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Academic year: 2021

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Universidade Autónoma de Lisboa

Luís de Camões

RELAÇÕES INTERNACIONAIS

HISTÓRIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS II

A DESCOLONIZAÇÃO

CONSEQUÊNCIAS DA II GUERRA MUNDIAL

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1. INTRODUÇÃO

No presente trabalho iremos analisar como se processou a independência dos povos de alguns países colonizados de dois continentes, o asiático e o africano, mercê não só da natural evolução dos mesmos, mas também, e fundamentalmente como consequência do final da II Guerra Mundial.

Por outro lado, abordaremos as principais interferências que se fizeram sentir, nomeadamente com a aprovação da própria Carta das Nações Unidas, e dos movimentos que os países realizaram, numa tentativa concertada de fazerem sentir a todo o Mundo que tinham algo a dizer, e que na cena internacional, deveriam ser actores a quem os restantes países deveriam olhar como iguais, apesar de este propósito não ter sido entretanto conseguido, dado que as circunstâncias mundiais e as particularidades destes mesmos países os impediram de conseguirem atingir a almejada consagração.

2. A DESCOLONIZAÇÃO COMO CONSEQUÊNCIA DA II GUERRA MUNDIAL

A descolonização dos continentes Asiático e Africano iniciou-se como um corolário dum processo histórico, o qual teve a sua génese no período entre guerras, ou seja, após a I e antes da II Guerra Mundial. Os povos da Ásia e os da África iniciaram uma acção de rebelião contra as potências metropolitanas, que os colonizavam ou exerciam uma soberania colonial, impedindo a respectiva autodeterminação. Estes eram fundamentalmente a Grã-Bretanha, a França, a Holanda e Portugal.

Uma das consequências que levou ao início do movimento independentista foi a famosa crise de 1929 e a sua influência no desenvolvimento dos movimentos nacionalistas, além da própria influência da ideologia marxista no discurso teórico independentista, o que tornou o panorama em ambos os continentes diferenciada. Esta crise desarticulou diferentes sectores da economia e acarretou problemas aos territórios que tinham iniciado um processo de industrialização, como a Índia. As verbas necessárias ao desenvolvimento colonial não foram empregues nestes países, e ao mesmo tempo, nas colónias, verificaram-se deslocações massivas de populações dos sectores mineiros ou industriais para o campo, levando ao aparecimento de movimentos de protesto.

O mundo colonial sofria então de algumas debilidades, quer económicas, quer sociais e políticas, as quais eram a repercussão natural não só dos problemas por que atravessavam, como pela evolução e pelo despertar dos povos das próprias colónias. Por outro lado, no momento, a escalada de conflitualidade entre as potências ocidentais era um facto real.

Só após o fim da II Guerra Mundial é que a luta pela libertação colonial se começou a impor. E com a aprovação da Carta das Nações Unidas, a 26 de Junho de 1945, com muito mais acuidade as colónias passaram a dispor duma ferramenta legal que lhes permitia passar a usufruir da capacidade

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legal de autodeterminação. A autodeterminação está deste modo vinculada à figura de colónia, e a esperança de que este direito iria colocar um fim no direito de conquista suscitou um enorme optimismo no mundo pós II Guerra Mundial. Mas uma coisa não foi aflorada com clarividência, que era a da questão das fronteiras. E como tal, este princípio ficou restrito ao direito dos Estados africanos de verem a sua independência outorgada, sem que nenhuma alteração se repercutisse nas respectivas fronteiras. A Carta da ONU faz duas referências explícitas ao princípio da autodeterminação dos povos. O art.º 1, §2 refere que um dos propósitos das Nações Unidas é o do desenvolvimento de relações amigáveis entre as nações, as quais deverão basear-se no respeito pelo princípio da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, devendo ser tomadas as medidas necessárias para fortalecer a paz universal. O art.º 5 traz à colação, também, a autodeterminação, referindo-se os Capítulos XI e XII a esta temática, com um especial enfoque.

Os efeitos do fim da II Guerra Mundial culminaram nas independências, em 1946 das Filipinas, em 1947 da Índia e do Paquistão, em 1948 da Birmânia (actual Myanmar) e de Ceilão (actual Sri Lanka), em 1949 da Indonésia e a partir da década de 50, começaram os países africanos. Como na Ásia os tradicionais impérios coloniais, britânico, francês e holandês entraram em queda, e por outro lado, em determinados países, se verificou um vazio de poder, o caminho para a proclamação da autodeterminação destes povos mostrou-se facilitada. Estes factores tiveram também como causas o êxito bélico inicial do Japão e o nacionalismo indonésio, com Sukarno. Na Ásia, a evolução sociopolítica da China influenciou através da ideologia marxista a descolonização de áreas como a Indochina e a Mongólia, enquanto no subcontinente hindustânico, e na Indonésia, vingaram as ideologias estritamente nacionalistas. Assim, poder-se-á dizer que na Índia e no Paquistão a mobilização popular foi o factor determinante para a independência, na Indochina e na Indonésia se verificaram lutas contra os países administrantes, e nas Filipinas, Malásia e Myanmar a descolonização foi conseguida através da negociação política e de manifestações anti-imperialistas.

A queda do Império nipónico e as transformações sociais e políticas da China facilitaram a independência da Mongólia e da Coreia.

No mundo árabe e islâmico do Próximo e Médio Oriente, a presença dos nacionalismos árabe e judeu determinou a situação política geral e os diferentes processos de independência, que levaram à criação do Estado de Israel, da independência do Iraque, da Síria, do Líbano, da Jordânia, do Kuwait, dos Iémen do Norte e do Sul, do Qatar, do Bahrein e dos Emirados Árabes Unidos.

O exemplo dado pelos povos asiáticos, o resultado da Conferência de Bandung de 1955, o recrudescimento dos nacionalismos africanos e a luta pela independência constituíram factores que exerceram a necessária pressão para que estas se viessem a concretizar mais cedo.

Outro factor de importância nesta matéria reside no findar do mito da superioridade branca em África e do fim da hegemonia europeia. E a acção preponderante da ONU, e do estipulado na Carta

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criaram o necessário clima de confiança, favorável à descolonização, assumindo os Estados Unidos e a União Soviética uma posição anticolonial que foi preponderante nesta afirmação.

Os movimentos que se consubstanciaram após a Conferência de Bandung marcaram o início duma nova era de pressão e de caminho para a autodeterminação dos países colonizados.

3. CONCLUSÃO

A II Guerra Mundial teve como grande virtualidade a de pôr a descoberto a debilidade das estruturas coloniais e de acelerar o processo descolonizador. Por outro lado, as colónias desenvolveram os sectores mineiro, agrário e industrial.

O amadurecimento nas diferentes áreas geopolíticas dos nacionalismos formalizou-se através do pan-africanismo, do pan-asiatismo e do pan-islamismo.

Retornando a factores que influenciaram a descolonização, em África o avanço do Afrika

Korps alemão causou sérias perturbações no equilíbrio das estruturas coloniais, francesa e britânica,

e a expulsão dos italianos do Egipto alterou a relação de poder neste país. Noutro campo, a ideologia independentista recebeu muitas influências, como as do socialismo, do islamismo, e da tradição da própria África negra, entre outras.

Numa análise sistemática demonstra-se que os processos de descolonização se encadearam em cinco fases sequenciais, cada uma com as suas especificidades, conforme o território, o povo colonizado e a opção da metrópole colonial. A primeira é a fase da tomada de consciência; por norma, é uma elite política que assume a iniciativa e se organiza, visando o direito à independência, procurando depois alargar esta ideia à generalidade do povo que representa ou onde se insere. Segue-se a fase da luta de libertação; esta é exclusivamente política, podendo ser também armada, dependendo tal circunstância do tipo de resposta que a potência colonial conceder às reivindicações independentistas. A fase da transferência do poder é a que se segue. Se a fase anterior atingir o grau de luta armada, a da transferência do poder comportará as negociações relativas ao cessar-fogo, constituindo-se tal como uma derrota política, ainda que não militar, para a potência colonial. A seguir temos a fase da independência, correspondente à substituição do aparelho colonial pelas estruturas do novo Estado; esta é por diversas vezes marcada por lutas internas pelo poder. Chega-se finalmente à faChega-se da consolidação da identidade nacional. Frequentemente, o novo Estado não corresponde a uma nação, e quando o seu nascimento envolve lutas internas pelo poder, é difícil que se verifique a emergência de factores de coesão. Todavia, nenhuma destas fases se consubstancia como um compartimento estanque, e indiferente à forma como se processou a anterior. É profundamente condicionada e as influências resultam numa interacção entre a que antecede com a que procede.

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Após 1945, várias foram as Conferências que se realizaram, no sentido de se estabelecer a solidariedade afro-asiática. Em 1955, em Bandung, estabeleceu-se o caminho para o não-alinhamento dos países do chamado Bloco do Terceiro Mundo e para a descolonização, a qual se não fosse o resultado conseguido com o fim da II Guerra Mundial, provavelmente nunca se teria obtido ou atingido o grau de descolonização, tal como hoje ele é conhecido.

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Bibliografia

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DOUGHERTY, James E. e JUNIOR, Robert L. Pfaltzgraff − RELAÇÕES INTERNACIONAIS

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(Trajectos). Título original: Contending Theories of International Relations. ISBN 972-662-934-9.

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ISBN 972-40-2700-7.

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Referências

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