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PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE ADOLESCENTES DO PROJOVEM ADOLESCENTE DE OLINDA PE

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Academic year: 2021

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PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE ADOLESCENTES DO PROJOVEM ADOLESCENTE DE OLINDA – PE

Correia, K.V. (1); Silva, R.C.R. (1); Nascimento, V.R. (1); Nascimento, S.M. (1); Torres, M.C.G. (1); Silva, R.N. (1) keniaandaluz@gmail.com

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Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Recife – PE, Brasil.

RESUMO

Percepção ambiental é a forma que cada homem vê e interpreta o meio ambiente onde vive. Nesse sentido a Educação Ambiental tem se aprofundado em estudos de percepção ambiental utilizando-a como uma de suas ferramentas para a compreensão dos diferentes modos de vida existentes no meio ambiente, proporcionando a criação de métodos e estratégias de ensino que contextualizem as diferentes problemáticas socioambientais, colaborando para o desenvolvimento de uma sociedade mais sustentável. Com isso, esse estudo teve como objetivo analisar a percepção ambiental de adolescentes do Projovem Adolescente, na cidade de Olinda, em Pernambuco. Foram escolhidos de forma aleatória, três coletivos onde funciona o programa, dois no bairro de Rio Doce e um em Jardim Atlântico. Foi feita uma pesquisa qualitativa através de um questionário com uma entrevista semiestruturada e individual com sete perguntas abertas que abordaram assuntos relacionados à temática. Através dos resultados, observa-se que os adolescentes possuem uma confusa percepção em relação ao meio ambiente. Isso indica a necessidade de

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implantação de mudanças na abordagem da Educação Ambiental, tanto nas escolas como nos demais segmentos da sociedade, colaborando assim com o processo de formação e conscientização ambiental desses jovens.

Palavras-chave: Percepção Ambiental; Conscientização Ambiental; Educação Socioambiental.

INTRODUÇÃO

Vivemos hoje numa sociedade voltada para o lucro econômico e para o consumo excessivo de materiais que demandam para sua contínua e crescente produção, muita energia e recursos naturais. Grandes obras e empreendimentos financeiros são instalados visando unicamente o benefício econômico, originando impactos de diferentes magnitudes, tanto ambientais como sociais.

Neste contexto, as cidades crescem rapidamente, formando grandes aglomerados urbanos, de forma desorganizada, sem planejamento, muitas vezes devastando áreas de fundamental valor ecológico. Com isso muitas pessoas não desfrutam de condições saudáveis de vida, enfrentando problemas como a falta de saneamento básico, de água potável, de limpeza nas ruas e a situação se agrava ainda mais com os problemas de saúde que são originados por causa desses problemas ambientais. Basta caminhar por algumas comunidades existentes na cidade de Olinda e Recife, para notar que uma significativa parcela da

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população vive em condições precárias, praticamente dentro de grandes esgotos.

Essa realidade é vista muitas vezes com indiferença, as pessoas não se sensibilizam mais com esse tipo de situação, isso já é visto de forma natural em nosso cotidiano, quando não deveria ser.

Por outro lado, o interesse, por parte da sociedade brasileira, e a preocupação com o meio ambiente tem aumentado, principalmente desde a Conferência Nacional das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92) e muitos problemas relacionados com esse tema também foram discutidos, em 2003, nas Conferências Infanto-Juvenil e Nacional de Meio Ambiente, em Brasília, indicando a necessidade de entender as complexas relações que existe entre o homem e o ambiente (FERNANDES et. al, 2005). É nesse contexto que a Educação Ambiental está exercendo um importante papel, mediando o diálogo entre todas essas relações socioambientais, colaborando para a construção de um a nova visão em relação ao ambiente, conforme Carvalho (2004).

Segundo Carvalho (2004), “ela está provocando a reflexão das causas e das consequências de nossos atos no ambiente, ajudando a construir novos métodos de aprendizado, novas formas de ver o mundo e o meio em que vivemos, ela nos estimula a adquirir novos valores ecológicos e

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éticos, agindo através de uma nova pedagogia, como mediadora na inter-relação do homem e o ambiente para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável”.

O estudo da percepção ambiental ajuda no desenvolvimento de estratégias metodológicas adequadas de Educação Ambiental, na criação de programas compatíveis com a realidade do público-alvo, suprindo suas reais necessidades de informação e conhecimento, colaborando na formação de sujeitos ecológicos, de atores sociais que exerçam a cidadania a seu favor para conquistar melhores condições e qualidade de vida. O trabalho teve como objetivo principal analisar a percepção ambiental dos adolescentes de Rio Doce e de Jardim Atlântico, em Olinda, que fazem parte do Projovem Adolescente, após o Traçado Metodológico que abordou o tema Juventude e Meio Ambiente.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa ocorreu em três coletivos do Projovem Adolescente presentes na cidade de Olinda em Pernambuco. O bairro de Rio Doce, devido o crescimento gradativo de moradores, foi dividido em regiões ou etapas. Na 3º Etapa de Rio Doce o Projovem Adolescente funciona na Associação de Moradores da 1ª e 2ª Etapas. Na 4º Etapa, ele ocorre na Escola Municipal Professor Ernesto Silva, e no bairro de Jardim

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Atlântico, na comunidade de Ilha de Santana, ele está localizado no Centro Comunitário Santa Paula.

O tema trabalhado por todos os coletivos do Projovem Adolescente, seguindo seu Traçado Metodológico, de setembro à novembro de 2010, foi Juventude e Meio Ambiente, ocorrendo durante esse período, dois encontros de Formação de orientadores sociais e oficineiros, com o objetivo de prepará-los para o desenvolvimento e planejamento do traçado, de forma a integrar suas atividades ao tema.

Ao trabalhar as questões ambientais com os jovens durante o traçado, e usando como guia o material didático oferecido pelo programa, foram feitas várias reflexões se algumas atividades presentes no material eram condizentes com a realidade social dos jovens. Essas, dentre outras questões foram refletidas, sendo trabalhadas através de atividades em grupo de forma a causar discussões em relação ao assunto, onde todos pudessem participar e apresentar seus pontos de vista.

Os dados foram recolhidos através de duas estratégias: a primeira foi de observação, pois atuando como orientadores nos coletivos do Projovem Adolescente, nosso contato era frequente no dia-a-dia dos jovens, de suas famílias e das comunidades nas quais esses estão inseridos, sendo possível diagnosticar, seus costumes, atitudes diante dos assuntos debatidos em relação as questões ambientais, a maneira como valorizam

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o lugar onde moram, a importância que davam ao tema meio ambiente, suas motivações, satisfações, bem como suas insatisfações em relação ao tema.

A segunda estratégia foi a aplicação de um questionário, através de uma entrevista semiestruturada, onde continham algumas questões gerais sobre meio ambiente e que mediante as respostas, essas questões foram sendo exploradas. A entrevista foi feita no final do traçado metodológico Juventude e Meio Ambiente, que teve duração de dois meses, iniciando no dia 15 de setembro e finalizando no dia 15 de novembro de 2010.

O questionário conteve sete perguntas abertas, nas quais cada entrevistado expressou sua percepção e opinião em relação aos aspectos ambientais abordados no questionário. Para registrar algumas das expressões e comportamentos dos entrevistados foi utilizado um diário de campo

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos 61 alunos inscritos nos três coletivos, foram escolhidos aleatoriamente 20 adolescentes, sendo onze homens e nove mulheres, para fazer as entrevistas, dentre esses, seis pertenciam ao coletivo com sede na escola Professor Ernesto Silva, localizada na 4ª Etapa de Rio

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Doce, seis ao coletivo com sede na Associação de Moradores da 1ª e 2ª Etapas de Rio Doce e oito no coletivo que funciona no Centro Comunitário Santa Paula em Jardim Atlântico.

A entrevista foi feita no horário de funcionamento dos coletivos, de forma individual. Cada um dos entrevistados era convidado a fazer a entrevista num local descontraído, afastado dos outros membros do grupo, para que se sentisse mais à vontade. Durante as entrevistas pode-se perceber que, como cada um dos coletivos era composto por uma média de dez adolescentes e a presença destes nos coletivos variava entre sete e dez por dia, nem todos participaram de todas as atividades do traçado.

Percebeu-se ainda que entre os entrevistados, seis não participaram de nenhuma atividade, ou seja, no dia de orientação, onde os temas são trabalhados junto a orientadora, muitos não se fizeram presentes, indo apenas nos dias das oficinas, alguns disseram que não lembravam do traçado Juventude e Meio Ambiente, ou ainda que por terem iniciado no programa há dois meses, não presenciaram as atividades do traçado.

Com relação ao perfil dos entrevistados, verificou-se que eles cursam entre a 5º série do ensino fundamental e o 1º ano do ensino médio. São todos beneficiários do Programa Bolsa Família, alguns trabalham em empregos informais, fazendo “bicos”, como ajudante de pedreiro, nos

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comércios das praias, em casas de internet, entre outras atividades para complementar a renda da família. A maioria dos pais desses adolescentes vive também de empregos informais e temporários, sem a carteira profissional assinada, como na venda de água mineral e gás de cozinha na própria casa, ajudam nas vendas de artigos religiosos para a igreja, são pedreiros, ajudantes de serviços gerais, entre outros. Alguns desses jovens têm os pais separados, vivendo apenas com a mãe, ou com o pai, ou ainda apenas com avós.

Tabela 1. Visão e interpretação de meio ambiente pelos adolescentes

Tabela 2. Visão dos adolescentes em relação ao ser ou não, parte do meio ambiente.

Categorias Coletivo de Jardim Atlântico Coletivo da Escola Ernesto Silva Coletivo da Associação dos Moradores da 3º

Etapa de Rio Doce

TOTAL Sim 5 4 7 80% Às vezes não 1 2 0 15% Não 1 0 0 5% Categorias Coletivo de Jardim Atlântico Coletivo da Escola Ernesto Silva Coletivo da Associação dos Moradores da 3º

Etapa de Rio Doce

TOTAL

É o meio onde vivemos 2 3 2 35%

É a natureza 2 3 4 45%

É a preservação da vida 2 0 0 10%

São questões relacionadas ao

lixo 0 0 1 5%

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Tabela 3. Problemas ambientais que existe no lugar onde os adolescentes moram. Categorias Coletivo de Jardim Atlântico Coletivo da Escola Ernesto Silva Coletivo da Associação dos Moradores da 3º

Etapa de Rio Doce

TOTAL

Falta de saneamento

básico 3 0 0 15%

Presença de lixo nas ruas. 2 1 1 20%

Poluição do rio

(manguezal) 0 0 2 10%

Desmatamento de árvores e presença de lixo nas ruas

0 0 2 10%

Categorias 1 e 2 1 4 0 25%

Categorias 2 e 3 0 0 2 10%

Poluição sonora e

presença de lixo nas ruas 0 1 0 5%

Não 1 0 0 5%

Tabela 4. Preferência ambiental dos adolescentes

Categorias Coletivo de Jardim Atlântico Coletivo da Escola Ernesto Silva Coletivo da Associação dos Moradores da 3º

Etapa de Rio Doce

TOTAL Campo de Futebol. 3 3 0 30% Praças. 1 2 0 15% Manguezal. 0 0 1 5% Nada. 1 1 0 10% Outros 2 0 6 40%

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Tabela 5. Aspectos ambientais que desagradam os adolescentes. Categorias Coletivo de Jardim Atlântico Coletivo da Escola Ernesto Silva Coletivo da Associação dos Moradores da 3º

Etapa de Rio Doce

TOTAL

Esgotos a “cèu aberto” 2 5 0 35%

Violência/ Drogas 2 0 3 25%

Lixo 1 0 0 5%

Ruas sem asfalto, com buracos 1 1 0 10%

Rio(manguezal) 0 0 2 10%

Gosta de tudo 1 0 1 10%

Outros 0 1 0 5%

Tabela 6. Freqüência das escolas em relação ao debate de assuntos relacionados ao

meio ambiente. Categorias Coletivo de Jardim Atlântico Coletivo da Escola Ernesto Silva Coletivo da Associação dos Moradores da 3º

Etapa de Rio Doce

TOTAL

Sim. Poucas vezes. 3 4 6 65%

Sim. Freqüentemente. 3 1 1 25%

Não. 1 1 0 10%

Tabela 7. Responsáveis pelos problemas ambientais nas comunidades de acordo com

as opiniões dos adolescentes.

Categorias Coletivo de Jardim Atlântico Coletivo da Escola Ernesto Silva Coletivo da Associação dos Moradores da 3º

Etapa de Rio Doce

TOTAL

Os moradores das

comunidades 6 4 6 80%

A prefeitura de Olinda 0 1 0 5%

Categorias 1 e 2 1 1 0 10%

Não souberam responder 0 0 1 5%

Essas comunidades se encontram em áreas desprovidas de saneamento básico, há presença constante de lixo em seus arredores, nas ruas, próximo à casa dos jovens, além de canais de esgotos a “céu aberto”.

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Existem adolescentes que moram em casas com estruturas físicas precárias, e segundo relato da orientadora do coletivo da Associação de Moradores da 3º Etapa de Rio Doce, existe casos de jovens que vivem em barracos de madeira, numa situação muito difícil.

CONCLUSÃO

Um total de 45% dos alunos entrevistados apenas perceberam o Meio Ambiente como um lugar onde vivem os animais, as plantas e outros elementos naturais, evidenciando assim que a imagem construída na mente destes jovens relacionam apenas o meio ambiente como um espaço natural.

Dos adolescentes entrevistados 65% afirmaram que a escola onde estudam raramente aborda assuntos relacionados ao meio ambiente e isso só confirma a necessidade de trabalhar a transdisciplinaridade desse tema na perspectiva de colaborar com a formação de novas visões e percepções em relação ao mesmo.

O percentual de 80% de adolescentes afirmou que fazem parte do meio ambiente, praticamente metade desses mostram-se contraditórios, pois eles têm a visão de que meio ambiente é o mundo natural, e apesar de viverem em ambientes urbanos, se consideram parte dele.

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Dos entrevistados, 95% constataram a presença de problemas ambientais nos lugares onde vivem, sendo os mais frequentes a falta de saneamento básico e a grande quantidade de lixo, fato que realmente é nítido. Palavras ditas com frequência nas respostas dos jovens ajudaram a diagnosticar de forma específica os problemas ambientais de cada comunidade.

Cerca de 40% dos adolescentes demonstraram gostar apenas das amizades que são construídas no mesmo, o que é compreendido devido não existir nessas comunidades, muitas opções de lugares em condições saudáveis que ofereçam atividades de lazer, recreativas ou culturais.

Em relação aos problemas ambientais presentes nas comunidades, 80% dos adolescentes dizem que os causadores dos mesmos são os próprios moradores que vivem nessas, atribuindo toda responsabilidade aos próprios. Isso segundo FREIRE, 2005, é um problema da consciência oprimida, ou seja, dos oprimidos do sistema capitalista excludente (neste caso dos moradores), onde os mesmos se autodenominam os únicos “vilões” “a população pobre e crescente” responsáveis pelos problemas socioambientais existentes na sociedade, anulando a responsabilidade e a “culpa” dos órgãos competentes dominadores de poder que concentram a maior parte do lucro econômico conquistado de

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forma violenta e desumana muitas vezes e que de fato gera a indignação, a violência e a pobreza.

É necessário refletir sobre como a Educação Ambiental vem sendo implantada nos programas, escolas e demais segmentos da sociedade. Metodologias e estratégias devem ser criadas, com o objetivo de contextualizar as diferentes realidades socioambientais, suprindo as reais necessidades do público-alvo, preenchendo as lacunas de informação, de forma a colaborar com a conscientização ambiental dos adolescentes para a construção de uma sociedade mais equilibrada e sustentável. 

REFERÊNCIAS

CARVALHO, I. C. M., Educação Ambiental: Formação do sujeito ecológico. Cortez, São Paulo, 2004.

FERNANDES, R. S., PELISSARI, V. B, SOUZA, V. J. Uso da percepção ambiental como instrumentos de gestão educacional e ambiental. 23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária, 2005.

Referências

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