• Nenhum resultado encontrado

Os processos de importação podem se diferenciar em diversos sentidos, já que existem várias formas de negociação que são definidas de acordo com os interesses do importador e do fornecedor, além de que as operações apresentam diversas variáveis que determinam sua forma de execução, dependendo do tipo de produto comercializado, das leis aplicadas, do momento econômico, da situação do mercado, entre outros fatores. Logo, segundo o MDIC:

O processo de importação se divide em três fases: administrativa, fiscal e cambial. A administrativa está ligada aos procedimentos necessários para efetuar a importação que variam de acordo com o tipo de operação e mercadoria. A fiscal compreende o despacho aduaneiro que se completa com os pagamentos dos tributos e retirada física da mercadoria da Alfândega. Já a cambial está voltada para a transferência de moeda estrangeira por meio de um banco autorizado a operar em câmbio (BRASIL, 2012).

De uma forma ou de outra, todas estas três vertentes exigem o empenho do importador. Mas, para identificar as maiores implicações burocráticas na importação, é necessário visualizar os procedimentos de uma forma mais elaborada, diferente da divisão comumente utilizada anteriormente, por meio de uma definição clara das etapas através dos fatores fundamentais à iniciação, realização e conclusão do processo. Desse modo, é possível analisar mais a fundo quais seções apresentam maiores dificuldades, atrasos e custos extras aos importadores, para identificar com precisão quais as principais causas destes empecilhos e suas influências nos resultados das operações. Para isso, apresenta-se a sistemática das importações, por meio da descrição de suas principais etapas, tomando como base as explanações de Vieira (2006):

 Registro do importador: para que uma empresa ou pessoa possa estar habilitada a exercer atividades no ramo da importação, é obrigatório o cadastro em dois tipos de registro. O primeiro é feito no Ambiente de Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros (RADAR), em que o importador, após sua habilitação, receberá uma senha que o tornará apto a utilizar o Siscomex. Já o segundo é o Registro de Exportadores e Importadores (REI), no qual o importador é inscrito automaticamente após a primeira operação realizada;

 Acesso aos fornecedores internacionais e pré-negociação: esta etapa compreende a pesquisa de mercado, tendo em vista a busca por vendedores de produtos qualificados e com credibilidade suficiente para garantir a formação de parcerias sólidas, implicando o acerto das condições e responsabilidades sobre a compra e venda das mercadorias entre o importador e o exportador, como por exemplo, as formas e prazos de pagamento, o local de embarque e de destino, os preços dos produtos comercializados e as exigências documentais;  Classificação fiscal do produto: o enquadramento do produto na sua

classificação fiscal é uma etapa essencial que exige atenção e cuidado, mas que facilitará a comunicação e a formulação das negociações entre o importador e o exportador, já que esta segue o padrão internacional de nomenclatura aduaneira;

 Avaliação do tratamento administrativo e tributário: com o produto devidamente classificado, o importador poderá verificar as regras administrativas aplicadas sobre o mesmo para identificar as exigências vigentes, como no caso da necessidade de LI, que requer autorização do governo para sua comercialização. Além disso, é fundamental que o importador também avalie o tratamento tributário que incide sobre sua mercadoria, analisando os impostos, suas alíquotas e outras cobranças aduaneiras que constituem grande parte dos custos da importação, afetando o valor final do produto;

 Registro do produto: diversos itens regulados pelos órgãos anuentes estão suscetíveis de um monitoramento mais severo em relação ao controle de suas qualidades, sendo imprescindível, nestes casos, que o importador providencie o registro do produto junto ao órgão específico, como requisito para que o mesmo possa proceder corretamente com as operações de importação e com sua própria comercialização ou utilização legal no mercado interno;

 Documentação: a conferência dos documentos que instruem o processo de importação é essencial para formalizar os acordos e garantir o cumprimento das negociações estabelecidas entre o importador e o exportador, além de evitar a colocação de informações equivocadas a respeito das condições determinadas na transação, minimizando também a possibilidade de problemas junto aos órgãos públicos fiscalizadores;

 Pagamento internacional: o pagamento é uma operação que pode ser realizada de diferentes formas, sendo que a modalidade efetuada influencia na sequência dos procedimentos de importação, mas que de modo geral cumpre o objetivo de efetivar as operações de câmbio relacionadas às compras internacionais;  Procedimento logístico: é importante que a contratação do frete, em qualquer

um dos modais de transporte, seja feita com empresas de confiança, que ofereçam os melhores serviços ao menor preço e também com o menor tempo de viagem, garantindo eficiência e praticidade. O importador também pode optar pelo pagamento de seguro internacional à empresa de agenciamento de cargas contratada, caso deseje prevenir-se contra imprevistos durante a viagem da mercadoria;

 Despacho aduaneiro: esta etapa está relacionada à fiscalização aduaneira dos produtos importados no momento em que chegam ao território nacional, sendo que para isso são realizados diversos procedimentos, como a conferência da documentação, o recolhimento dos tributos, a vistoria da carga e demais exigências que devem ser cumpridas para que a mercadoria seja liberada e entregue ao importador;

 Cálculo dos custos e preços finais: após a conclusão de toda a operação de importação, faz-se o apuramento da prestação de contas do processo, de modo a calcular o valor final do produto e seu preço de mercado.

Sendo assim, constata-se que todas as etapas apresentam aspectos essenciais que devem ser considerados para fazer da importação uma atividade vantajosa.

Mas, tão importante quanto conhecer as principais etapas às quais o importador deve tomar conhecimento e cumprir, é essencial entender como funciona o mecanismo da operação. De forma efetiva, isto é, após a conclusão inicial das etapas indispensáveis de registro, negociação e análise normativa, o passo a passo da importação determina-se de acordo com o esquema demonstrado pelo Fluxograma 1:

Fluxograma 1 - Passo a passo do processo de importação

Fonte: Elaboração do autor, 2012.

Apesar dos procedimentos de importação se condicionarem a uma série de fatores diferentes e meios de utilização distintos, a intenção em destrinchar o processo desta maneira é facilitar a compreensão de suas diversas fases, para identificar da melhor forma as etapas que sugerem os maiores entraves do ponto de vista burocrático, detectando assim seus pontos- chave.

Mercadoria é entregue no destino

Importador contrata o frete interno e emite a Nota Fiscal para carregamento Mercadoria é liberada com a conclusão do desembaraço aduaneiro Importador registra a DI no Siscomex iniciando o despacho aduaneiro

LI é deferida pelos órgãos anuentes

Importador solicita o deferimento da LI (quando necessário) Navio atraca no porto de destino e inicia operação de descarga

Importador recebe os documentos originais de embarque enviados pelo exportador O embarque da mercadoria é efetivado

Importador contrata o serviço de frete junto ao agente de cargas (quando de responsabilidade do importador)

Importador providencia o fechamento do contrato de câmbio (pagamento antecipado) Importador registra a LI prévia (quando necessário), que é deferida pelos órgãos

anuentes, autorizando o embarque.

Exportador envia a Fatura Proforma ao importador e este dá a confirmação Importador solicita o pedido de compra dos produtos ao exportador

Documentos relacionados