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Responsabilidade pelo risco da evicção sobre bem adquirido em hasta pública

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RINALDO SANTA-ANA CORRÊA

RESPONSABILIDADE PELO RISCO DA EVICÇÃO SOBRE BEM ADQUIRIDO EM HASTA PÚBLICA

Tubarão 2019

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RINALDO SANTA-ANA CORRÊA

RESPONSABILIDADE PELO RISCO DA EVICÇÃO SOBRE BEM ADQUIRIDO EM HASTA PÚBLICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito.

Prof.ª Terezinha Damian Antonio, Msc.

Tubarão 2019

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Este trabalho de conclusão de curso é dedicado à Giani Soethe Ascari, minha esposa e companheira de todas as horas, e à Heloisa Ascari Corrêa, minha filha amada, fonte de inspiração na busca de um mundo melhor.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus, pois sem ele nada teria sentido, nem mesmo eu poderia estar aqui redigindo estas palavras. Gratidão é a palavra que define este momento para mim.

À minha mãe, Ovanir Maria Santa-Ana Corrêa, in memoriam, que me incentivou desde muito pequeno a buscar conhecimento, pois o estudo é a herança que ninguém retira.

A meu pai, Pedro da Silva Corrêa, in memoriam, que me ensinou a ter paciência, a entender que há um Deus que nada deixa faltar e que, se de fato você for predestinado, o que é para ser seu virá em suas mãos.

A meus avós e tias, que, no momento de grande dificuldade pelo qual passamos, receberam-nos de braços abertos e me encorajaram a buscar uma vida melhor por meio dos estudos.

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“Nunca, jamais, desanimeis, embora venham ventos contrários” (SANTA PAULINA, 2013).

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RESUMO

OBJETIVO: Analisar a atribuição de responsabilidade ao alienante (na figura de executado), do exequente e do Estado na aplicação do instituto da evicção sobre bens adquiridos em hasta pública. MÉTODO: No tocante ao nível, pode-se classificar este trabalho como exploratório; quanto à abordagem, trata-se de uma pesquisa qualitativa; quanto ao procedimento de coleta de dados, em meio bibliográfico e documental. RESULTADOS: Expropriação de bens é uma modalidade de desapropriação forçada que decorre de previsão legal, tal como: adjudicação; alienação por iniciativa particular; e, alienação em leilão judicial eletrônico ou presencial. Hasta pública é uma sessão solene dirigida a quem tiver por interesse adquirir os bens penhorados. Alienação em hasta pública é um ato executório de Direito público, pelo qual expropriam-se bens coativamente para prestação de execução jurisdicional, constituindo-se, também, como uma das várias formas de se adquirir um bem. CONCLUSÃO: Chama-se evicção a perda da coisa, por força da sentença judicial. Considerando-se que o evicto não pode ficar com o prejuízo irreparável em decorrência da evicção em alienação por hasta pública, entende-se que o executado e, subsidiariamente, o exequente, respondem pelos riscos da evicção, baseado no princípio da proibição do enriquecimento sem causa; já o Estado responde de forma subjetiva, pois a atribuição de responsabilidade objetiva implicaria em imputação de obrigação que não lhe cabe, pois não aufere nenhum proveito.

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ABSTRACT

OBJECTIVE: To analyze the attribution of responsibility to the alienant (in the figure of executed), the executor and the State in the application of the institute of eviction on goods acquired by public auction. METHODS:. Regarding the level, this work can be classified as exploratory; As regards the approach, this is a qualitative research; as to the data collection procedure, in bibliographical and documentary. RESULTS: Expropriation of assets is a forced expropriation modality that derives from legal prediction, such as: adjudication; alienation by private initiative; and alienation in electronic or face-to-face judicial auction. Until public is a solemn session addressed to those who have the interest to acquire the seized assets. Alienation in hasta-public is an enforceable act of public law, whereby property is expropriated for judicial execution, and constitutes one of several ways of acquiring property. CONCLUSION: It is called eviction the loss of the thing, by virtue of the judicial sentence. Considering that the evict can not be irreparable damage as a result of eviction by sale by public auction, it is understood that the executed and, in the alternative, the exequent, are liable for the risk of eviction, based on the principle of prohibition of enrichment without cause; already the State responds in a subjective way, because the attribution of objective responsibility would imply imputation of an obligation that does not belong to him, because it does not derive any benefit.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 10

1.1 DESCRIÇÃO DO TEMA ... 10

1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ... 13

1.3 HIPÓTESE ... 13

1.4 DEFINIÇÃO DE CONCEITO OPERACIONAL ... 13

1.5 JUSTIFICATIVA ... 13

1.6 OBJETIVOS ... 14

1.6.1 Objetivo geral ... 14

1.6.2 Objetivos específicos ... 14

1.7 DELINEAMENTO DA PESQUISA ... 15

1.8 ESTRUTURA DO RELATÓRIO FINAL ... 16

2 NOÇÕES GERAIS SOBRE EXECUÇÃO, PENHORA E HASTA PÚBLICA ... 17

2.1 EXECUÇÃO E PENHORA DE BENS: CONCEITOS E OBJETIVOS ... 17

2.2 DEPOSITÁRIO DE BEM PENHORADO ... 19

2.3 BENS PENHORÁVEIS, BENS IMPENHORÁVEIS E ORDEM DE PREFERÊNCIA DOS BENS PENHORÁVEIS ... 20

2.4 TIPOS DE PENHORA ... 21

2.5 CONCEITO E FORMAS DE EXPROPRIAÇÃO DE BENS ... 24

2.6 CONCEITOS LEILÃO JUDICIAL E ARREMATAÇÃO ... 26

2.7 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DA HASTA PÚBLICA ... 27

2.8 HASTA PÚBLICA ELETRÔNICA ... 28

2.9 SUSPENSÃO, TRANSFERÊNCIA E ENCERRAMENTO DA HASTA PÚBLICA ... 30

2.10 ALTERAÇÕES PROMOVIDAS PELO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 NO INSTITUTO DA HASTA PÚBLICA ... 31

3 CARACTERIZAÇÃO DO INSTITUTO DA ALIENAÇÃO EM HASTA PÚBLICA... ... 34

3.1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DA ALIENAÇÃO EM HASTA PÚBLICA .. 34

3.2 LEGITIMIDADE PARA ARREMATAR ... 35

3.3 PREÇO E PAGAMENTO DO BEM ARREMATADO ... 36

3.4 ORDEM DE PREFERÊNCIA DOS BENS DEPOSITADOS ... 38

3.5 AUTO DE ARREMATAÇÃO E CARTA DE ARREMATAÇÃO ... 39

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3.7 DESFAZIMENTO DA ARREMATAÇÃO ... 43

4 RESPONSABILIDADE PELO RISCO DA EVICCÇÃO DE BEM ADQUIRIDO EM PRAÇA PÚBLICA ... 46

4.1 EVICÇÃO E VÍCIOS REDIBITÓRIOS: CONCEITOS ... 46

4.2 ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADE POR EVICÇÃO ... 47

4.2.1 Responsabilidade do alienante ou do exequente perante o adquirente evicto ... 48

4.2.2 Responsabilidade do Estado perante o adquirente evicto ... 51

4.2.3 Considerações finais do capítulo ... 53

5 CONCLUSÃO ... 55

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1 INTRODUÇÃO

Esta monografia trata da responsabilidade pelo risco da evicção sobre bem adquirido em hasta pública, como se passa a expor.

1.1 DESCRIÇÃO DO TEMA

O ordenamento jurídico brasileiro admite que um civil possa adquirir bens através de leilões judiciais, mas esse caminho, ao mesmo tempo em que pode ser lucrativo economicamente, tem que ser trilhado com muito cuidado, pois há uma série de situações que precisam ser observadas antes do momento da compra. E, mesmo tomando todos os cuidados e estudando todos os problemas aparentes, ainda assim, há uma situação que foge da regularidade, que é o instituto da evicção, disciplinado no Código Civil (Sessão VI, artigos 447 a 457). Chama-se evicção a perda da coisa ocorrida por força de sentença judicial, que a atribui a outrem, por direito anterior ao contrato aquisitivo (BRASIL, 2002).

De acordo com a legislação civilista, nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção, subsistindo essa garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. E, salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto à restituição integral do preço ou das quantias que pagou à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; aos honorários do advogado por ele constituído e às custas judiciais. Ainda, o adquirente não pode demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa (BRASIL, 2002).

Por sua vez, o alienante, no caso de um processo de leilão judicial, é alguém que não pode pagar seu débito, ou não quis pagar o que devia ao credor. Já este, por sua vez, é quem invocou o Estado para que, usando o poder que tem, efetue essa cobrança pelos meios legais. Nesse caso, o Estado cumpre a sua função por meio do instituto da execução, que, conforme determina o Código de Processo Civil (CPC), pressupõe uma obrigação sob a qual não pairam incertezas quanto à sua existência e titularidade, cabendo ao Estado forçar aquele que tem o dever de cumpri-la a fazê-la (BRASIL, 2015).

De alguma forma, se o devedor não satisfizer o crédito nas formas definidas na legislação, o Estado pode se valer do instituto da penhora sobre determinados bens seus. E, assim, o processo de execução passa a garantir a satisfação do crédito por meio da adjudicação, instituto que permite o credor ficar com o bem do devedor para quitar a dívida.

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Em outro caso, o credor pode, por suas forças, tentar vender o bem penhorado, por meio da venda por iniciativa do próprio exequente. Caso não sejam exitosas as duas modalidades anteriores, cabe ao Estado levar o patrimônio do devedor à arrematação judicial em hasta publica.

Hasta pública é uma sessão solene, previamente designada pelo juiz, e amplamente divulgada pela veiculação de editais a todos os interessados, para possibilitar que dela participem todos os cidadãos que tenham interesse em adquirir os bens penhorados.

Miranda (1979, v. 10) fazia uma distinção entre os dois sentidos da arrematação: em sentido de movimento processual, refere-se à submissão do bem penhorado ao procedimento da alienação ao público; e, em sentido de estática processual, liga-se à assinação do bem que foi posto em hasta pública, a quem ofereceu maior lanço (VIEGAS, 2004). O valor arrecadado com o maior lanço dado servirá para pagar a integralidade da dívida, incluindo as custas judiciais, se o valor permitir. Caso haja sobra de valores, o montante do que sobrar, após a quitação total de todos os débitos, é repassado ao devedor (ora, já não mais devedor).

No instituto da hasta pública, o alienante se configura não como vendedor, e, sim, como executado, ou seja, alguém que perde seu bem, na maioria das vezes contra a sua vontade. Sendo assim, considerando que o prazo para propositura da ação de evicção é de três anos, e que pode acontecer de quem alienou em hasta pública não ter mais nenhum bem que possa garantir ao pagamento a quem arrematou, o credor que teve seu débito sanado, neste tempo, já pode não ter mais recursos para devolver o que recebeu com a venda do bem do executado.

Costa (2014) explica que a disparidade da natureza jurídica entre os contratos onerosos e a arrematação em hasta pública, serve como fundamento para posicionamentos controversos a respeito da aplicabilidade da evicção em hasta pública. Nessa linha de raciocínio, antes do Código Civil de 2002, coexistiam entendimentos jurisprudenciais conflitantes que enfatizavam essas disparidades, no bojo de julgamentos que apontavam as mais diversas situações fáticas (COSTA, 2014).

Destaca-se que, analisando-se a função do Estado em levar o bem do devedor à hasta pública e aliená-lo, avalia-se a possibilidade da venda ser desfeita, pelo motivo de um terceiro interessado vir ao meio judicial e requerer aquele bem, fruto de leilão judicial, como seu, fazendo prova disso dentro do prazo prescricional de três anos ao qual tem direito.

Nessa toada, ao adquirir um bem judicial, o comprador tem, ainda, por três anos, a possibilidade de perdê-lo em um processo de evicção. Entretanto, o art. 449 do Código Civil

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explica que: “Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu” (BRASIL, 2002).

Precipuamente, a evicção possui o condão de assegurar ao adquirente o bom direito que o alienante possui do objeto do contrato, estendendo-se a evicção aos bens adquiridos em hasta pública. Nessa linha, a jurisprudência tem diversos entendimentos não havendo uma posição majoritária (COSTA, 2014).

O Superior Tribunal de Justiça manifestou entendimento pelo qual, nos contratos onerosos, o alienante é obrigado a resguardar o adquirente dos riscos da evicção, toda vez que não se tenha excluído essa responsabilidade. Por sua vez, o arrematante tem o direito de receber o que pagou sem causa, devendo aquele que enriqueceu injustamente repetir o que recebeu, seja pelo antigo devedor que teve uma dívida quitada, seja pelo credor, que recebeu o seu crédito de quem não era obrigado pela dívida (BRASIL, 2014).

Diante do exposto, questiona-se: quem deve pagar ao arrematante? Como ficará a situação, caso seja o alienante, conforme o artigo 447 do Código Civil, se ele já não tinha meios para pagar a dívida? Ou melhor, como esperar que alguém, que já teve seus bens tomados pelo Estado e levados à hasta pública, seja obrigado a pagar por algo que não tinha o interesse de ver vendido? Ainda, levando-se em consideração que esse bem era o único bem possível de expropriação que o alienante, ora executado, tinha à época, e que na data que foi constatada a evicção e criada a obrigação de restituir, este não contava com a posse de nenhum bem ou nenhum dinheiro, como o pagamento seria possível?

Pode-se pensar, então, que aquele que figurava como credor, e que teve seu crédito satisfeito com o dinheiro arrecadado com a arrematação do bem que agora é tomado pelo instituto da evicção, deveria participar do pagamento do arrematante? Mas, e se este também não tiver patrimônio? E se já tiver gastado todo o dinheiro recebido na arrematação? Questiona-se sobre qual é a parcela de responsabilidade que o Estado tem para com o arrematante, pois, o que parece é que toda a configuração da problemática mostra que o Estado, por meio de lei própria, isentou-se da sua corresponsabilidade. Desse modo, busca-se resposta para o problema de pesquisa levantado, que diz respeito à atribuição de responsabilidade pelo risco da evicção sobre bem adquirido em hasta pública: ao alienante, ao adquirente, ao exequente ou ao Estado.

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1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

De quem é a responsabilidade pelos riscos da aplicação do instituto da evicção sobre bens adquiridos em hasta pública: do alienante, do exequente, do adquirente ou do Estado?

1.3 HIPÓTESE

Considerando-se que o evicto não pode ficar com o prejuízo irreparável em decorrência da evicção em alienação por hasta pública, entende-se que o executado e, subsidiariamente, o exequente, respondem pelos riscos da evicção, com base no princípio da proibição do enriquecimento sem causa. Já o Estado responde de forma subjetiva, pois a atribuição de responsabilidade objetiva implicaria em imputação de obrigação que não lhe cabe, pois não aufere nenhum proveito.

1.4 DEFINIÇÃO DE CONCEITO OPERACIONAL

Com o fim de clarear o tema desta pesquisa, identifica-se o seguinte conceito operacional.

Evicção por alienação em hasta pública: trata-se de uma possibilidade real que o comprador de bem que foi à hasta pública tem de absorver sozinho o risco e o prejuízo de uma possível evicção sobre o bem arrematado, ou, em uma leitura mais abrangente, pode-se buscar a responsabilização do responsável por tão situação, podendo ser este, inclusive, o Estado, por ter gerido a venda por um processo de execução, e, neste momento, exime-se da corresponsabilidade que, por entendimento, deveria possuir.

1.5 JUSTIFICATIVA

A escolha deste tema se deu pelo fato de que sempre o acadêmico se interessou por leilões (extrajudiciais e judiciais) e, quando teve contato com a matéria de execuções, ficou ainda mais motivado a estudar o assunto em um projeto de pesquisa para o curso. Nesse sentido, poder-se-á conhecer, de modo mais aprofundado, os possíveis resultados de referido processo, incluindo-se a evicção.

Esse estudo é relevante para a sociedade, pois os leilões representam uma forma de se obter ganhos financeiros, por meio da realização de compras abaixo do valor de

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avaliação de mercado; e, entender o processo se faz medida importante, para evitar decepções com os seus resultados.

Também, é importante para o meio acadêmico, pois esclarece as várias situações que podem ocorrer no momento da positivação do débito (processo de conhecimento), no procedimento de execução, na hasta pública, e na carta de arrematação (documento que comprova a compra por processo de leilão).

Nas pesquisas efetuadas sobre o tema, no repositório da Universidade do Sul de Santa Catarina, não foram encontrados trabalhos sobre o assunto, especificamente, havendo somente a pesquisa intitulada “O débito das taxas condominiais anteriores a arrematação do imóvel e a responsabilidade do arrematante”. Isso justifica a realização desta pesquisa, no sentido de se possibilitar discussões no meio acadêmico sobre a possibilidade de evicção em hasta pública por arrematação, o que pode trazer contribuições tanto para o curso, como para estudantes e profissionais.

1.6 OBJETIVOS

1.6.1 Objetivo geral

Analisar a atribuição de responsabilidade ao alienante (na figura de executado), ao exequente e ao Estado, na aplicação do instituto da evicção sobre bens adquiridos em hasta pública.

1.6.2 Objetivos específicos

Apresentar considerações gerais acerca do processo de execução e da penhora de bens.

Descrever sobre o procedimento da hasta pública.

Apresentar as características do instituto da arrematação. Caracterizar o instituto da evicção.

Descrever sobre a evicção em hasta pública.

Discutir sobre a responsabilidade pela garantia à evicção.

Discutir a responsabilidade do alienante, do exequente, do adquirente e do Estado pelos riscos da evicção na alienação em hasta pública.

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Destacar os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais acerca da evicção em hasta pública.

1.7 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Segundo Gil (2017) o delineamento da pesquisa refere-se ao seu planejamento em sua dimensão mais ampla, ou seja, neste momento, o investigador estabelece os meios técnicos da investigação, prevendo os instrumentos e os procedimentos necessários utilizados para a coleta de dados.

Conforme Leonel e Motta (2011), os tipos de pesquisa classificam-se por três critérios. No tange ao nível, divide-se em exploratória, descritiva ou explicativa; quanto à abordagem, classificam-se em qualitativa e quantitativa; e, por último, quanto ao procedimento, em bibliográfico, documental, experimental, estudo de caso, dentre outros.

Dessa maneira, pode-se classificar o nível da pesquisa deste trabalho, como exploratória, que segundo Gil (2017) serve para proporcionar maior familiaridade com o problema-pesquisa, para que seja mais compreensível ou para levantar novas suposições. Desse modo, pretende-se compreender, por meio das normas infraconstitucionais, doutrinas e jurisprudência, os posicionamentos, os entendimentos majoritários e os diversos entendimentos sobre o tema evicção, mais precisamente, evicção em hasta pública por arrematação.

Já, quanto à abordagem, trata-se de uma pesquisa qualitativa, visto que seu principal objetivo é “[...] conhecer as percepções dos sujeitos pesquisados acerca da situação-problema, objeto da investigação” (LEONEL; MOTTA, 2011, p. 108).

Ademais, quanto ao procedimento de coleta de dados, foram utilizadas as pesquisas bibliográfica e documental. A pesquisa bibliográfica foi feita em fontes secundárias, advindas de doutrina, artigos científicos, teses e dissertações. Já a pesquisa documental se baseou em normas infraconstitucionais e na jurisprudência, visto que “[...] o estudo de casos jurisprudenciais permite ao pesquisador dar concretude e vida ao seu trabalho” (CARVALHO, 2013, p. 38). Para o presente estudo, não se vislumbra a necessidade de submissão ao Conselho de Ética, pois não aborda pesquisa com seres humanos de forma direta ou indireta.

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1.8 ESTRUTURA DO RELATÓRIO FINAL

Esta monografia está organizada em cinco capítulos. O primeiro trata da introdução, no qual são expostos o tema, o problema, os objetivos, o delineamento da pesquisa e a justificativa.

O segundo capítulo apresenta a noção geral sobre o processo de execução, a penhora e a venda do bem em hasta pública. Ademais, também se explana a respeito do leilão e da responsabilidade do depositário fiel sobre o bem levado à hasta pública, assim como se especificam os tipos de penhora. Destaca-se, também, o conceito e as formas de expropriação dos bens do devedor.

O terceiro capítulo deste trabalho trata da alienação em hasta pública, mostrando o conceito, os legitimados, o valor dos bens, o preço vil e a aplicação sobre os bens levados a leilão. Ademais, abordam-se a ordem e a preferência a ser respeitadas em relação à penhora sobre os bens; o auto de arrematação e a carta de arrematação; e, ainda, as formas de satisfação do crédito.

O quarto capítulo versa sobre a questão principal deste trabalho que é a responsabilidade do risco de evicção em alienação por hasta pública, discutindo sobre a possibilidade dessa responsabilidade recair sobre o alienante (executado), o exequente, o adquirente ou o Estado.

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2 NOÇÕES GERAIS SOBRE EXECUÇÃO, PENHORA E HASTA PÚBLICA

Este capítulo destaca alguns aspectos que envolvem o instituto da hasta pública, abordando conceito e características da execução, da penhora de bens e da hasta pública, como se passa a expor.

2.1 EXECUÇÃO E PENHORA DE BENS: CONCEITOS E OBJETIVOS

Execução é um conjunto de ações jurisdicionais, materiais, reais de invasão do patrimônio do devedor, para satisfazer a obrigação consagrada num título, de acordo com Greco Filho (2013, v. 1). Ainda, segundo o autor, considera-se satisfativa, ou seja, de contentamento, a atividade jurisdicional de execução, pelo fato de que parte de um título que consagra uma obrigação tem, por fim, efetivar o direito do credor e entregar-lhe o bem jurídico devido (GRECO FILHO, 2013, v. 1).

Na visão de Silveira (2004), o conceito de execução envolve atuação do órgão jurisdicional de forma coercitiva, empenhando ao devedor cumprimento da obrigação, por meio de medidas hostis ao seu patrimônio, no qual a cognição aplicada pelo processo de execução se restringe, apenas, à possibilidade de discussão sobre legalidade e à relação dos atos processuais praticados. Trata-se, portanto, de uma forma de obrigar o devedor ao cumprimento forçado da prestação, por meio da captura de bens seus, suficientes para a sua satisfação (MONTENEGRO FILHO, v. 2, 2005).

Ademais, Marques (2000, p. 1) conceitua o processo de execução como o “[...] meio e modo pelo qual se efetiva a prestação a que a lei concede pronta e imediata exigibilidade”. O autor salienta, que nos casos em que a obrigação não é cumprida pelo devedor, prontamente, o Estado, pelo poder judiciário, pode obrigar o devedor a cumpri-la, pela a solicitação do credor e pelos meios adequados (MARQUES, 2000).

Nesse sentido, o principal objetivo do processo de execução é trazer a satisfação ao credor, garantindo-lhe um direito reconhecido, com a utilização dos meios necessários e possíveis, podendo se dispor ou não a buscar esse direito na esfera judicial. Desse modo, para alcançar o objetivo da execução, recorre-se a um procedimento que atende as necessidades do credor com eficiência: trata-se da penhora, que é medida cabível no processo de execução, utilizada, também, em outros ramos do Direito, como nos conflitos trabalhistas (ASSIS, 2002).

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Penhora de bens é o ato de expropriação no processo de execução, uma vez que arresta bens provenientes do patrimônio do devedor e serve para garantir a obrigação que o mesmo possui, segundo Marques (2000). Trata-se do ato executivo, mas que não se confunde com a natureza do penhor e do arresto, uma vez que ela não extrai o poder de disposição sobre o bem do executado (ASSIS, 2002). Desse modo, nada impede que o bem ora penhorado seja objeto de alienação, desde que o executado substitua o bem garantido, ou quite o valor devido.

Conforme Mello (2007), pode-se considerar penhora a apreensão judicial por parte de um solicitante de bens – estes informados pelo devedor como garantia de execução de uma determinada dívida expressa a um credor – na qual o bem permanecerá sob a posse do devedor, porém, a partir do momento em que se inicia o processo de cobrança judicial, esse devedor perderá o direito de utilizar dos seus bens. Assim, para afiançar o pagamento, o produto da penhora é encaminhado para a hasta pública, onde o tribunal comercializa os bens, e, com o produto da venda, realiza-se o pagamento ao credor.

Em outras palavras, Daudt (2004) esclarece que a penhora é instituto jurídico próprio da fase inicial da expropriação de bens no processo de execução, o qual retira o objeto do patrimônio do devedor para satisfazer a obrigação, com posterior alienação do bem para conversão em dinheiro. Trata-se de um ato executivo processual que tem como principal finalidade individualizar o bem, sobre o qual recairá a satisfação do crédito obtida com a conversão em dinheiro.

A penhora tem como natureza jurídica o ato executório, o que não se confunde com a natureza cautelar. Para que seja possível, a penhora precisa decorrer da execução do devedor para satisfação do credor, mesmo que, a posteriori, o bem seja alienado para transformar-se em dinheiro, sendo importante salientar que o poder de disposição do executado é indevido no que se refere ao credor, uma vez que todas as ações de disposição daquele serão ineficazes em face do processo executivo (DAUDT, 2004).

Em outro conceito, penhora apresenta dupla finalidade, quais sejam:

1 – visa a individuar e apreender efetivamente os bens que se destinam aos fins da execução, preparando assim o ato futuro da desapropriação;

2 – visa também a conservar os bens assim individuados na situação em que se encontram, evitando que sejam subtraídos, deteriorados ou alienados em prejuízo da execução em curso (SANTOS, 2003 apud ASSAF, 2006, p. 296).

Dessa forma, o processo de penhora não deixa dúvidas quanto ao objetivo de proteção do crédito, já líquido e certo a ser cobrado, e deixa clara a busca pelo resguardo

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desses bens, a fim de sejam transformados em dinheiro no processo de hasta e, futuramente, sirvam à satisfação do crédito do credor. Considerando o disposto no Código de Processo Civil, no que diz respeito à penhora de bens, os efeitos da mesma são:

a) a concretização da responsabilidade patrimonial; b) a garantia da execução;

c) o estabelecimento do direito de preferência; d) a perda da posse direta do bem penhorado;

e) a ineficácia da alienação dos bens penhorados após a formalização da penhora. (MONNERAT, 2015, p. 825).

2.2 DEPOSITÁRIO DE BEM PENHORADO

Abelha (2015) ensina que, depois de efetuada a penhora pelo oficial de justiça, uma pessoa será nomeada para ser o depositário do bem. O depositário de bem penhorado é o indivíduo considerado auxiliar da justiça (art. 149, Código de Processo Civil) que possibilita dar seguimento ao processo judicial em relação à parte exequente, pois é ele que fica responsável pela guarda dos bens penhorados, arrestados, sequestrados ou arrecadados (BRASIL, 2015). Por esse ato, o depositário pode e deve ser remunerado, desde que não seja parte no processo, assim como pode responder civilmente pelos prejuízos causados pelo mau cuidado dos bens penhorados a ele confiados. Desse modo, o depositário de bem penhorado é aquele que assume o dever de cuidar do bem, enquanto é providenciado o procedimento de expropriação, e que deve dispender o cuidado adequado sobre coisa ora lhe confiada, caso contrário responderá pelos danos causados ao bem sob sua guarda.

Assim, por força do art. 149 do Código de Processo Civil, o depositário de bem penhorado é considerado um auxiliar da justiça. Ademais, o art. 159 de referido diploma legal estabelece que: “Art. 159. A guarda e a conservação de bens penhorados, arrestados, sequestrados ou arrecadados serão confiadas a depositário ou a administrador, não dispondo a lei de outro modo” (BRASIL, 2015).

O depositário de bem penhorado pode ser o executado, o exequente, o depositário judicial ou outros, como as instituições financeiras nos casos de depósito de quantias em dinheiro. Entretanto, a preferência é dada pela nomeação do exequente, uma vez que esse é o principal interessado pela efetividade da execução e pela satisfação da obrigação exequenda.

A nomeação do depositário dos bens é requisito que deve constar no auto ou termo de penhora de acordo com o art. 838, inciso IV, do novo Código de Processo Civil: “A penhora será realizada mediante auto ou termo, que conterá [...] a nomeação do depositário dos bens” (BRASIL, 2015).

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2.3 BENS PENHORÁVEIS, BENS IMPENHORÁVEIS E ORDEM DE PREFERÊNCIA DOS BENS PENHORÁVEIS

De acordo com o que normatiza o Código de Processo Civil (art. 835), há uma lista preferencial de bens a serem penhorados do executado. Essa lista tem caráter taxativo, devendo ser seguida a ordem estabelecida na legislação, como segue:

Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:

I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado;

III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; IV - veículos de via terrestre;

V - bens imóveis;

VI - bens móveis em geral; VII - semoventes;

VIII - navios e aeronaves;

IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias; X - percentual do faturamento de empresa devedora; XI - pedras e metais preciosos;

XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em garantia;

XIII - outros direitos (BRASIL, 2015).

Como exposto, o credor deve, ao promover a execução, arrolar os bens na citada ordem, sob pena de sofrer embargos à execução. Caso o executado não tenha um dos bens listados, mais possua outro tipo de bem que por ela não foi citado, pode apresentar o pedido de penhora sobre este. Mas, assim como há um rol de bens considerados penhoráveis, há de se analisar o oposto, tendo em vista que o ordenamento jurídico trás vários exemplos de bens que não podem sofrer penhora.

Nessa toada, Gonçalves (2018, v. 3, p. 97) ensina que: “Somente os bens de conteúdo econômico podem ser penhorados. Aqueles que não o têm ou que não são suscetíveis de apropriação não estão sujeitos à execução”. A normatização sobre impenhorabilidade é encontrada no Código de Processo Civil, como segue:

Art. 833. São impenhoráveis:

I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;

III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;

IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e

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de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º;

V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;

VI - o seguro de vida;

VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;

VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;

IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social;

X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;

XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;

XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.

§ 1º A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição.

§ 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8º, e no art. 529, § 3º.

§ 3º Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes à pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária (BRASIL, 2015).

Explica Gonçalves (2018, v. 3, p. 97) que, sobre “[...] as cadernetas de poupança, tem prevalecido o entendimento de que, havendo várias, o limite a ser considerado é o que resulta da soma de todas elas”. Entretanto, “Se a soma ultrapassar 40 salários mínimos, essa quantia será considerada impenhorável, mas não a que excedê-la” (GONÇALVES, 2018, v. 3, p. 97).

Entretanto, há exceções em alguns casos, como explica Gonçalves (2018, v. 3, p. 98):

Não se pode, por exemplo, invocar a impenhorabilidade de um imóvel que sirva de residência de família na execução de débitos condominiais relativos ao próprio imóvel. Além disso, a impenhorabilidade estabelecida nos incisos IV e X não prevalecem sobre débitos alimentícios de qualquer origem (sejam os que decorrem do direito de família, sejam os provenientes de ato ilícito) nem sobre importâncias excedentes a 50 salários mínimos mensais (art. 833, § 2º).

2.4 TIPOS DE PENHORA

Abelha (2015) discorre, ainda, que os tipos de penhora, em caráter não taxativo, estão dispostos nos artigos 854 a 869 do Código de Processo Civil, quais sejam: créditos; quotas ou das ações de sociedades personificadas; empresa, outros estabelecimentos e

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semoventes; percentual de faturamento de empresa; frutos e rendimentos de coisa móvel ou imóvel. Assim, passa-se a explaná-los, segundo o Código de Processo Civil (BRASIL, 2015) e Gonçalves (2018, v. 3).

Penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira: merece destaque a penhora de dinheiro em depósito, ou em aplicação financeira, prevista no Código de Processo Civil (art. 854), pelo qual:

Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exequente, sem dar ciência prévia do ato ao executado, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos financeiros existentes em nome do executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução (BRASIL, 2015).

Segundo Gonçalves (2018, v. 3), referido artigo autoriza o juiz a determinar às instituições financeiras, sem prévio conhecimento do executado, por via eletrônica gerida pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, a indisponibilidade dos valores existentes em nome do executado, em depósito ou aplicação financeira, observado o valor da execução.

Penhora de créditos: tipo de penhora que acontece quando o executado é credor de um terceiro, sendo assim, a penhora recai sobre a titularidade da dívida a ser recebida. A normatização legal para essa modalidade de penhora está prevista no Código de Processo Civil:

Art. 856. A penhora de crédito representado por letra de câmbio, nota promissória, duplicata, cheque ou outros títulos far-se-á pela apreensão do documento, esteja ou não este em poder do executado.

[...]

Art. 857. Feita a penhora em direito e ação do executado, e não tendo ele oferecido embargos ou sendo estes rejeitados, o exequente ficará sub-rogado nos direitos do executado até a concorrência de seu crédito [...] (BRASIL, 2015).

Nesse sentido, é visto que é lícito o exequente sub-rogar-se no direito que o exequendo tem, e tomar para si a dívida que tem esperança de receber. Ainda, nessa toada, o Código de Processo Civil corrobora:

Art.855. Quando recair em crédito do executado, enquanto não ocorrer a hipótese prevista no art. 856, considerar-se-á feita a penhora pela intimação: I - ao terceiro devedor para que não pague ao executado, seu credor; II - ao executado, credor do terceiro, para que não pratique ato de disposição do crédito”, em outras palavras, por este meio de penhora, o credito já não é mais do executado e sim do exequente, fazendo este jus a receber do devedor que hora o executado tinha (BRASIL, 2015).

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Penhora das quotas ou das ações de sociedades personificadas: as cotas pertencentes a sócios de responsabilidade limitada podem ser penhoradas por dívida particular de algum dos sócios, pois prevalece o princípio de ordem pública, pelo qual o devedor responde por suas dívidas com todos os seus bens presentes e futuros, não sendo possível acolher a oponibilidade da affectio societatis. Desse modo, mesmo que o contrato ou o estatuto social proíba ou restrinja a entrada de sócios estranhos à sociedade, é de se facultar à essa remir a execução ou o bem, como também, assegurar à sociedade e aos demais sócios o direito de preferência na aquisição das cotas ou ações penhoradas. (GONÇALVES, 2018, v. 3).

Penhora de empresa, de outros estabelecimentos e de semoventes: trata-se de modalidade prevista no Código de Processo Civil (arts. 862 a 865, CPC):

Art. 862. Quando a penhora recair em estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como em semoventes, plantações ou edifícios em construção, o juiz nomeará administrador-depositário, determinando-lhe que apresente em 10 (dez) dias o plano de administração (BRASIL, 2015).

Ademais, em relação aos edifícios em construção, a penhora deve recair sobre as unidades imobiliárias ainda não comercializadas, conforme determina a legislação processualista civil, como segue: “Art. 862 [...] § 3º. Em relação aos edifícios em construção sob regime de incorporação imobiliária, a penhora somente poderá recair sobre as unidades imobiliárias ainda não comercializadas pelo incorporador” (BRASIL, 2015).

Outro patrimônio que pode e deve ser penhorado é o rebanho de animais, reconhecido no linguajar jurídico como semoventes. A penhora pode ocorrer, também, sobre navios e aeronaves, conforme dispõe o art. 864 do referido Código processual que disciplina o seu uso durante o período de penhora, assim como a obrigação de se fazer um seguro usual sobre o bem, como segue:

Art. 864. A penhora de navio ou de aeronave não obsta que continuem navegando ou operando até a alienação, mas o juiz, ao conceder a autorização para tanto, não permitirá que saiam do porto ou do aeroporto antes que o executado faça o seguro usual contra riscos (BRASIL, 2015).

Ademais, a legislação estabelece (art. 865 do Código de Processo Civil) que a penhora de empresa, de outros estabelecimentos e de semoventes somente será determinada se não houver outro meio eficaz para a efetivação do crédito, sendo assim, esse tipo de penhora torna-se menos usual, pois não é de aplicabilidade simples e fácil (GONÇALVES, 2018, v. 3).

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Penhora de percentual de faturamento de empresa: à luz do artigo 866 do Código de Processo Civil, vislumbra-se a possibilidade do empresário exequendo ter sua dívida paga através dos frutos produzidos por sua empresa (BRASIL, 2015). Segundo Gonçalves (2018, v. 3, p. 162), essa modalidade de penhora “Não deve ser deferida em qualquer situação, mas apenas quando o executado não tiver outros bens penhoráveis ou, tendo-os, estes forem de difícil alienação ou insuficientes para saldar a dívida”. Desse modo, é possível que parte/percentual dos lucros da empresa seja constringida para o pagamento da dívida. O limite do quanto deve ser fixado pelo magistrado bem como o tempo de pagamento devem ser razoáveis, e, ao mesmo tempo, não podem comprometer o funcionamento vital da empresa.

Penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel ou imóvel: Gonçalves (2018, v. 3) afirma que a penhora pode recair sobre os frutos e os rendimentos produzidos pela coisa e não sobre ela, ou seja, nesse caso específico, não é o bem que vai à penhora, e, sim, os rendimentos que se possam tirar dele, como o aluguel que um apartamento possa ter, por exemplo. Assim, caso a dívida a ser sanada seja de pequeno valor, não justificaria promover a venda do imóvel, quando os valores do aluguel são suficientes para o exequente ter sua dívida recebida. Nessa modalidade há a necessidade de um administrador depositário e, enquanto o bem estiver servindo com seus rendimentos ao pagamento da dívida, o executado perde o direito de gozar do bem.

2.5 CONCEITO E FORMAS DE EXPROPRIAÇÃO DE BENS

Expropriação de bens é uma modalidade de desapropriação forçada que decorre de previsão legal encontrada no Código de Processo Civil (artigos 876 a 903) e que consiste em privar o proprietário da coisa que lhe pertence. É promovida por ato praticado pelo juiz com o objetivo de transferir o bem do devedor a outra pessoa, no limite do crédito executado, a fim de satisfazer o direito do credor, independentemente da anuência do devedor. São formas de expropriação: adjudicação (art. 876, CPC); alienação por iniciativa particular; (art. 879, inciso I, CPC); e, alienação em leilão judicial eletrônico ou presencial (art. 879, inciso II CPC) (BRASIL, 2015).

Adjudicação (art. 876 do CPC de 2015):

A adjudicação é considerada forma indireta de expropriação, uma vez que nela a satisfação se d com a transferência da propriedade dos bens penhorados ao exequente ou às demais pessoas indicadas pela legislação (arts. 876 e 879, CPC), segundo a qual: “Art. 876. É lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao

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da avaliação, requerer que lhe sejam adjudicados os bens penhorados” (ALVIM, 2017, p. 960).

Gonçalves (2018, v. 3, p. 172) explica que:

A adjudicação é uma forma indireta de satisfação do crédito, que guarda semelhanças com a dação em pagamento, pois se realiza com a transferência da propriedade do bem penhorado ao credor, para extinção de seu direito. Mas dela difere porque a dação em pagamento é negócio jurídico civil, que deriva da vontade das partes, ao passo que a adjudicação é forma de alienação forçada.

Nessa linha de raciocínio, pode-se dizer que é um dos meios mais fáceis de extinguir a obrigação que o exequendo tem com o exequente, pois nessa modalidade o exequente fica com o bem e com isso a execução é tida como sanada.

Alienação por iniciativa particular (art. 879, inciso I, CPC): a venda por iniciativa particular é a faculdade que o exequente recebe para tentar, por meio de suas forças, vender o bem ora penhorado. O Código de Processo Civil prevê essa modalidade: “Art. 879. A alienação far-se- [...] por iniciativa particular [...]”, ademais o dispositivo acrescenta, no art. 880, que “Não efetivada a adjudicação, o exequente poder requerer a alienação por sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor ou leiloeiro público credenciado perante o órgão judiciário” (BRASIL, 2015). Entretanto, a venda por iniciativa particular não é livre quanto ao bem, pois, pelo que prese, o bem está ali para servir de meio de pagamento da dívida, ele não foi adjudicado, portanto o vendedor não pode vender pelo preço que entender correto, ele está preso ao preço mínimo da avaliação judicial.

Alienação em leilão judicial eletrônico ou presencial (art. 879, inciso II, CPC): descartada a adjudicação do bem penhorado ou a alienação por iniciativa particular, resta a alienação em hasta pública, realizada pelo Judiciário, com peculiaridades que envolvem o procedimento executivo. Assim, a alienação será realizada por iniciativa particular, ou em leilão judicial eletrônico ou presencial, como determina o Código de Processo Civil:

Art. 880. Não efetivada a adjudicação, o exequente poderá requerer a alienação por sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor ou leiloeiro público credenciado perante o órgão judiciário.

§ 1º O juiz fixará o prazo em que a alienação deve ser efetivada, a forma de publicidade, o preço mínimo, as condições de pagamento, as garantias e, se for o caso, a comissão de corretagem.

§ 2º o A alienação será formalizada por termo nos autos, com a assinatura do juiz, do exequente, do adquirente e, se estiver presente, do executado, expedindo-se: I - a carta de alienação e o mandado de imissão na posse, quando se tratar de bem imóvel;

II - a ordem de entrega ao adquirente, quando se tratar de bem móvel.

§ 3º Os tribunais poderão editar disposições complementares sobre o procedimento da alienação prevista neste artigo, admitindo, quando for o caso, o concurso de

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meios eletrônicos, e dispor sobre o credenciamento dos corretores e leiloeiros públicos, os quais deverão estar em exercício profissional por não menos que 3 (três) anos.

§ 4º Nas localidades em que não houver corretor ou leiloeiro público credenciado nos termos do § 3º, a indicação será de livre escolha do exequente (BRASIL, 2015).

Assim, como é necessário transformar os bens penhorados do executado em dinheiro que servirá de pagamento do valor devido ao exequente, caso não seja apresentada alternativa, a alienação ocorrerá em leilão judicial, conforme normatiza o Código de Processo Civil: “Art. 881. A alienação far-se-á em leilão judicial se não efetivada a adjudicação ou a alienação por iniciativa particular” (BRASIL, 2015). Escrever sobre esse artigo é importante, pois é fundamento para o estudo da hasta pública.

2.6 CONCEITOS LEILÃO JUDICIAL E ARREMATAÇÃO

O leilão é a modalidade mais conhecida dentre os meios expropriativos. Só acontece se não houver a adjudicação do bem pelo exequente, ou se a venda por iniciativa particular não for promovida por ele. Anteriormente, o leilão só era aceito de maneira presencial, hoje, admite-se, também, a modalidade virtual. Conforme Alvim (2017, p. 961): “O leilão, como agora previu o legislador, ser prioritariamente realizado em ambiente virtual, sendo que o Conselho Nacional de Justiça editar regulamento fazendo observar as garantias processuais das partes por ocasião de sua concretização (art. 882, §§ 1º e 2º, CPC)”. Entende-se que o ambiente virtual proporciona mais oportunidades de acesso a pessoas interessadas, assim como aumenta a chance do bem ser vendido por um preço maior.

Partindo-se da premissa de que a execução não é uma punição ao devedor, e sim um procedimento, seu objetivo é constringir o devedor a pagar o que deve, caso não faça, o bem em leilão serve para cumprir com sua obrigação. Então, esse procedimento preza pela possibilidade de fazer a venda por um preço justo, esse deve ser um dos objetivos do leilão, além de promover a transformação do bem em dinheiro, para saldar a dívida com o credor da demanda.

Monnerat (2015) discorrem que o leilão público fica a cargo de um auxiliar da justiça denominado leiloeiro público (que pode operar presencialmente ou eletronicamente), havendo preferência pela forma eletrônica em razão da simplicidade, economicidade e concorrência de licitantes. O leilão deve ser publicado em Edital, para dar ampla divulgação e individualização dos bens colocados à venda, atendendo, desse modo, o princípio da publicidade. Sales (2017) explica que esse Edital tem, ainda, como finalidade permitir que os

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demais credores interessados possam a comparecer ao leilão e exercer seus respectivos direitos no concurso de exequentes, como segue:

Art. 889 - Serão cientificados da alienação judicial, com pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência:

Parágrafo único. Se o executado for revel e não tiver advogado constituído, não constando dos autos seu endereço atual ou, ainda, não sendo ele encontrado no endereço constante do processo, a intimação considerar-se-á feita por meio do próprio edital de leilão (BRASIL, 2015).

Conforme o Código de Processo Civil, o edital conterá as seguintes informações:

Art. 886. O leilão será precedido de publicação de edital, que conterá:

I - a descrição do bem penhorado, com suas características, e, tratando-se de imóvel, sua situação e suas divisas, com remissão à matrícula e aos registros;

II - o valor pelo qual o bem foi avaliado, o preço mínimo pelo qual poderá ser alienado, as condições de pagamento e, se for o caso, a comissão do leiloeiro designado;

III - o lugar onde estiverem os móveis, os veículos e os semoventes e, tratando-se de créditos ou direitos, a identificação dos autos do processo em que foram penhorados; IV - o sítio, na rede mundial de computadores, e o período em que se realizará o leilão, salvo se este se der de modo presencial, hipótese em que serão indicados o local, o dia e a hora de sua realização;

V - a indicação de local, dia e hora de segundo leilão presencial, para a hipótese de não haver interessado no primeiro;

VI - menção da existência de ônus, recurso ou processo pendente sobre os bens a serem leiloados.

Parágrafo único. No caso de títulos da dívida pública e de títulos negociados em bolsa, constará do edital o valor da última cotação (BRASIL, 2015).

Dessa forma, pode-se observar que no edital, apesar de o bem estar sendo levado a leilão público (execução definitiva), deverá estar constar se há julgamento pendente de eventual recurso do executado relativamente à execução contra ele proposta. Já a publicidade do edital do leilão público deve ser feita pela rede mundial de computadores, em sítio designado pelo juízo da execução, contendo a suma do edital, e, se possível, a ilustração dos bens e a informação de que o leilão será eletrônico ou presencial (BUENO, 2015).

2.7 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DA HASTA PÚBLICA

Hasta pública é uma sessão solene previamente designada pelo Juiz, com ampla divulgação por editais (nos dias atuais entendem-se físicos e virtuais), a quem tiver por interesse adquirir os bens penhorados, conforme Moreira (2010). Trata-se de um procedimento pelo qual um bem (devidamente expropriado pelo processo de execução) é levado à venda, em dia, hora e local previamente designados, na presença do Juiz e de seus prepostos (leiloeiro oficial), para receber as ofertas daqueles que se interessarem na compra

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desses bens. Ademais, refere-se à venda forçada, pois os bens do executado são levados à venda pelo poder público, por meio de um leiloeiro habilitado judicialmente.

Historicamente, utilizava-se o termo hasta pública para se referir à venda de determinado bem, que podia ser móvel ou imóvel. Desse modo, os bens imóveis penhorados eram alienados em praça, ou seja, no átrio do fórum da comarca em que se localizassem, por meio de servidor público. Já os bens móveis penhorados eram alienados em leilão, no local em que se encontrassem ou em local definido pelo Juiz ou outro servidor público. Assim, o termo hasta pública incluía os institutos da praça e do leilão. O termo praça tem seu termo originário no Direito Romano, já que a arrematação do bem ocorria em uma praça, na qual se hasteava uma lança (hasta). Contudo, a dualidade prevista no Código de Processo Civil de 1973 – praça (para bens imóveis) e leilão (para bens móveis) – foi suprimida pelo novo Código processualista de 2015 (BRASIL, 1973; 2015). Dessa forma, o termo leilão passou a ter conotação genérica englobando as duas formas de hasta pública. Ademais, o leilão pode ocorrer nos sites oficiais dos leiloeiros na internet, possibilitando alcance muito maior e oportunizando mais acesso à compra do bem, como preço mais vantajoso (GONÇALVES, 2009, v. 3).

Desse modo, a hasta pública é o instituto pelo qual a alienação do bem configura aquisição originária, tanto que não existe nenhum tipo de relação jurídica entre o arrematante e o antigo proprietário do bem, assim como todos os débitos existentes serão considerados quitados pelo preço pago na arrematação (BRASIL, 2015).

2.8 HASTA PÚBLICA ELETRÔNICA

Com o passar dos tempos o meio eletrônico se tornou cada vez mais utilizado no Direito Público, mostrando bons resultados como a implantação do pregão eletrônico que se mostrou eficiente e seguro, principalmente, a partir das mudanças realizadas pelo Código de Processo Civil que alterou a ordem da expropriação e incluiu a ferramenta da hasta pública realizada no meio virtual (BRASIL, 2015). Segundo Câmara (2007, v. 2), a hasta pública eletrônica não é uma nova modalidade expropriatória, e, sim, uma racionalização na ordem das coisas. Trata-se da hasta pública virtual, que constitui alternativa ao exequente de lançar mão da mídia virtual (via meios eletrônicos) para realizar a alienação judicial dos bens penhorados, em substituição ao procedimento tradicional previsto nos artigos 686 a 689 do CPC de 1973, a qual mostrou uma grande evolução no que se refere aos atos expropriatórios (WAMBIER et al., 2007). Desse modo, a partir do CPC de 2015 (art. 881) tem-se que:

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Art. 881. A alienação far-se-á em leilão judicial se não efetivada a adjudicação ou a alienação por iniciativa particular.

§ 1º O leilão do bem penhorado será realizado por leiloeiro público.

§ 2º Ressalvados os casos de alienação a cargo de corretores de bolsa de valores, todos os demais bens serão alienados em leilão públicos. (BRASIL, 2015).

Quanto à impossibilidade de realizar a hasta pública por meio eletrônico, o art. 882 do CPC dispõe que será realizada de forma presencial, como segue:

Art. 882 - Não sendo possível a sua realização por meio eletrônico, o leilão será presencial.

§ 1º A alienação judicial por meio eletrônico será realizada, observando-se as garantias processuais das partes, de acordo com regulamentação específica do Conselho Nacional de Justiça.

§ 2º A alienação judicial por meio eletrônico deverá atender aos requisitos de ampla publicidade, autenticidade e segurança, com observância das regras estabelecidas na legislação sobre certificação digital.

§ 3º O leilão presencial será realizado no local designado pelo juiz (BRASIL, 2015).

Para Câmara (2007, v. 2), a hasta pública eletrônica possibilita que os bens a serem expropriados possam ser oferecidos a um maior número de pessoas durante um maior espaço de tempo. Já em sua forma presencial, o seu alcance é local, em uma Comarca, exigindo que os interessados se desloquem para arrematar o bem de seu interesse, em local, data e hora previamente definidos. Nesse mesmo sentido, o autor defende que a hasta pública eletrônica trouxe muitos benefícios como, por exemplo, a oferta do bem penhorado que pode se dar na página virtual durante um período razoavelmente grande (um mês, por exemplo), durante o qual os lanços podem ser apresentados, como costuma acontecer nas páginas eletrônicas em que se realizam leilões particulares. Ou seja, existe a possibilidade de disponibilização dos bens por um tempo considerável de antecedência da data prevista como data final do leilão.

Segundo Ramos (2007), uma das grandes vantagens do leilão judicial eletrônico é a possibilidade de serem disponibilizados lotes à medida que a penhora esteja regular e pronta para ser leiloada, sem depender de uma espera para se agrupar um grande número de lotes para que sejam realizados em um só evento a apregoação e leilão desses bens. Ademais, essas exposições em maior tempo dão a possibilidade de se conseguir maior número de lanços e, consequentemente, conseguir uma melhor venda.

Ainda, segundo Theodoro Júnior (2007), uma grande vantagem de se utilizar da hasta pública eletrônica é a publicidade, que é realizada por meio da própria rede mundial de computadores, na qual se consegue um maior número de licitantes, pela facilidade de utilização dos usuários (possíveis arrematantes) que, na disputa, claramente aumentam o valor

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final do bem leiloado. Além disso, o processo pode durar por alguns dias, dando ao licitante a possibilidade de avaliar a proposta com mais tempo, o qual tem, inclusive, mais chances de efetuar a sua proposta.

A previsão do emprego da mídia virtual para realizar a alienação judicial de bens penhorados (em substituição ao antigo procedimento tradicional dos arts. 686 e 689) surge como medida totalmente nova na legislação processual civil brasileira. Representa, sem dúvida, uma enorme abertura da execução forçada para a modernidade. Recursos como esse já vem sendo utilizados, com sucesso, no âmbito da Administração Pública, para substituir, vantajosamente, as velhas e complexas licitações para aquisição de bens e serviços (THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 136).

Por fim, observa-se que, por meio das ferramentas da internet, a hasta pública eletrônica tem se mostrado efetiva e rápida, razão pela qual a informatização do processo tornou-se efetiva para a justiça, que consegue maior agilidade por meio das ferramentas tecnológicas para execução dos atos expropriatórios.

Assim, o estudo segue discorrendo sobre suspensão, transferência e encerramento da hasta pública.

2.9 SUSPENSÃO, TRANSFERÊNCIA E ENCERRAMENTO DA HASTA PÚBLICA

Suspensão da hasta pública: de acordo com o art. 900 do CPC, “O leilão prosseguirá no dia útil imediato, à mesma hora em que teve início, independentemente de novo edital, se for ultrapassado o horário de expediente forense”. Ademais, Bueno (2015 apud Alves, 2015) explica que o CPC de 2015 (art. 903, § 1º, incisos I a III combinado com art. 804) adotou diversas hipóteses de suspensão da arrematação, apontando os casos de invalidade e ineficácia, bem como situações em que deve ser resolvida, como segue:

Art. 804. A alienação de bem gravado por penhor, hipoteca ou anticrese será ineficaz em relação ao credor pignoratício, hipotecário ou anticrético não intimado. [...]

Art. 903[...]

§ 1º Ressalvadas outras situações previstas neste Código, a arrematação poderá, no entanto, ser:

I - invalidada, quando realizada por preço vil ou com outro vício; II - considerada ineficaz, se não observado o disposto no art. 804;

III - resolvida, se não for pago o preço ou se não for prestada a caução (BRASIL, 2015).

Transferência no processo de hasta pública: nesse caso, o legislador, além de tratar com relevância as questões da publicidade (divulgação), dispôs a cautela e a seguridade de pormenorizar na lei processual as condições pelas quais ocorre a transferência do bem ao

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arrematante no processo de hasta pública, dispondo sobre auto de arrematação, mandado de imissão na posse e carta de arrematação, no CPC de 2015, como segue:

Art. 901 A arrematação constará de auto que será lavrado de imediato e poderá abranger bens penhorados em mais de uma execução, nele mencionadas as condições nas quais foi alienado o bem.

§ 1º A ordem de entrega do bem móvel ou a carta de arrematação do bem imóvel, com o respectivo mandado de imissão na posse, será expedida depois de efetuado o depósito ou prestadas as garantias pelo arrematante, bem como realizado o pagamento da comissão do leiloeiro e das demais despesas da execução.

§ 2º A carta de arrematação conterá a descrição do imóvel, com remissão à sua matrícula ou individuação e aos seus registros, a cópia do auto de arrematação e a prova de pagamento do imposto de transmissão, além da indicação da existência de eventual ônus real ou gravame (BRASIL, 2015).

Encerramento da hasta pública: depois de enviados os comprovantes, une-se toda a documentação no processo, no qual o interessado poderá acompanhar, junto ao cartório, a completa movimentação do processo para que, posteriormente, possa ser retirada a carta de arrematação em imóveis ou mandado de entrega de bens móveis. Quando houver a compra do imóvel, o recolhimento de tributos será necessário, assim o próprio cartório informará a data para o pagamento, além de que o Tribunal de Justiça, mediante cadastramento, notifica e informa todas as movimentações do processo do o leilão em questão, sendo possível acompanhar a expedição do auto de arrematação, ou de entrega (ALVES, 2015).

2.10 ALTERAÇÕES PROMOVIDAS PELO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 NO INSTITUTO DA HASTA PÚBLICA

Com o advento do Código de Processo Civil de 2015, torna-se fundamental citar algumas das principais alterações ocorridas no instituto da hasta pública, as quais se encontram a seguir.

Prazo para ciência do executado: o art. 687, § 5º, do antigo CPC de 1973 dispunha que não havia prazo estipulado para ciência do executado sobre o dia e hora da alienação judicial. Já no atual CPC, em seu art. 889, há previsão de prazo de pelo menos 5 (cinco) dias para cientificar o executado (BRASIL, 1973; 2015).

Forma de pagamento a ser feita pelo arrematante: o art. 892 do CPC de 2015 trata da forma de pagamento a ser feito pelo arrematante, o qual determina expressamente que o pagamento deve ser realizado, imediatamente, pelo arrematante, salvo pronunciamento contrário (BRASIL, 2015). Nesse sentido, Buriham (2016) ressalta que a palavra “imediata”, usada no art. 892 do CPC de 2015, não significa que, ao fim do leilão, o arrematante deva sair

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correndo para uma agência bancária e efetuar o pagamento, mesmo porque a maioria dos leilões é feita de forma eletrônica, mas têm como prazo 24 (vinte e quatro) horas contadas do término do leilão.

Ação anulatória depois da arrematação: o art. 903 do CPC de 2015 reforça e dá maior segurança ao arrematante e, mesmo que seja ajuizada ação anulatória, depois de finda a arrematação, o arrematante figurará como litisconsorte necessário (BRASIL, 2015). Sendo procedente referida ação anulatória, o executado, agora autor da ação anulatória, terá o direito à reparação de danos contra o antigo exequente, agora réu. Por sua vez o arrematante nada sofrerá, muito menos o bem que arrematou. Dessa forma, na opinião de Buriham (2016), a redação do art. 903 do CPC de 2015 acabou, consideravelmente, com a insegurança jurídica que existia para o arrematante, que, muitas vezes, entrava nos autos como um terceiro de boa-fé, e era prejudicado, mesmo depois de expedida a carta de arrematação.

Prazo para desistência da arrematação: o art. 694, inciso II, do CPC de 1973 previa o prazo de 5 (cinco) dias para o arrematante desistir da arrematação quando comprovada a existência de ônus real ou gravame não mencionado no Edital de praça (BRASIL, 1973). Contudo, no art. 903, § 5º, incisos I, II e III, do CPC de 2015, esse prazo foi ampliado para 10 (dez) dias, como segue:

Art. 903 [...]

§ 5º O arrematante poderá desistir da arrematação, sendo-lhe imediatamente devolvido o depósito que tiver feito:

I - se provar, nos 10 (dez) dias seguintes, a existência de ônus real ou gravame não mencionado no edital;

II - se, antes de expedida a carta de arrematação ou a ordem de entrega, o executado alegar alguma das situações previstas no § 1º ;

III - uma vez citado para responder a ação autônoma de que trata o § 4º deste artigo, desde que apresente a desistência no prazo de que dispõe para responder a essa ação (BRASIL, 2015).

Suspensão da hasta pública: o art. 689 do CPC de 1973 dispunha que a hasta, a praça, ou o leilão seriam suspensos à noite, devendo continuar no dia útil imediato, à mesma hora em que tiveram início, independentemente de novo edital (BRASIL, 1973). Já o art. 900 do CPC de 2015 estabelece que “O leilão prosseguir no dia útil imediato, à mesma hora em que teve início, independentemente de novo edital, se for ultrapassado o horário de expediente forense” (BRASIL, 2015). De acordo com Alves (2015), o referido artigo descarta a antiga regra que decidia a suspensão do leilão com o advento da noite, regra essa que já não mais condizia com as necessidades da atual sociedade em relação aos horários de expediente dos

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serviços judiciários. Esse novo artigo mostra-se mais realista e adequado para os dias de hoje (BUENO, 2015).

Imissão na posse de bem imóvel: o art. 685, § 2º, do CPC de 1973 não dispunha sobre o mandado de imissão na posse, apenas discorria sobre a carta de arrematação (carta de alienação) do bem imóvel que deveria ser registrado perante o cartório de imóveis (BRASIL, 1973). O mandado de imissão na posse de bens imóveis era solicitado pelo arrematante, nos próprios autos da execução, com base na jurisprudência (BURIHAM, 2016). O art. 880, § 2º, inciso I, do CPC de 2015 passou a tratar, expressamente, da imissão na posse de bem imóvel, quando arrematado nos autos da própria execução (BRASIL, 2015). Em outras palavras, ao se expedir a carta de arrematação, também é expedido o mandado de imissão na posse em benefício do arrematante, não alterando a questão da posse do imóvel em poder de terceiros estranhos ao processo.

Publicação em jornais de grande circulação: o CPC de 1973 determinava a necessidade de publicação em jornais de grande circulação; já o CPC de 2015 (art. 887, parágrafos 1º e 2º) admite a necessária publicação na rede mundial de computadores, em sítio designado pelo juízo da execução, com exceção dos casos em que o juiz verificar a impossibilidade de utilização da web ou a considere inadequada, situação em que mandará que seja publicado em jornal de grande circulação e na sede do juízo (SALES, 2017).

Ordem de preferência de pretendentes à arrematação com igualdade de propostas: o art. 685-A, § 3º, do CPC de 1973 estabelecia que, havendo mais de um pretendente, tem preferência o cônjuge, descendente ou ascendente; enquanto que, pelo art. 876, § 6º, do CPC de 2015, em caso de igualdade de oferta, a ordem é: o cônjuge, o companheiro, o descendente ou o ascendente (BRASIL, 1973; 2015).

Entre outras alterações, essas são consideradas as mais relevantes. Feitas essas considerações, passa-se ao capítulo seguinte.

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