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COMPETÊNCIA. 5) Competência da Justiça Federal (art. 109 CRFB/88)

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Turma e Ano: Master A (2015) – 30/03/2015 Matéria / Aula: Direito Processual Civil / Aula 08 Professor: Edward Carlyle Silva

Monitor: Alexandre Paiol 

AULA 08

CONTEÚDO DA AULA

: Competência: 

Competência da Justiça Federal: Competência em razão  da pessoa. Competência em razão da matéria.

COMPETÊNCIA

5) Competência da Justiça Federal (art. 109 CRFB/88) 

A  competência  da  Justiça  Federal  tem  expressa  previsão  na  Constituição  –  Competência 

Absoluta

Em  se  tratando  de  competência  absoluta,  não  há  possibilidade  de  outras  hipóteses serem atribuídas à justiça Federal. 

Trata­se de competência de justiça (jurisdição) ­ a justiça federal é a competente  para examinar as referidas demandas. 

Os  critérios  que  definem  a  competência  da  justiça  federal  são  os  mesmos  da  justiça estadual: competência em razão da matéria, da pessoa, funcional, territorial. Portanto, é  possível a exceção de competência, eleição de foro, prorrogação de competência. 

Agora vamos estudar como eles são examinados dentro da Justiça Federal de 

1° grau.

Vamos  dividir  o  art.  109  em  cada  um  dos  critérios  para  entender  melhor  o  funcionamento (só vamos examinar as hipóteses que envolvem processo civil)

São 3 (três) os critérios:

a) Critério em razão da pessoa

b) Critério em razão da matéria

c) Critério territorial

5.1) Competência da Justiça Federal em razão da pessoa (ratione personae): 

5.1.1) art. 109, I CRFB/88 – União, entidade autárquica (

autarquias, fundações 

públicas de natureza pública, conselhos de fiscalização profissional, agências reguladoras

ou  empresa  pública  Federal,  autoras,  rés,  assistentes  ou  oponentes.  Exceto:  Falência,  acidente de trabalho, Justiça Eleitoral e Justiça do Trabalho

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Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 

I ­ as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa  pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés,  assistentes  ou  oponentes,  exceto  as  de  falência,  as  de  acidentes  de  trabalho  e  as  sujeitas  à  Justiça  Eleitoral  e  à  Justiça do Trabalho;

Obs: Sociedade de economia mista não terá processamento na justiça Federal  (Súmulas 22, 42 e 62 STJ).

Súmula  22  NÃO  HA  CONFLITO  DE  COMPETENCIA  ENTRE  O  TRIBUNAL  DE  JUSTIÇA  E  TRIBUNAL  DE  ALÇADA  DO  MESMO ESTADO­MEMBRO.

Súmula  42  COMPETE  A  JUSTIÇA  COMUM  ESTADUAL  PROCESSAR  E  JULGAR  AS  CAUSAS  CIVEIS  EM  QUE  E  PARTE  SOCIEDADE  DE  ECONOMIA  MISTA  E  OS  CRIMES  PRATICADOS EM SEU DETRIMENTO

Súmula 62 COMPETE A JUSTIÇA ESTADUAL PROCESSAR  E  JULGAR  O  CRIME  DE  FALSA  ANOTAÇÃO  NA  CARTEIRA  DE  TRABALHO  E  PREVIDENCIA  SOCIAL,  ATRIBUIDO  A  EMPRESA PRIVADA.

Quando  a  União,  entidade  autárquica  ou  empresa  pública  federal  forem  interessadas na condição de autoras ou rés não há problema em entender a competência da  Justiça Federal. O problema é quando alguma dessas entidades participa na qualidade de  assistente  ou  oponente,  porque  aí  você  já  passa  a  tratar  da  hipótese  como  sendo  caso  de  intervenção de terceiros.

O problema da assistência é o mais grave de todos. Vejam vocês o seguinte, a  assistência,  espécie  de  intervenção  de  terceiros  típica,  na  qual  um  terceiro  ingressa  voluntariamente para auxiliar alguma das partes no processo. Então digamos que você tem o  seguinte, você tem uma demanda entre a empresa A e a Petrobrás, sociedade economia mista.  Ajuizada  a  demanda  em  face  da  Petrobrás,  se  a  união  alegando  interesse  jurídico,  quiser  auxiliar a Petrobrás o fato de ela alegar interesse jurídico, automaticamente implica no fato de  que  ela  está  pedindo  o  seu  ingresso  com  assistente.  A  assistência  tem  como  pressuposto  fundamental, a alegação de interesse jurídico. Alegando interesse jurídico o que vai acontecer?  Essa demanda está tramitando na justiça estadual, o juiz estadual automaticamente declina da  competência  para  o  exame  desse  pedido  de  assistência  ao  juiz  federal.  Então, 

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automaticamente,  o  juiz  estadual  nem  examina  o  pedido  de  ingresso  como  assistente,  ele  declina a competência para esse exame para a justiça federal, por força da súmula 150 do STJ:

Súmula  150  Compete  Justiça  Federal  decidir  sobre  a  existência  de  interesse  jurídico  que  justifique  a  presença,  no  processo,  da  União, suas autarquias ou empresas privadas.

Assistência  = interesse jurídico

Símula  224  Excluído  do  feito  o  ente  federal,  cuja  presença  levara o Juiz Estadual a declinar da competência, deve o Juiz  Federal restituir os autos e não suscitar conflito.

Súmula 254 A decisão do Juízo Federal que exclui da relação  processual  ente  federal  não  pode  ser  reexaminada  no  Juízo  Estadual.

Intervenção Anômala (art. 5º, parágrafo único da Lei 9469/97) = interesse econômico:

Existe  um  caso  diferente  desse  em  que  a  união  não  alega  interesse  jurídico,  alega interesse econômico, é o que dispõe o art. 5º, parágrafo único da lei 9469/97, trata do  que se chama de intervenção anômala. 

A  intervenção  anômala  é  mencionada  pelo  Athos  Gusmão,  Fredie  Diddier,.  Usando o mesmo exemplo. Empresa A demanda em face da Petrobrás da na Justiça Estadual,  a união quer participar do processo, mas aqui o detalhe é o seguinte, na intervenção anômala,  a alegação não é de interesse jurídico, a alegação é de interesse econômico, e a união quer  participar do processo alegando interesse econômico. Se vocês derem uma olhada no art. 5º, 

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parágrafo  único  da  lei  9469/97  vocês  vão  verificar  que  nessa  hipótese  não  há  nenhuma  alegação  de  interesse  jurídico,  o  que  há  é  mera  alegação  de  interesse  econômico,  então  a  hipótese  não  é  de  assistência,  porque  a  assistência  pressupõe  interesse  jurídico  porque  estamos falando de interesse econômico, a hipótese é de intervenção anômala. Só que a união  alegando  mero  interesse  econômico  não  possui  os  poderes  de  um  assistente,  só  poderá  apresentar  documentos  ou  memoriais  reputados  úteis  ao  exame  da  causa,  não  pode  pedir  nenhuma prova. Não pode pedir pericia, não pode pedir depoimento de nenhuma das partes,  não pode fazer mais nada, salvo isso aqui, que é especificamente definido pela lei. No entanto,  se  ela  recorrer  adquire  a  qualidade  de  parte.  Isso  significa  que  se  a  união  não  recorrer  não  adquire  a  qualidade  de  parte,  se  ela  não  é  parte  não  desloca  a  competência  para  justiça  federal,  embora  possa  participar  do  processo  apresentando  documentos  e  memoriais,  a  demanda não vai para justiça federal, não ocorre deslocamento de competência. 

Art.  5º A  União  poderá  intervir  nas  causas  em  que  figurarem,  como  autoras  ou  rés,  autarquias,  fundações  públicas,  sociedades de economia mista e empresas públicas federais. Parágrafo  único.  As  pessoas  jurídicas  de  direito  público  poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda que  indiretos,  de  natureza  econômica,  intervir,  independentemente  da  demonstração  de  interesse  jurídico,  para  esclarecer  questões  de  fato  e  de  direito,  podendo  juntar  documentos  e  memoriais  reputados  úteis  ao  exame  da  matéria  e,  se  for  o  caso,  recorrer,  hipótese  em  que,  para  fins  de  deslocamento  de  competência, serão consideradas partes.

Qual é a hipótese em que poderá ocorrer o deslocamento da competência para a  justiça federal? Se ele resolve recorrer, o dispositivo afirma que somente recorrer é que adquire  a  qualidade  de  parte  e,  portanto  desloca  a  competência.  Antes  de  recorrer  não  adquire  a  qualidade de parte e não ocorre o deslocamento de competência.

O  problema  é  seguinte,  embora  você  esteja  diante  de  um  caso  de  assistência  porque  a  alegação  é  de  interesse  jurídico,  intervenção  anômala  em  que  a  alegação  é  de  interesse econômico, na primeira desloca a competência para justiça federal, na segunda não  desloca salvo se ela recorrer. O STJ não consegue distinguir uma coisa da outra, o STJ chama  tudo  de  assistência,  se  ele  chama  tudo  de  assistência,  desloca  a  competência  para  federal.  Cuidado, porque o correto é não deslocar, mas como o STJ chama tudo de assistência, acaba 

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por  colocar  aquela  hipótese  diferente  no  rol  da  assistência,  e  a  assistência  desloca  com  aplicação da súmula 150, 224 e 254.

Intervenção Anômala (art. 5º, parágrafo único da Lei 9469/97) = interesse econômico:

Obs: Jurisprudência do STJ não diferencia a intervenção anômala, denominando ambas as 

situações de assistência ­ art. 50 CC (interesse jurídico) e art. 5º, parágrafo único da Lei 

9469/97 (interesse econômico).

5.1.2)  art.  109,  II  CRFB/88  –  Estado  Estrangeiro  e  Organismo  Internacional  X  Município e pessoa domiciliada ou residente no país.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 

II  ­  as  causas  entre  Estado  estrangeiro  ou  organismo  internacional  e  Município  ou  pessoa  domiciliada  ou  residente  no País;

Quando se fala em organismo internacional, você está falando em BIRD, OMS,  OEA, são organismos internacionais, FMI, ou Estado estrangeiro de um lado ou município ou  pessoa,  aqui  pode  ser  física  ou  jurídica,  a  constituição  não  faz  essa  diferença,  domicilio  ou  residente  no  país.  Percebam  também  o  seguinte,  não  precisa  ser  necessariamente  o  Estado  estrangeiro  ou  organismo  internacional  no  polo  ativo,  ou  o  município  ou  pessoa  física  ou  jurídica domiciliada no polo passivo, pode ser ordem inversa. O importante é que de um lado  esteja o Estado estrangeiro ou organismo internacional e de outro o município ou pessoa física  ou jurídica domiciliada residente no país. Tem que ser município ou pessoa física ou jurídica 

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em  um  dos  polos,  se  for  união,  estados,  DF  ou  territórios,  a  competência  não  é  da  JF  de  primeiro grau, a competência será do STF, por força do disposto no art. 102, I, e: 

Art.  102.  Compete  ao  Supremo  Tribunal  Federal,  precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo­lhe: 

I ­ processar e julgar, originariamente:

e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional  e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território.

Detalhe  importante  o  processo  irá  tramitar  perante  o  juiz  federal  de  primeiro  grau, mas proferida a sentença, o recurso cabível é o Recurso Ordinário Constitucional ao STJ,  não é apelação ao TRF. É o recurso previsto lá nos art. 539 e 540 do CPC, que você também  encontra ali pelo art. 36 e 37 da lei 8.038/90. No novo código é o artigo 1027 e 1028 NCPC

5.1.3)  art.  109,  VIII  CRFB/88  –  Mandado  de  Segurança  e  Habeas  Data 

contra ato de autoridade Federal

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 

VIII ­ os mandados de segurança e os habeas data contra ato  de  autoridade  federal,  excetuados  os  casos  de  competência  dos tribunais federais;

Que tipo de ato pode dar ensejo ao MS? Temos duas (2) correntes:

1ª corrente: Ato oriundo de delegação do poder federal 

é o ato típico de 

dirigentes de estabelecimento de ensino ­ Súmula 15 do extinto TFR (Tribunal Federal de 

Recursos). 

2ª corrente: Se o ato foi praticado com base no ato de império (oriundo de 

delegação do poder federal) ou ato de gestão (não há delegação) 

Vejam,  a  competência  aqui  é  para  julgamento  de  mandado  de  segurança  e  habeas data executada competência dos TRF´s. aqui quando fala em mandado de segurança  e habeas data você tem que tomar cuidado com a jurisprudência, especialmente em mandado  de segurança, porque no que diz respeito à jurisprudência essa hipótese acarreta divergência.  Quando você examina a hipótese de mandado de segurança você vai verificar agora pela lei  nova de MS, 12.016/09 que ela fala em autoridade no art. 1º da lei. Tradicionalmente, quando  examinado mais a fundo, o conceito de autoridade sempre foi objeto de análise com base no  antigo art. 1º, §1º da lei 1533/51. Praticamente não tem grandes modificações, o que vocês têm  que  tomar  cuidado  é  o  seguinte,  nesse  mandado  de  segurança  discute­se  em  determinados  casos  que  tipo  de  ato  está  sendo  praticado.  Então  por  exemplo,  quando  o  ato  é  direcionado 

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para  conduta  praticada  por  dirigentes  de  estabelecimento  de  ensino,  diretor,  direto  de  concessionária de serviço público, chefe de junta comercial, quando você tem atos praticados  por  essas  autoridades  que  exercem  algum  poder  no  que  diz  respeitos  a  essas  instituições,  surgiu divergência na jurisprudência. Ela começou a interpretar do seguinte modo, que tipo de  ato acarretaria a sua defesa mediante mandado de segurança? Duas correntes de pensamento  surgiram,  a  primeira  corrente  afirmava  que  qualquer  ato  praticado  por  essas  autoridades  acarretaria a possibilidade, de supressão através de mandado de segurança. Então adotava­se  o entendimento de que a súmula nº 15 do extinto tribunal federal de recursos seria apta a dar  solução para qualquer caso e que portanto qualquer caso possibilitaria o seu controle através  de  mandado  de  segurança  e  a  competência  seria  da  justiça  federal.  Então  num  primeiro  momento essa era a corrente predominante.

Súmula nº 15 do extinto tribunal federal de recursos:

Compete  à  Justiça  Federal  julgar  Mandado  de  segurança  contra  ato  que  diga  respeito  ao  ensino  superior,  praticado  por  dirigente de estabelecimento particular.

Então eles adoram para os dirigentes de ensino particular a mesma conduta de  concessionária  de  serviço  público  e  junta  comercial.  Com  o  passar  do  tempo  surgiu  uma  segunda  corrente  e  esta  fazendo  uma  interpretação  das  sumulas  15  e  60  do  extinto  TFR  fizeram uma distinção entre ato de autoridade também chamado ato de império dos chamados  atos  de  gestão.  A  distinção  é  baseada  na  seguinte  premissa,  os  atos  praticados  por  aquele  dirigente foram praticados por cumprimento de ordens, obediências a determinações de serviço  público  que  lhe  for  delegado?  Os  atos  que  estão  sendo  objeto  do  MS  foram  praticados  com  base em delegação de serviço público? Então são considerados atos de autoridade ou atos de  império e cabe MS contra esses atos cuja competência é da JF. A ideia é a seguinte, o ato foi  praticado com base naquela delegação do poder público, é ato de autoridade.

Agora,  se  o  ato  é  de  gestão,  se  são  atos  praticados  simplesmente  para  que  a  junta  comercial,  a  concessionária  de  serviço  público,  estabelecimento  de  ensino,  possa  prosseguir nas suas atividades normais, não tem nada a ver com a delegação serviço público,  então esses atos de gestão de acordo com o §2º da lei de MS atual, não podem ser objeto de  controle de MS. Então os atos de gestão ficam de fora.

Súmula 60 do TFR:

Compete  à  Justiça  Federal  decidir  da  admissibilidade  de  mandado de segurança impetrado contra atos de dirigentes de 

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pessoas  jurídicas  privadas,  ao  argumento  de  estarem  agindo  por delegação do Poder Público Federal.

Estão agindo por delegação do poder público federal, é ato de autoridade ou ato  de  império.  Não  estão  agindo  por  delegação  do  poder  público  é  ato  de  gestão,  de  acordo  a  recente lei de MS, não cabe a sua proteção através de MS.

5.2) Competência da Justiça Federal em razão da matéria 

5.2.1)  art.  109  III  CRFB/88)  ­ 

Tratado  ou  contrato  da  União  com  Estado 

estrangeiro ou organismo internacional:

III ­ as causas fundadas em tratado ou contrato da União com  Estado estrangeiro ou organismo internacional;

A  demanda  poderá  ser  entre  particulares,  bastando  que  o  fundamento  da 

demanda  seja  um  tratado  ou  contrato  da  União  com  Estado  estrangeiro  ou  organismo 

internacional. O que importa é a matéria e não os sujeitos.

5.2.2)  Art.  109,  V­A  CF  ­  Grave  violação  dos  direitos  humanos  com  a 

finalidade  de  assegurar  o  cumprimento  de  obrigações  decorrentes  de  tratados 

internacionais de direitos humanos. O PGR pode suscitar 

Incidente de deslocamento de 

competência para a justiça federal

V­A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o §  5º deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de  2004) § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos,  o  Procurador­Geral  da  República,  com  a  finalidade  de  assegurar  o  cumprimento  de  obrigações  decorrentes  de  tratados  internacionais  de  direitos  humanos  dos  quais  o  Brasil  seja  parte,  poderá  suscitar,  perante  o  Superior  Tribunal  de  Justiça,  em  qualquer  fase  do  inquérito  ou  processo,  incidente  de  deslocamento  de  competência  para  a  Justiça  Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Aqui  é  uma  hipótese  especifica  que  passa  a  ser  da  competência  da  justiça  federal. Nessas hipóteses em que você tem grave violação de direito humanos e a demanda  está  tramitando  em  alguma  vara  estadual  longínqua,  por  vezes  em  interior,  por  vezes  em  lugares  de  difícil  acesso,  você  pode  ter  uma  demanda  envolvendo  violação  grave  de  direitos  humanos.  O  PGR  ciente  que  existe  a  possibilidade  de  que  a  decisão  judicial  não  seja  mais  justa possível diante das pressões sociais, políticas, econômica, daquela região pode suscitar  perante o STJ, o incidente de deslocamento de competência para justiça federal. Basicamente  seria o seguinte, é aquele caso daquela missionária Doroty que foi assassinada e tantos outros 

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casos  que  vimos  por  aí.  A  situação  ocorre  em  uma  determinada  comarca  em  que  você  tem  inúmeras pressões tanto econômicas, tanto políticas, quanto sociais que às vezes levam a crer  que  a  demanda  não  será  solucionada  da  maneira  mais  justa  possível.  Então  o  constituinte  achou por bem viabilizar que o PGR diante dessas circunstancias, hipótese de grave violação a  direitos humanos, e com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes  de tratados internacionais de direitos humanos a que o Brasil se obrigou, pode suscitar perante  o STJ, o incidente de deslocamento de competência para justiça federal, ou seja, você retira o  processo daquela comarca estadual e leva o processo normalmente para a justiça federal que  está localizada nos centros, nos lugares mais povoados, onde essa pressão política social não  exercerá  tanta  influencia  assim.  Vejam,  na  jurisprudência  do  STJ,  além  da  hipótese  ser  de  grave  violação  de  direito  humanos  e  além  da  finalidade  ser  o  cumprimento  das  obrigações  decorrentes  de  tratados  internacionais  de  direitos  humanos,  além  desses  dois  requisitos,  a  jurisprudência  do  STJ  exige  um  terceiro  requisito,  que  não  consta  da  constituição,  que  fique  caracterizado  que  o  local  de  origem,  a  comarca  competente  não  possui  condições  de  proferir um julgamento imparcial. Ela corre o risco de não conseguir alcançar essa objetivo,  seja em virtude de pressões políticas, econômicas, materiais, sociais, etc. Qualquer que seja o  motivo  que  indique  que  aquele  juízo  teoricamente  competente  ele  pode  não  alcançar  um  julgamento  parcial  diante  daquelas  situações,  viabiliza  com  que  o  incidente  de  deslocamento  de competência ganhe mais força.

Então, esse terceiro requisito pressupõe o que? Como é que o STJ vai saber se  essas  pressões  sociais,  políticas  e  econômicas  podem  impedir  um  julgamento  imparcial?  O  STJ vai ouvir o MP, e o juiz competente da comarca de origem. Haverá necessidade da oitiva  do  promotor,  dos  advogados,  do  juiz  que  trabalham  no  caso,  para  que  eles  esclareçam  se  a  possibilidade de julgamento imparcial corre risco ou não, dependendo da circunstancia do caso  concreto.

5.2.3) Art. 109, X CF 

Essa  hipótese  existe  divergência.  Uns  dizem  que  é  competência  em  razão  da  matéria e outros que é competência funcional.

­  os  crimes  de  ingresso  ou  permanência  irregular  de  estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur",  e  de  sentença  estrangeira,  após  a  homologação,  as  causas  referentes  à  nacionalidade,  inclusive  a  respectiva  opção,  e  à  naturalização; 

Você tem basicamente duas situações aí, cumprimento de carta rogatória após o  exequatur e a homologação de sentença estrangeira e a as causas referentes à nacionalidade, 

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opção,  etc.  Na  doutrina  e  jurisprudência  existe  divergência  sobre  esse  assunto.  Para  alguns,  uma  primeira  corrente,  Barbosa  Moreia,  Daniel  Amorim,  essa  hipótese  é  de  competência  da  justiça  federal  em  razão  da  matéria.  Então  que  isso  significa?  Significa  que  em  qualquer  um  desses casos do inciso X é tudo competência da JF em razão da matéria. Só que existe outra  corrente de pensamento que faz a distinção: na primeira parte, cumprimento de carta rogatória  após  o  exequatur  e  a  homologação  de  sentença  estrangeira,  a  hipótese  é  de  competência  funcional  da  JF;  e  a  segunda  parte  seria  competência  da  JF  em  razão  da  matéria.  Por  que  competência  funcional?  Porque  independentemente  do  conteúdo  da  carta  rogatória,  ou  do  conteúdo da sentença estrangeira, independentemente da matéria tratada na carta rogatória ou  na  sentença  estrangeira,  a  competência  seria  da  JF.  Então  não  seria  competência  razão  da  matéria  porque  você  não  sabe  a  matéria  da  rogatória  ou  da  sentença  estrangeira,  seria  competência funcional. E a segunda parte, aí sim competência em razão da matéria da JF.

Predomina  a  primeira  como  competência  em  razão  da  matéria.  Fredie  Didier  é  um dos autores que defendem a segunda corrente.

5.2.4) Art. 109, XI CF ­ direitos indígenas:

XI ­ a disputa sobre direitos indígenas.

O  art.  109,  XI  fala  em  disputa  sobre  direitos  indígenas,  e  aqui  vocês  tem  que  tomar cuidado com o seguinte, você tem que visualizar o direito indígena sobre dois aspectos  diferentes. Se você visualizar o direito indígena sobre o aspecto coletivo, se o direito do índio  nesse ponto diz respeito ao direito a cultura, direito a manifestação, direito social, coletivo, de  sentido  coletivo,  então  a  competência  é  da  JF.  Se  você  está  falando  do  direito  do  índio  em  sentido individual, para aquele índio ali, a competência é da justiça estadual por força do teor  da súmula 140 do STJ:

Súmula  140  STJ:  Compete  à  Justiça  Comum  Estadual  processar e julgar crime em que o indígena figure como autor  ou vítima.

Até  agora,  examinamos  a  competência  em  razão  da  pessoa,  examinamos  em  razão da matéria, vamos examinar agora a competência territorial da JF.

5.3) Competência Territorial

Está prevista nos parágrafos do artigo 109 CRFB/1988

§ 1º ­ As causas em que a União for autora serão aforadas na  seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte.

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Aqui  a União  é  a  autora,  logo  a  competência  é  do  foro  de domicilio  do  réu.  Também está no NCPC (art. 51 NCPC)

Art.  51.   É  competente  o  foro  de  domicílio  do  réu  para  as  causas em que seja autora a União.

No paragrafo 2º a União é a ré, logo a competência poderá ser no domicilio do  autor, onde ocorreu o ato ou fato, onde esteja situada a coisa ou no DF.

§  2º  ­  As  causas  intentadas  contra  a  União  poderão  ser  aforadas  na  seção  judiciária  em  que  for  domiciliado  o  autor,  naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à  demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito  Federal. Também está no NCPC (art. 51 parágrafo único do NCPC) Parágrafo único.  Se a União for à demandada, a ação poderá  ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do  ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou  no Distrito Federal. No paragrafo 3º trata de exceção. § 3º ­ Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro  do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que  for  parte  instituição  de  previdência  social  e  segurado,  sempre  que  a  comarca  não  seja  sede  de  vara  do  juízo  federal,  e,  se  verificada  essa  condição,  a  lei  poderá  permitir  que  outras  causas  for  também  processadas  e  julgadas  pela  justiça  estadual..

Matéria previdenciária ou de assistência social ­ Justiça Estadual ­ Foro do 

domicílio dos segurados ou beneficiários 

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A  lei  poderá  permitir  que  outras  causas  também  sejam  processadas  e 

julgadas pelas justiça estadual: 

a) Art. 15, I da Lei 5010/66 ­ Execuções Fiscais: 

A União ajuíza a Execução Fiscal ­ parte autora 

aplica­se a regra geral 

do  §1º.  Porém,  se  não  houver  Vara  Federal  no  Foro  do  domicílio  do  réu,  incide  a 

exceção  do  §3º,  casos  em  que  a  execução  fiscal  poderá  ser  proposta  na  justiça 

estadual. 

Como  a  previsão  legal  não  dispõe  o  termo  "União",  a  interpretação  é  mais 

ampla,  abrangendo  as  pessoas  jurídicas  de  direito  público:  autarquias,  agências 

reguladoras, fundações, empresas públicas.

Atenção  que  em  novembro  de  2014  a  lei  13.043/2014  no  artigo  114,  IX. 

Revogou  a  competência  delegada  nas  execuções  fiscais. 

Agora  a  execução  fiscal 

deverá ser feita na Vara Federal

2) Art. 15, II da Lei 5010/66 ­ Vistorias e justificações com o objetivo de 

produzir provas na justiça federal: 

Poderá ser ajuizada na Justiça Estadual do domicílio do executado para que 

o  juiz  estadual,  investido  de  jurisdição  federal,  realize  a  vistoria  ou  justificação  (medidas 

cautelares administrativas) que, posteriormente, serão utilizadas como meio prova perante 

a justiça federal. 

3) Entrega de Certificado de Naturalização de Estrangeiro 

4) Usucapião Especial (art. 4º da Lei 6969/81): 

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