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Perfil motivacional de jovens atletas de futebol

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ROBSON MANOEL HELIODORO

PERFIL MOTIVACIONAL DEJOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

Palhoça 2011

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ROBSON MANOEL HELIODORO

PERFIL MOTIVACIONAL DE JOVENS ATLETAS DE FUTEBOL

Relatório de estagio apresentado ao Curso de Educação Física e Esporte da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Educação Física e Esporte.

Orientador: Prof.ª Tatiana Marcela Rotta, Msc.

Palhoça 2011

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus pela oportunidade de existir e me desenvolver como pessoa. Agradeço aos meus pais (Elis Regina e José Carlos) e avós (Pedro Paulo e Maria Domingos) por me proporcionarem uma educação privilegiada e sempre me apoiarem em meus projetos.

Gostaria de agradecer também aos professores que contribuíram para a minha formação acadêmica e conseqüentemente no desenvolvimento deste trabalho, sendo estes: Adriana Salum, Alzira Isabel da Rosa, Carlos Eduardo de Camargo, Elinai dos Santos Freitas, Fabiana Figueiredo, Gean Carlos Fermino, Gilberto Vaz, João Geraldo Campos, João Kiyoshi Otuki, José Roberto Triches, Jucemar Benedet, Maria Letícia Pinto da Luz, Rafael Andreis, Simone Karmann, Tiago Costa Baptista, Ubirajara dos Santos, Vanessa Francalacci(coordenadora). Especialmente a Professora Tatiana Marcela Rotta a qual me orientou durante o longo período de realização deste estudo.

Meu muito abrigado aos meus colegas de sala: Ana Maria, Anne Kelly, Fernando Luiz Bento, Maristela Lopes, Monique Martins, Renata Abreu, Tiago Rodrigues e Uili Turibiu. Meus colegas de trabalho: Amadeu Leal, Ismael Martins, Flávio da Silveira, Wendell Gean e Maicon Wronsk (Chefe). Meu muito obrigado pela parceria. Minha grade amiga e “madrinha” Sâmara Josten Flores. Meu muito obrigado também ao Fabio Ribeiro, a qual permitiu que realizasse o estágio obrigatório em sua instituição. E aos demais colegas que ali trabalharam comigo (Wanderson Muller, Luiz).

Por fim agradeço a minha namorada Scheila Souza da Silva, pelo apoio e paciência durante este período.

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É melhor conseguir sabedoria do que ouro; é melhor ter conhecimento do que prata. Provérbios: 16; 16

Quem presta atenção no que lhe ensinam terá sucesso; quem confia no Senhor serão felizes Provérbios: 16; 20

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RESUMO

O futebol é considerado o esporte mais popular do mundo. E com o passar dos anos tem atraído cada vez mais adeptos, porém professores, técnicos e instrutores freqüentemente se perguntam por que alguns indivíduos durante a prática desta modalidade são altamente motivados, envolvidos com as atividades e lutam constantemente por sucesso, enquanto outros indivíduos não demonstram interesse e disposição mínima em participar, mesmo assim se fazem presentes durante os dias de jogos e competições. Sendo assim este estudo objetivou compreender os fatores motivacionais à prática de futebol por jovens em escolinha e clube de futebol, sendo que ambos são pertencentes à mesma faixa etária. Quanto ao seu delineamento, esta pesquisa caracteriza-se como um levantamento com abordagem qualitativa. A amostra foi composta por 72 indivíduos, na faixa etária de 13 a 15 anos, do gênero masculino, sendo 32 alunos de uma escolinha de futebol e 32 atletas da categoria de base de um clube de futebol profissional, ambos localizados em Santa Catarina. Para responder aos objetivos da pesquisa, foi realizada uma descrição e comparação dos índices médios obtidos a partir da avaliação de seis dimensões motivacionais (controle do estresse, saúde, sociabilidade, competitividade, estética e prazer). Para tanto, foi aplicado o “Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade Física” da autoria de Balbinotti e Barbosa (2006). Constatou-se que o que mais motiva esses jovens para prática do futebol, tanto o clube quando a escolinha é a competitividade, seguido pelo prazer. Em contra partida a dimensão motivacional que demonstrou menor relevância para os jovens nos dois locais pesquisados foi à estética. Para todas as dimensões motivacionais investigadas foram obtidos escores elevados, resultado que aponta que os atletas avaliados são altamente motivados para a prática do futebol.

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LISTA DE FIGURAS TABELAS E QUADROS

TABELA 1 - Motivos de participação em esportes infanto-juvenil ...33

FIGURA 1 - Determinantes da motivação ...40

FIGURA 2 - Motivação para a prática esportiva como resultado de interação entre fatores pessoais e situacionais...41

FIGURA 3 - Modelo de necessidade para o rendimento ...46

FIGURA 4 - Categorias basicas de atribuição...50

QUADRO 1 - Atribuições e motivação do rendimento...50

FIGURA 5 - Determinantes da teoria de metas da performance...52

FIGURA 6 - Teoria da motivação entre competência e motivação...55

GRÁFICO 1 - Perfil motivacional dos alunos da escolinha de futebol...70

GRÁFICO 2 - Perfil motivacional dos atletas do clube de futebol ...73

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...8

1.1CONTEXTUALIZAÇÃODOTEMAEPROBLEMA ...8

1.2OBJETIVOGERAL ...10

1.3OBJETIVOSESPECÍFICOS...10

1.4JUSTIFICATIVA ...10

2 REVISÃO DE LITERATURA ...13

2.1FUTEBOL ...13

2.1.1 Histórico do Futebol no Mundo ...13

2.1.2 Histórico do Futebol no Brasil ...17

2.1.3 Futebol e Sociedade...19

2.1.4 Categorias de base e escolinhas no futebol...22

2.2ADOLESCÊNCIA ...25

2.2.1 Atividade física na adolescência ...29

2.3MOTIVAÇÂO ...33

2.3.1 Conceito de motivação ...33

2.3.2 Teorias da motivação...34

2.3.2.1 Teoria da hierarquia das necessidades...35

2.3.2.2 Teoria ERC...36

2.3.2.3 Teoria das necessidades (afiliação, poder e realização)...37

2.3.4 Motivação no Esporte ...39

2.3.5 Teorias de motivação para o rendimento no esporte ...44

2.3.5.1 Teoria da necessidade de realização ...45

2.3.5.1.1 Fatores Pessoais...45 2.3.5.1.2 Fatores situacionais...46 2.3.5.1.3 Tendências resultantes ...47 2.3.5.1.4 Reações emocionais ...47 2.3.5.1.5 Comportamento de Performance ...47 2.3.5.2 Teoria de atribuição...48

2.3.5.3 Teorias das metas para o rendimento ...51

2.3.5.3.1 Metas orientadas para o resultado final...53

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2.3.5.4 Teoria da motivação para a competência...54

2.4MOTIVAÇÃOINTRÍNSECAEMOTIVAÇÃOEXTRÍNSECA...55

2.4.1 Motivação intrínseca ...56

2.4.2 Motivação extrínseca ...58

2.5ESTUDOSRELACIONADOSÀMOTIVAÇÃONOESPORTE...59

3 MÉTODO...65

3.1TIPODEPESQUISA ...65

3.2PARTICIPANTESDAPESQUISA ...65

3.3INSTRUMENTODEPESQUISA ...66

3.4PROCEDIMENTOSDECOLETADEDADOS...68

3.6ANÁLISEDOSDADOS ...68

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...70

4.1PERFILMOTIVACIONALDOSALUNOSDAESCOLINHADEFUTEBOL ...70

4.2PERFILMOTIVACIONALDOSATLETASDOCLUBEDEFUTEBOL ...73

4.3RELAÇÕESDOPERFILMOTIVACIONALDOSALUNOSDAESCOLINHAE ATLETASDOCLUBEDEFUTEBOL ...76

5 CONCLUSÃO E SUGESTÕES...81

ANEXOS DO PROJETO E RELATÓRIO DE ESTAGÍO ...91

ANEXO A – INVENTÁRIO DE MOTIVAÇÃO À PRÁTICA REGULAR DE ATIVIDADE FÍSICA ...92

ANEXO B – FOLHA DE RESPOSTAS – IMPRAF 126 ...94

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA

O futebol é o desporto mais popular do mundo. Dados da Federation International of Football Association (FIFA) estimam a prática profissional por 200 milhões de atletas em todo mundo, sendo que 80% destes são do sexo masculino. (DVORAK E JUNGE, 2000). Relatórios mais recentes da FIFA sugerem que a prática mundial do futebol envolve de forma direta aproximadamente 400 milhões de pessoas,sendo esses: atletas, treinadores, dirigentes entre outros.

No Brasil a prática desportiva do futebol apresenta um indiscutível apelo popular, gerando grande envolvimento emocional. Estudos conduzidos na cidade do Rio de Janeiro apontaram o futebol como sendo a prática esportiva mais popular tanto por meninos quanto por meninas, sendo que muitos deles alimentam desde cedo o desejo de seguir carreira como jogador profissional. (SILVA, 2000).

O futebol profissional por ser um esporte altamente competitivo e praticado em todo o mundo vem com o passar dos anos transformando seus clubes em grandes empresas, exigindo ainda mais dos profissionais envolvidos, principalmente dos atletas que mesmo sendo jovens já adquirem grandes responsabilidades. Sendo assim, fatores físicos e psicológicos influenciam o rendimento destes atletas jovens.

A motivação é um dos principais fatores que contribuem para o rendimento dentro do ambiente esportivo, sendo utilizada no intuito de buscar melhorias no desempenho dos atletas.

Na psicologia do esporte, motivação é caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende da interação de fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos). (SAMULSKI, 2002, p.104). Segundo este modelo, a motivação apresenta uma determinante energética (nível de ativação) e uma determinante de direção do comportamento (intenção, interesses, motivos e metas). (SAMULSKI, 1995).

Para Puente (1982), a motivação extrínseca é caracterizada como aquela que é controlada por reforços administrados por agentes externos. Já a motivação

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intrínseca é um comportamento mediado por reforços sobre os quais o próprio individuo tem controle. Na vida dos atletas adolescentes assim como de outros atletas a motivação não vem apenas de esforços internos buscando competência e autodeterminação para realizar uma tarefa, mais leva em consideração fatores externos (motivação extrínseca) como, por exemplo, apoio do torcedor, apoio dos companheiros de equipe e até mesmo dos familiares.

Ainda, Weinberg e Gould (2001) destacam que motivação pode ser definida simplesmente como a direção e a intensidade dos esforços pessoais. Psicólogos do esporte e do exercício podem considerar motivação a partir de diversos pontos de vista específicos, incluindo a motivação para a realização, motivação na forma de estresse competitivo e motivação intrínseca e extrínseca.

Para tanto, manter uma vida ativa, saudável e com qualidade é imprescindível a prática de um exercício físico. Na adolescência, fase a qual ocorrem mudanças físicas e psicológicas, não deve ser diferente. A prática esportiva no período da adolescência exige uma atenção especial, pois se respeitando os princípios do treinamento existem grandes chances de se colher bons frutos no futuro. (ROLIM, 2007).

Assis et al.(2003) definem a adolescência como um período de mudança e transição, que afeta os aspectos físicos, sexuais, cognitivos e emocionais que para Ferreira (1984) pode ser visualizado dos 13 aos 19 anos. Rolim (2007) destaca que nessa fase da vida se formam alguns valores e atitudes para a adoção de um estilo de vida saudável, sobretudo em relação a momentos de lazer ativo e à prática de uma atividade física, como por exemplo, o futebol. Mas com tantos recursos tecnológicos, quais as ferramentas utilizar para manter esses jovens em um estilo de vida ativo e saudável nestes tempos? Uma ferramenta muito utilizada por treinadores, técnicos e professores no mundo esportivo tem sido a motivação.

Sendo assim o propósito deste estudo busca compreender a seguinte questão: Quais fatores motivacionais influenciam à prática do atleta jovem em escolinha e clube de futebol?

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1.2 OBJETIVO GERAL

Compreender os fatores motivacionais à prática do futebol por jovens (participantes de uma escolinha e atletas de um clube).

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Verificar as dimensões motivacionais referentes a controle do estresse, saúde, sociabilidade, competitividade, estética e prazer de atletas jovens de uma escolinha de futebol;

• Identificar as dimensões motivacionais referentes a controle do estresse, saúde, sociabilidade, competitividade, estética e prazer de atletas jovens de um clube de futebol;

• Comparar o perfil de motivação entre atletas jovens de escolinha e clube de futebol.

1.4 JUSTIFICATIVA

O interesse pelo tema provém de questionamentos acadêmicos em seu ambiente de estágio com jovens atletas de futebol, percebendo que alguns atletas apresentam alto nível de comprometimento e expressam sua satisfação e realização em exercer as atividades propostas durante o decorrer dos jogos e treinamentos. Porém, por outro lado alguns atletas não demonstram interesse e disposição mínima em participar das atividades, mesmo assim se fazem presentes durante os dias de jogos e treinamentos.

Também a percepção empírica da motivação interferindo no desempenho dos atletas, e outros questionamentos: existem diferenças de motivação entre os jovens que praticam o futebol numa escolhinha e jovens que praticam futebol em clube profissional? Será que a motivação pode interferir ou influenciar em direções

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de comportamento durante a prática do futebol? Por isso se faz necessário buscar entender o que motiva o aluno a permanecer ou querer alcançar algo a mais nesta modalidade. A partir desses aspectos provém o interesse de conhecer tais realidades e aprofundar temáticas da motivação no futebol de jovens atletas.

A intenção de realizar este estudo com atletas jovens também se da pela importância e necessidade de desenvolver habilidades psicológicas para o desempenho esportivo. Assim como se da atenção aos aspectos físicos, técnicos e táticos aos atletas de futebol desde o inicio de sua vida esportiva. Pois há necessidade de compreender se os aspectos psicológicos se fazem influentes no resultado esportivo ou no desempenho do atleta.

A psicologia desportiva tem investigado aspectos motivacionais que leva um atleta, em determinado tempo, escolher uma determinada forma de comportamento e realizar com determinada intensidade e persistência (SAMULSKI, 2002). Zanelli (2004)apresenta que pesquisas sobre motivação passaram a utilizar múltiplos critérios de mensuração, pois se admite cada vez mais que a ação humana é multicausal e contextual, envolvendo aspectos biológicos, psicológicos, históricos, sociológicos e culturais.

Em um Grupo de Estudos e Pesquisas em Psicossociologia do Esporte da Universidade de São Paulo (GEPPSE - USP), Brandão et al. (2005 apud VAZ, 2006) levantaram que entre 1995 e 2004 foram realizadas 508 publicações científicas, nacionais e internacionais, relacionadas à Psicologia do Esporte. Segundo esse estudo de revisão, a incidência dos temas apresentou a seguinte amostragem: a ansiedade e estresse foram os mais pesquisados com 76% dos trabalhos; motivação e orientação esportiva com 5% cada uma; competitividade 4%; análise comparativa de aspectos psicológicos e traços de personalidade 1% e a auto-estima com 0,5%.

O que se destaca nessa revisão referente ao número de publicações é a incidência dos temas relacionados à psicologia do esporte, em que a motivação juntamente com a orientação esportiva ficou com apenas 5 % da amostragem. Porém através do aumento ao número de pesquisas na área da psicologia esportiva o interesse pelo tema também vem crescendo, devido à importância do tema.

O futebol por ser um esporte altamente competitivo e exigir rotinas de exercícios que muitas vezes duram longos períodos, chegando a atingir anos de treinamento com o intuito de buscar o aperfeiçoamento dos atletas. E, esse formato de treinamento no futebol passa por grandes rotinas de trabalho que se iniciam cada

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vez mais cedo. Nesse sentido se vê a importância de manter o atleta sempre motivado, pois segundo Fleury (1998) à medida que somos motivados pelo entusiasmo e pelo prazer, ou mesmo por um grau ideal de ansiedade, esses sentimentos nos levam à conquista.

Todavia neste sentido o presente estudo busca compreender os fatores pessoais e ambientais que motivam atletas de futebol da categoria juvenil, a ter determinação e direção de comportamento. Samulski (2009) aponta que a motivação para a prática esportiva depende da interação de dois fatores, são eles pessoais e situacionais, ou seja, para se entender o que leva o atleta a tomar determinada decisão ou direção de comportamento é preciso primeiramente tentar compreender quais os fatores que os influenciam.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão literária do presente estudo busca ampliar os conhecimentos referentes á psicologia do esporte, onde o tema principal abordado é a motivação no âmbito esportivo, mas precisamente no meio futebolístico de atletas jovens.

Para tanto se estabeleceu alguns capítulos norteadores e que irão embasar a discussão dos resultados desse estudo. O intuito é abordar os aspectos na compreensão do tema principal, sendo eles: evolução histórica do futebol no Brasil e no mundo e sua relação com a sociedade; futebol de formação e de rendimento; a adolescência e a importância da atividade física neste período; teorias da motivação no esporte e motivação intrínseca e extrínseca.

2.1 FUTEBOL

2.1.1 Histórico do Futebol no Mundo

O futebol pode ser considerado o esporte mais popular do mundo, e não é somente o preferido pelos praticantes, mas também é o favorito dos espectadores. Segundo Wuolio (1981) o futebol possui varias razões para ser considerado o “rei dos esportes”. Wuolio (1981), aponta que esta modalidade, contem requisitos simples e não muito numerosos, além de proporcionar uma atividade física bastante variada. Segundo Wuolio (1981) o esporte favorece também o desenvolvimento social do individuo. Frisselli e Mantovani (1999, p. 3) ainda afirmam que “este esporte permite ações individuais de grande habilidade, diferentes funções e é de fácil organização”.

O jogo com bola, especialmente os praticados com os pés, existe desde o surgimento do homem no planeta. Autores da antropologia sugerem a prática de jogos com uma bola de granito na pré-história, e que os primeiros homens

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se divertiam chutando frutas ou até mesmo crânios, sendo esse considerado como o mais remoto antepassado do futebol. (FRISSELLI e MANTOVANI 1999).

Segundo Duarte (2004) coube aos ingleses organizar o futebol, mas sua origem se perdeu no tempo. Frisselli e Mantovani (1999) relatam que o mais distante que podemos chegar quanto à origem dos jogos com bola e particularmente o futebol, é através de relatos japoneses que fazem menção a um jogo chamado “KEMARI”. Segundo os autores este jogo era praticado pela realeza, onde a bola deveria ser passada de pé em pé sem tocar o solo e também sem o objetivo de marcar o gol ou pontos, sendo caracterizado pelo controle e a arte de chutar a bola.

Outra teoria, Duarte (2004) cita o jogo que se iniciou na China por volta de 2600 a.C, onde o Senhor Yang-Tsé inventa o Kemari. Contudo a FIFA (2011) confirma o que diz Duarte (2004) sobre o jogo, tendo este iniciado há 3000 anos na China. Esta aquarela mostra Kemari, uma versão japonesa cerimonial do jogo.

Conforme relatado por Frisselli e Mantovani (1999) na Grécia antiga, por volta de 1.500 anos a.C. encontraram-se alguns jogos precursores do futebol. Relatos de 776 a. C. mencionam um jogo chamado de “EPYSKIROS”, integrante do programa de educação atlética da juventude helênica. Neste jogo duas equipes de 15 jogadores disputavam a posse de uma bexiga cheia de ar. Segundo Duarte (2004) os romanos adotam a bola e detalhes deste jogo e fazem o “HASPASTON”, onde o objetivo do jogo era fazer uma bola de couro recheada de crina animal, traspor um espaço entre dois bastões ligados por um fio.

Goldman e Dunk apud por Frisselli e Mantovani (1999) corroboram, destacando que no ano de 1060 o jogo foi levado para Inglaterra, onde cai imediatamente no agrado popular. Segundo os autores a disputa acontecia entre os povoados onde o jogo era chamado “HURLING OVER COUNTRY”, sendo o objetivo conduzir uma bola ao edifício central do povoado rival e era disputado por cerca de 500 homens de cada lado. Duarte (2004) afirma que este jogo era violento selvagem, sem regras o que levou a sua proibição.

Segundo Duarte (2004) em 17 de fevereiro de 1529, na Praça Santa Croce, em Florença, grupos políticos decidiram resolver problemas na disputa de um jogo de bola. “CALCIO” era o nome do jogo. Frisselli e Mantovani (1999) destacam que este jogo era praticado em terreno de 137x50 metros com dois postes de cada lado, assemelhando-se ao gol da atualidade e os jogadores eram distribuídos em funções definidas em um mínimo de organização tática.

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Frisselli e Mantovani (1999) relatam ainda que alguns anos mais tarde, em 1850 Gionanni di Bardi estabelece as regras para o “CALCIO”, e apesar delas não terem sido registradas e ter chego até os dias atuais, sabe-se que seu objetivo era ordenar um pouco o jogo, então praticado com demasiada violência. Desta forma os jogadores passaram a ter posições definidas, os pontapés e empurrões escandalosos praticados na época foram proibidos e 10 árbitros foram instituídos para punirem as infrações.

Duarte (2004, p. 214, 215) relata que a “grande transição aconteceu quando esse esporte atingiu as escalas superiores e a corte”. Segundo Frisselli e Mantovani (1999) na França um jogo “SOULE” ou “CHOULE”, praticado pela nobreza era um jogo violento que servia para matar o tempo. O jogo consistia em passar a bola entre dois bastões fincados no solo. O autor menciona que quando iniciada sua prática, pela nobreza, o “SOULE” já tinha seu refinamento escudado nas regras do “CALCIO” italiano.

À medida que deixava de ser um jogo perigoso, violento e nocivo, o futebol passou a ser praticado largamente nas escolas. Diante deste avanço tentaram estabelecer um regulamento para o futebol universitário, onde a regra maior seria o uso somente dos pés para golpear a bola. Porém em 1823 durante um jogo estudantil, na RUGBY SCHOOL, um dos estudantes insista na utilização das mãos e dos pés para tocar a bola. Esse fato gera uma divisão clara das regras entre FOOTBALL e o RUGBY. (FRISSELLI e MANTOVANI 1999).

Para Frisselli e Mantovani (1999) apesar de ambos usarem o mesmo campo, o número de jogadores e intenção tática semelhante, tendo o objetivo de fazer a bola transpor os postes, o uso das mãos ou pés estabelece um marco para a criação do futebol moderno. O autor ainda segue dizendo que com a divisão bem clara e definida entre os praticantes de FOOTBAL e RUGBY, em 1846 as primeiras regras são ensaiadas. Na Inglaterra por volta de 1857 com a organização do futebol o esporte se tornou o numero 1, e foi fundado o primeiro clube da historia chamado SHEFFIELD.

Segundo Frisselli e Mantovani (1999) a partir disto algumas datas tornam-se importantes para evolução do futebol:

a) Em 1868 institui-se a figura do arbitro;

b) Em 1871 Charles Alcook, então tesoureiro e secretario da Football Association, sugere a criação de uma taça a ser disputada entre os clubes

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pertencentes à associação. Os Wanderes capitaneados pelo próprio Alcook, sagraram-se campeões, derrotando os Royal Engineers por 1 x 0 para um publico pagante de 2.000 pessoas;

c) Em 1872, ainda em fase de codificação das regras, acontece o primeiro jogo internacional oficial entre Inglaterra e Escócia, e o resultado é 0 x 0; d) Entre 1877 o gol começa a ter travessão superior, e em 1878 os árbitros passam a utilizar-se de um apito;

e) Em 1882 é criada por Inglaterra, Escócia, Irlanda e Pais de Gales a International board para definir as regras do futebol, papel que fez até hoje como assessora a FIFA.

Duarte (2004) afirma que as regras começaram a pôr ordem no esporte e isso repercutiu em sua prática. Jovens das famílias ricas da Inglaterra começam a deixar de lado alguns de seus esportes preferidos, como o arco – e – flecha, tiro, esgrima, caça, equitação passando a praticar o futebol.

A partir do que já foi visto Frisselli e Mantovani (1999) fazem a seguinte indagação: e nas Américas, como se deu a historia do futebol? Faz-se menção a Herrer y Tordesillas, historiador espanhol da época, que descreve um jogo, de caráter recreativo, jogado com os pés com uma bola de borracha, material extraído de seringueiras. Os autores ainda relatam alguns outros tipos de jogos descritos como jogados pelos índios Aztecas e por outros índios, no Chile e na Patagônia. É certo que os jogos com bola, nas Américas eram muito populares entre os índios e tinham um caráter recreativo e não violento como na Europa. (FRISSELLI e MANTOVANI 1999).

Segundo Frisselli e Mantovani (1999) apesar do “CALCIO” organizado existir desde 1500 e nos primórdios o futebol ter sido introduzido e disseminado na Normandia através do “HASPARTUM”, levado pelos conquistadores romanos, a reivindicação dos italianos da paternidade do futebol não procede. Os autores afirmam que devido aos relatos, parece que o processo de consolidação do futebol, como esporte, realmente ocorreu na Inglaterra, e desde a pré-história não se pode negar que o inicio do processo de estabelecimento da maneira de se jogar futebol moderno, tenha ocorrido na Inglaterra.

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2.1.2 Histórico do Futebol no Brasil

No Brasil Duarte (2004) relata que o futebol chegou por intermédio de marinheiros de navios ingleses, holandeses e franceses que vinham até o país, na segunda metade do século XIX. Eles jogavam em nas praias durante as paradas dos navios, e quando iam embora levavam as bolas. Os brasileiros admiravam o jogo e nem sequer sonhavam que esse seria o esporte nacional. (DUARTE, 2004 p. 215).

Para Frisselli e Mantovani (1999, p.7) é a partir do trabalho de Charles Miller que o futebol começa a ser, de fato, difundido e citam que:

Nascido em 1874, no Brás, zona leste de São Paulo, e filho de pai inglês e mãe brasileira, Miller estuda na Inglaterra entre 1884 e 1894. Volta de lá com as regras, duas bolas de couro e uniformes para organizar os primeiros jogos na várzea do Carmo (Brás), entre ingleses e brasileiros da Companhia de Gás, do London Bank e da São Paulo Railway. O jogo logo é difundido para os sócios do São Paulo Athletic Club e da Associação Atlética Mackenzie College.

A prática inicial do futebol no Brasil se deu entre os jovens da elite paulistana, principalmente nos colégios considerados da classe de elite do estado de São Paulo e incentivados pela Igreja Católica. Conforme afirma Rodrigues (2004) os negros e mulatos eram excluídos dessa prática esportiva considerada nobre, sendo assim um símbolo de distinção social.

Duarte (2004, p. 219) afirma que “estudos jesuítas fazem a revelação do futebol antes de Charles Miller”.

Um desses estudos, dos mais sérios, do padre José Manuel Madeireira, A Companhia de Jesus: sua pedagogia e seus resultados, editado no Rio de Janeiro em 1912, na pagina 630, traz o seguinte registro: “No Colégio São Luiz, de Itu, estado de São Paulo, jogava-se futebol desde 1880”. A afirmativa é firme: quando não se praticava esse esporte em clubes.

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Segundo Rodrigues (2004) o São Paulo Athletic Club, em 1888 localizado no estado de São Paulo e o The Bangu Athletic Club, em 1904 localizado no bairro de Bangu no estado do Rio de Janeiro, marcam os primeiros clubes a organizarem o futebol em seus estados e conseqüentemente no Brasil. O autor ainda ressalta que o The Bangu Athletic Club foi um clube formado por operários que trabalhavam na empresa Companhia Progresso Industrial Ltda., e que formou duas equipes para que ocorresse a disputa de uma partida na época.

Porém, segundo Frisselli e Mantovani (1999) o Sport club Rio Grande (Rio Grande, RS) é considerado oficialmente pela confederação Brasileira de futebol (CBF), o clube mais antigo fundado (data de fundação 24/06/1900). Os autores ainda afirmam que 48 dias depois é fundada a Associação Atletica Ponte Preta (Campinas, SP), em 11/08/1900.

Segundo Frisselli e Mantovani (1999), por volta de 1901 é fundada a primeira entidade, a Liga Paulista de Futebol, formada pelo São Paulo Athetic, o Mackenzie, o Sport Clube Internacional e o Sport Club Germania. Um ano depois, 1902 os mesmos autores afirmam ser disputado o primeiro campeonato oficial. Já o primeiro campeonato carioca ocorreu em 1906, alguns anos depois, por volta de 1923 a 1963, seleções estaduais enfrentaram-se em campeonatos brasileiros. Segundo o autor o Rio de Janeiro (então Distrito Federal) vence 13 vezes, São Paulo vence 9 vezes e Bahia uma vez seguido de uma vitoria de Minas Gerais.

Em resumo, Duarte (2004) afirma que a historia do futebol é antiga e rica, além de bonita, a qual China (kemari), Grécia (epyskiros), Roma (harpastum), França (soule), Florença (cálcio), Inglaterra (football) e Brasil formam a árvore genealógica do futebol.

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2.1.3 Futebol e Sociedade

Com base na evolução histórica do futebol no mundo e principalmente no Brasil, abordado anteriormente é de extrema importância ressaltar sua influência nesta nação. Para Freire (2003), brasileiros e futebol tem tido um casamento perfeito. Como dizem alguns cronistas este país é considerado como a “pátria de chuteiras”. Somando inúmeros títulos entre eles cinco mundiais a qual os colocam no topo do mundo nessa arte de jogar com os pés.

Por não pré-definir seus atletas, por características físicas, e, por requerer apenas onze pessoas com um objetivo em comum, Giulianotti (2002) elucida ser comum ouvir que o futebol é um dos esportes mais “democráticos” do mundo. No Brasil o próprio destaque do esporte viria deste fator. Sua rápida popularidade no país veio por não exigir muita estatura nem muito dinheiro para ser praticado. Altos e baixos, magricelas e gordinhos, rápidos e não tão rápidos todos os fenótipos podem se adequar ao jogo.

Talvez por ironia os ingleses criadores do futebol de professores passaram a ser nossos alunos. Para Freire (2003), isso se da devido à grande intimidade que temos com a bola. Com isso, muitos vêm este país como criadores desta modalidade. Num país com tantos fracassos sociais, os sucessos adquiridos no futebol foram e são tão grandes que tornam as tentativas de explicação inevitáveis. (FREIRE, 2003).

O futebol brasileiro foi gerado nos centros urbanos, onde os campos de várzeas eram os espaços apropriados para a prática do futebol antigamente. Freire (2003) destaca que antes dos prédios, casas e fabricas tomarem conta desses espaços o que se via, eram crianças, jovens e adultos brincado de “jogar bola”.

Conforme relata Giulianotti (2002), grandes escritores como Graciliano Ramos e Lima Barreto, ambos intensamente preocupados com a definição de uma identidade nacional, viram na importância do futebol um processo de deterioração dessa identidade. No entanto o futebol se tornou absolutamente indissociável dessa identidade. Este esporte se tornou junto com as telenovelas um dos principais alimentadores da auto-imagem nacional.

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Porém segundo Freire (2003), quanto mais os meios de comunicação como radio, televisão e jornal aproximavam o futebol das pessoas, mais o futebol lúdico se afastava. Com isto, nos campos havia só agora lugar para os que já “sabiam jogar”, tornando o jogo assim cada vez mais competitivo. (FREIRE, 2003).

É muito provável que muitas pessoas já se perguntaram porque ou como este esporte é capaz de arrebatar tantos tipos diferentes de pessoas? Giulianotti (2002), diz que o fato de ser o esporte mais popular do mundo seja a resposta mais apropriada. Ainda que o Brasil se alegre com o título do “país do futebol” este esporte é chamado em termos atuais de o mais globalizado dos esportes, por ser o primeiro em várias nações. Mesmo em países ricos como a Inglaterra e a Alemanha, este esporte ocupa papel fundamental na identidade local. É cultuado em sociedades com as mais diferentes religiões e formações históricas. (GIULIANOTTI, 2002).

Portando, Giulianotti (2002) afirma que um país para ser considerado apto para o futebol não necessita apresentar requisitos prévios como número máximo de habitantes ou homogeneidade da população. Ou seja, um país com a população menor e mais heterogênea que a do Brasil, por exemplo, pode apresentar resultados proporcionalmente ótimos em torneios mundiais.

Ao fazer a analise do futebol, não se deve cair na tentação de associar de forma inapropriada uma cultura pela outra, pois é errado afirmar que as táticas predominantes em cada país refletem sua mentalidade. Logo se o esquema tático de jogo de determinada equipe é mais agressivo não será necessariamente o perfil adotado pela população. Contudo, os paralelos se mostram convenientes quanto à diferença entre o comportamento dos torcedores violentos em cada país, sendo isto reduzido a mera delinqüência, a qual por vezes é encontrada em estádios em diferentes partes do mundo. (GIULIANOTTI, 2002).

Como futebol nasceu da classe dominante, se popularizou com a revolução fordista e passou a ser um vértice de conteúdos simbólicos e sociais. O esporte passou a ser “de massa” com a urbanização e a industrialização do mundo, à medida que o proletariado se multiplicava nas cidades. Devido à expansão e desenvolvimento do esporte são nítidas as mudanças referentes à forma atlética do jogador, que ganhou mais importância. Assim como o negócio esportivo que tomou dimensões gigantescas e as fronteiras nacionais ficaram nebulosas, dando espaço a um movimento ambíguo, à diluição dos estilos locais acompanhada do

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ressurgimento de valores tribais – a uma “complexidade cultural crescente”. Mas nem por isso o futebol deixou de atrair a atenção do torcedor que cresce em numero e paixão pelo esporte. (GIULIANOTTI, 2002).

Matta (1982) descreve que, diferentemente dos animais, vive-se em um mundo norteado e balizado por normas. Em outras palavras, as pessoas existem literalmente em campos de futebol, em áreas demarcadas por linhas, possuem irmãos que desejam o sucesso e estão conosco porque vestem nossa mesma camisa e companheiros que jogam contra. Neste enorme campo de futebol da vida existem figuras intocáveis a quem se deve obediência e respeito, pois detêm o poder de fazer cumprir um conjunto de regras impessoais que se aplicam a todos. É neste campo onde se jogado, correndo às vezes demasiado por uma bola muito fácil; ou perder boas jogadas, ou cometendo faltas que conduzem a um pênalti contra a própria equipe. Isso também ocorre fazendo gols de placa, jogadas maravilhosas que, por sua classe e estilo, chegam até a espantar a nós mesmos. (MATTA, 1982).

Com isto Giulianotti (2002) corrobora afirmando que o brasileiro se vê criativo e eficiente ao mesmo tempo assim como dentro das quatro linhas eram Pelé, Zico, Mané Garrincha e tantos outros craques. Porém o que podemos perceber com o passar dos anos que é o futebol não é visto mais como um esporte para todos, ou seja, não é necessariamente democrático, pois têm exigido cada vez mais de seus praticantes, talentos especiais e investimentos altos. Mas, sem ele não existe democratização. (GIULIANOTTI, 2002).

Com tudo é possível perceber que em muitos países (principalmente o Brasil) através do futebol é possível perceber a identidade do seu povo. Com o passar dos anos assim como se expandia e desenvolvia-se o país, no caso do futebol não era diferente, sua evolução era nítida e constante trazendo com sigo sempre muito entusiasmo e alegria para todos.

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2.1.4 Categorias de base e escolinhas no futebol

Com a popularização do futebol em diversos países e seu fácil acesso em diferentes classes sócias, crianças e adolescentes tem optado por esse esporte em grande parte por influência dos pais. (PAOLI, 2008). Os pais objetivam manter seu filho ativo e saudável em um meio esportivo que lhe traga retorno a saúde, ou na maioria das vezes pela tentativa da realização do sonho de fazer parte de algum clube profissional. Sendo assim, as categorias de base de clubes profissionais e escolinhas, tem ganhado cada vez mais espaço no mundo esportivo. Onde os clubes estão focados na idéia de esporte rendimento e as escolinhas voltadas há participação. Este último alcançam uma parcela maior da sociedade, por permitir a visualização de resultados no desenvolvimento da criança a longo e em curto prazo e beneficiar a grande maioria dos participantes. (CASARIN e CELLA, 2008).

A categoria de base entra no contexto de esporte de rendimento, cujo propósito é formar, ou revelar o atleta para o mundo do futebol, visando resultados competitivos e lucro com sua possível venda. Entretanto o processo de treinamento busca de forma extenuante o aperfeiçoamento de movimentos e gestos técnicos dessa modalidade, com objetivo de garantir a melhor performance do atleta durante o período de treino e competição. Sendo assim, muitos clubes não levam em consideração o processo de formação gradual, ou seja, há uma precocidade e uma forte cobrança em cima dos jovens atletas pelo rendimento máximo. (PAOLI, 2008).

Casarin e Cella (2008), afirmam que atualmente clubes a qual sustentam categorias de base, principalmente em nosso país, estão mais preocupados em formar rapidamente o atleta, para atender as necessidades do mercado e do mundo profissional, buscando lucrar com contratações milionárias de talentos esportivos ou mais comumente conhecidos como “craques” da bola.

Azevêdo (2008 apud CASARIN e CELLA, 2008) dispõem algumas particularidades das categorias de base:

a) Campos de treinamento em quantidade com excelente qualidade. b) Materiais esportivos adequados para a prática esportiva.

c) Vestiários equipados usados antes e depois da prática esportiva. d) Sala de musculação e reuniões.

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e) Equipe multidisciplinar (treinador, preparador físico, psicólogo, massagista, médico).

f) Busca de retorno financeiro.

g) Competições durante toda a temporada.

h) Metodologia de treinamento bem definida, geralmente tradicional, que visa uma a aquisição dos aspectos físico, técnicos, táticos e psicológicos levando os atletas ao rendimento total.

Segundo Stelmastchuk e Rodrigues (2011), cada vez mais o esporte de rendimento passa a ser de responsabilidade de iniciativas privadas, por exigir uma organização complexa de investimento. Traz consigo o propósito de novos êxitos esportivos, a vitória sobre os adversários nos mesmos códigos, e é exercido sob regras preestabelecidas pelos organismos internacionais de cada modalidade. (STELMASTCHUK e RODRIGUES, 2011).

O que impede esta modalidade de ser considerada uma ação democrática, é que o futebol possui uma tendência natural para que seja praticado por atletas que além de manterem uma constante evolução, possam mostrar já no inicio de sua vida esportiva indícios de bons resultados futuros. Isso ocorre geralmente com jovens atletas considerados “talentos esportivos”. (VALLE, 2003).

O reconhecimento do talento individual vem através do melhor desempenho e a busca pelo brilhantismo nos esportes na idéia de diferenciação, numa sociedade a qual vive por padrões hierárquicos que pouco promove e permitem o reconhecimento das classes menos favorecidas, sendo este apenas através de meios esportivos ou culturais. (CHUK e RODRIGUES, 2011).

Corroborando Valle (2003) ressalta que o discurso da sociedade atual preconiza atitudes que transmitam os ideais do esporte como a determinação, o esforço continuo, a busca de limites, entre outros a qual permite que esses jovens sintam através da prática esportiva que estão preparando-se para sua vida futura e para o mercado de trabalho.

A valorização da performance excelente talvez seja mais exacerbada no individuo (atleta), do que na equipe que ele representa. Porém o melhor desempenho não depende exclusivamente do atleta, mas sim de uma equipe ou time que alcançam melhores resultando num desempenho coletivo. (VALLE, 2003).

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Nessa idéia, Casarin e Cella (2008) destacam que a competição dependendo da forma como será utilizada, pode proporcionar ao atleta aspectos positivos e/ou negativos. Ou seja, a competição pode auxiliar na formação integral do atleta, nos aspectos cognitivo, social, físico e afetivo e nas atitudes saudáveis e de autovalorização, ou causar frustrações, desanimo e baixa performance, por vezes devido a má supervisão do profissional envolvido. Mesmo assim, Betti (1991 apud CASARI e CELLA, 2008) entende que o envolvimento em atividades competitivas, desperta grande interesse e motivação, possibilitando desta forma uma maior afirmação social.

Em contraposição, visando principalmente os aspectos sociais e educacionais, tem o esporte participação, pertencente às escolinhas de prefeituras municipais e projetos sociais, tendo como tema central a formação diferenciada do atleta. No esporte participação também há o interesse muitas vezes em formar atletas, porém neste caso ficam em segundo plano, pois o interesse das escolinhas é a participação para o ingresso do individuo na sociedade. (CASARI e CELLA 2008).

Conforme Scaglia (1996) atualmente é grande a proliferação de escolinhas de futebol em nossa sociedade, destinadas a acolher um público infantil e adolescente. (SCAGLIA, 1996).

Scaglia (1996) afirma que alguns autores acreditam que o desenvolvimento global dos alunos tem sido a preocupação da prática pedagógica a qual trabalham as escolinhas de esportes, respeitando seus estágios de crescimento e desenvolvimento, físico e cognitivo, onde, a escola de esporte, através de sua práxis pedagógica, deve contemplar várias possibilidades, tais como: sociais, intelectuais, motoras, educacionais e também esportivas.

Portanto, parece ser função básica das escolinhas proporcionarem um processo de ensino aprendizagem, que venha possibilitar um aprendizado da modalidade em questão. Porém este aprendizado técnico não deve ter um fim em si mesmo, ou seja, este processo deve estar envolvido em todo um contexto vivido pelo aluno. (SCAGLIA, 1996).

Segundo Scaglia (1996) é através da aplicação de conhecimentos da pedagogia do esporte que a escolinha terá a finalidade e a responsabilidade de possibilitar um desenvolvimento ao aluno, onde o esporte não se restringe a um “fazer” mecânico, mas torna-se um compreender, incorporar, aprender atitudes,

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habilidades e conhecimentos, que o levem a dominar os valores e padrões da cultura esportiva, não tendo como foco principal um rendimento exterior ao individuo pela busca de melhores resultados de performance.

Azevêdo (2008 apud CASARI e CELLA, 2008), apresenta algumas características pertencentes às escolinhas de futebol:

a) Estrutura física é bem menor e com menos qualidade; b) Apenas o professor está presente na comissão técnica; c) Materiais esportivos de menor qualidade;

d) Competições disputadas esporadicamente;

e) Há uma pedagogia de formação do cidadão, através de atividades diversificadas, que desenvolvam a totalidade.

Na visão do esporte de alto rendimento deve-se sempre realçar os ganhos e destacar os indivíduos que o pratica na buscando de melhores resultados, tornando-os diferenciados em função de sua técnica, a qual são dedicados anos para seu aprimoramento. Já o esporte participação é o esporte referenciado com o princípio do prazer lúdico, e que tem como finalidade o bem estar social e a melhora da qualidade de vida de seus participantes. Com tudo, torna-se claro que o esporte participação cria a possibilidade de uma inserção diferenciada do esporte na sociedade. (TUBINO, 2001).

2.2 ADOLESCÊNCIA

Para Bee (1997) é tão importante a mudança de estado de criança para o de adulto que varias sociedades promovem e marcam essa passagem com alguma espécie de rito ou ritual. Segundo Cohen (1964 apud BEE, 1997) existe uma grande quantidade de variação no conteúdo desses rituais, embora certas práticas sejam especialmente comuns. Papalia, Olds e Feldman (2006) elucidam que ritos de passagem podem incluir bênçãos religiosas, separação da família, testes rigorosos de força e resistência, marcação do corpo de alguma forma ou atos de magia.

Coll, Palacios e Marchesi (1995) definem adolescência como a etapa que se estende, dos 12-13 anos até aproximadamente o final da segunda década da vida. Os autores ainda afirmam, trata-se de uma etapa de transição, na qual não se

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é mais criança, mais ainda não se tem status de adulto. É o que Erikson (1968 apud COLL, PALACIOS e MARCHESI, 1995) chama de uma “moratória social”, um compasso de espera que a sociedade oferece aos jovens, enquanto se preparam para exercer os papeis adultos. Os mesmos autores relatam ainda que na cultura ocidental, a incorporação dos adolescentes ao status adulto retornou, formando-se por um novo grupo que desenvolve seus próprios hábitos e maneiras, e, enfrentam problemas peculiares.

Partindo do mesmo principio Papalia, Olds e Feldman (2006) definem adolescência como uma etapa de extrema importância na vida de todas as pessoas. Porém, não há definição exata para seu ponto de inicio ou fim. Bee (1997) relata que a maioria de nós utiliza a palavra adolescência como um termo que se aplica a um conjunto preciso de anos, tal como 12 até 20 anos, ou o período que se inicia no começo da escola do segundo grau.

Bee (1997) salienta que se desejarmos incluir os processos físicos da puberdade nesses anos de adolescência devemos então pensar nessa faixa etária como tendo seu inicio antes dos 12 anos. Ainda, no caso das meninas, algumas iniciam a puberdade aos 8 ou 9 anos. E, no caso dos meninos, afirma que um jovem de 18 anos com trabalho, esposa e filhos, sendo inadequado considerar como adolescente. Com isto, faz sentido pensar a adolescência como o período que se situa, psicológica e culturalmente, entre a meninice e a vida adulta, ao invés de uma faixa etária especifica. Porém, as crianças precisam passar por esse período de transição de modo a atingir estado adulto no seu desenvolvimento. (BEE, 1997).

Coll, Palacios e Marchesi (1995) corroboram afirmando que é preciso fazer uma distinção entre dois termos, que possuem um alcance e um significado muito diferente, são eles: puberdade e adolescência. Chama-se puberdade ao conjunto de modificações físicas que transformam o corpo infantil, durante a segunda década de vida, em corpo adulto, capacitado para a reprodução. A adolescência pode ser definida como um período psicossociológico que se prolonga por vários anos, caracterizado pela transição entre infância e a adultez. (COLL, PALACIOS e MARCHESI, 1995).

Já Osorio (1992) relata que a adolescência nas ultimas décadas vem sendo considerada como o momento crucial do desenvolvimento do indivíduo. Pois é nesse período que o individuo além de marcar sua imagem corporal definitiva, forma a estruturação final da personalidade. Ainda, afirma que o fenômeno da puberdade

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é universal e seu inicio cronológico, em condições de normalidade física, coincide em todos os povos e latitudes. A adolescência, embora seja um fenômeno igualmente universal, tem características bastante peculiares conforme o ambiente sócio-cultural do individuo. Portanto, determinar seu inicio e tarefa complexa e que não pode apoiar-se apenas em certa constância dos elementos psicológicos. (OSORIO, 1992).

Papalia, Olds e Feldman (2000), consideram que a adolescência tem seu inicia na puberdade, processo que leva à maturidade sexual, ou fertilidade – a capacidade de reprodução. Para as sociedades industriais modernas, adolescência é considerada como uma transição no desenvolvimento entre infância e idade adulta que envolve grandes e interligadas mudanças físicas, cognitivas e psicossociais. (PAPALIA, OLDS e FELDMAN 2000).

Osorio (1992, p.12) complementa, afirmando ser a adolescência um complexo psicossocial, assentado em uma base biológica, cuja caracterização pode ser sumariada nos seguintes itens:

a) Refinação da imagem corporal, consubstanciada na perda do corpo infantil e da conseqüente aquisição do corpo adulto;

b) Culminação do processo de separação/individualização e substituição do vinculo de dependência simbiótica com os pais da infância por relações objetivas de autonomia plena;

c) Elaboração de lutos referentes à perda da condição infantil;

d) Estabelecimento de uma escala de valores ou código de ética próprio; e) Busca de pautas de identificação no grupo de iguais;

f) Estabelecimento de um padrão de luta/fuga no relacionamento com a geração precedente;

g) Aceitação tácita dos ritos de iniciação como condição de ingresso ao status adulto;

h) Assunção de funções ou papeis sexuais auto-outorgados, ou seja, consoante inclinações pessoais independentemente das expectativas familiares e eventualmente (homossexuais) ate mesmo das imposições biológicas do gênero a que pertence.

Quanto ao termino da puberdade e adolescência estaria concluída, juntamente com o crescimento físico e o amadurecimento gonodal, em torno dos 18

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anos. Esta data coincidindo com a soltura das cartilagens das epífises dos ossos longos, o que determina o fim do crescimento esquelético. (OSORIO, 1992).

Já o termino da adolescência é bem mais difícil de determinar e novamente obedece a uma série de fatores de natureza sócio-cultural. (OSORIO, 1992). Tentando discriminar quais os elementos mais universais que nos possibilitariam assinalar o termino da adolescência, o autor ainda relaciona o preenchimento das seguintes condições:

a) Estabelecimento de uma identidade sexual e possibilidade de estabelecer relações afetivas estáveis.

b) Capacidade de assumir compromissos profissionais e manter-se (“independência econômica”);

c) Aquisição de um sistema de valores pessoais (“moral própria”).

d) Relação de reciprocidade com a geração precedente (sobretudo com os pais).

Osório (1992) indica que em termos etários, isto ocorreria por volta dos 25 anos na classe media brasileira, com variações para mais ou para menos conforme as condições socioeconômicas da família de origem do adolescente. Em relação ao interesse universal pelo estudo da adolescência atual que segundo ele advêm de duas circunstâncias principais: (OSÓRIO, 1982, p. 13)

1. A explosão demográfica de pós-guerra, que trouxe como imediata conseqüência o significado crescimento percentual da população jovem mundial. Basta que se lembre que nos últimos 25 anos a população do Brasil duplicou para que se perceba quão significativo é o contingente de jovens em nosso país. Estima-se hoje cerca de1/4 da população brasileira é constituída de adolescentes.

2. A ampliação da faixa etária com as características da adolescência. Assim, se antes a adolescência era tida meramente como aquela etapa de transição entre a infância e a idade adulta que coincide com os limites biológicos da puberdade, atualmente a adolescência e definida por elementos que, embora batizados pelas características psicológicas do momento evolutivo em questão, são marcadamente influenciados pelas contingências sócio-culturais circunstantes. Assim, o estudo da adolescência hoje extrapola o interesse cognitivo sobre uma etapa evolutiva do ser humano para, através dele, procurar entender todo um processo de aquisições e motivações da sociedade em que vivemos.

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2.2.1 Atividade física na adolescência

A adolescência como citado anteriormente, é uma fase na vida do individuo a qual ocorrem diversas alterações físicas e cognitivas, porém em meio a essas mudanças é importante que este jovem mantenha uma vida ativa e saudável. A atividade física é uma ferramenta que pode contribuir para uma melhora da saúde e qualidade de vida do adolescente. (LAZZOLI et al. 1998).

Nesse contexto, é importante ressaltar que a atividade física é qualquer movimento como resultado de contração muscular esquelética que aumente o gasto energético acima do repouso, caracterizado pela atividade do cotidiano e pelos exercícios físicos. Trata-se de comportamento inerente ao ser humano com características biológicas e sócio-culturais. (LAZZOLI et al. 1998).

Segundo Souza (1996) na fase inicial da adolescência ou mesmo na pré-adolescência, deve haver uma preocupação com a aquisição de habilidades e capacidades básicas, bem como em despertar o interesse para a atividade esportiva continuada.

É de extrema importância se atentar aos programas de exercícios nesta fase, pois os mesmos devem atender às mais variadas solicitações e conseqüentemente precisam ser ajustados ao estado de evolução do jovem. É possível perceber essa importância quando se compara, por exemplo, um adolescente de treze anos, ainda impúbere, com um jovem de dezoito anos. (SOUZA, 1996).

Segundo Souza (1996) o exercício, na juventude, não se restringe apenas ao aperfeiçoamento da capacidade funcional dos praticantes. O esforço físico bem dosado contribui efetivamente para o crescimento psicológico e social, bem como na habilitação física. Sendo assim, quando se insere atividade física na vida de um jovem, não se deve ter como objetivo apenas ocupar as horas de lazer, mas, em especial, transformar esse tempo em um meio eficaz de desenvolvimento e principalmente preservação da saúde. Papalia, Olds e Feldman (2006) consideram que os problemas de saúde nesta fase freqüentemente são oriundos do estilo de vida. Sendo que segundo os mesmos autores, o exercício ou a falta dele afeta a saúde física e mental.

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Ainda, Papalia, Olds e Feldman (2006) afirmam que caminhar com rapidez, andar de bicicleta, nadar ou trabalhar no jardim, são formas de atividade física, e se praticados regularmente por pelo menos trinta minutos na maioria dos dias da semana ou, preferencialmente, todos os dias trazem benefícios à saúde (obs. é imprescindível o acompanhamento de um profissional da área na busca de resultados fidedignos). Por outro lado, um estilo de vida sedentário que se estende a vida adulta pode resultar em maior risco de obesidade, diabetes, doenças cardíacas e câncer. (COLL, PALACIOS e MARCHESI, 1995).

Segundo Guedes et al. (2001) benefícios da prática de atividade física associados à saúde e ao bem-estar, assim como riscos predisponentes ao aparecimento e ao desenvolvimento de disfunções orgânicas relacionados ao sedentarismo, são amplamente apresentados e discutidos na literatura. Importantes estudos têm se procurado em destacar que hábitos de prática da atividade física, incorporados na infância e na adolescência, possivelmente possam transferir-se para idades adultas. Acompanhamentos longitudinais sugerem que adolescentes menos ativos fisicamente apresentam maior predisposição a tornarem-se adultos sedentários. (GUEDES et al., 2001).

Segundo Lazzoli et al. (1998), em crianças e adolescentes, um maior nível de atividade física contribui para melhorar o perfil lipídico e metabólico e reduzir a prevalência de obesidade. Ainda, é mais provável que uma criança fisicamente ativa se torne um adulto também ativo. O mesmo autor ainda afirma que contribuir para uma melhor qualidade de vida e estabelecer uma base sólida para a redução da prevalência do sedentarismo na idade adulta, é o que estabelece como norma a medicina preventiva e saúde publica, partindo do principio da promoção da atividade física na infância e na adolescência.

Alves et al. (2005) corrobora com Guedes et al. (2001) quando relata que apesar de alguns estudos longitudinais indicarem fraca ou modesta correlação entre atividade física na infância e na vida adulta, outros apontam que crianças e adolescentes que se mantêm fisicamente ativos apresentam probabilidade menor de se tornar adultos sedentários.

Alves et al. (2005, p. 292) afirmam que a prática de atividade física diminui o risco de:

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Aterosclerose e suas conseqüências (angina, infarto do miocárdio, doença vascular cerebral), ajuda no controle da obesidade, da hipertensão arterial, do diabetes, da osteoporose, das dislipidemias e diminui o risco de afecções osteomusculares e de alguns tipos de câncer (colo e de mama). Contribui ainda no controle da ansiedade, da depressão, da doença pulmonar obstrutiva crônica, da asma, além de proporcionar melhor auto-estima e ajuda no bem-estar e socialização do cidadão.

Souza (1996) afirma ainda que não há propriamente uma prescrição de exercícios recomendáveis ou contra-indicados, sendo o melhor aquele que o individuo percebe que mais o agrada. Em relação às atividades esportivas praticadas por crianças e adolescentes Weinberg e Gould (2001) afirmam ser uma das poucas áreas na vida das crianças na qual elas podem participar intensamente de uma atividade que tem conseqüências significativas para seus colegas e familiares, para elas próprias, bem como para a comunidade a qual esta inserida. Segundo o autor, com dados apenas dos Estados Unidos, 45 milhões é a estimativa de crianças menores de 18 anos envolvidas em programas de atividade física escolar e extracurricular. Porém os mesmos dados apontam que para a maioria das crianças envolvidas, sua participação no esporte chega ao máximo por volta dos 12 anos.

Weinberg e Gould (2001) indicam que nos Estados Unidos de aproximadamente 8 mil crianças pesquisadas (49% de meninos, 51% de meninas) a maioria diz participar de esportes para divertir-se. Outras razões a qual a maioria deles cita condiz em: fazer alguma coisa na qual são boas, melhorar suas habilidades, fazer exercícios e ficar em forma, estar com seus amigos, fazer novas amizades e competir. Porém os autores destacam que essa participação no esporte atinge seu máximo entre as idades de 10 a 13 anos e então declina consideravelmente até a idade de 18 anos.

Conforme relatam Weinberg e Gould (2001) esse declínio ou desistência se da em alguns casos por “mudanças de interesse” ou até mesmo por “ter outra coisa pra fazer” segundo uma pesquisa realizada com nadadores (idade entre 10 a 18 anos) que desistiram na natação, a maioria desiste, pois apresenta interesse em outras atividades. Entretanto, são considerados alguns fatores negativos que podem contribuir para esse comportamento em meio ao esporte, como: pressão excessiva, não gostar do técnico, fracasso, falta de diversão, uma ênfase excessiva em vencer, entre outro. (WEINBERG e GOULD 2001).

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A seguir será apresentada uma tabela de motivos de participação em esportes infanto – juvenil a qual meninos e meninas de programas esportivos escolares e não escolares tiveram respostas semelhantes.

Tabela 1: Motivos de participação em esportes infanto-juvenil.

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2.3 MOTIVAÇÂO

2.3.1 Conceito de motivação

Apesar da importância da temática, é difícil definir a motivação em poucas palavras, e não existe consenso entre autores referente o assunto. Usualmente, se utilizam termos como necessidades, desejos, vontades, metas, objetivos, impulsos, incentivos entre tantas outras. Derivada do latim motivus, que significa mover, a palavra motivação assume o significado de “tudo aquilo que pode fazer mover”, “tudo aquilo que causa ou determina alguma coisa ou até mesmo” o fim ou razão de uma ação. (ZANELLI et al, 2004, p. 145).

Desse modo o mesmo autor afirma fazer sentido que uma teoria da motivação é uma teoria da ação. Para Maximiano (1995) este termo implica em um estado psicológico de disposição ou vontade de perseguir uma meta ou realizar uma tarefa. Sendo assim, uma pessoa motivada é uma pessoa com disposição favorável para seguir a meta ou realizar a tarefa. Porém existem diferenças psicológicas e ambientais que são fatores importantes para explicar esses conceitos. Vários autores em suas teorias interpretam de maneira diferente e enfatizam aspectos da motivação que está intimamente relacionada com o comportamento e desempenho das pessoas.

Robbins (2002) conceitua motivação como a disposição de exercer um nível elevado e permanente de esforço em favor de determinada meta, sendo que este esforço deve ser capaz de satisfazer algumas necessidades individuais. Neste sentido, a motivação pode ser caracterizada como força impulsionadora do individuo para determinado objetivo. Dentre estas forças, destaca-se as forças positivas e negativas. Sendo que as forças positivas são aquelas que levam o individuo a aproximar-se do estimulo e as negativas são aquelas que o levam a afastar-se dele. (MINICUCCI, 1995).

Quando o individuo deseja realizar algo, ou simplesmente manter sua vontade, seu ponto de referencia se torna a motivação. Trata-se, pois, de uma série de fatores que de certa forma satisfaçam o desejo do individuo em continuar a

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realizar uma determinada tarefa. Segundo Pereira (1992) a motivação tem sido tema de pesquisas na área da psicologia experimental. Através da analise de dados pesquisados verifica-se que os desejos internos desconhecidos, que se apresentam como necessidades, são impulsionadores de atividades que levam o indivíduo a assumir este ou aquele comportamento.

Para Zanelli et al, (2004, p. 146) “motivação é um processo psicológico básico de relativa complexidade, por se tratar de um fenômeno não diretamente observado e que auxilia na explicação e na compreensão das diferentes ações e escolhas individuais”. Ambrose e Kulik, (1999 apud ZANELLI et al., 2004) afirmam que a motivação começou a associa-se a vários outros conceitos, tais como, satisfação, desejo, energia, recompensas intrínsecas e extrínsecas, comprometimento, envolvimento, ajustamento no trabalho, reforço, drive, necessidade, desenho de cargo, crenças, valores, metas, expectativas e, mais recentemente, criatividade, cultura, afeto e trabalho em equipes.

De maneira geral os autores abordam a motivação como sendo parte da ação ou comportamento tomado pelos indivíduos. No entanto, existem necessidades ou teorias da motivação que trazem orientações importantes e de grande utilidade no entendimento dos aspectos da motivação de um individuo. Tendo em vista uma melhor compreensão do conteúdo relacionado ao estudo, serão abordados apenas alguns modelos teóricos, que podem ser considerados importantes para o entendimento da temática.

2.3.2 Teorias da motivação

Durante o decorrer dos anos muitas são as teorias que tentam explicar a motivação. Para Hampton (1990), o primeiro passo para motivar as pessoas está no reconhecimento de que estas agem no seu próprio interesse, do modo que for definido por suas necessidades.

Nas décadas de 1940, 50 e 60 foram consideradas produtivas para o desenvolvimento das teorias sobre a motivação, época em que foram construídas: a teoria das necessidades de Maslow (1943), a teoria das necessidades (afiliação, poder e realização) de McClelland (1953) e a teoria de ERC (existência,

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relacionamento e crescimento) de Alderfer (1969) as quais serão abordadas neste estudo.(ZANELLI et al, 2004).

2.3.2.1 Teoria da hierarquia das necessidades

A teoria da hierarquia das necessidades de Maslow segundo, Zanelli et al, (2004) parte da premissa de que as necessidades humanas têm origens biológicas e estão dispostas em uma hierarquia, explicitando o pressuposto de que o homem tem propensão para o auto desenvolvimento e crescimento pessoal. Spector (2003) contribui relatando que a satisfação das necessidades humanas é importante para a saúde física e mental do individuo, pois elas estão dispostas em uma hierarquia que inclui necessidades físicas, sociais e psicológicas.

Porém conforme Zanelli et al, (2004, p. 150), nesta teoria o ser humano possui diversas necessidades que podem ser separadas em categorias hierarquizadas. Para motivar uma pessoa, identifica-se qual é a categoria mais baixa na qual ela tem uma necessidade (necessidades inferiores), e suprir esta necessidades antes de pensar em outras categorias mais altas (necessidades superiores). Essas categorias são normalmente apresentadas em forma de pirâmide onde segundo Zanelli et al, (2004, p.150) as necessidades inferiores podem ser classificadas como:

a) Necessidade Fisiológica: são relacionadas às necessidades do organismo, indispensável à sobrevivência do ser humano. Respirar e se alimentar podem ser utilizadas como exemplo neste caso.

b) Necessidades de Segurança: indispensável à sobrevivência do individuo e da espécie. Por exemplo, segurança física (contra a violência), segurança de recursos financeiros, segurança da família e de saúde entre outros.

As necessidades superiores segundo Zanelli et al, (2004, p. 150) por sua vez, seriam:

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c) Necessidades sociais: com as duas primeiras categorias supridas, passam-se a ter necessidades de aceitação de outras pessoas e grupos humanos, como amizades, suporte familiar e amor.

d) Necessidades de estima: busca de status e valorização social, ser reconhecido como uma pessoa competente e respeitada.

e) Necessidades de auto – realização: é uma necessidade instintiva do ser humano, esta necessidade se resume pela busca da condição máxima de crescimento pessoal e de busca contínua pelo auto-aperfeiçoamento.

Spector (2003) relata que segundo Maslow, para que um desejo seja motivador, ele não pode ser satisfeito, já que as pessoas são motivadas pelo nível mais baixo de necessidades não satisfeitas. Ou seja, segundo o autor, se dois níveis de necessidades não são satisfeitos, o nível mais baixo irá prevalecer. Assim, uma pessoa faminta não se preocuparia com o perigo e talvez se arriscasse a roubar comida, mesmo sabendo que a punição por roubo é severa. (SPECTOR 2003, p. 201).

Maslow reconhece, contudo que pode haver execuções para esta hierarquia e que certos indivíduos podem considerar algumas necessidades mais altas como mais importantes que as de níveis mais baixos. Desta forma, as necessidades mais baixas não são motivadoras. (SPECTOR, 2003).

2.3.2.2 Teoria ERC

Segundo Zanelli et al. (2004) Clayton Alberfer em sua teoria ERC (existência, relacionamento e crescimento) segue a mesma linha de raciocínio de Maslow. Porém, no final da década de 1960 Alderfer redefiniu as cinco necessidades hierárquicas de Maslow em uma tentativa de corrigir algumas deficiências. Nesta teoria, existem três, em vez de cinco níveis de necessidade que são organizadas em continuum, e não em hierarquia. Segundo o mesmo autor a idéia é que as pessoas podem se mover para frente e para trás de uma categoria de necessidade para

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