• Nenhum resultado encontrado

3.3 PRINCIPAIS ETAPAS E SEUS ENTRAVES BUROCRÁTICOS

3.3.2 Tratamento Administrativo e Tributário

3.3.2.2 Tratamento Tributário

Outro aspecto burocrático ligado às importações brasileiras está relacionado ao tratamento tributário, que engloba uma cadeia altamente complexa de impostos incidentes sobre as mercadorias e também de taxas cobradas sobre as operações realizadas. Devido ao aglomerado de tributos existentes, origina-se um regime que dificulta a execução das tarefas fiscais tanto por parte do importador como por parte do próprio fisco, já que a legislação tributária maciça e confusa ocasiona divergências nas interpretações sobre as normas, os métodos de cálculo, a forma de aplicação e o cumprimento das responsabilidades fiscais. Além disso, a pesada carga tributária onera grosseiramente o valor das mercadorias importadas, gerando um obstáculo a mais para os negócios do importador por causa da imposição de custos elevados aos seus investimentos. Entretanto, “na importação, a tributação é realizada fundamentalmente como um instrumento político, utilizada como um mecanismo de regulação das relações de mercado e de monitoramento e controle dos níveis de desenvolvimento dos setores produtivos estabelecidos no país” (FARO; FARO, 2010, p. 88).

Porém, este mecanismo de regulação é notavelmente utilizado de maneira disforme no Brasil, já que o país possui uma das maiores cargas tributárias do planeta, o que

se reflete diretamente nas importações. De acordo com publicação feita no site do Jornal O Estado de São Paulo, no ano de 2011 “o governo brasileiro recolheu US$ 704,1 bilhões em impostos, o equivalente a 34% do Produto Interno Bruto (PIB)” (LANDIM, 2012).

O burocrático sistema tributário incidente sobre as importações é facilmente evidenciado ao se visualizar a variedade dos principais impostos aplicados, os quais são tratados na sequência.

Bizelli (2010) explica que o Imposto de Importação (II) é um tributo federal e também o principal imposto aduaneiro, que juntamente com outros tributos federais, estaduais e municipais, constitui o sistema fiscal das importações brasileiras. Seu fato gerador consiste na entrada de produto estrangeiro no território aduaneiro e deve ser calculado observando-se a tabela da Tarifa Externa Comum (TEC), que dispõe uma lista com as alíquotas de II incidentes sobre cada tipo de produto baseado na classificação da NCM. Aliás, o II, juntamente com outros impostos, analisados na sequência, é recolhido no momento do registro da Declaração de Importação (DI), realizado via Siscomex, por meio de débito automático em conta corrente bancária do importador (VEIRA, 2006).

Conforme explica Bizelli (2010), o cálculo do II é feito automaticamente por meio do Siscomex, a partir das informações postadas em relação à classificação fiscal do produto no ato do registro da DI. Apesar disso, o conhecimento prático acerca de sua formação, bem como o conhecimento sobre a formação dos outros impostos incidentes, é essencial para o importador no desenvolvimento de suas previsões de custos, assim como para o controle e cumprimento de suas obrigações fiscais.

Mesmo sendo, teoricamente, o mais simples de se resolver, para encontrar o montante do Imposto de Importação, que é utilizado na formação de outros impostos, exigem- se esforços quanto à compreensão e formulação de sua base de cálculo, já que esta é proveniente do valor aduaneiro da mercadoria importada, o qual pode apresentar diferentes métodos de aplicação e com isso alterar as condições para sua forma de composição. Por sua vez, o valor aduaneiro é constituído, independentemente do método de valoração aduaneira utilizado, pelo valor do frete internacional, pelos gastos de movimentação e manuseio da mercadoria nos locais alfandegados e também pelos custos de seguro da carga. Importante atentar-se para as situações onde há mercadorias dispostas por mais de uma NCM na DI, em que o valor do frete deve ser rateado pelo peso líquido e o seguro pela proporcionalidade do próprio valor da mercadoria, para que se possa encontrar o exato valor aduaneiro correspondente a cada item e consequentemente o II (ASHIKAGA, 2006).

Tantos detalhes a serem observados para a formulação dos impostos incidentes sobre as importações revelam a dificuldade encontrada para o entendimento da legislação, para a realização dos cálculos e para o cumprimento das exigências tributárias.

Segundo Ashikaga (2006), além do II, existem outros encargos cruciais que oneram as importações brasileiras, são eles:

 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI): tributo federal que incide, na importação, sobre os produtos industrializados provenientes do exterior, sendo que seu fato gerador decorre do desembaraço aduaneiro da mercadoria. Este imposto é calculado seguindo a Tabela do IPI (TIPI) e, assim como o II, também é recolhido automaticamente no momento do registro da DI;

 Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP): este imposto é designado como uma contribuição federal que se aplica nas operações de importação sobre os bens e serviços estrangeiros, tendo como fato gerador a entrada da mercadoria oriunda do exterior no território aduaneiro. No caso da importação de bens, seu recolhimento também ocorre por meio de débito automático ao se registrar a DI;

 Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS): o fato gerador da COFINS é o mesmo instituído sobre o PIS/PASEP e constitui- se também como uma contribuição federal. Seu recolhimento segue os mesmos moldes estabelecidos para a arrecadação dos impostos anteriores;

 Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS): o ICMS difere-se dos impostos citados anteriormente principalmente por ser um tributo de competência estadual e do Distrito Federal. Por este motivo, suas alíquotas variam de acordo com as normas estaduais vigentes no local em que o desembaraço aduaneiro ocorre. Nos processos de importação, o ICMS á aplicado sobre a entrada de qualquer produto em território aduaneiro que seja proveniente do exterior e seu fato gerador é o desembaraço aduaneiro da mercadoria. O recolhimento deste imposto é feito até o momento do desembaraço aduaneiro.

Além dos principais impostos mencionados, Ricardo Faro e Fátima Faro (2010) alegam que existem também algumas significativas taxas aduaneiras cobradas nas operações de importação:

 Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM): Taxa cobrada nos processos de importação realizados pelo modal marítimo, sobre o valor do frete internacional informado no conhecimento de embarque. A razão da inclusão do AFRMM nas operações marítimas de importação é a captação de recursos com o objetivo de contribuir para a restauração e modernização de aspectos relacionados ao setor naval brasileiro;

 Taxa Siscomex: No ato do registro da DI é cobrada uma taxa de utilização do Siscomex. Portanto, seu fato gerador consiste puramente na utilização do sistema, independentemente do efetivo recolhimento de tributos;

 Taxa de Armazenagem: Aplica-se esta taxa tanto nas importações de via marítima quanto nas de via aérea, que se refere ao depósito e conservação das mesmas nos locais alfandegados, sendo que seus valores variam de acordo com a mercadoria, com o recinto, e logicamente com o tempo em que a carga permanece armazenada;

 Taxa de Capatazia: taxa cobrada para cobrir os gastos gerados pelos recintos alfandegados nas atividades de carga, descarga e manuseio da mercadoria importada nestes locais.

A densa tributação aplicada sobre as mercadorias provenientes do exterior abre espaço para práticas desleais e fraudulentas, como atos de sonegação fiscal, já que as dificuldades e os altos custos fixados afligem os importadores, que enxergam neste caminho uma alternativa certamente arriscada, porém mais prática. As más condutas são causadas não só pelo elevado número de impostos e taxas, mas também pelas normas que resultam na custosa compreensão da legislação tributária, tanto por parte do importador como pelo próprio fisco, o que cria insegurança para a aplicação adequada dos tratamentos fiscais e consequentemente levam o contribuinte a burla-lo, resultando num sistema pouco eficiente. Entretanto, a multa cobrada pelo não recolhimento, pelo atraso, ou ainda pela falta de declaração ou mesmo por declaração inexata sobre o pagamento dos tributos, segundo o Artigo 725 do Decreto nº 6.759/2009, é de 75% sobre a diferença ou totalidade dos tributos.

Cabe ainda a multa de 150% nos casos em que for constatada a intuição evidente de fraude, independentemente de outras punições também aplicadas (BRASIL, 2009).

Por outro lado, o importador que segue corretamente as normas e se dedica ao cumprimento legal das obrigações estabelecidas pelo sistema tributário, para evitar as severas punições adotadas pela administração pública, acaba sendo prejudicado de forma indireta, pois sofre com a burocracia causada pela falta de racionalidade na legislação, o que gera gastos, desperdício de tempo e insegurança em relação aos seus controles fiscais. Tratando-se de tributos de uma forma geral, de acordo com o indicador Paying Taxes, realizado pelo relatório Doing Business do Banco Mundial, o Brasil é o líder mundial em burocracia tributária, sendo que o empresário brasileiro gasta em média 2.600 horas por ano para apuração e cumprimento de suas obrigações neste quesito (WORLD BANK, 2012).

O Gráfico 1 apresenta a relação dos países com o maior tempo gasto com suas respectivas obrigações tributárias.

Gráfico 1 - Tempo gasto com obrigações tributárias (horas por ano)

Fonte: Elaboração do autor com base nos dados do World Bank, 2012.

O tempo gasto pelo empresário com questões tributárias apenas atrasa seus negócios e gera aflição, já que este deve arcar com a cadeia altamente tarifada de impostos. Nas importações, de modo específico, certamente o trabalho gerado pelo tratamento tributário é igualmente burocrático aos demais tributos nacionais existentes. Como visto, a incidência

0 1000 2000 3000

Bielorússia; Camarões; Equador Ucrânia Senegal Mauritânia Chade Venezuela Nigeria Vietnã Bolívia Brasil Tempo gasto com obrigações tributárias (horas por ano)

dos impostos e taxas nas importações do Brasil é abundante, além de que existem inúmeras exceções e regras especiais para cada tipo de produto e/ou operação realizada que não caberiam especificar neste trabalho, devendo ser observadas pelos importadores. Por este motivo, o importador encontra grandes obstáculos burocráticos ao se deparar com as dificuldades em discernir a aplicação correta e justa dos impostos sobre os produtos que comercializa e contribuir adequadamente em relação à fiscalização tributária do país.

Por isso, a facilitação das obrigações tributárias é tema essencial quando o assunto se refere a maneiras para reduzir a burocracia nas importações. A simplificação das principais bases legislativas relacionadas a este âmbito e a diminuição da carga incidente são aspectos fundamentais para que não haja necessidade da implementação frequente de novas normas e de alterações temporárias nas alíquotas. A unificação de alguns impostos já facilitaria significativamente as operações, como no caso, por exemplo, do PIS/PASEP e da COFINS. Mas, vale lembrar que, de acordo com Maia (2007), os encargos tributários também são uma importante ferramenta utilizada pelo governo para controlar as importações, já que este pode aumentar os impostos, caracterizando dessa forma uma barreira alfandegária.

Visto isso, constata-se que a complexidade do sistema tributário brasileiro afasta o desenvolvimento de diversos novos negócios no país, pois o investidor estrangeiro se sente intimidado ao se deparar com a grande cadeia tarifária, que inviabiliza a prospecção de vantagens financeiras e impede que o país receba novos recursos que possibilitem seu crescimento em diversos setores, como por exemplo, o tecnológico.

3.3.3 Despacho Aduaneiro

O despacho aduaneiro é a etapa de aprovação da mercadoria, momento em que se avaliam o cumprimento das exigências e a sua conformidade segundo as normas brasileiras, para garantir a legalidade do produto importado e sua legítima inserção no território nacional. Segundo Bizelli (2010, p. 159):

O despacho aduaneiro de importação é o procedimento administrativo fiscal, motivado pelo importador, que tem por objetivo, mediante a verificação da exatidão dos dados declarados em relação à mercadoria importada, aos documentos apresentados e à legislação aduaneira, o desembaraço de mercadoria procedente do exterior, tenha esta sido importada a título definitivo ou não.

O despacho aduaneiro de importação segue diferentes etapas, que são realizadas por meio do Siscomex. É nesta fase que o despachante aduaneiro assume sua principal responsabilidade, quando este é o representante legal da empresa importadora, trabalhando na liberação da mercadoria. De acordo com Dias e Rodrigues (2010, p. 254) “esta pode ser considerada uma das fases mais burocráticas e detalhistas do processo de importação, levando o importador a buscar todas as informações pertinentes para os procedimentos a serem seguidos”.

Para melhor entender estas etapas que englobam o despacho de importação, bem como os pré-requisitos para sua inicialização, definem-se os principais procedimentos de sua execução por meio do Fluxograma 2:

Fluxograma 2 - Procedimentos de despacho aduaneiro

De acordo com Lopes Vazquez (2003), a etapa que inicia o despacho aduaneiro é o registro da DI, documento que será confeccionado pelo importador ou por seu representante legal, como regra geral, depois da chegada da mercadoria, onde são informados os principais dados referentes ao processo, ou seja, informações sobre o importador e o exportador, bem como informações referentes à mercadoria e à operação realizada. Porém, alguns requisitos burocráticos precisam ser cumpridos antes que o importador possa registrar a DI e iniciar efetivamente o despacho.

O primeiro destes requisitos é a obtenção da presença de carga, etapa que antecede a apresentação dos documentos para fiscalização aduaneira e nada mais é do que uma sequência numérica necessária para o registro da DI. Este procedimento é realizado pelo depositário responsável, isto é, o recinto alfandegado no qual a mercadoria se encontra armazenada. É feito por meio do Siscomex, logo após a chegada da mercadoria ao seu destino, com a finalidade de confirmar a disponibilidade da carga. Importante ressaltar que a presença de carga é feita posteriormente à completa remoção das mercadorias, isto é, nas importações marítimas, por exemplo, a presença de carga só é gerada após a conclusão total da operação de descarga do navio e sua desatracação do porto (BRASIL, 2012).

Neste momento, a burocracia encontrada para a obtenção da presença de carga origina-se principalmente pela fraca capacidade logística resultante das precárias estruturas brasileiras. Em alguns portos do país, como por exemplo, no porto de Itajaí, depois que o navio atraca, geralmente deve-se transferir a mercadoria para um terminal alfandegado, conforme Resolução 12/2010 do próprio porto. Esta resolução determina que, quando a taxa de ocupação do porto de Itajaí atingir 80% de sua capacidade máxima, as mercadorias importadas excedentes devem ser automaticamente removidas para um dos terminais alfandegados (PORTO DE ITAJAÍ, 2010).

Entre janeiro e agosto de 2012 o Complexo Portuário de Itajaí registrou um marco histórico com a movimentação de 7,41 milhões de toneladas. Portanto, como o porto possui esta grande movimentação de cargas, sua capacidade se esgota com facilidade e a remoção automática determinada pela resolução ocorre continuamente (PORTO DE ITAJAÍ, 2012).

Partindo do exemplo do porto de Itajaí, evidencia-se que não há estrutura suficiente para suportar o fluxo de mercadorias e por causa disso ocorrem as transferências, que levam mais tempo e atrasam o início do despacho, visto que a presença de carga só é gerada após a conclusão destes procedimentos logísticos. Além disso, independentemente da mercadoria ficar armazenada no próprio porto ou então ser removida para os terminais

alfandegados, o importador arca com altos custos, pois existem as despesas de armazenagem, já vistas anteriormente, além das despesas de transferência de container do porto para o terminal, quando for o caso, que fazem o valor das operações elevar-se ainda mais.

Depois que a presença de carga é gerada, o importador pode registrar a DI. Entretanto, caso haja produtos sujeitos ao licenciamento não automático, as LIs devem ser protocoladas junto ao órgão anuente específico, sendo submetidas à fiscalização pela autoridade, isso tudo feito também anteriormente ao registro da DI. É importante esclarecer que o pedido de deferimento da LI só é protocolado junto ao órgão anuente depois que a presença de carga é disponibilizada, e somente após o deferimento da LI é que a DI pode ser registrada (BRASIL, 2012).

Esta obrigatoriedade é um dos principais fatores burocráticos presentes na etapa de despacho aduaneiro. Um dos motivos desta complicação é que, apesar do processo de anuência ser feito por meio do Siscomex, o tempo que se leva para o deferimento da LI muitas vezes é exorbitante, especialmente nos casos dos licenciamentos não automáticos. De acordo com o Artigo 23 da Portaria SECEX nº 23/2011 “no licenciamento não automático, os pedidos terão tramitação de, no máximo, 60 (sessenta) dias contados a partir da data de registro no SISCOMEX”. Além disso, determina-se que “o prazo de 60 dias, estipulado neste artigo, poderá ser ultrapassado, quando impossível o seu cumprimento por razões que escapem ao controle do órgão anuente do Governo Brasileiro” (BRASIL, 2011).

Ou seja, está previsto por lei o prazo de sessenta dias, ou até mais, dependendo do caso, para que o órgão anuente conceda o deferimento da LI após o importador protocolá-la, isto é, tanto para conseguir a autorização prévia de embarque como para dar início ao despacho no momento da chegada da mercadoria. Dessa forma, nota-se que a própria legislação já estabelece um prazo muito extenso para o deferimento dos pedidos de anuência dos diversos itens sujeitos ao licenciamento não automático, sendo que isto atrasa consideravelmente o processo de despacho aduaneiro. Esta lentidão é totalmente prejudicial para as empresas, especialmente as que possuem fluxos rápidos de produção e/ou de venda, mas que não conseguem manter grandes estoques, seja por falta de espaço físico ou pela limitação financeira, e por isso necessitam de agilidade na liberação a partir do momento em que sua mercadoria chega ao país, de modo a manterem seus negócios ativos e em crescimento.

Além do mais, de acordo com o Decreto nº 6.759/2009, se o órgão anuente demora, por exemplo, cinquenta e nove dias para analisar a LI e a coloca em exigência por

falta de documentação ou por outras irregularidades, o importador deve protocolar novamente a LI, sendo que o prazo para o seu deferimento se renova em mais sessenta dias. Ao proceder com a análise da LI na chegada da mercadoria, o órgão anuente pode ainda realizar a vistoria física da carga, quando julgar necessário (BRASIL, 2009).

Naturalmente, esta espera dos importadores pelo deferimento da LI torna-se um dos principais fatores de atraso do despacho aduaneiro e consequentemente um dos maiores entraves burocráticos às importações. Certamente, uma das principais causas que ampliam ainda mais a burocracia encontrada em relação à anuência das LIs, além da própria questão da complexidade do sistema administrativo já citado anteriormente, está relacionada ao fato de que há um baixo número de funcionários nos postos fiscais e estações aduaneiras do Brasil. A falta de profissionais ocasiona uma sobrecarga nos serviços, gerando um acúmulo nas tarefas e deixando lenta a ação dos órgãos. A própria classe admite que, em grande parte, a burocracia resultante da demora para a procedência das análises se deve à falta de auditores fiscais que, por serem poucos, recomendam a incorporação de novos funcionários de modo a dar mais agilidade aos processos. Segundo publicação feita pelo próprio Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil, “o efetivo de Auditores-Fiscais nas aduanas está longe de ser suficiente”. A publicação ressalta ainda que “como algumas localidades têm dimensões gigantescas – como Santos, São Paulo, Rio de Janeiro, Guarulhos e outros – o número está aquém do necessário” (OLIVEIRA, 2011).

A documentação exigida também é outro fato que se soma à burocracia desta fase, pois depende do tipo de operação, do produto importado e do órgão anuente. Ou seja, não existe uma padronização em relação às exigências documentais dos órgãos que proporcione um procedimento único, sendo que o importador deve seguir as diferentes ordens de cada um. Com isso, é exigido por cada órgão a entrega de documentos específicos que devem ser protocolados junto com a LI, sendo que o mesmo pode ainda exigir os documentos que julgar necessário durante a análise, de acordo com a Portaria SECEX nº 23/2011. (BRASIL, 2011).

Mais do que isso, há casos em que um mesmo órgão anuente exige certos documentos numa determinada região e em outros locais não, o que depende muito da disposição ou da preparação do fiscal responsável pela análise. Isso evidencia a desestruturação e a inconstância na realização dos processos de anuência, que torna os procedimentos imprevisíveis e deixa o importador despreparado.

A atuação desuniforme dos fiscais e o pouco investimento na qualificação dos mesmos, decorrida do desestímulo do governo ao setor, refletem a incompetência

administrativa nesta área, que também se engloba ao conjunto de fatores responsáveis pela

Documentos relacionados