própria vítima que teve desembolso com assistência médica, hospitalar, suplementar ou farmacêutica, decorrente do acidente de trânsito. Despesas como medicamentos, exames, consultas, fisioterapia na rede privada de saúde são reembolsadas considerando os valores gastos e comprovados pela vítima, em até R$ 2.700,00. (LIDER, 2020, s/p)

Sobre o acidente de trajeto o professor e advogado Varella (2020, s/p) ressalta que:

Os resultados comprovam o que foi mostrado, com decisões favoráveis às empresas quando elas não são responsáveis pelo transporte.

O caso envolve a colisão da moto de um auxiliar de classificação de ovos com um cavalo. O empregado solicitou indenização por danos materiais, morais e estético, porém todos foram negados pelo TJ. A 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) mineiro classificou o acidente como trabalhista, mas eximiu a empresa de qualquer culpa no caso – consistindo em uma mera fatalidade.

EMENTA: ACIDENTE DE TRAJETO. FATO DE TERCEIRO. AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR. Não pode ser responsabilizado

o empregador por danos morais e materiais, em acidente de trabalho decorrente de infortúnio de trânsito causado por um terceiro alheio à relação de emprego, quando o empregador não concorreu, de nenhuma forma, seja mediante conduta omissiva ou comissiva, com dolo ou culpa para que ocorresse o sinistro, constituindo-se fato exclusivo de terceiro, que exclui a responsabilidade civil daquele. (TRT da 3.ª Região; Processo: 0001434-38.2013.5.03.0041 RO; Data de Publicação: 22/02/2016; Órgão Julgador: Sexta Turma; Relator: Convocado Carlos Roberto Barbosa; Revisor: Jorge Berg de Mendonca). (FREITAS, 2020, s/p)

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Outro caso o de um mecânico de manutenção que ficou tetraplégico após sofrer um acidente de moto até a empresa. O agravante desse caso é a situação de emergência criada: ele foi convocado durante seu dia de folga para resolver um problema e, nesse caminho, sofreu o acidente. Mais uma vez o TST entendeu que houve um acidente de trabalho, sem culpa da empresa.

EMENTA: RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL. ACIDENTE DE TRAJETO. CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR. ATROPELAMENTO DE UM ANIMAL. NÃO VERIFICADA A CULPA TAMPOUCO A RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO EMPREGADOR. No caso em exame, a

causa do acidente, que ocorreu em trajeto trabalho-casa, está totalmente divorciada do trabalho executado pelo empregado, e não estava sob o controle da reclamada evitá-lo, pelo que indevida a indenização pleiteada. Com efeito, o acidente de trabalho típico é aquele que ocorre nas dependências da empresa, sendo necessária muita cautela para imputar ao empregador a culpa por eventuais prejuízos que venham a ocorrer no trajeto previsto no artigo 21, IV, 'd', da Lei 8.213/91. Verifica-se que na lei previdenciária o conceito de acidente de trabalho é mais amplo, e está relacionado à prevenção, enquanto que o conceito de indenização previsto no Código Civil demanda a demonstração inequívoca do nexo de causalidade. Consequentemente, nem todo acidente de trajeto pode ser considerado acidente de trabalho. Considerando que o empregador não tinha como evitar o acidente, e não tendo o TRT registrado que a ferramenta de trabalho utilizada tenha apresentado qualquer falha técnica, não há se falar em ausência do dever geral de cautela. Ausentes a culpa bem como o dever geral de cautela. Recurso de revista conhecido e provido" (TST - 3ª Turma. RR - 43600-15.2007.5.14.0001, rel. Min. Horácio Raymundo de Senna Pires, j. 24.03.2010, DEJT 23.04.2010). (FREITAS, 2020, s/p)

Outro caso que se difere dos demais o de uma colhedora de laranjas que sofreu um acidente quando era transportada pela empresa até a plantação e o TRT julgou como precedentes os pedidos de indenização por danos materiais e morais. O desembargador observou que a condução dos empregados até o local de trabalho e seu retorno é meio para a atividade econômica da empresa, atendendo aos interesses do empregador, que depende da mão de obra para fazer funcionar seu empreendimento”.

EMENTA: ACIDENTE DE PERCURSO. VEÍCULO FORNECIDO PELA EMPREGADORA. FALECIMENTO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.

Sendo incontroverso que o acidente que vitimou a empregada ocorreu durante o percurso para o trabalho e em transporte fornecido por empresa contratada pela empregadora, afigura-se desnecessária a averiguação da culpa pelo sinistro, pois a responsabilidade da empregadora, no caso, é objetiva (TRT da 3.ª Região; Processo: 0001073-21.2013.5.03.0041 RO; Data de Publicação: 15/02/2016; Disponibilização: 12/02/2016, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 146; Órgão Julgador: Terceira Turma; Relator: Cesar Machado; Revisor: Camilla G.Pereira Zeidler). (FREITAS, 2020, s/p)

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O acidente do trabalho passou a ter outros reflexos a partir do advento da LEI Nº 8.213, DE 24 DE JULHO DE 1991 que trouxe um inciso polêmico e que vem trazendo embates ao longo dos anos entre as classes dos empregados e das empresas.

Conforme o artigo 19 da lei 8.213/91 o acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso IV do art 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”

A lei 8.213 de 1991 em seu artigo 21 no inciso IV declara que:

“Equiparam-se a acidente de trabalho aquele acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho.”(ANEXO D)

Fazendo um paralelo com as atribuições Antônio Carlos (2019, s.p.) “a empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador.” Segundo ele:

 Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho.

 É dever da empresa prestar informações pormenorizadas sobre os riscos da operação a executar e do produto a manipular.

 O Ministério do Trabalho e da Previdência Social fiscalizará e os sindicatos e entidades representativas de classe acompanharão o fiel cumprimento do disposto nos parágrafos anteriores, conforme dispuser o Regulamento.

Por esta razão que muitas empresas tem buscado oferecer cursos, palestras e várias formas de educar, alertar e orientar seus trabalhadores para que se conscientizem da necessidade dos cuidados básicos em seus trajetos de deslocamentos.

3.7 DOENÇA PROFISSIONAL X DOENÇA DO TRABALHO

Doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho PECULIAR a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social (Brasil, TST);

Doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de CONDIÇÕES ESPECIAIS em que o trabalho é realizado e com ele se relacione

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diretamente, constante da relação mencionada no inciso I de doenças não relacionadas ao trabalho são aquelas constantes no artigo 20, §1º, da Lei nº 8.213/1.99:

Não são consideradas doenças do trabalho: a) a doença degenerativa;

b) a inerente a grupo etário;

c) a que Não produza incapacidade laborativa;

d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho (BRASIL, 1991).

Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho.

3.8 EQUIPARA-SE A ACIDENTE DO TRABALHO:

Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:

Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer

que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. (BRASIL, 1991, s.p)

Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às consequências do anterior.

Equipara-se ao acidente de trabalho o acidente de trajeto porque cada caso singular deverá ser analisado por quem de direito e neste caso é a própria perícia médica do

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INSD quem deixará de aplicar o disposto neste artigo quando demonstrada a inexistência do nexo de que trata o caput deste artigo.

Ou seja, na hipótese de descaracterizado o nexo, a empresa poderá requerer o afastamento daquela caracterização e neste caso emerge nos autos de uma ação trabalhista o contrato de trabalho cuja a ausência de cláusula que estabeleça garantias para aquele período de trabalho sem as devidas coberturas entabuladas quando a serviço da empresa.

Com a edição da medida provisória 905/2019, o Governo Federal buscou consertar este impasse quando aquela MP anulou a alínea d do inciso IV do artigo 21, porém como não foi renovada nem transformada em lei, perdeu seu efeito e com isso volta novamente a ser considerado o acidente de trajeto quando equiparado a acidente de trabalho desde que o nexo se estabeleça.

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4 REFLEXOS DA DESCONSIDERAÇÃO DO ACIDENTE DE TRAJETO EM ACIDENTE DE TRABALHO

Em resposta a delimitação do tema e a proposta do presente trabalho, passo, portanto a temática enfrentando o desafio de apresentar em forma de ponderações a solução clara e definitiva para o impasse ao considerar nos seguintes termos.

Levando em consideração que o tempo dispendido pelo trabalhador não reflete absolutamente em nenhum somatório em sua jornada de trabalho, não há o que se falar em considerar o acidente de trajeto como um acidente de trabalho.

Apesar de que através da MP 905/2019 o governo Federal procurou estabelecer a regra ao desconsiderar o acidente de trajeto como acidente de trabalho quando através daquela MP revogou a alínea d, do inciso IV do art. 21da Lei 8.213 /91 que dizia que equiparam-se também ao acidente do trabalho o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.

A regra determina que se algum empregado sofrer um acidente no caminho para a empresa ou para casa, é necessário emitir a Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT) à Previdência Social. Isso garante que a pessoa possa utilizar seus benefícios, caso precise ser afastada durante o período de recuperação.

Agora a pergunta é se isso quer dizer que a empresa tem responsabilidade no caso? A resposta é um sonoro “Não necessariamente”.

Na maioria das situações, o acidente de trajeto só se equipara ao acidente de trabalho na questão previdenciária. Até mesmo porque, por lei, o tempo de deslocamento não é considerado na jornada de trabalho. Veja o que diz o artigo 58 da Consolidação das Leis Trabalhistas:

Art. 58. A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite. […]

§ 2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador.

Como o deslocamento não faz parte da jornada, não é responsabilidade da empresa a prevenção de acidentes. Isso sempre foi muito claro para os juristas, mesmo

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antes da reforma trabalhista, quando o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) já havia alterado a metodologia de cálculo do Fator Acidentário Previdenciário para não considerar os acidentes de percurso.

Isso faz com que a emissão da CAT tenha apenas teor previdenciário, sem influenciar nos valores a serem pagos pela empresa.

4.1 EXCEÇÃO À REGRA

Como toda regra tem exceções não podemos deixar de pontuar que quando o empregador fornece o meio de transporte para que o empregado chegue até o local de trabalho, o acidente passa a ser responsabilidade da empresa. Isso porque, ao se responsabilizar pelo translado, a organização equipara-se a um transportador – como todos os bônus e ônus que isso carrega. De acordo com Souza (2015 s/p) “Ocorre que três em cada 20 acidentes de trabalho acontecem no percurso entre a empresa e a residência. O número corresponde a 15% por cento do total de acidentes de trabalho. No Ceará, foram registrados 2.671 acidentes de percurso, de acordo com o levantamento. ”

O juiz do trabalho e um dos gestores regionais do Programa Trabalho Seguro, Carlos Alberto Rebonatto (2017, pág. 98) em seu artigo no texto esclarece:

O acidente de percurso pode acontecer em qualquer tipo de transporte, seja ele pertencente à empresa ou ao próprio trabalhador.

Contudo, nem todos os acidentes que acontecem no trajeto de casa para o trabalho e vice-versa configuram acidente de percurso, disse Rebonatto (apud 2017, p 98).

"Se a empresa oferece transporte e o trabalhador aceita esse transporte, mas esporadicamente se desloca por outros meios - por moto, carro ou carona - ele está assumindo a responsabilidade. Nesse caso, pode não ser considerado acidente de percurso".

Segundo o magistrado, o número de acidentes de trajeto está crescendo no Brasil aumentando principalmente devido a dois fatores: a distância cada vez maior entre os trabalhadores e seus locais de trabalho, e a utilização de motos como meio de transporte. “A maioria desses acidentes diz respeito à utilização de motocicletas".

Referências

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