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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Medeiros e na BENU Pharmacy

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Academic year: 2021

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Sílvia Isabel Patrocínio Monteiro

Silvia Isabel Patrocínio Monteiro

Relatório de Estágio em

Farmácia Comunitária

Farmácia Medeiros

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Sílvia Isabel Patrocínio Monteiro

A Estagiária,

(Silvia Isabel Patrocínio Monteiro)

O Monitor de Estágio,

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Sílvia Isabel Patrocínio Monteiro

Declaração de Integridade

Eu, _______________________________________________, abaixo assinado, estudante n.º __________, do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste relatório de estágio.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, omite ou assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou parte dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores (ou redigidas por outras palavras) de outros autores foram referenciadas no texto e colocada a respetiva citação da fonte bibliográfica.

Braga, ____ de __________________ de ______

______________________________________ (Assinatura do Estagiário)

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Sílvia Isabel Patrocínio Monteiro

Agradecimentos

Agradeço a toda a equipa da Farmácia Medeiros pela ajuda, dedicação e aconselhamento disponibilizado durante o meu período de Estágio. Na vossa companhia cresci mais um pouco e tornei-me alguém mais forte.

Convosco, aprendi o verdadeiro valor da palavra “acompanhamento”, pois apercebi-me da diferença existente entre uma farmácia de um meio urbano e uma inserida num meio mais rural, onde cada utente que nos procura pode facilmente retratar um dos nossos familiares.

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Sílvia Isabel Patrocínio Monteiro

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Índice

1. Introdução ... 3

2. Organização do espaço físico e funcional da Farmácia ... 3

2.1. Localização e Inserção Sociocultural ... 3

2.2. Horário de funcionamento ... 3

2.3. Recursos Humanos ... 4

2.4. Espaço Interior ... 4

3. Biblioteca e Fontes de Informação ... 8

4. Gestão da Farmácia ... 9

4.1 Sistema Informático e gestão de Stock ... 9

4.2 Elaboração de Encomendas ... 11

4.3 Rececionar, Conferir, Marcar e Armazenar as Encomendas ... 12

4.4 Controlo dos Prazos de Validade e Devoluções ... 13

5. Classificação dos Produtos Existentes na Farmácia ... 14

5.1 Medicamentos não sujeitos a Receita Médica (MNSRM) ... 14

5.2 Medicamentos sujeitos a Receita Médica (MSRM) ... 15

5.3 Produtos Cosméticos e Dermofarmacêuticos ... 15

5.4 Produtos Homeopáticos... 16

5.5 Medicamentos Fitoterapêuticos ... 16

5.6 Produtos para Alimentação Especial e Produtos Dietéticos ... 17

5.7 Medicamentos de uso Veterinário ... 17

5.8 Dispositivos Médicos ... 18

6. Dispensa de Medicamentos não Sujeitos a Receita Médica ... 19

6.1 Automedicação ... 19

6.2 Indicação Farmacêutica ... 20

7. Dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 21

7.1 Prescrição Médica e sua Validação ... 21

7.2 Dispensa de Medicamentos ... 23

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Sílvia Isabel Patrocínio Monteiro

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7.4 Psicotrópicos ou Estupefacientes ... 26

8. Medicamentos e Produtos Manipulados ... 27

9. Outros Cuidados de Saúde e Serviços prestados na Farmácia ... 27

9.1 Determinação de Parâmetros Fisiológicos e Bioquímicos... 28

9.2 Administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação ... 29

9.3 ValorMed e Recolha de Radiografias ... 30

9.4 Serviço de Consultas ... 30

10. Rastreio de doenças Cardiovasculares ... 31

11. Conclusão ... 33

12. Bibliografia ... 34

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Sílvia Isabel Patrocínio Monteiro

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1. Introdução

O estágio na Farmácia Comunitária pode, em alguns casos, representar o primeiro contacto entre o estudante e a sua futura realidade profissional. É neste estágio, que iremos adquirir a experiência e os conhecimentos de natureza práticos para o adequado exercício da profissão.

No meu caso pessoal, este estágio na Farmácia Medeiros não representou o primeiro contacto com o que espero ser a minha futura realidade profissional, uma vez que realizei o meu estágio-Erasmus neste mesmo campo. Para mim, este estágio representou a continuação de uma fase de aprendizagem já iniciada na Suiça. Nele aperfeiçoei alguns aspetos, aprendi novos e mudei alguns pontos de vista face a realidades muito diferentes e distintas das anteriormente vividas.

2. Organização do espaço físico e funcional da Farmácia

2.1. Localização e Inserção Sociocultural

Os meus três meses de estágio em Farmácia Comunitária em Portugal, foram realizados na Farmácia Medeiros, situada na Praça 5 de Outubro 78, em Vila Verde, distrito de Braga. A Farmácia, situada no rés-do-chão de um prédio habitacional, encontra-se, praticamente, na rua oposta ao hospital da Misericórdia de Vila Verde e relativamente próxima do Centro de Saúde o que lhe confere uma elevada procura diária. Associada a este facto, a própria existência da Farmácia que remonta para o século XVIII, também lhe confere um elevado movimento e um carácter familiar. Verifica-se assim uma grande heterogeneidade no tipo de população que recorre à mesma, sendo no entanto, a maioria da população idosa e com baixo nível de formação. Durante o meu estágio deparei-me frequentemente com utentes que me informavam de que só se sentiam bem naquela Farmácia, uma vez que era a mesma que foi frequentada pelos seus pais. Para além destes utentes, já fidelizados à Farmácia, verifica-se o regresso, todos os verões de alguns emigrantes, também eles clientes da Farmácia, que partiram do nosso País, e, que procuram a ligação aos fragmentos do seu passado.

2.2. Horário de funcionamento [1]

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4 Medeiros encontra-se aberta de segunda-feira a sexta-feira, das 8:30h às 24:00h e

aos sábados das 8:30h às 20:00h, cumprindo o disposto no Decreto Lei n.º 172/2012, de 1 de agosto, e a Portaria n.º 14/2013, de 11 de janeiro.

2.3. Recursos Humanos [2]

Tal como enunciado no Decreto Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto, a equipa que constitui a Farmácia Medeiros é formada por farmacêuticos e técnicos de farmácia. Estes profissionais possuem, de acordo com a sua formação, diferentes funções que se podem em alguns casos complementar ou igualar. No entanto, tenho que referir que sempre senti uma enorme entre-ajuda entre toda a equipa de forma a prestar um serviço eficaz e de qualidade aos utentes, sem que cada um se limite a efetuar um só tipo de função. O quadro de pessoal da Farmácia Medeiros, ao contrário da equipa jovem da Farmácia BENU na Suiça, é constituída por membros mais experientes, que trabalham na Farmácia há várias décadas. Para alguns deles a Farmácia constitui um segundo lar. O Diretor Técnico é o Dr. António Julião Santos Silva, que para além de gerir a Farmácia, lidera uma equipa com um total de sete membros enunciados na tabela seguinte:

Dr. António Julião Santos Silva Diretor Técnico

Dr.ª Maria Glória Silva Farmacêutica

Dr.ª Marta Ferreira Farmacêutica

Francisco Costa Técnico de Farmácia

Manuel Martinho Faria Técnico de Farmácia

Ana Catarina Rodrigues Técnica de Farmácia

Pedro Rodrigues Técnico de Farmácia

Tabela 1- equipa da Farmácia Medeiros

2.4. Espaço Interior [2][3][4]

Tal como já referido anteriormente, a Farmácia Medeiros encontra-se no rés-do-chão de um prédio habitacional. Esta é facilmente identificável no exterior por possuir a característica cruz verde das Farmácias, que emite uma luz intermitente nos dias de serviço. Para além disso apresenta, de forma bem visível, os vocábulos “Farmácia Medeiros” que também são iluminados durante a noite. Para além destes elementos, na porta está afixada informação relacionada com o horário de funcionamento da Farmácia, respetiva direção técnica e ainda informação sobre a farmácia que se

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5 encontra de serviço.

As instalações da Farmácia Medeiros ocupam um piso, e reúnem as condições necessárias de acessibilidade a todos os utentes, nomeadamente idosos e portadores de deficiência motora. A entrada é ampla, tem uma das duas portas constantemente aberta e tem duas montras paralelas à entrada. As montras são importantes numa perspetiva de marketing, pois nelas publicitam-se e apresentam-se aos utentes produtos de dermofarmácia e cosmética ou de medicamentos não sujeitos a receita médica. Para além dos requisitos mínimos de segurança a Farmácia possui um sistema de vigilância interno que também permite uma maior rapidez de atendimento, uma vez que graças a este, podemos constantemente observar a área de atendimento ao público, mesmo não estando nela.

Zona de Atendimento ao Público

A área de atendimento ao público está equipada com um balcão contínuo, que apresenta quatro postos diferenciados de atendimento. Cada um destes postos de atendimento está equipado com um computador, um leitor ótico, uma impressora, uma caixa registadora, material de escrita e tesouras. Ao longo deste balcão também podemos encontrar dois terminais de multibanco e panfletos com informações acerca das datas das “consultas externas” realizadas na Farmácia. Estas informações são actualizadas todas as semanas. No centro do balcão, pode ser encontrada uma pequena zona de disposição de produtos, que vai variando consoante a estação do ano ou a publiclidade e consequente aumento de procura de alguns produtos.

A zona de atendimento ao público é um espaço amplo, de fácil movimentação, que permite ao utente a visualização dos vários produtos expostos nos lineares. Nesta zona podemos claramente, distinguir a área atrás do balcão e a área de livre acesso ao utente. Na primeira encontram-se os produtos de maior rotatividade (como gazes, pensos e produtos de higiene oral), medicamentos para uso veterinário, vitaminas,

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6 suplementos alimentares e medicamentos não

sujeitos a receita médica. Esta disposição permite um maior controlo relativemente à sua dispensa. Na área de livre acesso ao utente estão dispostos os produtos de puericultura, leites, produtos necessários ao período de amamentação e cosméticos. Estes, estão organizados de forma atrativa, segundo marcas

e laboratórios, variando de acordo com a estação do ano,

promoções, e procura por parte dos utentes. A zona de atendimento ao público possui aínda uma balança, uma zona de lazer infantil e duas cadeiras de forma a que os utentes mais idosos possam esperar mais comodamente pela sua vez.

Zona de Atendimento Personalizado/ Privado e Laboratório

Esta zona da Farmácia permite um atendimento dos utentes mais personalizado e confidencial. Neste compartimento, mais tranquilo, podem ser encontrados os equipamentos necessários para a determinação

dos testes bioquímicos (como a glicémia capilar, o colesterol total e os triglicerídeos) e fisiológicos (como a pressão arterial) requeridos pelos pacientes. Para tal, esta sala está equipada com um tensiómetro de mercúrio (preferencialmente utilizado pelos utentes mais idosos), um tensiómetro automático, tiras reativas, lancetas esterilizadas, material de desinfeção e aparelhos de medição próprios. No fim da determinação destes

parâmetros, a farmácia oferece aos seus utentes, cartões para registo dos respetivos valores e melhor seguimento farmacoterapêutico. (Anexo I)

Nesta área é igualmente possível a administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação, por profissionais devidamente credenciados para o efeito.

É neste compartimento também, que está presente um pequeno laboratório. Este conta com matérias primas, uma bancada, uma balança, um lavatório e todo o material

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7 necessário para a preparação dos manipulados. Entende-se por medicamento

manipulado qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal, preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico.

Por último, é nesta zona da farmácia que podemos encontrar um frigorífico para armazenamento dos produtos que necessitam de refrigeração.

Área de Stock Ativo

Esta área encontra-se ao lado da área de atendimento ao público, de forma a garantir uma maior rapidez de atendimento. Constitui a zona mais ampla da Farmácia Medeiros e está equipada com fileiras de estantes, nas quais são armazenados todos os medicamentos, os sujeitos a receita médica e alguns não sujeitos a receita médica, por ordem alfabética. Nesta zona distinguem-se claramente 11 áreas diferentes, nomeadamente:

 Formas farmacêuticas orais sólidas ( comprimidos e cápsulas);

 Formas farmacêuticas sobre a forma de granulados;

 Soluções e suspensões orais ( ampolas bebíveis);

 Formas farmacêuticas para uso ginecológico;

 Antibióticos em pó para dispersão oral de preparação prévia;

 Medicação injectável;

 Formas farmacêuticas para uso oftálmico, auricular e nasal;

 Sistemas transdérmicos;

 Formas farmacêuticas para aplicação local (locões);

 Formas farmacêuticas semi-sólidas ( cremes, pomadas);

 Formas farmacêuticas para inalação ( bombas para asmáticos).

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8 medicamentos, o que resulta num menor tempo de espera para o utente.

É também nesta área da farmácia que se encontram os excedentes dos produtos que estão expostos na zona de atendimento ao público.

Área de Processamento de Encomendas

Esta área destina-se sobretudo a rececionar e verificar encomendas. Aquando da entrada de qualquer nova encomenda, esta deve primariamente parar aqui, de forma a que todos os produtos possam ser verificados

e inseridos no sistema informático. Deste modo, consegue-se ter o Stock da Farmácia sempre actualizado.

Está equipada com uma mesa de dimensões consideráveis, um computador com o sistema informático Sifarma Clássico

instalado, um sensor de leitura ótica, variadas caixas de arquivo (uma para cada distrubuidor),

de forma a colocar as faturas de encomenda que já deram entrada na Farmácia, uma fotocopiadora, um telefone com fax incorporado, uma Impressora a laser e outra para impressão de códigos de barras.

É também nesta zona da Farmácia que se conferem e guardam as receitas, devidamente separadas consoante o seu organismo e lote. Estas são mensalmente enviadas para a Administraçao Regional de Saúde ou para a Associção Nacional de Farmácias.

Outras Áreas

A Farmácia dispõe ainda de outras áreas como o Gabinete do Diretor Técnico, uma pequena arrecadação e instalações sanitárias.

3. Biblioteca e Fontes de Informação

[2][5]

Segundo o artigo 12.º do Código Deontológico da Ordem dos Farmacêuticos, considerando o dever de atualização técnica e científica, o farmacêutico “deve manter atualizadas as suas capacidades técnicas e científicas para melhorar e aperfeiçoar constantemente a sua atividade, por forma a que possa desempenhar

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Sílvia Isabel Patrocínio Monteiro

9 conscientemente as suas obrigações profissionais perante a socidedade”.

Existem diversas fontes de informação na Farmácia Medeiros. O sistema informático, por si só, constitui uma ferramenta muito útil e rápida para dúvidas menores. É aínda facultado o acesso à Internet nos computadores, o que permite recolher informação credível e de qualidade. De acordo com o Decreto Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto, e seguindo as Boas Práticas de Fabrico, a farmácia tem disponível para todos os profissionais de saúde as fontes de informação de acesso obrigatório como o Prontuário Terapêutico (última edição), a Farmacopeia Portuguesa IX e acesso aos Resumos de Características dos Medicamentos (RCM), e outras publicações não obrigatórias como o Formulário Galénico Português ou o Índice Nacional Terapêutico. Por último, existem também na Farmácia Medeiros, publicações de caráter periódico, como revistas (Revista Farmácia Portuguesa e outras Revistas de Saúde) que nos permitem o conhecimento de novos produtos e ainda o acesso a informações diversas, de forma simples e rápida.

Durante o meu estágio, recorri com elevada frequência ao Prontuário Terapêutico. Este permitiu-me consultar, de forma muito célere, as indicações terapêuticas dos medicamentos, as reacções adversas, as contra-indicações, precauções especiais e aínda informações relativas à posologia.

4. Gestão da Farmácia

4.1 Sistema Informático e gestão de Stock [6]

Tal como já foi anteriormente referido, o sistema informático utilizado na Farmácia Medeiros é o Sifarma Clássico. Este programa é muito importante no decurso da atividade farmacêutica, mas também na gestão e organização da própria Farmácia. Permite o acesso à folha de registo de cada medicamento existente (criado aquando da sua entrada), consultar medicamentos pertencentes a grupos homogéneos, monotorizar as datas de expiração da validade dos medicamentos existentes, proceder a vendas, criar bases de dados para utentes (contas), fazer vendas suspensas (para utentes que precisam, com carácter de urgência de um medicamento mas não têm receita, sendo esta entregue logo que possível), realizar a faturação e emissão de lotes de receitas, aceder imediatamente ao Stock de cada produto existente, gerir as encomendas e aceder ao histórico de entradas e saídas dos

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10 produtos no último ano. O programa possibilita um vasto leque de operações sendo

que os funcionários podem aceder a todas elas, desde que tenham a permissão do Diretor Técnico.

No dia 19 de julho, a farmácia Medeiros sofreu uma grande inovação com a mudança do Sifarma clássico, para a instalação do novo Sifarma 2000. Este sistema permite realizar não só todas as funções do anterior programa de forma mais simplificada, como realizar novas funções a que o anterior não estava habilitado. Tendo em conta que a maior parte do meu estágio (dois terços do mesmo) decorreu com a utilização do Sifarma clássico, vou explicar as atividades realizadas por mim, tendo em conta o antigo programa.

O Stock de uma farmácia corresponde ao conjunto de medicamentos e produtos que esta possui, num dado período, possíveis de serem vendidos. A gestão de Stocks visa regular o circuito entre os produtos comprados e os vendidos de forma a garantir o equilíbrio financeiro da farmácia. Deve ser sempre tomado em consideração que o

Stock de uma farmácia representa um grande Investimento. “Uma efetiva gestão de

Stocks não se baseia apenas no conhecimento do mercado e suas tendências de

consumo, mas também na análise fiável dos custos e proveitos com vista a alcançar maiores níveis de eficiência” (Malheiro, P.). Para além destes fatores, também devem ser tidos em conta o tipo de utentes, a rotatividade dos produtos, a publicidade nos meios de comunicação social, os custos de armazenamento dos produtos, os prazos de validade dos produtos em Stock e as bonificações e ofertas nas aquisições. “O índice de rotação de Stocks é um indicador indispensável para a avaliação da gestão de Stocks” (Malheiro, P.). Por rotação de Stock entende-se a razão entre o número de vendas efetuadas de um produto num intervalo de tempo e o Stock médio do mesmo produto no mesmo intervalo de tempo. Quanto maior a taxa de rotação, mais vantajoso, uma vez que diminuem custos de armazenamento, devoluções devido ao prazo de validade (PV), etc. É por isso fundamental equilibrar o volume de medicamentos e produtos de saúde e as necessidades de procura, evitando um excesso de Stock (que representa uma imobilização de capital, risco de perda de validade dos produtos, necessidade de um maior espaço de armazenamento) ou um baixo nível de Stock (com possibilidade de rutura, não suprindo as necessidades dos utentes).

Aqui o sistema informático tem um papel crucial. Aquando da entrada inicial de produtos na farmácia determinam-se os níveis mínimo e máximo de Stock que deve

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11 estar disponível. Assim, quando os produtos são vendidos e atingem o Stock mínimo

estipulado, o sistema informático gera automaticamente uma proposta de encomenda para o mesmo, garantindo que não ocorre rutura de Stock. Há semelhança do que pude observar no estágio que efetuei na Suíça, estas propostas de encomenda são estudadas e carecem de validação antes de serem enviadas ao fornecedor.

Também à semelhança do que sucedeu na Suiça, o meu trabalho na gestão de

Stocks compreendeu a verificação dos Stocks presentes, a elaboração de listas dos

produtos a caducar nos três meses subsequentes, de forma a serem retirados das prateleiras (Anexo II), e o correto armazenamento dos produtos, para que os produtos com prazo de validade inferior, sejam os primeiros a ser vendidos.

4.2 Elaboração de Encomendas

As encomendas são realizadas diariamente e chegam quase sempre à mesma hora à Farmácia. Estas são feitas maioritariamente via Internet e enviadas aos fornecedores ou, pontualmente, pelo telefone. Tal como já explicado, estas encomendas resultam na sua grande maioria de propostas de encomendas geradas pelo sistema informático, e carecem de validação e de uma análise cuidadosa por parte do responsável. Nesta análise o farmacêutico responsável deve conferir e selecionar os fornecedores, rever os medicamentos em falta, ajustar as quantidades, ou adicionar produtos necessários, tendo em conta variações sazonais, surtos e dias de serviço permanente. Após esta criteriosa análise, o farmacêutico encarregue de efetuar a encomenda, aprova e envia a mesma por modem ao fornecedor pretendido. No caso da encomenda ter sido feita diretamente ao laboratório (para, por exemplo, ter acesso a uma bonificação ou promoção especial, as quais não podem ser obtidas através dos fornecedores), a farmácia guarda um duplicado da nota de encomenda (Anexo III). Esta serve para, á posteriori, se poder comparar a quantidade e qualidade dos produtos recebidos com os que foram de facto encomendados. Quando há inexistência ou insuficiência de produtos para satisfazer as necessidades de um utente, efetua-se a encomenda diretamente aos fornecedores, por telefone ou online (encomenda manual).

Contrariamente ao que sucedeu na minha experiência na Suíça, na Farmácia Medeiros existe mais do que um fornecedor. A Farmácia trabalha diariamente com quatro grandes distribuidores grossistas, nomeadamente: OCP; A. Sousa; Alliance e Botelho & Rodrigues.

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12 4.3 Rececionar, Conferir, Marcar e Armazenar as Encomendas

Aquando da entrega das encomedas na farmácia, é necessário proceder à receção e verificação das mesmas. Para tal, procede-se à leitura óptica de todos os produtos que são colocadas sobre a mesa, de forma a conferir o que de facto veio com o que estava inserido no sistema como fazendo parte daquela encomenda. Deve ter-se em atenção a existência de produtos que necessitam de condições especiais de armazenamento, como os produtos de frio, que devem ser lidos em primeiro lugar para depois serem imediatamente guardados. Cada encomenda chega com a respectiva factura em duplicado, sendo que, também esta permite fazer uma comparação dos produtos pedidos, com os chegados. As faturas possuem o nome do fornecedor grossista, o número de fatura, a data e hora da encomenda, o nome do cliente, a discriminação dos produtos, nome comercial dos produtos, a forma farmacêutica dos mesmos e a dosagem, a quantidade pedida e a quantidade enviada pelo fornecedor, os preços de venda à farmácia e ao público, o IVA referente a cada produto e o valor total da fatura (Anexo IV). Após a verificação dos produtos entregues na encomenda (qualidade, quantidade, prazos de validade, preços e estado de conservação das embalagens em que vêm armazenados), soliciam-se os produtos em falta, via modem, ao fornecedor seguinte e as encomendas são fechadas no sistema informático ficando registadas. As faturas são guardadas na respetiva caixa de arquivo do fornecedor.

Para os medicamentos comparticipados, o preço é fixado (preço ético) pela entidade reguladora e vem impresso na embalagem ao abrigo do disposto na Lei n.º 25/2011, de 16 de junho. De acordo com o Decreto Lei nº. 65/2007, de 14 de março, o preço de venda ao público (PVP) de um medicamento depende do preço de venda ao armazenista, da margem de comercialização do distribuidor grossista, da margem de comercialização do retalhista, da taxa sobre a comercialização dos medicamentos e do imposto sobre o valor acrescentado (IVA). No caso dos produtos e medicamentos que não apresentam inscrito qualquer PVP, como os medicamentos não sujeitos a receita médica, os produtos de dermocosmética, os produtos para uso veterinário, os produtos de puericultura, entre outros, é necessário efetuar a marcação manual do preço, que é definido pelo Diretor Técnico tendo em conta o preço de custo, a margem de comercialização, e o respetivo IVA (6% ou 23%).

Quando existem produtos em Stock e há alteração do preço, deve ter-se o cuidado de alterar as etiquetas dos produtos já existentes na farmácia por outras com o preço atualizado.

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13 O último passo, passa pela impressão dos códigos de barras para os produtos

de preço marcado pela farmácia, onde consta o nome do produto, o PVP, código numérico e a taxa de IVA a que o medicamento está sujeito.

Depois de todo este processo, todos os medicamentos e produtos são armazenados na sua correta posição da farmácia. Durante o processo de armazenamento deve-se respeitar o princípio de que os medicamentos recentemente chegados são armazeados atrás dos já existentes na farmácia, de forma a garantir que os produtos com o prazo de validade mais baixo, sejam os primeiros a ser escoados.

À semelhança do sucedido na Suíça, a realização destas tarefas permitiu-me contactar e familiarizar com os produtos existentes na farmácia. Achei muito interessante perceber as diferenças entre os medicamentos mais usados num país e no outro. De facto, achei surpreendente ver que os mesmos produtos, têm apresentações físicas diferentes e hábitos de consumo distintos. Esta diferença foi mais notória nos meses de julho e agosto, altura em que a chegada de emigrantes (inclusive da Suíça), fez disparar a venda de umas marcas em detriorimento de outras. Para mim foi uma enorme vantagem conhecer os padrões de consumo dos emigrantes Suíços, pois conhecia os produtos e medicamentos a que estavam acostumados e aconselhava-lhes outro equivalente comercializado em Portugal.

4.4 Controlo dos Prazos de Validade e Devoluções

O controlo do prazo de validade é fundamental para garantir a qualidade dos produtos dispensados. Este controlo, como já referido anteriormente, é facilitado pelo sistema informático, no qual todos os prazos de validade dos produtos que chegam á farmácia, são inseridos e ainda pela forma de armazenamento dos mesmos, garantindo que os produtos de prazo menor são escoados em primeiro lugar. Na primeira semana de estágio na Farmácia Medeiros tive a oportunidade de realizar este controlo de prazos de validade de uma forma manual, sendo que também esta tarefa foi importante no conhecimento do próprio espaço físico da Farmácia. Em colaboração com outros trabalhadores foi feito um inventário manual de todos os produtos existentes, cujo prazo de validade terminaria até ao fim do ano 2013. Para a realização do mesmo, foi criada uma folha para cada mês do presente ano onde foram inseridos todos os produtos e o respetivo prazo de validade. Assim, tornou-se mais fácil a cada mês que passou, retirar das parteleleiras os medicamentos e produtos cujo prazo de validade terminaria num intervalo de três meses, para proceder à sua devolução aos

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14 laboratórios ou fornecedores.

A necessidade de devolução de produtos aos fornecedores pode decorrer de: não conformidades entre o que foi pedido e o que foi entregue como produto enviado mas não pedido; embalagem danificada, PVP errado, prazo de validade a expirar, recolha de produto do mercado, por indicação do INFARMED ou do laboratório produtor. A devolução é realizada através da emissão de uma nota de devolução em triplicado (Anexo V), sendo que o original e o duplicado, devidamente carimbados e assinados são enviados com o produto para o fornecedor e a cópia é arquivada na farmácia. Esta nota de devolução deve ter discriminado o motivo da devolução e ir acompanhada da respetiva cópia da guia de encomenda com a qual o produto deu entrada na farmácia. Dependendo do laboratório, o produto pode ser substituído por um novo ou apenas creditado, por exemplo, em 50%.

5. Classificação dos Produtos Existentes na Farmácia

[9]

Apesar de hoje em dia já existir uma grande diversidade de produtos que podem ser adquiridos na farmácia, a dispensa de medicamentos continua a ser a principal atividade da farmácia de oficina. Segundo o Estatuto do Medicamento (DL n.º 176/2006, de 30 de agosto), medicamento é definido como toda a substância ou composição que possua propriedades curativas ou preventivas das doenças e dos seus sintomas, do homem ou do animal, com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou a restaurar, corrigir ou modificar as suas funções fisiológicas. Os medicamentos para uso humano são classificados, quanto à dispensa ao público, em medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) e medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM).

5.1 Medicamentos não sujeitos a Receita Médica (MNSRM) [9]

Os medicamentos não sujeitos a receita médica, também denominados “medicamentos de venda livre”, são medicamentos que, segundo a legislação, detêm uma considerável segurança de utilização, desde que não sejam usados de modo abusivo e descontrolado. São medicamentos que podem ser adquiridos nas farmácias ou noutros estabelecimentos autorizados para o efeito, e, não são comparticipados sendo o seu PVP sujeito ao regime de preços livres. Destinam-se normalmente ao tratamento de transtornos menores, de curta duração e cuja utilização dispensa a vigilância médica. Os mais solicitados, no dia a dia, são os antitússicos, os expetorantes, os analgésicos, os antiácidos, os anti-inflamatórios, os antigripais e os

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15 laxantes. A dispensa destes medicamentos é geralmente efetuada em regime de

indicação farmacêutica, ou por automedicação. Uma vez que o seu uso não é inócuo, é fundamental o aconselhamento farmacêutico, no sentido do uso racional da medicação.

5.2 Medicamentos sujeitos a Receita Médica (MSRM) [9]

De acordo com a legislação portuguesa, estão sujeitos a receita médica os medicamentos que preencham uma das seguintes condições:

 Possam constituir um risco para a saúde do doente, directa ou indirectamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;

 Possam constituir um risco, directo ou indirecto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam;

 Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja actividade ou reacções adversas seja indispensável aprofundar;

 Destinem-se a ser administrados por via parentérica (injectável).

Este tipo de medicamentos só pode ser vendido nas farmácias, mediante a apresentação de uma receita médica. O preço destes medicamentos é fixado por decreto lei e é da competência do INFARMED regular e autorizar o preço dos medicamentos comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde.

5.3 Produtos Cosméticos e Dermofarmacêuticos [10]

Segundo o Decreto Lei n.º 189/2008, de 24 de setembro, entende-se por produto cosmético “qualquer substância ou preparação destinada a ser posta em contacto com as diversas partes externas do corpo humano, designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade de, exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou de corrigir os odores corporais”.

Apesar de hoje em dia, se verificar um acentuado crescimento na procura autónoma destes produtos, tal não se observou na Farmácia Medeiros. De facto, e contrariamente à grande oferta e procura destes produtos na Farmácia BENU na

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16 Suíça, aqui, esta área não é muito explorada. Isto deve-se fundamentalmente às

características dos utentes que frequentam a Farmácia Medeiros, uma vez que, na sua maioria são idosos, reformados, com baixo nível económico e de instrução. As principais marcas presentes na farmácia são; Uriage®, Avène®, La Roche-Posay®, Solei Boots®, A-Deerma®, Galenic®, Mustela® e Lutsine®. A ecomenda deste tipo de produtos, é geralmente feita diretamente ao fabricante, uma vez que este permite o acesso a maiores quantidades e a bonificações e kits promocionais.

5.4 Produtos Homeopáticos [9]

Segundo o Decreto Lei n.º176/2006, de 30 de agosto, os medicamentos homeopáticos são “medicamentos obtidos a partir de substâncias denominadas Stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia ou, na sua falta, em farmacopeia utilizada de modo oficial num Estado membro, e que pode conter vários princípios”. Segundo os princípios básicos da homeopatia, uma substância que em doses mais elevadas provoca detrrminados sintomas num indivíduo saudável, pode tratar, quando muito diluída, os mesmos sintomas num indivíduo doente.

Não ocorreu grande procura deste tipo de medicamentos na Farmácia Medeiros. O sucedido durante o estágio, estava de acordo com o que eu pensava ser a realidade no nosso País, no que respeita á implementação no mercado destes medicamentos, e no nosso dia a dia. Achei muito caricato o facto de só me ter sido solicitado uma única vez este tipo de medicamentos, e este pedido ser feito por turista francesa que estava de férias no nosso país.

5.5 Medicamentos Fitoterapêuticos [9]

Os medicamentos fitoterapêuticos são definidos como sendo “qualquer medicamento que tenha exclusivamente como substâncias activas uma ou mais substâncias derivadas de plantas, uma ou mais preparações à base de plantas ou uma ou mais substâncias derivadas de plantas em associação com uma ou mais preparações à base de plantas”. Durante o estágio constatei que a procura de produtos naturais, como alternativa ou complemento à medicina convencional tem vindo a conquistar espaço e tornou-se uma opção para os utentes. O seu uso é variado, salientando-se os casos em que são procurados para problemas circulatórios, gastrointestinais, para cansaço físico, transtornos menores de sono e para emagrecimento. Na dispensa destes medicamentos torna-se importante salientar que

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17 estes, apesar de serem “de venda livre” e de origem natural, também têm efeitos

secundários. O papel do farmacêutico deve ser crítico no aconselhamento destes produtos e na verificação das interações destes medicamentos com outros que o paciente tome.

5.6 Produtos para Alimentação Especial e Produtos Dietéticos [11]

Segundo o Decreto Lei n.º 74/2010, de 21 de junho, os produtos dietéticos destinados a uma alimentação especial são aqueles que, devido à sua composição especial ou a processos especiais de fabrico, se distinguem claramente dos alimentos de consumo corrente, mostrando-se adequados às necessidades nutricionais especiais de determinadas pessoas. São assim destinados, preferencialmente, a pessoas que sofram de algum tipo de perturbação do aparelho digestivo, pessoas que se encontrem em condições fisiológicas especiais e que beneficiem da ingestão controlada de certos nutrientes e lactentes. A Farmácia Medeiros apresenta uma ampla gama destes produtos, nomeadamente leites adequados às necessidades do bebé e que acompanham o seu crescimento, desde leites para lactentes, de transição, hipoalergénicos, antirregurgitantes, enriquecidos em ferro, antidiarreicos e antiobstipantes. Aqui saliento a marca Nutribén®, que é a marca mais representada e com a qual a farmácia trabalha mais. A farmácia apresenta também soros para rehidratação, gelatinas para pessoas com dificuldade em deglutir, batidos energéticos e batidos ricos em proteínas.

A Farmácia Medeiros também apresenta um vasto leque de produtos dietéticos usados para emagrecimento e controlo de peso (Depuralina®, Modifast®, Formoline®). Por último encontramos os suplementos alimentares para melhorar a performance psíquica e física como o Centrum®, o Memofante® ou o Cerebrum®.

5.7 Medicamentos de uso Veterinário [12][13][14]

Entende-se por “medicamento de uso veterinário” toda a substância, ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma acção farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas. O Decreto Lei n.º 148/2008, de 29 de julho, estabelece o regime jurídico dos medicamentos de uso veterinário, passando a alçada destes para a Direção Geral de Veterinária. Por outro lado o Decreto Lei n.º 237/2009,

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Sílvia Isabel Patrocínio Monteiro

18 de 15 de setembro, estabelece as normas a que devem obedecer o fabrico, a

autorização de venda, a importação, a exportação, a comercialização e a publicidade de produtos de uso veterinário.

Os medicamentos de uso veterinário apresentam, na Farmácia Medeiros, tal como noutras farmácias de meio rural, um volume de vendas acentuado, existindo um vasto leque de produtos a oferecer aos utentes. Também aqui, o farmacêutico deve ter um papel fundamental, alertando para doenças transmissíveis ao homem e cuidados a ter, relembrando certas medidas básicas de profilaxia. Durante o estágio fui confrontada com os mais variados pedidos de esclarecimento e dispensa de medicamentos para uso veterinário. Confesso que não foi nada fácil conseguir aconselhar corretamente medicamentos para afeções em galinhas, cães ou porcos, mas a equipa foi muito prestável e ajudou-me nessas situações.

5.8 Dispositivos Médicos [15]

Segundo o Decreto Lei n.º 273/95, de 23 de outubro, é definido como sendo um dispositivo médico; “qualquer instrumento, aparelho, equipamento, material ou artigo utilizado isoladamente ou combinado, incluindo os suportes lógicos necessários para o seu bom funcionamento, cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios e seja destinado pelo fabricante a ser utilizado em seres humanos para fins de diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença, de uma lesão ou de uma deficiência, estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico e controlo da concepção.”

A Farmácia Medeiros tem ao dispor dos seus utentes, de acordo as necessidades dos mesmos, uma grande variedade de dispositivos médicos. Salientam-se o material ortopédico, os artigos de penso, o material de sutura, o material tubular de diagnóstico, os produtos de higiene oral, os materiais para ostomizados e urostomizados, os produtos para alimentação e os testes de gravidez. Para além destes, há uma grande procura de meias de compressão, as quais devem ser encomendadas para cada utente após terem sido tiradas as devidas medidas. Deste modo é possível dispensar a cada utente o artigo que lhe é mais adequado.

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Sílvia Isabel Patrocínio Monteiro

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6. Dispensa de Medicamentos não Sujeitos a Receita Médica

O farmacêutico é o profissional de saúde que, pela sua acessibilidade, disponibilidade e credibilidade, assume uma posição privilegiada e de grande responsabilidade na informação ao doente e na contribuição para um uso racional dos medicamentos. Durante os três meses em que estagiei na Farmácia Medeiros, e, à semelhança da minha anterior experiência, foram várias as vezes que observei os utentes a dirigirem-se às farmácias antes de procurarem o médico. Nestas situações, o farmacêutico deve estar preparado para uma de duas situações; aconselhar corretamente uma automedicação ou estar na posição de realizar um ato de indicação farmacêutica. Tanto numa, como noutra situação, ele deve transmitir a informação adequando os termos verbais ao utente que encara e tentar ser o mais claro e sucinto possível, de forma a não sobrecarregar o utente com excesso de informação que o possa vir a confundir.

6.1 Automedicação [16][17][18]

A automedicação consiste na implementação de um tratamento farmacológico por iniciativa do doente. Advém, na maioria dos casos, do facto de o doente apresentar queixas de uma condição passageira e sem gravidade, e, de em sua consequência, assumir responsabilidade de escolha do tratamento, sem recorrer ao médico ou outro profissional de saúde. Para além deste facto, são diversos os motivos que levam ao recurso da automedicação por parte do utente, tais como; dificuldade em aceder aos serviços nacionais de saúde, maior informação, cedência perante a publicidade, a experiência passada perante situação idêntica, ou, até aconselhamento por parte de um amigo ou familiar. No entanto, é necessário ter sempre presente que a automedicação, envolve riscos e reservas, uma vez que nenhum medicamento é inofensivo. São variados os perigos reais de uma utilização errada de um medicamento não sujeito a receita médica ( dosagem excessiva, uso aleatório de qualquer medicamento presente na farmácia doméstica, desconhecimento de interações entre medicamentos prescritos e medicamentos não sujeitos a receita médica, etc). As situações que se revelam apropriadas para a automedicação são as gripes e resfriados, tosse e dores de garganta, rinites alérgicas periódicas, aftas, indigestão e prisão de ventre, vómitos e diarreias, hemorróidas e queimaduras solares, verrugas e dores musculares. O papel do farmacêutico nestes casos assume contornos muito mais importantes do que os que são apenas referentes à dispensa do medicamento. Ele adquire responsabilidade sobre os resultados terapêuticos obtidos e

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20 sobre o aconselhamento adequado à prática da automedicação ponderada. Devem

ser prestadas todas as informações acerca da posologia, da duração do tratamento e da possibilidade de aparecimento de efeitos adversos ou secundários. Por último, deve ser sempre referido que, em caso de subsistência dos sintomas, o utente deve consultar o seu médico.

6.2 Indicação Farmacêutica [16][17]

Indicação farmacêutica é o ato através do qual o Farmacêutico se responsabiliza pela seleção de um medicamento não sujeito a receita médica e/ou indicação de medidas não farmacológicas, com objetivo de prevenir, melhorar ou resolver transtornos de saúde menores e de curta duração que não estejam relacionados com manifestações clínicas de outros problemas de saúde do doente. Assim, durante o aconselhamento, o farmacêutico deve ter em atenção diferentes fatores, tais como: sinais físicos, sintomas do doente e sua localização, intensidade dos mesmos, duração da “queixa”, a frequência com que ocorre, existência de fatores de agravamento, interações com possíveis farmácos que o utente já tome, alergias medicamentosas, hábitos alimentares e de vida e história familiar.

Perante as informações recolhidas, o farmacêutico encontra-se apto a aconselhar ao utente medidas farmacológicas e/ou não farmacológicas a adoptar. A eleição do tratamento pelo farmacêutico deve basear-se em protocolos de indicação e guias farmacoterapêuticos, tendo sempre em mente a qualidade, eficácia, segurança e custo dos medicamentos. Uma vez escolhido o MNSRM, deve-se fornecer toda a informação necessária, nomeadamente posologia, interações, reações adversas e duração do tratamento. Sempre que o quadro clínico se apresentar menos positivo, o farmacêutico deve aconselhar, ou encaminhar diretamente, o doente para uma consulta médica.

Durante o meu estágio na Farmácia Medeiros, tive a necessidade de aconselhar medicamentos não sujeitos a receita médica e indicar posologias e duração de tratamentos. Sempre que possível tentava incentivar o doente a dar-me o

feedback sobre o resultado do tratamento e detetar situações de uso abusivo dos

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7. Dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

7.1 Prescrição Médica e sua Validação [9][19]

Tal como é enunciado pelo próprio nome,e como já referenciado anteriormente, são medicamentos vendidos exclusivamente nas farmácias e sob apresentação de receita médica válida. Em cada receita médica só podem ser prescritas até quatro embalagens, no máximo de duas por medicamento. No caso do medicamento prescrito ser de dose unitária, podem ser prescritas até quatro embalagens de cada medicamento. Existem tês tipos diferentes de receitas:

Tabela 2- tipos de Receitas

A prescrição deve ser feita, preferencialmente, por via electrónica e, não sendo tal possível, utilizando-se a receita manual sendo que a excepção deve ser devidamente assinalada na prescrição (inadaptação fundamentada do prescritor, prescrição ao domicílio; e até um máximo de 40 receitas médicas por mês), (Anexo VIII).

A Portaria n.º137-A/2012, de 11 de maio determina a promoção da prescrição por denominação comum internacional (DCI), nomeadamente através do controlo da prescrição e incentivo à utilização de medicamentos genéricos como elementos estruturantes para o uso mais racional do medicamento. Estabelece o regime jurídico a que obedecem as regras de prescrição de medicamentos, os modelos de receita médica e as condições de dispensa de medicamentos, e as obrigações de informação a prestar aos utentes. Assim, a prescrição deve conter a DCI de substância ativa, forma farmacêutica, dosagem e apresentação, devendo ser indicada a posologia. A prescrição pode, excecionalmente, incluir a denominação comercial do medicamento, nas situações em que não existam medicamentos de marca ou Medicamento Genérico comparticipados similares ao prescrito ou se o médico incluir justificações técnicas

Receita Renovável

•composta por três folhas (1ª,2ª e 3ª via), com validade de seis meses •destinadas a tratamentos prolongados • (Apêndice VI )

Receita Especial

•destinadas à prescrição de medicamentos que possam apresentar risco de abuso,

toxicodependência e usados para fins ilegais, tais como estupefacientes e psicotrópicos. • (Apêndice VII)

Receita Restrita

•medicamentos de utilização reservada a certos meios especializados

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22 quanto à impossibilidade de substituição do medicamento prescrito. Estas exceções

são de indicação obrigatória pelo prescritor em local próprio da receita e incluem: a) Prescrição de medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito, nomeadamente Ciclosporina, Levotiroxina sódica, etc ; Na prescrição deve ser mencionado Exceção a) art. 6.º;

b) Suspeita fundada e previamente reportada ao Infarmed, de intolerância ou reação adversa a um medicamento com a mesma substância ativa, mas identificado por outra denominação comercial; Na prescrição deve ser mencionado Exceção b) art. 6.º;

c) Prescrição de medicamentos destinados a assegurar a continuidade de um tratamento com duração estimada superior a 28 dias. Na prescrição deve ser mencionado Exceção c) art. 6.º - Continuidade de tratamento superior a 28 dias;

Durante a dispensa de um medicamento, o farmacêutico, deve verificar se a receita se encontra corretamente preenchida, de acordo com variados campos e critérios, tais como (Anexo IX):

 Número da receita e sua representação em código de barras;

 Local da prescrição e a respetiva representação em código de barras;

 Identificação do médico prescritor;

 Nome e número de utente incluindo as letras coreespondentes existentes no cartão de utente do serviço nacional de saúde ou número de beneficiário de outro subsistema;

 Indicação da entidadade financeira responsável e do regime especial de comparticipação;

 Nome do medicamento, através da denominação comum internacional;

 Dosagem, forma farmacêutica, número de embalagens, dimensão da embalagem e posologia;

 Data da prescrição;

 Assinatura do médico.

Depois de verificar a validade da receita, (ou seja, se está de acordo, ou não, com as exigências acima referidas, se está dentro da validade, se se apresenta sem estar rasurada e sem incorreções) o farmacêutico deve interpretar a mesma. Neste ponto ele deve avaliar a medicação a ser dispensada, verificar a existência de possíveis interações, verificar a possibilidade de ocorrência de alergias, perceber a real necessidade, ou não, do medicamento junto do utente e, em última instância, promover o uso racional do medicamento de forma a garantir qualidade, segurança e eficácia da farmacoterapia.

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23 atendimento ao balcão. Aí, tive o cuidado de verificar os campos técnicos das receitas,

identificar medicamentos prescritos, identificar diferentes organismos de comparticipação e perceber juntos dos utentes a adequação da medicação prescrita. Raras vezes me deparei com o não cumprimento desses requisitos, salientando apenas o surgimento de receitas fora do prazo de validade, o aparecimento de receitas com campos por preencher (mais frequentemente, a assinatura do próprio médico), ou mesmo um caso peculiar onde o mesmo utente apresentava uma receita com dois medicamentos com nomes comerciais diferentes para a mesma patologia. Perante estes casos, pude sempre contar com a equipa da farmácia Medeiros para qualquer esclarecimento.

7.2 Dispensa de Medicamentos

Após a validação e interpretação da receita, o farmacêutico deve proceder à recolha dos medicamentos, confirmando o que selecionou com o que está prescrito na receita. De forma a garantir que estava a ceder o medicamento correcto, eu conferia sempre os códigos dos produtos com os que constavam nas receitas. Quando não percebia a letra do médico prescritor, recorria frequentemente a algum membro da equipa, de forma a garantir que dispensava os medicamentos certos.

Sempre que exista autorização para tal por parte do utente, procedece-se à dispensa de medicamentos genéricos. No caso de não haver referência à dose ou tamanho da embalagem, deve ser dispensada a apresentação do medicamento que contenha menor dose e menos unidades. Por outro lado, sempre que haja discriminação do número de unidades a dispensar, deve-se dar sempre o mesmo número de unidades ou, no caso de não ser possível, dispensar em quantidade inferior à prescrita. Procedendo à venda, realiza-se a leitura ótica dos códigos de barras de todos os produtos e seleção do respetivo organismo comparticipante presente na receita. É necessário prestar muita atenção ao organismo responsável pela comparticipação e, verificar se há aplicação de comparticipação especial ao abrigo de alguma portaria específica, evitando erros na faturação na receita e pagamento. A frequência dos diferentes organismos varia entre as farmácias, sendo os organismos com os quais mais contactei, os seguintes:

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01 Serviço Nacional de Saúde (SNS)

48 Subsistema do Serviço Nacional de Saúde para reformados, com salário inferior ao

salário mínimo

49 Subsistema do Serviço Nacional de Saúde para reformados associado a portaria

específica

DS Subsistema do Serviço Nacional de Sáude associado ao protocolo de diabetes

46 Subsistema do Serviço Nacional de Saúde para Trabalhadores Migrantes

Tabela 3- Organismos mais frequentes na Farmácia Medeiros

Finalizada a venda, é impresso no verso da receita o documento de faturação respetivo, que deve ser assinado pela utente de forma a garantir que este recebeu os medicamentos e que teve opção de escolha, no caso de existirem medicamentos genéricos (Anexo X). Posteriormente, e após recolha dos dados pessoais do utente, é impressa uma fatura ou um simples recibo, que deve ser carimbada e rubricada pela pessoa que realizou a dispensa, e dada ao utente. No caso das vendas suspensas ou a crédito, não é emitida uma fatura mas sim um documento comprovativo dessa venda.

Uma venda suspensa consiste numa venda em que a receita não é totalmente fechada no momento. Isto acontece quando o doente não quer levar toda a medicação constante na receita ou quando o doente no momento não tem a prescrição médica mas precisa da medicação, procedendo à sua entrega logo que possível. Este tipo de vendas acontece em casos de medicamentos usados em tratamentos prolongados e de uso crónico, e em casos de utentes que possuam ficha de cliente na farmácia.

Uma venda suspensa a crédito efetua-se quando o utente leva a medicação, mas realiza o pagamento posteriormente, acontecendo tal, somente para utentes habituais e com ficha na farmácia.

A última e principal competência do farmacêutico para com o utente, antes que este deixe a farmácia, é transmitir de forma clara e simples, toda a informação necessária ao utente, promovendo uma correta adesão e sucesso da terapêutica. Deve-se explicar ao utente como e por quanto tempo irá administrar o medicamento, alertando-o para possíveis efeitos secundários, aquando da toma deste. Esta informação é geralmente cedida de forma oral, mas pode, sempre que necessário, ser complementada com informação escrita.

Durante o meu estágio foi-me solicitado, por diversas vezes, que escrevesse informações relativas aos medicamentos (posologias e indicações terapêuticas) no topo das embalagens. Neste aspeto considero o método adotado na Suíça um pouco

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25 mais positivo. O facto de as informações poderem ser cedidas, na sua forma escrita,

através de uma etiqueta especial que se cria eletrónicamente para o utente e que depois é colada sobre a caixa do medicamento, invalida a possibilidade de ocorrência de mal entendidos por parte do utente devidas à incompreensão da letra do farmacêutico.

7.3 Medicamentos Genéricos (MG) e Sistema de Preços de Referência [9][21][22][23]

Um medicamento genérico é considerado um medicamento com a “mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias activas, a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência haja sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados”. O medicamento genérico é comercializado sem nome comercial e deve ser identificado pela designação comum internacional, seguido da dosagem, forma farmacêutica e da sigla MG, que devem constar no acondicionamento secundário.

Numa tentativa de contrariar o aumento da despesa pública com a saúde foi introduzido um sistema de preços de referência na comparticipação dos medicamentos pelo Estado. Este sistema aplica-se aos medicamentos comparticipados incluídos em grupos homogéneos e que sejam prescritos e dispensados no âmbito do SNS. Estes grupos homogéneos representam um conjunto de medicamentos com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, forma farmacêutica, dosagem e via de administração, no qual se inclua, pelo menos, um medicamento genérico existente no mercado. Para cada grupo homogéneo é fixado um preço de referência que corresponde ao cálculo aprovado pelo Decreto Lei n.º 106-A/2010, de 1 de outubro, que corresponde à média dos cinco medicamentos mais baratos existentes no mercado que integrem cada grupo homogéneo, e é sobre este valor que o estado vai efetuar a comparticipação.

Assim, estabelecem um valor específico sobre o qual se aplica a comparticipação pelo Estado, sendo este subtraído ao preço de venda ao público do medicamento em questão. De três em três meses os preços dos medicamentos são revistos, o que pode implicar uma alteração na sua comparticipação. Este sistema permite equilibrar os preços dos medicamentos, pois a fixação de um valor máximo sobre a qual incide a comparticipação, incentiva a descida dos preços mais elevados, de forma a competirem com os outros.

Durante o meu estágio, pude claramente observar, que a maioria dos utentes já prefere os medicamentos genéricos em detrimento dos de marca. No entanto, e não

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Sílvia Isabel Patrocínio Monteiro

26 esquecendo o meio sociocultural em que a Farmácia Medeiros se encontra inserida, e

sendo a maioria dos seus utentes idosos polimedicados de há vários anos, observa-se por vezes, um septicismo relativamente à eficácia dos génericos. Deste modo, alguns deles continuam a preferir levar consigo as marcas a que já estão familiarizados.

7.4 Psicotrópicos ou Estupefacientes [24][25][26][27]

Os psicotrópicos e estupefacientes atuam no sistema nervoso central provocando alterações psíquica depressora, deviante ou mesmo estimulante. Estão muito presentes nas farmácias de oficina, por estarem indicados no tratamento de várias doenças psíquicas, oncológicas e por estarem presentes em algumas formulações de analgésicos ou antitússicos. Dado o risco de uso para fins ilícitos, estão sujeitos a regras especiais no que respeita ao circuito do medicamento constantes no Decreto Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro, posteriormente ratificado pelos Decreto-Regulamentar n.º 61/94 e Decreto Regulamentar n.º 28/2009 de 12 de outubro. Ao abrigo deste Decreto Lei, estão sujeitos à legislação todos os medicamentos e substâncias presentes nas tabelas I, II, III, IV, V e VI.

Estes medicamentos são adquiridos aos fornecedores habituais, juntamente com o resto das encomendas, e, na sua entrega, vem acompanhados de uma guia de remessa devidamente numerada, separada e em duplicado, exclusiva da requisição de psicotrópicos ou estupefacientes (Anexo XI). Estas guias devem ser imediatamente postas de parte, para serem conferidas e posteriormente dadas ao Diretor Técnico, que irá autenticar as mesmas com a sua assinatura, o seu número da ordem e o carimbo da farmácia. O original da guia terá que ser preservado na farmácia por um período mínimo de três anos, enquanto que os duplicados são reenviados para os armazenistas, como prova de sua receção.

Ao abrigo da Portaria n.º 198/2011, de 18 de maio, estes medicamentos passaram a ser obrigatoriamente prescritos em receitas “normais” eletrónicas. Nestas receitas não podem constar outros medicamentos que não pertencam às substâncias referentes nas anteriores tabelas. Aquando da dispensa do medicamento, o sistema informático requer o preenchimento de campos específicos e obrigatórios como nome e morada do doente; nome do médico prescritor; nome, idade, morada, número e data de emissão do bilhete de identidade /cartão único do adquirente; e n.º da receita. Finalizada a venda, é impresso o documento de faturação no verso da receita e um documento de psicotrópicos (Anexo XII) para anexar à fotocópia da mesma.

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Sílvia Isabel Patrocínio Monteiro

27 Todos os meses, se imprime um documento com as entradas, e outro, com as saídas

de psicotrópicos, e enviam-se ao INFARMED os duplicados de todas as receitas e das listagens de saída destes medicamentos do mês anterior. Trimestralmente, são emitidos dois exemplares dos registos de entrada e de saída, ficando um na farmácia e sendo o outro enviado ao INFARMED.

8. Medicamentos e Produtos Manipulados

[3][9][28]

Segundo o Decreto Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto, define-se como fórmula magistral “qualquer medicamento preparado numa farmácia de oficina ou serviço farmacêutico hospitalar, segundo uma receita médica e destinado a um doente determinado”.

Por outro lado, e segundo o mesmo decreto, define-se um preparado oficinal, como sendo; “qualquer medicamento preparado segundo as indicações compendiais de uma farmacopeia ou de um formulário oficial, numa farmácia de oficina ou em serviços farmacêuticos hospitalares, destinado a ser dispensado directamente aos doentes assistidos por essa farmácia ou serviço”. Estes medicamentos manipulados devem ser realizados respeitando as boas práticas de fabrico de manipulados e sob a responsabilidade do Diretor Técnico da farmácia.

Com o desenvolvimento cescente da indústria química e farmacêutica, segundo padrões de qualidade e normalização dificilmente suportados por uma farmácia comunitária, a sua preparação tem vindo a decair. No entanto, esta continua a apresentar vantagens em situações em que se deve dar privilégio à individualização e personalização da terapêutica. A maioria destes medicamentos destinam-se assim, à aplicação cutânea, a grupos de doentes com condições de administração e farmacocinéticas alteradas e à obtenção de preparados com adequação de doses.

O preço do manipulado é posteriormente calculado, segundo o que consta na Portaria n.º 769/2004, de 1 de julho, e tem em conta o valor dos honorários, o valor das matérias-primas e dos materiais de embalagem.

Durante o meu estágio na Farmácia Medeiros tive oportunidade de observar a preparação de alguns manipulados e de realizar uma fórmula magistral, preparada com uma receita médica específica, para um doente específico (Anexo XIII).

9. Outros Cuidados de Saúde e Serviços prestados na Farmácia

[29] A Farmácia Medeiros tem ao dispor dos seus utentes, enquadrada na Portaria

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Sílvia Isabel Patrocínio Monteiro

28 n.º 1429/2007, de 2 de novembro, um conjunto de serviços farmacêuticos. De entre

estes serviços, salientam-se a determinação do peso, a determinação da altura, o cálculo do índice de massa corporal (IMC); a determinação da pressão arterial; a determinação da glicémia; a determinação do colesterol total e dos triglicerídeos; a administração de vacinas não incluídas no plano nacional de vacinação e a disponibilização de um serviço de “consultas médicas” nas áreas da Nutrição, Osteopatia e Podologia.

9.1 Determinação de Parâmetros Fisiológicos e Bioquímicos[30][31][32]

Entende-se por Pressão Arterial a força que o sangue exerce contra as paredes dos vasos. A hipertensão arterial é definida clinicamente, como a elevação persistente da pressão arterial, acima dos valores considerados normais.

Classificação Pressão Sistólica (mmHg) Pressão Diastólica (mmHg)

Normal 120-129 80-84

Normal elevada 130-139 85-89

Hipertensçao grau I 140-159 90-99

Hipertensão grau II 160-179 100-109

Hipertensão grau III ≥ 180 ≥110

Tabela 4- Classificação da Pressão arterial

A realização da medição da pressão arterial deve ser realizada em silêncio e após a pessoa ter repousado uns minutos. O utente não deverá ter fumado, bebido café ou bebidas alcóolicas e não ter praticado exercício antes da medição deste parâmetro, uma vez que isto irá alterar os valores obtidos. O farmacêutico deve assumir uma atitude interventiva na prevensão da hipertensão aterial, alertando para a manutenção de uma alimentação saudável, a redução do consumo de álcool e sal, a cessação tabágica, o controlo de peso e a prática de exercício físico.

A Diabetes é uma doença crónica em que o organismo não produz ou não usa correctamente a insulina, hormona necessária para a conversão do açúcar em energia, havendo acumulação de glucose no sangue. A determinação da Glicemia, indicada para o rastreio, deteção e controlo da hiperglicemia associada à Diabetes mellitus, dtermina-se usando-se um aparelho próprio de leitura (One Touch®, Freestyle®) e tiras específicas para este parâmetro. Isto realiza-se com uma amostra de sangue recolhida através de punção capilar. A pessoa deve ser questionada se

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29 está em jejum ou não.

Classificação Glicémia em jejum (mg/dl) Glicémia pós-pandrial (mg/dl)

Diabetes Mellitus ≥ 126 ≥ 200 Anomalia da tolerância à glicose < 126 160 < [glicose] < 220 Anomalia da glicémia em jejum 110< [glicose] < 126 < 160

Tabela 5- Valores de diagnóstico da Diabetes Mellitus

A Dislipidémia caracteriza-se por valores elevados de lípidos no sangue. O colesterol e os triglicerídeos são dois dos principais lípidos, cujo aumento contribui para o desenvolvimento de doença coronária.

Para a realização destes testes, procede-se à recolha de uma amostra de sangue por punção capilar que posteriormente é colocada numa tira reativa e lida em aparelho próprio. O resultado é obtido decorridos poucos minutos. Para a determinação do colesterol o utente deve estar em jejum.

Parâmetro Valores de referência (mg/dl)

Colesterol total < 190

HDL-colesterol > 49 no homem

>46 na mulher

LDL- colesterol < 115

Triglicerídeos < 150

Tabela 6- Avaliação do perfil lipídico

Após a determinação dos valores e sua interpretação, cabe novamente ao farmacêutico, aconselhar o utente a adoptar medidas não farmacológicas de forma a melhorar a sua qualidade de vida. Este deve aconselhar o utente a adotar um estilo de vida saudável, com redução do consumo de gorduras (principalmente saturadas), redução do consumo de bebidas alcóolicas, aumento da ingestão de legumes e frutas; redução tabágica e aumento da pratica de exercício físico. No caso de o utente já estar medicado, o farmacêutico, deve incentivar o cumprimento da terapêutica.

9.2 Administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação

Tal como contemplado na portaria anterirmente referida, as farmácias podem prestar serviços de enfermagem nomeadamente: administração de vacinas não

Referências

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