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Os entraves burocráticos nos processos de importação do Brasil

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OS ENTRAVES BUROCRÁTICOS NOS PROCESSOS DE IMPORTAÇÃO DO BRASIL

Florianópolis 2012

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OS ENTRAVES BUROCRÁTICOS NOS PROCESSOS DE IMPORTAÇÃO DO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientadora: Prof. Kátia Regina de Macedo, Msc.

Florianópolis 2012

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OS ENTRAVES BUROCRÁTICOS NOS PROCESSOS DE IMPORTAÇÃO DO BRASIL

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais e aprovado em sua forma final pelo Curso de Relações Internacionais, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 20 de novembro de 2012.

______________________________________________ Prof. e orientadora Kátia Regina de Macedo, Msc.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________ Prof. João Batista da Silva, Msc.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________ Prof. José Ricardo Tavares, Msc.

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Dedico este trabalho aos meus pais, Marcelo e Cleusa, que sempre me envolveram de amor e confiaram em mim.

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frente, e que me ampara com paciência e coragem para superar os momentos difíceis.

Aos meus pais, Marcelo e Cleusa, que amo tanto, por serem estas pessoas maravilhosas presentes em minha vida, às quais sou eternamente grato pelo carinho, educação e apoio que sempre dedicaram a mim, tornando-me capaz de chegar até aqui.

Ao meu avô, Lourival (in memoriam), por seus ensinamentos, que me guiam diariamente, por sua demonstração de amor, que permanecerá para sempre em meus sentimentos, me motivando, e pelos abraços carinhosos que recebi todas as vezes que nos encontrávamos.

À minha bisavó, Fifi, pelo exemplo de bondade e amor incondicional ao próximo, que me faz perceber o significado grandioso das atitudes sinceras e caridosas.

Aos meus avós, Osvaldo e Laide, pelo exemplo de dedicação e pelas lições de fé, que me inspiram na busca dos meus objetivos.

Aos meus bisavós, Reinaldo e Olinda, que, apesar da distância, estão sempre comigo em meus pensamentos e me fazem perceber a importância de valorizar as coisas simples da vida.

A toda minha família, que me faz sentir abençoado todos os dias, por tê-los sempre ao meu lado.

A todos os meus melhores amigos, que considero como verdadeiros irmãos, por saber que posso contar com todos eles para o que for preciso, com a certeza de que confiam em mim da mesma forma que confio neles, além, é claro, de agradecer por todos os momentos de diversão e alegria que já passamos juntos e que sem dúvida continuaremos a vivenciar.

Ao meu grande amigo Vitor Senna, por sua colaboração neste trabalho.

A todos os meus colegas que conheci na faculdade, pela amizade construída no decorrer do curso, que certamente será levada para o resto de minha vida.

À minha orientadora, Prof. Kátia Regina de Macedo, por sua disponibilidade e vontade em me atender nas horas necessárias, como também por suas valorosas contribuições a este trabalho e por fazer de nossas reuniões momentos extremamente agradáveis.

Por fim, agradeço a todos os familiares, amigos, professores, companheiros de trabalho e demais pessoas que contribuíram de alguma forma para a minha formação acadêmica. Muito obrigado por tudo!

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“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim” (CHICO XAVIER).

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abertura dos mercados, consequentemente ocasionando um crescimento do comércio internacional. Com a potencialização constante deste fenômeno, facilita-se o intercâmbio comercial, do mesmo modo que se estabelece uma relação de interdependência entre os países. Neste sentido, o comércio exterior torna-se elemento essencial para o desenvolvimento das nações, tanto para as trocas de recursos como na busca de parcerias estratégicas. Por isso, a prática da importação é vital, pois serve como instrumento de transformação econômica que possibilita a ampliação do acesso a produtos e serviços, também suprindo a escasses e as necessidades do país. Por meio das importações, desperta-se um ramo de mercado com enorme leque de oportunidades comerciais, como também intensifica-se o nível de competitividade no mercado interno. O Brasil apresentou grande evolução econômica nos últimos anos, porém, o funcionamento do comércio exterior do país não condiz com seu atual status frente ao cenário internacional, como sendo um dos países emergentes de destaque. A natureza relacionada às operações brasileiras com o mercado externo é extremamente burocrática, o que se reflete no seu despreparo para lidar com o volume de transações e na sua indisposição em apropriar-se a padrões mais pragmáticos. Sendo assim, a burocracia entranhada nos processos de importação dificulta as ações dos empresários e dos demais envolvidos na área, tornando-se prejudicial por causa das dificuldades geradas pelo longo tempo despendido com as operações e por meio da sobrecarga dos custos. Dessa forma, o importador brasileiro, na pretensão de expandir seus negócios, se vê debilitado, já que é difícil adaptar-se aos árduos procedimentos previstos para a correta realização das importações. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho é verificar os principais entraves burocráticos nos processos de importação do Brasil. Para a realização deste estudo, utilizou-se dos embasamentos relacionados ao comércio exterior, como também considerou-se os elementos fundamentais à apresentação dos aspectos relevantes relacionados às importações brasileiras, apresentando-se a estrutura organizacional, as etapas imprescindíveis à sua realização e os gargalos burocráticos, de modo a evidenciar a complexidade deste universo. Portanto, como resultado deste trabalho, averiguou-se a sistemática extremamente burocrática que incide sobre as importações brasileiras.

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and to the market opening, consequently causing a rapid growth of the international commerce. Because of this globalization, commercial exchange becomes easier, the same way that a relationship of interdependence between countries is established. Therefore, the external trade becomes essential for the development of countries, both for the exchange of resources and the search for strategic partnerships. Hence, importing is vital, because it is an instrument of economic transformation, which enables a greater access to products and services, as well as supplies the needs of a country. Through importation, a lot of commercial possibilities arise, as well as the level of internal competitiveness is increased. Brazil had a great economic development in recent years, but the country's external trade is not consistent with its current status to the international scene, as a prominent country between the emerging ones. The Brazilian operations with foreign markets are extremely bureaucratic, which reflects the lack of preparation to handle the volume of transactions and the unwillingness to adapt to more pragmatic standards. This bureaucracy entrenched in import processes hinders the actions of entrepreneurs and others involved in the area, making it bad because of the difficulties generated over the lost-time with unnecessary operations and overhead costs. Thus, Brazilian importers, on the pretense to expand their businesses, feel weak, since it is difficult to adapt to strenuous procedures to perform importations correctly. In this context, the objective of this study is to verify the main bureaucratic barriers on Brazil's process of importation. For this study, we used procedures related to Brazilian external trade, and also considered the key elements to the presentation of relevant aspects related to importation, presenting the organizational structure, the essential steps to its realization and the bureaucratic obstacles, to demonstrate the complexity of this universe. Therefore, as a result of this work, it was investigated the extremely bureaucratic systematic present on Brazilian importation.

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Organograma 2 - Disposição dos órgãos anuentes

Quadro 1 - Relação dos órgãos anuentes no licenciamento das importações Fluxograma 1 - Passo a passo do processo de importação

Gráfico 1 - Tempo gasto com obrigações tributárias (horas por ano) Fluxograma 2 - Procedimentos de despacho aduaneiro

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ANCINE - Agência Nacional do Cinema ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica

ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

BCB - Banco Central do Brasil

CACEX - Carteira de Comércio Exterior CAMEX - Câmara de Comércio Exterior CEXIM - Carteira de Exportação e Importação CI - Comprovante de Importação

CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear

CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico COFINS - Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social CONCEX - Conselho Nacional do Comércio Exterior

DECEX - Departamento de Operações de Comércio Exterior DECOM - Departamento de Defesa Comercial

DEINT - Departamento de Negociações Internacionais

DEPLA - Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio Exterior DI - Declaração de Importação

DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral DPF - Departamento de Polícia Federal

EBCT - Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

ICMS - Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação

II - Imposto de Importação

IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados

INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial LI - Licença de Importação

MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

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NCM - Nomenclatura Comum do Mercosul OMC - Organização Mundial do Comércio PIB - Produto Interno Bruto

PIS/PASEP - Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público

PND - Plano Nacional de Desenvolvimento

RADAR - Ambiente de Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros REI - Registro de Exportadores e Importadores

RFB - Receita Federal do Brasil

SECEX - Secretaria de Comércio Exterior

SH - Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias Siscomex - Sistema Integrado de Comércio Exterior

SUFRAMA - Superintendência da Zona Franca de Manaus TEC - Tarifa Externa Comum

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1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA...12 1.2 PROBLEMÁTICA...13 1.3 OBJETIVOS...14 1.3.1 Objetivo geral...14 1.3.2 Objetivos específicos...15 1.4 JUSTIFICATIVA...15 1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...17 1.6 ESTRUTURA DA PESQUISA...20 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...22

2.1 GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR...22

2.2 COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO...25

2.3 IMPORTAÇÃO...28

2.4 BUROCRACIA...29

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS...31

3.1 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO...31

3.1.1 Histórico...31

3.1.2 Principais Órgãos Intervenientes...33

3.1.2.1 Câmara de Comércio Exterior (CAMEX)...34

3.1.2.2 Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)...34

3.1.2.2.1 Secretaria de Comércio Exterior (SECEX)...35

3.1.2.3 Ministério da Fazenda (MF)...36

3.1.2.3.1 Receita Federal do Brasil (RFB)...36

3.1.2.3.2 Banco Central do Brasil (BCB)...36

3.1.2.4 Ministério das Relações Exteriores (MRE)...37

3.1.2.5 Órgãos Anuentes...37

3.2 PROCESSO DE IMPORTAÇÃO...41

3.3 PRINCIPAIS ETAPAS E SEUS ENTRAVES BUROCRÁTICOS...45

3.3.1 Classificação Fiscal dos Produtos...45

3.3.2 Tratamento Administrativo e Tributário...49

3.3.2.1 Tratamento Administrativo...49

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1 INTRODUÇÃO

Diante do estreitamento das relações comerciais entre países e da crescente ampliação de mercados por parte das pequenas, médias e grandes empresas, todos em busca de condições benéficas aos seus interesses, evidencia-se a dinâmica relacionada às práticas internacionais de comércio.

O incansável processo de globalização faz com que diferentes regiões do planeta estabeleçam uma grande proximidade, por meio da facilidade de comunicação e rapidez na transmissão de informações, além de que o transporte de pessoas e mercadorias hoje pode ser realizado em diferentes meios e num espaço de tempo relativamente curto. Para Bauman (1999, p. 66), “o significado mais profundo transmitido pela ideia da globalização é o do caráter indeterminado, indisciplinado e de autopropulsão dos assuntos mundiais; a ausência de um centro, de um painel de controle, de uma comissão diretora, de um gabinete administrativo”.

Junto a esta realidade, atribui-se o fato de que, no sistema globalizado, a grande maioria dos países não consegue mais sobreviver apenas com seus próprios recursos e por isso tornam-se extremamente interdependentes, sendo praticamente forçados a estabelecerem uma política de cooperação econômica junto ao sistema internacional. A questão da interdependência atinge também as empresas, já que elas não competem apenas com seus vizinhos, mas sim com o mundo inteiro.

“A interdependência econômica gerada pelos avanços tecnológicos e pelas práticas comerciais do capitalismo em conjunto com acordos regionais e preferenciais alterou sobremaneira a realização dos negócios, que acabou tomando caráter mundial” (DIAS, 2010, p. 128).

Strenger (1998, p. 229) define perfeitamente este conceito, mas utilizando outro termo, “[...] a mundialização, isto é, a interdependência cada vez mais forte das economias de numerosos países, em razão das exigências do livre intercâmbio comercial.” Maia (2007, p. 275) também defende a ideia de que “o mundo de hoje é chamado de Aldeia Global, porque as nações estão, dia após dia, ficando mais interdependentes”.

Dessa forma, é essencial que os países, principalmente as nações que se encontram em fase de desenvolvimento, como é o caso do Brasil, aprimorem seus recursos administrativos, organizacionais e operacionais, para que assim possam conquistar um nível de excelência em comércio exterior. Essa eficiência servirá como um grande atrativo a

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investimentos estrangeiros e consequentemente permitirá às empresas e indústrias do país uma maior competitividade no mercado interno e no cenário global, conforme sustentado por Marinho e Pires (2002, p. 16): “Empresa e Governo devem, enfim, dentro do contexto da internacionalização, liberalização, globalização e integração das economias, dar condições ao desenvolvimento sustentado do comércio exterior, de forma a alcançar o desenvolvimento econômico e social de uma nação”.

Nesse contexto, as importações apresentam papel essencial para estimular o fluxo de transações comerciais internacionais e incrementar a economia, especialmente nos casos em que o produto não é produzido ou não se vê competitividade em produzi-lo no mercado do importador. Apesar de sua grande relevância, as operações de importação realizadas no Brasil convivem com enormes entraves burocráticos, que precisam ser rigorosamente minimizados, pois em muitos casos prejudicam e desestimulam os que atuam no setor.

Para que a participação brasileira no comércio internacional cresça e sua ambição de se estabelecer como uma nação desenvolvida, vigorando como país de primeiro mundo, seja concretizada, é fundamental que, além da implementação de métodos procedimentais mais simples, da redução da carga tributária e do aprimoramento administrativo dos órgãos influentes, o esquema organizacional e a estrutura logística também se modernizem, visto que suas imperfeições acarretam atrasos para a liberação das mercadorias, maiores custos financeiros e insegurança no planejamento das empresas.

A baixa participação brasileira representa o passado de sua economia, sempre muito fechada em relação ao mundo, panorama que o país tem, confessadamente, tentado mudar. Mas isso não é uma tarefa fácil em virtude de suas características, em especial a falta de competitividade apresentada em relação ao custo Brasil formado, especialmente, pela alta carga tributária e pela alta taxa de juros, que juntas inibem a redução de custos e o aumento da competitividade. Muitos outros fatores poderiam ser elencados, entre os quais a falta de visão para o comércio exterior e o quase permanente fechamento da economia, assim como nossos altos custos logísticos, que vêm melhorando, mas nos quais ainda há um longo caminho a percorrer (KEEDI, 2010, p. 27-28).

Apesar da complexidade e dos baixos investimentos, algumas ações importantes já foram realizadas e o setor já demonstrou consideráveis avanços com a adoção de novos sistemas que resultaram em mudanças práticas. O exemplo mais claro certamente refere-se à adoção do Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex). Segundo Vieira (2006, p. 32) “A implementação do Siscomex propiciou a redução significativa do prazo para desembaraço de mercadorias, redução drástica de burocracia e, por consequência, redução de custo e do trânsito físico dos documentos entre os diversos órgãos intervenientes no processo [...]”.

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Almejando esclarecer a importância de desburocratizar as importações brasileiras, o presente trabalho busca explanar os fatos implicantes em etapas necessárias à compra de produtos estrangeiros no país, haja vista que o padrão atual do Brasil apresenta obstáculos em diversos sentidos, o que não é compatível com seu emergente status econômico.

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA

Ao contrário do que muitos julgam e até mesmo do que defendem vários economistas, a importação é vital para a economia de um país, já que pode reduzir custos com a compra de produtos mais baratos e fornecer diferentes opções de recursos, motivo que também impulsiona o desenvolvimento da indústria nacional e agrega valor à sua produção. Sua prática permite o suprimento de diversas necessidades do comprador, concedendo acesso à qualidade e variedade por preços mais acessíveis em comparação aos adquiridos no mercado interno.

Conforme Dias e Rodrigues (2010, p. 213), a importação é importante, pois:

Nos dias de hoje, não é possível que um país possa, no aspecto socioeconômico, desenvolver-se isoladamente. Nenhum país, por mais que se esforce, consegue ser autossuficiente, com a eficiência adequada, em tudo o que se faz necessário, seja pela limitação de seus recursos naturais (solo, clima, etc.), pela capacidade produtiva de sua mão de obra ou pela diferença de estágio de desenvolvimento tecnológico.

O Brasil expandiu seus horizontes e passou a atuar de forma significativa no comércio internacional a partir de sua abertura econômica em 1988, que teve seu início ainda no governo Sarney, realizada por meio das primeiras medidas de redução de alíquotas de importação. Esse marco foi crucial para a retomada do rumo econômico, político e social do país.

Essa abertura da economia possibilitou às empresas de um modo geral a aquisição de bens de capital de tecnologia avançada disponível no mercado internacional, impactando diretamente no parque produtivo, por meio de importantes ganhos de escala indispensáveis para o incremento da competitividade no mundo globalizado (VIEIRA, 2006, p. 15-16).

A partir daí, as empresas brasileiras, tantos as de grande porte quanto as menores, passaram a trabalhar com o comércio internacional e firmaram relações com mercados externos. Com isso, muitas empresas hoje têm, na maior parte ou mesmo no total de suas atividades, o foco na comercialização de produtos e serviços provenientes do exterior. Além

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disso, muitas outras são dependentes, única e exclusivamente, de recursos de fora para que possam desenvolver sua produção. Também existem as empresas que adquirem grande parte de seu lucro por meio de serviços voltados para as importações, como é o caso das comissárias de despacho aduaneiro1, das empresas freight forwarder2, das trading companies3, entre outras espécies. Ou seja, todas estas empresas continuam acreditando na capacidade de realizar negócios e de evoluir com as importações, sendo que diversas outras surgem frequentemente com a mesma intenção, razão que não deixa dúvidas quanto à influência do ramo em diversas questões relacionadas ao Brasil.

É diante deste contexto que se sustenta o tema do presente trabalho, procurando abordar os aspectos burocráticos envolvidos nos processos de importação do Brasil, considerando que estes atrapalham as empresas e consequentemente o desenvolvimento do país. Dessa forma, observa-se a real importância das importações e principalmente a necessidade de reorganizar e melhorar o sistema estrutural brasileiro direcionado à realização das atividades do setor.

1.2 PROBLEMÁTICA

Considerado um dos principais países emergentes da atualidade e uma das economias em maior ascensão no cenário mundial, fato comprovado pela conquista, em 2011, do 5° lugar no ranking das economias mais atrativas aos investimentos provenientes do exterior da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Comércio, o Brasil movimenta uma quantidade cada vez maior de produtos que entram e saem de seu território (VEJA, 2012).

Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as importações brasileiras atingiram, em 2011, um crescimento de 24,5%

1 “É uma empresa prestadora de serviços, que atua nos portos, aeroportos e pontos de fronteira, apta a auxiliar os comerciantes nos trâmites necessários ao desembaraço aduaneiro de mercadorias importadas ou a exportar. Como empresa cadastrada pelas autoridades aduaneiras, auxilia os comerciantes em tudo o que for necessário para a boa consecução da exportação e/ou importação.” (KEEDI; MENDONÇA, 2000, p. 76)

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Chamado também de Fowarding Agent, em português Transitário de Carga. “É um prestador de serviços que está habilitado a fazer por seu cliente um trabalho completo, desde a retirada da mercadoria em seu depósito/fábrica até a entrega no armazém do importador” (KEEDI; MENDONÇA, 2000, p. 76).

3

“Trading companies são empresas especializadas em comércio exterior que compram mercadorias nos mercados domésticos e as revendem nos mercados externos. Operam tanto na exportação quanto na importação” (SOARES, 2004, p. 219).

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em relação ao ano anterior e, com isso, estabeleceram recorde absoluto em sua história, chegando ao valor total de US$ 226,2 bilhões (BRASIL, 2011).

Mas, mesmo com esta evolução, as condições que envolvem as operações voltadas para o comércio internacional, principalmente no que diz respeito às importações, são consideradas burocráticas e difíceis de serem realizadas sem que ocorra uma eventual situação indesejada, principalmente para as empresas menores ou para as que estão iniciando no ramo e que por isso desconhecem as normas do comércio exterior brasileiro.

Portanto, investimentos focados na inserção tecnológica e em novos mecanismos, objetivando a simplificação e a rapidez nas operações, são extremamente importantes para permitir a potencialização do comércio exterior brasileiro. Visto que o cenário global evidencia a necessidade de cooperação internacional e a interdependência entre os países, seja ela de caráter tecnológico, natural ou intelectual, a modernização do sistema e a simplificação dos procedimentos garantem facilidade, agilidade e praticidade não só para o importador brasileiro como também para o fornecedor estrangeiro.

É evidente a obrigação do governo em repensar rapidamente e de forma competente o âmbito das importações, para desburocratizar as operações e fornecer melhoras para as empresas, para a economia do país e finalmente para a sociedade.

Sendo assim, o conteúdo do presente trabalho concentra-se em torno da seguinte questão: Quais são os principais entraves burocráticos presentes nos processos de importação realizados no Brasil?

1.3 OBJETIVOS

Partindo do problema de pesquisa, são relacionados a seguir os principais objetivos que este trabalho dedica-se a estudar e se propõe a relatar de forma minuciosa e estruturada.

1.3.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho de conclusão de curso é verificar os principais entraves burocráticos envolvendo os processos de importação realizados no Brasil.

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1.3.2 Objetivos específicos

Com o propósito de alcançar o objetivo geral estabelecido, traçou-se os seguintes objetivos específicos:

a) Apresentar os órgãos intervenientes do comércio exterior brasileiro, mostrando a estrutura organizacional atual e sua esquematização burocrática;

b) Descrever as etapas procedimentais dos processos de importação;

c) Identificar as principais etapas da importação e seus entraves burocráticos.

1.4 JUSTIFICATIVA

O fortalecimento contínuo do fenômeno da globalização faz com que o comércio exterior torne-se cada vez mais valorizado por todo o sistema internacional. Com isso, suas funções vêm se estabelecendo como ferramentas fundamentais para o desenvolvimento das nações, o que caracteriza o crescimento do ramo e revela a importância do tema proposto, que pode justificar-se ainda em diferentes diretrizes.

Primeiramente, a escolha do objeto de estudo é justificada pela relevância econômica do problema investigado, já que, de modo geral, o incremento das importações por meio da diminuição da burocracia nas suas etapas de execução é de extrema importância para a economia do Brasil e para a sociedade, como defende Dias e Rodrigues (2010, p. 212):

A importação pode suprir falhas na estrutura econômica, colaborando na complementação dos produtos disponíveis à população de um país, ou de bens de capital necessários às empresas, cumprindo também o papel de modernização da economia por estimular a competição e permitir a comparação de processos e produtos.

Especificamente para o setor comercial e industrial, o trabalho também busca atingir as empresas que sofrem com os prejuízos causados pelas dificuldades nos processos de importação. Especialmente para as que estão iniciando no setor, o presente estudo se preocupa em abordar tópicos que sirvam de alerta para as dificuldades que passarão a conviver, visto que muitas vezes elas não adquirem anteriormente o conhecimento e o planejamento necessário para o seu sucesso. Além disso, o tema é relevante não só para as empresas que atuam no ramo de comércio exterior, como também para outras distintas, como por exemplo,

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as da área tecnológica, visto que o cenário apresenta muitas variáveis que necessitam igualmente de soluções e melhorias.

Observa-se também que a política aplicada ao comércio exterior brasileiro sempre direcionou-se, principalmente, na fomentação às exportações como meio de alavancar o crescimento industrial e econômico do país, deixando dessa forma as importações como segundo plano. Segundo Bizelli e Barbosa (2000, p. 15):

A política de comércio exterior brasileira está basicamente voltada para o desenvolvimento econômico, tendo como meta prioritária a elevação das receitas provenientes da exportação em níveis compatíveis com as exigências do progresso do País, isto é, aqueles necessários ao atendimento da crescente procura de matérias-primas, produtos semielaborados, máquinas e equipamentos imprescindíveis à expansão e à renovação do parque industrial e bem assim dos compromissos decorrentes de importações destinadas à execução de projetos prioritários setoriais e regionais.

Assim, o tema possui extrema importância na esfera política, já que a temática abordada envolve questões que interferem nas relações do governo com seus parceiros externos, nas estratégias adotadas para o desenvolvimento do Brasil e na sua imagem frente ao sistema internacional.

Para os alunos, professores e coordenadores da Universidade do Sul de Santa Catarina, o trabalho também é muito pertinente, visto que o curso é recente e, por este motivo, ainda sofre frequentes mudanças em sua estrutura, métodos e matérias que são lecionadas. Pela mesma razão, a dificuldade de encontrar projetos bem elaborados acerca deste tema é grande, já que são poucas as referências e pesquisas acadêmicas realizadas com a finalidade de aprimorar conhecimentos relacionados à importação, especificamente no Brasil, o que torna ainda muito precária e desconhecida a formação em Relações Internacionais, acarretando muitas vezes na pouca valorização do curso e na formação de profissionais despreparados.

O presente trabalho busca ainda estimular a iniciativa de discussão, análise e formulação de novos estudos com diferentes interpretações e conceitos sobre assuntos correlacionados a este, considerando ainda a possibilidade de surgimento de novas soluções para o problema em questão, tanto na área de Relações Internacionais e Comércio Exterior, como de Administração, Direito, e disciplinas afins, já que estes campos podem estar diretamente ou indiretamente relacionados.

Além da parte acadêmica, a intenção é contribuir também para os que já atuam no campo e conhecem a realidade das importações brasileiras, objetivando fornecer informações

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importantes e esclarecer alguns dos pontos-chave quanto aos obstáculos procedimentais. Com isso, o profissional da área pode enxergar os problemas na prática e procurar soluções, dentro de suas capacidades, para o aprimoramento do setor no qual está inserido.

Para o autor do trabalho, o estudo é de enorme proveito, já que a motivação para a escolha do tema e a empolgação para a realização da pesquisa se dá devido ao convívio diário com as etapas procedimentais dos processos de importação, que por meio das atividades práticas realizadas na empresa em que trabalha, pode se deparar com as complicações existentes no sistema brasileiro e perceber suas deficiências.

Por fim, outro propósito inspirador ao acadêmico para a realização deste projeto é a curiosidade em conhecer de forma mais profunda a área, escolhida para seu seguimento profissional, visto que a especialização é vital para se obter sucesso em qualquer carreira.

1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O conhecimento sobre as formas de pesquisa é fundamental para que o estudo possa se desenvolver de forma objetiva e se apresentar com uma estrutura bem elaborada.

Segundo Barros e Lehfeld (2000, p. 67), “A pesquisa constitui um ato dinâmico de questionamento, indagação e aprofundamento. Consiste na tentativa de desvelamento de determinados objetos. É a busca de uma resposta significativa a uma dúvida ou problema”.

“Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos” (GIL, 2002, p. 17).

Além disso, “pesquisar é um fato natural e necessário a todos os indivíduos. Contemporaneamente, a pesquisa tornou-se uma atividade comum não só entre os cientistas, mas para todas as pessoas atuantes na sociedade” (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 67).

Os procedimentos metodológicos também são imprescindíveis para a execução do planejamento de estudo.

A metodologia tem sua função conceituada por Barros e Lehfeld (2000, p. 2) da seguinte maneira: “a metodologia não procura soluções, mas escolhe as maneiras de encontrá-las, integrando os conhecimentos a respeito dos métodos em vigor nas diferentes disciplinas científicas ou filosóficas”.

Para Oliveira (2002, p. 56), a metodologia é vista como um ramo científico que “estuda os meios ou métodos de investigação do pensamento correto e do pensamento

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verdadeiro que visa delimitar um determinado problema, analisar e desenvolver observações, criticá-los e interpretá-los a partir das relações de causa e efeito”.

A natureza deste trabalho qualifica-se na forma de pesquisa básica, já que esta pesquisa “é aquela que procura o progresso científico, a ampliação de conhecimentos teóricos, sem a preocupação de utilizá-los na prática. É a pesquisa formal, tendo em vista generalizações, princípios, leis. Tem por meta o conhecimento pelo conhecimento” (MARCONI; LAKATOS, 2002, p. 20).

Andrade (1997, p. 102) classifica esta natureza denominando-a de pura ou fundamental, em que “o objetivo da pesquisa é alcançar o saber, para a satisfação do desejo de adquirir conhecimentos”.

O tipo de pesquisa referente à abordagem do problema caracteriza-se como qualitativa.

Segundo Marconi e Lakatos (2007, p. 269) “a metodologia qualitativa preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano.” Ainda de acordo com Marconi e Lakatos (2007, p. 269), este tipo de pesquisa “fornece análise mais detalhada sobre investigações, hábitos, atitudes, tendências de comportamento, etc.”.

As pesquisas que se utilizam da abordagem qualitativa possuem a facilidade de poder descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos experimentados por grupos sociais, apresentar contribuições no processo de mudança, criação ou formação de opiniões de determinado grupo e permitir, em maior grau de profundidade, a interpretação das particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos (OLIVEIRA, 2002, p. 116).

De acordo com Denzin e Lincoln (2006, p. 16) “a pesquisa qualitativa é, em si mesma, um campo de investigação”.

Quanto aos objetivos, o trabalho aborda o tipo de pesquisa exploratória.

A pesquisa exploratória é o primeiro passo de todo trabalho científico. São finalidades de uma pesquisa exploratória, sobretudo quando bibliográfica, proporcionar maiores informações sobre determinado assunto, facilitar a delimitação de um tema de trabalho, definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou descobrir novo tipo de enfoque para o trabalho que se tem em mente (ANDRADE, 1997, p. 104).

Na visão de Gil (2002, p. 41), o objetivo é “proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Pode-se dizer que

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estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições”. “O objetivo de uma pesquisa exploratória, em geral, e como o próprio nome sugere, é a identificação e a construção de hipóteses que possam ser úteis a estudos posteriores” (COSTA, 2001, p. 30).

Santos (2002, p. 26) explica que “explorar é tipicamente a primeira aproximação de um tema e visa criar maior familiaridade em relação a um fato ou fenômeno”.

Em relação ao procedimento necessário à formulação do trabalho, é utilizada a pesquisa bibliográfica e documental.

Basicamente, “a pesquisa bibliográfica tem por finalidade conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se realizaram sobre determinado assunto ou fenômeno” (OLIVEIRA, 2002, p. 119).

Para Andrade (1997, p. 106), “a pesquisa bibliográfica tanto pode ser um trabalho independente como constituir-se no passo inicial de outra pesquisa.” A autora ainda assegura com convicção que “ela é obrigatória nas pesquisas exploratórias, na delimitação do tema de um trabalho ou pesquisa, no desenvolvimento do assunto, nas citações, na apresentação das conclusões” (ANDRADE, 1997, p. 37).

“A pesquisa bibliográfica é a que se efetua tentando-se resolver um problema ou adquirir conhecimentos a partir do emprego predominante de informações advindas de material gráfico, sonoro e informatizado” (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 70).

De acordo com Gil (2002, p. 45), “a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente”.

No que diz respeito à pesquisa documental, Marconi e Lakatos (2001, p. 43) a relacionam com a pesquisa feita por documentos de fontes primárias, ou seja, “são aqueles de primeira mão, provenientes dos próprios órgãos que realizaram as observações”. Continuando na linha destes autores, os documentos de fonte primária “podem ser encontrados em arquivos públicos ou particulares, assim como em fontes estatísticas compiladas por órgãos oficiais e particulares” (MARCONI; LAKATOS, 2001, p. 43).

Com base nas caracterizações da metodologia utilizada, possibilita-se a compreensão do modelo de estudo apresentado. Para tornar mais claro e objetivo a organização do presente trabalho, apresenta-se na sequência a estrutura da pesquisa, relacionando os assuntos tratados.

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1.6 ESTRUTURA DA PESQUISA

Inicialmente, o presente trabalho aborda os fundamentos teóricos que possibilitam a contextualização e o melhor entendimento dos aspectos relacionados ao tema proposto. Da mesma forma, as ideias teóricas fornecem os embasamentos necessários para a realização da pesquisa e posterior verificação e análise dos dados.

Deste modo, compreendem-se no primeiro tópico as conceituações sobre globalização, suas causas e as significativas influências resultantes deste fenômeno, devido a sua intervenção sobre diversos fatores determinantes do cenário internacional. Da mesma forma, é feita a definição do comércio exterior e explorada sua interligação com o fenômeno da globalização, além de se analisar as principais vertentes teóricas relativas ao comércio internacional, desde os princípios clássicos até os conceitos modernos.

Após, apresenta-se a sucessão histórica do comércio exterior brasileiro, revelando as políticas aplicadas nos principais períodos, como também as mudanças ocorridas no cenário das atividades brasileiras relacionadas às transações com o mercado externo.

Depois, conceitua-se a importação, fundamentando-se a partir de suas vantagens e da importância da desburocratização deste setor no Brasil para atingir melhores resultados nas operações.

O último capítulo da fundamentação teórica trata da burocracia, especialmente da origem do termo através dos pensamentos de Max Weber e da mudança de sua concepção.

Já no tópico referente à apresentação e análise de dados, avaliam-se as conceituações e informações necessárias ao cumprimento dos objetivos propostos neste trabalho.

Para isso, primeiramente aborda-se um breve histórico relacionado à formação das entidades públicas voltadas para a administração do comércio exterior brasileiro, apresentando os primeiros órgãos, para demonstrar de que maneira ocorreu a construção da estrutura responsável pela gestão do setor.

O tópico seguinte apresenta os padrões atuais referentes à estrutura organizacional responsável por gerir o comércio exterior do Brasil, mostrando quais são os principais órgãos intervenientes nesta área e suas competências, de modo a evidenciar a diversidade de instituições ligadas ao controle político, fiscal e operacional das importações, o que caracteriza o modelo burocrático do sistema.

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Logo após, analisam-se as principais etapas que compreendem os processos de importação, explanando o que cada uma representa, bem como a necessidade sobre a execução das mesmas. Além disso, é mostrado o passo a passo das importações, por meio da descrição sequencial dos procedimentos que compreendem um processo comum, averiguando desta forma a variedade de etapas e a laboriosidade das operações.

Visto isso, a parte final do capítulo decorre da avaliação das etapas com os maiores entraves burocráticos do processo, no intuito de revelar os principais aspectos causadores da complexidade, da morosidade e dos altos custos que afetam as importações brasileiras.

Portanto, inicialmente avaliam-se as complicações burocráticas presentes na etapa de classificação fiscal dos produtos destinados à importação, referindo-se à minuciosidade deste exercício.

Depois disso, é explorado o tratamento administrativo que regula as operações, relatando a burocracia presente pela metodologia aplicada e pelos critérios aos quais se sujeitam as importações no Brasil.

Apresenta-se também o tratamento tributário, evidenciando a alta carga de tributos que incide sobre as importações, por meio dos dispendiosos impostos e de diversas taxas resultantes desta atividade burocrática.

Posteriormente, são analisados os procedimentos de despacho aduaneiro, que compreende a etapa de fiscalização e liberação da mercadoria na sua chegada ao país para posterior entrega ao comprador, evidenciando dessa forma os pontos-chave que acarretam na burocracia desta crucial fase da importação.

Por fim, nas considerações finais, trata-se das conclusões obtidas por meio dos resultados adquiridos com este estudo, avaliando o cumprimento dos objetivos traçados. Também apresentam-se algumas dificuldades encontradas para a realização da pesquisa e ainda sugestões que visam estimular a continuação de estudos relacionados com o tema do presente trabalho.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A finalidade deste capítulo consiste em delinear conceitualmente os principais elementos concernentes ao tema desta pesquisa, utilizando fundamentos teóricos para contextualizar o presente trabalho e fornecer um embasamento apropriado para o desenvolvimento do estudo.

Para que se possa conhecer e entender corretamente a interferência da burocracia no que diz respeito às importações brasileiras, como também a extrema necessidade de minimizá-la dentro deste contexto, é imprescindível conceituar preliminarmente o comércio exterior no presente cenário globalizado, já que esta área se conecta diretamente com as transformações causadas pelo fenômeno da globalização. Aprofundar-se no histórico evolutivo do comércio exterior brasileiro é igualmente fundamental à composição deste trabalho, para mostrar os principais momentos políticos e econômicos vividos por este setor. Por meio da abordagem voltada especificamente às importações, concentra-se o foco do estudo, que relaciona suas definições e sua importância de acordo com a concepção teórica da burocracia.

2.1 GLOBALIZAÇÃO E COMÉRCIO EXTERIOR

A globalização é um fator que está diretamente ligado à dinâmica do comércio exterior. De forma sucinta, sua natureza pode ser entendida pela percepção de Giddens (2006, p. 22) de que “a globalização é política, tecnológica e cultural, além de econômica”.

Apesar de alegar a variedade de significados que podem ser atribuídos ao termo, já que o relaciona a uma enorme diversidade de fenômenos, Neves (1996) explica a globalização sob o ponto de vista econômico, analisando a perspectiva financeira, comercial, produtiva, institucional e político-econômica. No primeiro aspecto citado, a globalização é avaliada como resultado da maior quantidade e velocidade de circulação dos recursos disponibilizados, que afetam os diferentes níveis de economia.

Para Dias e Rodrigues (2010, p. 159), “a rápida expansão mundial da produção, do consumo e da inversão de bens, serviços, capital e tecnologia [...]” são as causas que definem globalização. Seguindo a linha do autor, considera-se também a relação desta expressão com a noção de liberalização do comércio, salientando a importância das

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corporações transnacionais e organizações multilaterais para a formação deste cenário de interdependência econômica.

Já em relação à concepção de comércio exterior, Soares (2004, p. 8) define sua natureza como multidisciplinar e a define de acordo com diferentes áreas de conhecimento:

Assim, um economista poderia conceituar o comércio exterior como as relações de troca entre os agentes econômicos visando à obtenção de lucro. Um administrador de empresas pode analisar uma operação de compra e venda internacional como um processo que se inicia com um negócio e termina nos aspectos contábeis da operação. Um jurista poderia conceituar uma operação de comércio exterior como um ato jurídico formalizado, a partir da vontade dos contratantes, por meio de um contrato que gera obrigações e direitos às partes e, eventualmente, a terceiros.

Maluf (2000, p. 23), dá sequência a esta definição, afirmando que comércio exterior “é a relação direta de comércio entre dois países ou blocos. São as normatizações com que cada país administra seu comércio com os demais, regulando as formas, métodos e deliberações para viabilizar este comércio”.

Partindo dessas definições, a relação entre globalização e comércio exterior fica eminente e tende a se fortalecer ainda mais. “Com isso, dia-a-dia, o mundo vai-se transformando num só mercado, o mercado global”, explica Maia (2007, p. 274).

Tão importante quanto conceituar o comércio exterior e sua condição atual é aprofundar-se em seus princípios, seguindo suas principais teorias. Por meio do estudo sobre pensamentos teóricos, é possível constituir as bases para o entendimento acerca da importância do comércio exterior.

Diversos pensamentos relacionados ao comércio internacional são formalizados seguindo as ideias econômicas liberais, que se constituem principalmente a partir criação da obra A Riqueza das Nações, de Adam Smith, sendo este um marco para a formulação de outras vertentes teóricas modernas que tratam do comércio internacional.

No entendimento de Smith, o comércio internacional ideal é aquele totalmente livre de barreiras, sem qualquer intervenção dos Estados, onde as trocas são reguladas por meio das Vantagens Absolutas (SMITH, 1996). Assim, as políticas de protecionismo vão contra sua tese, pois Smith (2008, p. 191) afirma que “impostos que visem a prevenir, ou mesmo a diminuir a importação, são evidentemente tão destrutivos das rendas alfandegárias quanto da liberdade de comércio”.

Neste contexto, David Ricardo reavalia os conceitos de Smith e também desenvolve sua teoria. Para ele, a excelência do comércio exterior é definida pelo princípio

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das Vantagens Comparativas, em que as nações, por meio do livre comércio, podem adquirir benefícios mútuos se considerarem seus custos de oportunidade, isto é, caso se especializem nos produtos em que apresentam relativamente maior eficiência produtiva em comparação a outro país, atingindo dessa forma o nível máximo de rendimento (RICARDO, 1996).

A teoria liberal de Ricardo explica que as transações entre os países fazem com que haja movimentação intensa nos sistemas econômicos. Diferentemente do que trata Smith, para Ricardo esse importante mecanismo pode trazer enormes vantagens mesmo quando um país tem maior produtividade que o outro na produção de todas as mercadorias (RICARDO, 1996).

Com isso, torna-se evidente o amparo sobre a magnitude das importações no âmbito do comércio entre os países, ressaltando que a exportação não é o único meio positivo, como esclarecem Dias e Rodrigues (2010, p. 123) ao tratar da concepção Ricardiana:

Dessa maneira, os grandes beneficiados pelo comércio internacional são os consumidores dos países importadores, pois podem dispor de produtos do mundo inteiro pelos menores preços, tendo, assim, mais reserva monetária disponível, com a qual poderiam empreender outros gastos que levariam a maior prosperidade.

O liberalismo é um sistema que norteia os princípios do comércio internacional tanto para Smith como para Ricardo e continua sustentando outras ideologias mais recentes. As análises de Heckscher e Ohlin interpretam de forma diferente as duas teorias clássicas vistas anteriormente, avaliando outras questões determinantes para o comércio internacional:

Os países, segundo o modelo Heckscher-Ohlin, geralmente tendem a exportar produtos que utilizam intensivamente o fator de produção que se encontra relativamente abundante no país e importam a mercadoria que utiliza intensivamente o fator de produção menos abundante no país. Assim, um país com uma oferta abundante de mão-de-obra em relação ao capital produzirá preferencialmente bens que utilizam em sua produção relativamente mais mão-de-obra e também deverá exportar esse bem. Do mesmo modo um país com oferta abundante de capital considerará relativamente mais barato produzir bens cuja produção necessite mais intensamente do fator capital e, portanto, terá vantagem em exportá-lo, importando bens que necessitem de muita mão-de-obra em sua produção (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JR., 2005, p. 547).

Porter (1989) também contesta essas teorias clássicas, assegurando que o modelo ideal de comércio internacional não se estabelece nem pelas Vantagens Absolutas e nem pelas Vantagens Comparativas, mas sim pelas Vantagens Competitivas. Se uma nação tem a capacidade de fabricar bens com uma maior qualidade ou a um custo mais baixo em relação a outro país, ele possui, portanto, um diferencial que o faz obter vantagens sobre a concorrência

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externa, conquistando assim uma produtividade acima da média do mercado, o que permite sua prosperidade econômica.

Apesar dos diferentes conceitos, todas essas teorias defendem a prática do comércio internacional e determinam a necessidade da importação.

2.2 COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

O comércio exterior do Brasil passou por diferentes fases ao longo de sua história, sempre proporcionando mudanças na economia do país.

Desde a época Colonial (1500-1822), passando pelo período Imperial (1822-1889), até a República Velha (1889-1930), a economia brasileira dependeu quase que exclusivamente do bom desempenho de suas exportações, as quais, durante todo o período, restringiram-se a algumas poucas commodities agrícolas. Esse fato caracterizava o Brasil como uma economia agroexportadora. O que variou ao longo do tempo foram os produtos aqui produzidos destinados ao mercado internacional: açúcar, algodão, café, borracha, etc. (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JR., 2005, p. 344).

A prática de comércio exterior é desempenhada no Brasil desde a chegada dos portugueses. Porém, segundo Rego e Marques (2003), o comércio exterior brasileiro se inicia realmente em 1808, ano da assinatura do decreto que concede às alfândegas portuárias do país a permissão para a comercialização de mercadorias não somente com a corte portuguesa, mas com outras nações diversas das quais ela mantinha relações de parceria, denominadas nações amigas, o que permitiu a conquista de uma maior independência sobre o setor.

Durante a maior parte do século XIX, o comércio exterior brasileiro manteve-se basicamente por meio das exportações de café, especificamente a partir de 1840 quando seu ciclo começa a surgir. “Os incentivos advindos do aumento das quantidades demandadas de café, assim como a elevação dos preços no mercado internacional, encorajaram o aumento da produção. Foi assim que o café se tornou o principal produto de exportação já por volta de 1840” (REGO; MARQUES, 2003, p. 112).

Logo no início do séc. XX, diversos fatos modificaram o cenário do comércio exterior brasileiro. O primeiro grande acontecimento foi o início da Primeira Guerra Mundial, que desestabilizou o comércio internacional, ao mesmo tempo em que começou a se estabelecer uma crise no setor cafeereiro do Brasil. Na década seguinte, ocorre a quebra da bolsa de Nova York, que resulta em uma enorme crise mundial, afetando ainda mais as

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relações internacionais de modo geral e consequentemente o desempenho do comércio brasileiro com o mercado externo (REGO; MARQUES, 2003).

Durante todo o século XIX até a década de 1930, o Brasil manteve como principal atividade econômica e fonte de riqueza justamente a produção agrícola. Porém, no período da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a incipiente indústria nacional cresceu em razão das dificuldades criadas pela guerra no mercado internacional, tanto para as exportações de produtos agrícolas, como para importações de manufaturados (REGO; MARQUES, 2003, p. 150).

Especialmente a partir de 1930, a economia brasileira baseada nas exportações de café se fragilizou com a crise estabelecida, já que a oferta do produto passou a ser maior que a demanda internacional e com isso o processo de industrialização se tornou primordial para a recuperação do país. O comércio exterior brasileiro permaneceu extremamente voltado para políticas que desfavoreciam as importações, o que caracteriza a economia como fechada. O maior exemplo disso foi o Processo de Substituição de Importações, como explica Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2005, p. 370):

A década de 30, assim como as décadas subsequentes, compõe o período em que houve forte avanço do setor industrial do Brasil. Esse avanço teve determinadas características que permitiram chamá-lo de industrialização por substituição de importações. A principal característica de tal processo é uma industrialização fechada, que responde a desequilíbrios externos e é realizada por partes.

“Iniciou-se assim, um período de aproximadamente cinco décadas – que duraria até o final da década de 1970, com a conclusão dos investimentos do II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), do governo Geisel [...]” (REGO; MARQUES, 2003, p. 249).

Depois disso, inicia-se um período de intenso crescimento econômico, que ficou conhecido como milagre econômico. Só que, mais tarde, novos acontecimentos alteraram o cenário. “A crise do endividamento externo nos anos 80 provocou ajustes na política econômica brasileira. A política de comércio exterior voltou-se por completo para a obtenção de superávits comerciais por meio do controle das importações e de incentivos às exportações” (SILVA, 2008, p. 2).

Logo após isso, algumas medidas drásticas foram aplicadas pelo governo de José Sarney, favorecendo as importações e iniciando uma nova era para o comércio exterior brasileiro. “No período Sarney, aboliram-se diversos regimes especiais de importação, reduziu-se a redundância tarifária, unificando-se a incidência dos impostos sobre importação,

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além de ter sido promovida uma redução das alíquotas, diminuindo também o tamanho de seu espectro” (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JR., 2005, p. 553).

Essa postura continuou vigorando e foi ainda mais intensificada com o governo Collor, onde houve grande abertura comercial, com redução de tarifas de importação e reformulação dos incentivos às exportações. “O esgotamento do modelo de substituição das importações e a crescente desregulamentação dos mercados internacionais foram fatores contribuintes para a intensificação da abertura da economia do país a partir de 1990” (SILVA, 2008, p. 5).

Os fluxos comerciais se intensificaram e criou-se o Mercado Comum do Sul (Mercosul), com a intenção de integrar inicialmente os mercados de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, sendo este um fato que ratifica a nova tendência da política externa brasileira (MAIA, 2007). “De 1990 a 1994, as tarifas de comércio entre os países do Mercosul foram gradativamente reduzidas, até serem totalmente eliminadas, salvo algumas exceções para alguns produtos, além de uma redução considerável das tarifas praticadas com importações com o resto do mundo” (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JR., 2005, p. 560).

Com a posse de Fernando Henrique Cardoso, o país conseguiu finalmente estabilizar sua moeda por meio do Plano Real e, com isso, a política externa adotada, de essência liberal, fez com que o país se entrosasse com a era da globalização e aumentasse sua participação no cenário internacional (SILVA, 2008).

Após a virada do milênio, a movimentação do comércio exterior brasileiro se intensificou e continuou ganhando força a cada ano, juntamente com o apoio do crescimento econômico mundial. Na fase comandada por Luís Inácio Lula da Silva, o processo de abertura comercial não prevalece tão vigoroso como no governo anterior e as exportações voltam a ganhar mais destaque. Mas, mesmo assim, pode-se afirmar que:

O governo Lula, em linhas gerais, dá continuidade à política de comércio exterior de FHC. Reforça-se o propósito de aumentar as exportações brasileiras; não se contêm as importações, pois percebe-se, de forma definitiva, que o crescimento e o desenvolvimento econômico têm laços estreitos com o comércio internacional (SILVA, 2008, p. 17).

Desde então, “[...] é possível afirmar que a economia brasileira exibe grau bastante razoável de abertura às forças globais de mercado” (CONFERÊNCIA NACIONAL DE POLÍTICA EXTERNA E POLÍTICA INTERNACIONAL – II, p. 443). Em consequência

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desse novo cenário, não só o volume de exportações brasileiras vem aumentando, como também o de importações. “Não obstante, e ainda que o chamado ‘choque de abertura’ do início dos anos 90 tenha efetivamente favorecido o crescimento das importações brasileiras, não é razoável qualificar esse crescimento como excessivo, sobretudo à luz dos padrões internacionais vigentes (CONFERÊNCIA NACIONAL DE POLÍTICA EXTERNA E POLÍTICA INTERNACIONAL – II, p. 445).

Como visto, o país se voltou para as exportações na maior parte da história do seu comércio exterior. São poucas as ações voltadas para uma abertura comercial, e este processo é extremamente recente. Apesar de manter-se uma política econômica considerada protecionista no país, as importações conquistaram mais espaço. Porém, o sistema apresenta muitas irregularidades e há muitos aspectos que ainda precisam melhorar.

2.3 IMPORTAÇÃO

Partindo do contexto histórico do comércio exterior brasileiro, nota-se que as importações ganharam algum prestígio nas últimas décadas e, por isso, é preciso entender um pouco mais sobre sua importância.

A definição de importação também pode apresentar diferentes posicionamentos. Entretanto, em sua essência, é muito bem definida por Silva (2008, p. 24) da seguinte forma: “a importação busca atender as necessidades (algo vital) ou os desejos (algo superficial) de um país por meio da aquisição de um bem (tangível) ou de um serviço (intangível) que não é produzido, ou é produzido de forma não competitiva, no país demandante”.

Nesse sentido, Dias e Rodrigues (2010, p. 213) defendem sua importância no cenário internacional atual:

Nos dias de hoje, não é possível que um país possa, no aspecto socioeconômico, desenvolver-se isoladamente. Nenhum país, por mais que se esforce, consegue ser auto-suficiente, com a eficiência adequada, em tudo o que se faz necessário, seja pela limitação de seus recursos naturais (solo, clima, etc.), pela capacidade produtiva de sua mão-de-obra ou pela diferença de estágio de desenvolvimento tecnológico.

A importação pode ser muito benéfica para as empresas. Para Keedi (2010, p. 25), “a importância da importação está na diversificação de mercados, deixando de atuar apenas no mercado interno nas suas compras, aumentando o seu leque de fornecedores e reduzindo seus riscos de crise de mercado, como aumento de preços e política governamental [...]”

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Ainda de acordo com o autor, além do fato exposto anteriormente, a importação também pode propiciar maior quantidade e variedade de produtos disponíveis no mercado, diminuir o risco de altos preços, minimizar os custos de produção, melhorar o nível tecnológico e aumentar a competição interna.

No cenário atual, as importações no Brasil possuem uma natureza exageradamente complexa, sendo que seus diversos procedimentos e exigências tornam o processo muito burocrático, prejudicando o comércio exterior e a economia do país de modo geral. “Torna-se, portanto, prioritário definir regras e normas flexíveis, capazes de abreviarem a tramitação burocrática, portuária e permitirem embarques rápidos” (GRIECO, 1997, p. 134).

Por isso, a viabilidade das operações voltadas para o setor das importações, ou mesmo dos negócios comerciais que necessitam de recursos estrangeiros, deve ser restaurada.

2.4 BUROCRACIA

Antes de se verificar as implicações da burocracia nas importações brasileiras, é imprescindível que se descubra a essência deste termo e as variações que se aplicaram sobre o seu sentido.

O modelo primitivo de burocracia, descrito por Weber, de acordo com seus estudos sociológicos, tem como base a racionalidade, principal meio de atingir a eficiência nos objetivos que são traçados (WEBER, 2011).

Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2002, p. 139) explicam o conceito de Weber, esclarecendo:

Um dos meios através do qual essa tendência à racionalização se atualiza nas sociedades ocidentais é a organização burocrática. Da administração pública à gestão dos negócios privados, da máfia à polícia, dos cuidados com a saúde às práticas de lazer, escolas, clubes, partidos políticos, igrejas, todas as instituições, tenham elas fins ideais ou materiais, estruturam-se e atuam através do instrumento cada vez mais universal e eficaz de se exercer a dominação que é a burocracia.

Seguindo a concepção de Quintaneiro, Barbosa e Oliveira (2002, p. 139), sobre as ideias de Weber, “a burocracia enquanto tipo ideal pode organizar a dominação racional-legal por meio de uma incomparável superioridade técnica que garanta precisão, velocidade, clareza, unidade, especialização de funções, redução do atrito, dos custos de material e pessoal, etc”.

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Percebe-se então, que a burocracia inicialmente pregava um conceito que sustenta a melhoria dos meios de organização. Porém, de acordo com a percepção de Motta (1997, p. 07), “o termo burocracia tem sido utilizado em vários sentidos. Tem sido usado para designar uma administração racional e eficiente, para designar o seu contrário, para designar o governo de altos funcionários, para designar organização”.

Atualmente, a palavra é frequentemente utilizada no sentido pejorativo, relacionando-a com a ideia de trâmites complexos, demorados, ineficientes ou desnecessários. Nesse sentido, considera-se que a importação no Brasil sofre com muitos entraves burocráticos. Na visão de Dias e Rodrigues (2010, p. 219):

É certo que o governo não pode abdicar de sua responsabilidade de cobrar, quando devido; fiscalizar, quando necessário; e controlar, quando se impõe, mas, tão-somente, racionalizar o sistema como um todo, eliminando-se trâmites, papéis, exigências e superposições de órgãos, sempre onerosos, supérfluos e ineficientes.

Portanto, reduzir a burocracia no processo de importação do Brasil significa evitar diversos empecilhos, simplificando suas transações comerciais.

Consequentemente, essa facilitação do comércio traria benefícios para a sociedade brasileira como um todo e em diversas dimensões, especialmente pela melhoria na prestação de serviços e na administração do poder público, qualidade de vida, diminuição da corrupção, redução de tributos, maiores oportunidades de emprego (2010, p. 213).

Com estas melhorias, certamente o país pode prosperar num ritmo mais acelerado e chegar a patamares ainda maiores.

No capítulo seguinte, apresentam-se a análise sobre os dados que mostram a característica burocrática dos processos de importação no Brasil.

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3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

Neste capítulo, abordam-se as análises referentes ao tema proposto no presente trabalho, de acordo com os objetivos pré-estabelecidos. Primeiramente, apresentam-se as abordagens relacionadas à estrutura organizacional do comércio exterior brasileiro. Segue-se com a descrição dos procedimentos relacionados aos processos de importação. Por fim, apresentam-se as principais etapas do processo de importação, que foram identificadas através da análise de suas complexidades burocráticas.

3.1 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO

No intuito de revelar a esquematização dispersa que comanda as ações do comércio exterior brasileiro e que também determina as condições necessárias para as atividades de importação, apresentam-se os principais órgãos intervenientes que compõem a estrutura organizacional da administração do setor. Mas antes, examina-se o histórico da formação estrutural, de modo a revelar os primeiros órgãos gestores estabelecidos no âmbito do comércio exterior brasileiro.

3.1.1 Histórico

A primeira estrutura criada especificamente com o objetivo de ajustar as práticas e ditar um rumo para o comércio exterior brasileiro foi o Conselho Federal de Comércio Exterior, que visava basicamente promover a interação das indústrias brasileiras com o mercado externo. Este órgão foi criado em 1934, ou seja, poucos anos após a crise mundial de 1929, que promoveu grandes mudanças no cenário internacional e consequentemente forçou o início de reformulações nas políticas econômicas do Brasil. O país então percebeu a importância de racionalizar sua administração nos diversos setores cujas atividades se tornavam essenciais para o desenvolvimento do país, estabelecendo um formato totalmente novo de governo. Sendo assim, a indústria brasileira começou a ganhar destaque e as políticas de exportação se intensificaram, o que ocasionou, no ano de 1941, a formação da Carteira de Exportação e Importação (CEXIM), do Banco do Brasil, que era o principal órgão da época responsável pela gestão das políticas de comércio exterior. Mais tarde, em 1948, foram realizadas as primeiras emissões de Licença de Importação (LI), medida administrativa criada

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para restringir de forma legal a comercialização de alguns produtos, no intuito maior de evitar o crescimento desordenado das importações, cabendo ao CEXIM conceder ou não as autorizações prévias de embarque. Porém, sua estrutura ficou comprometida depois que irregularidades começaram a surgir nas aplicações de LI, gerando consequências negativas que se tornaram insustentáveis. Por este motivo, a CEXIM foi extinta em 1953 e substituída pela Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil (CACEX), continuando especialmente com a responsabilidade pelos lançamentos de LI, além de promover as exportações. A comercialização de produtos com o mercado internacional se intensificava e com isso a CACEX começou a se consolidar como órgão indispensável ao crescimento do comércio exterior brasileiro. Para estimular ainda mais as atividades deste seguimento, foi instituído em 1966 o Conselho Nacional do Comércio Exterior (CONCEX). Porém, com constantes mudanças no cenário internacional e com as graduais aberturas comerciais, o Brasil iniciou um processo de redefinição de todo o sistema organizacional que tratava do comércio exterior. Isso passou a ocorrer a partir da posse de Fernando Collor, que assumiu o governo em 1990, extinguindo a CACEX. Mais tarde, também foi criada a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), parte integrante do então Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo. Assim, novas estruturas foram sendo criadas para satisfazer as necessidades pelas quais o país passava e também para poder acompanhar as mudanças nas quais o cenário internacional estava se submetendo, até a formação da composição atual (FARO; FARO, 2010).

De acordo com Lopes Vazquez (2003), as primeiras estruturas públicas criadas para tratar de assuntos relacionados ao comércio exterior do país foram estabelecidas a partir de vínculos. Desde então, o modelo administrativo do governo brasileiro foi se descentralizando, ocasionando a formação de uma variedade de instituições, mas não incluindo uma organização autônoma destinada exclusivamente a encobrir todas as dimensões integrantes do comércio exterior, de modo a servir como a estrutura pública de comando neste âmbito.

Porém, hoje o Brasil já possui grande experiência em comércio exterior e vem se consolidando economicamente, mas ainda não comanda as funções que englobam esta área por meio de uma referência superior única, de modo que todas as partes envolvidas possam operar apoiadas numa base consistente e adequada à gestão dessas atividades (LOPES VAZQUEZ, 2003).

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