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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Cruz Viegas e no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

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Academic year: 2021

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Farmácia Cruz Viegas

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Cruz Viegas

07 de Março de 2016 a 09 de Julho de 2016

Francisca de Barros Bastos Gaudêncio e Silva

Orientador: Dr.(a) Maria Teresa Viegas

______________________________________

Tutor FFUP: Prof. Doutor Paulo Lobão

______________________________________

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Declaração de Integridade

Eu, Francisca de Barros Bastos Gaudêncio e Silva, abaixo assinado, nº 201302058, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de ______________ de ______

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Agradecimentos

Queria começar por agradecer à Dra. Teresa Viegas pela oportunidade de estagiar nesta farmácia com quase 90 anos, e por me ter ensinado a valorizar a profissão e a importância da boa formação de um farmacêutico, foi um enorme prazer.

Ao Dr. Cláudio Cruz, pela paciência para ensinar, pelo apoio em todas as atividades realizadas e pela experiência partilhada.

À Dra. Mariana pela possibilidade de acompanhamento diário do seu desempenho que me permitiu aprender bastante sobre o atendimento ao público e pela partilha de conhecimentos.

À Isilda e ao Gonçalo pela companhia diária na farmácia.

A todos, pelo ótimo ambiente vivido diariamente na farmácia, pela oportunidade de acompanhamento do atendimento personalizado e pela amizade.

À minha família pelo apoio constante e às minhas amigas pela força transmitida durante o período de estágio.

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Resumo

Durante quatro meses tive a oportunidade de realizar o estágio em farmácia comunitária na Farmácia Cruz Viegas, em Coimbra. Durante este tempo foi possível compreender a importância do papel do farmacêutico no dia-a-dia de uma farmácia e como a aplicação dos conhecimentos adquiridos durante o curso constituem fortes alicerces para a consolidação de todo um entendimento prático complementado pelo estágio curricular.

Sendo a Farmácia Cruz Viegas a típica farmácia de “bairro” foi possível o estabelecimento de um contacto muito próximo com os utentes, transcendendo o ponto de vista estritamente técnico, disponibilizando uma palavra “amiga” sempre aguardada. Coincidiu com o período de estágio a introdução da modalidade da receita desmaterializada, iniciada no dia 1 de Abril. Na sequência desta nova modalidade foi necessária a “educação” da população que frequenta a farmácia. Porque mais distantes das novas tecnologias, a modalidade gerou dúvidas e alguma confusão num nicho de utentes mais idosos. Foi possível participar em todas as atividades desenvolvidas na farmácia, desde a medição de parâmetros como glicémia ou colesterol total (CheckSaúde), à alteração da disposição dos produtos na montra e em exposição, realização de encomendas, à conferência do receituário e fecho da faturação com envio das receitas para o INFARMED.

Os projetos desenvolvidos seguiram o pressuposto do “utente habitual” sendo implementado o Acompanhamento Farmacêutico para uma população-amostra, optando-se por três doenças crónicas, de forma a entender as vantagens deste serviço no atendimento de utentes que são já clientes há diversos anos. Para complementar o acompanhamento farmacêutico, foram elaborados folhetos específicos para cada patologia. Cada um possuía uma breve explicação da patologia, de como é realizado o tratamento, as possíveis complicações derivadas da patologia, uma tabela com valores de referência e monitorização (no caso de patologias onde é necessária monitorização de determinados parâmetros), dicas para uma alimentação saudável (permite um estilo de vida saudável e o controlo da patologia) e exercício físico mais adequado ao estado de saúde do utente.

Foi realizada também uma formação interna subordinada ao tema Acompanhamento Farmacêutico de forma a possibilitar a continuação da sua implementação por parte dos restantes colaboradores da farmácia. Por fim, foram desenvolvidos esquemas explicativos da preparação de colonoscopias para os diferentes medicamentos existentes para o efeito, como resposta à dificuldade denotada da compreensão desta preparação por parte de utentes mais idosos.

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Abreviaturas

ADO – Antidiabéticos Orais

ADSE - Direção Geral de Proteção Social aos Funcionários e Agentes da Administração Pública

AIM – Autorização de Introdução no Mercado ANF – Associação Nacional de Farmácias BPF – Boas Práticas Farmacêuticas DB – Doença de Behçet

DCI – Denominação Comum Internacional DCV – Doença Cardiovascular

DGS – Direção Geral de Saúde DM – Diabetes Mellitus

DT – Diretora Técnica

FGP – Formulário Galénico Português HTA – Hipertensão Arterial

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica

MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica OF – Ordem dos Farmacêuticos

OMS – Organização Mundial de Saúde PA – Pressão Arterial

PV – Prazo de Validade

PVP – Preço de Venda ao Público PVA – Preço de Venda ao Armazenista PVF – Preço de Venda à Farmácia SI – Sistema Informático

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Índice

Parte I ... 1

1. Introdução ... 1

2. Farmácia Cruz Viegas ... 2

3. Gestão Farmacêutica ... 3 3.1 Sistema Informático... 3 3.2 Gestão de stocks ... 4 3.3 Aprovisionamento ... 4 3.4 Receção de Encomendas ... 5 3.5 Reposição de stocks ... 6

3.6 Controlo de Prazos de Validade ... 6

3.7 Devoluções ... 7

3.8 Qualidade ... 8

4. Dispensação de Medicamentos e outros Produtos Farmacêuticos ... 9

4.1 Medicamentos não sujeitos a receita médica ... 10

4.2 Medicamentos sujeitos a receita médica ... 10

4.2.1 Estupefacientes e Psicotrópicos ... 11

4.2.2 Comparticipação de Medicamentos ... 12

5. Receituário e Faturação ... 13

5.1 Receita Eletrónica e manual ... 14

5.2 Receita Desmaterializada ... 15 6. Medicamentos Manipulados ... 17 6.1 Manipulação ... 17 6.2 Rotulagem e Acondicionamento ... 17 6.3 Cálculo do Preço ... 18 7. Cuidados Farmacêuticos ... 18

7.1 Medição da Pressão Arterial ... 19

7.2 Medição de Parâmetros Bioquímicos – Glicémia, Colesterol Total, Triglicerídeos ... 19

8. Outros Serviços ... 19

8.1 Rastreio de Podologia pela Ratiopharm ... 19

8.2 Consultas de Nutrição pela dieta+ ... 20

8.3 Limpezas de pele pela Anjelif ... 20

8.4 Valormed ... 20

8.5 Administração de Vacinas, Injeções ... 20

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10. Cronograma das Atividades Realizadas ... 22

11. Considerações finais ... 23

Parte II ... 24

A. Impacto da implementação do projeto-piloto do Acompanhamento Farmacêutico de uma população-amostra com três diferentes doenças crónicas ... 24

1. Introdução ... 24

1.1 Diabetes Mellitus tipo 2 ... 25

1.2 Hipertensão Arterial ... 28

1.3 Doença de Behçet ... 29

2. Acompanhamento Farmacêutico ... 31

3. Discussão e Conclusão ... 31

B. Realização de Folhetos Informativos para cada um dos utentes da mesma população-amostra, como complemento ao Acompanhamento Farmacêutico ... 32

1. Introdução ... 32

2. Folheto Hipertensão Arterial ... 34

3. Folheto Diabetes Mellitus tipo 2 ... 35

4. Folheto Doença de Behçet ... 36

5. Conclusão ... 37

C. Formação Interna sobre Acompanhamento Farmacêutico... 37

1. Introdução ... 37

2. Organização da Formação ... 37

3. Conclusão ... 38

D. Apoio ao utente: Indicações Esquemáticas para realização de Colonoscopias 38 1. Introdução ... 38

2. Esquemas Realizados ... 39

3. Conclusão ... 40

Bibliografia ... 41

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Índice de Figuras

Figura 1 – Algumas patologias que possuem comparticipações especiais, representação

de parte da tabela presente no site do INFARMED (13). ... 12

Figura 2 – Rótulos da Farmácia Cruz Viegas para os manipulados produzidos na mesma. ... 18

Figura 3 - Parte exterior e interior, respetivamente, do folheto da hipertensão arterial. ... 34

Figura 4 – Parte exterior e interior, respetivamente, do folheto da diabetes mellitus tipo 2. ... 35

Figura 5 - Parte exterior e interior, respetivamente, do folheto da doença de behçet. . 36

Índice de Anexos

Anexo I - Antiguidades Farmacêuticas ... 45

Anexo II - Exemplo de Recibo para enviar para entidade de comparticipação ... 46

Anexo III - Receita Manual, Eletrónica e Desmaterializada ... 47

Anexo IV – Verbete, Fatura e Relação Resumo de Lotes ... 50

Anexo V - Formulário Galénico - Exemplo ... 53

Anexo VI - Certificado de Presença – Formação Gideon Richter ... 54

Anexo VII - Declaração de Consentimento Informado – Acompanhamento Farmacêutico ... 55

Anexo VIII - Ficha de Acompanhamento Farmacêutico ... 56

Anexo IX - Folheto Hipertensão Arterial ... 57

Anexo X - Folheto Diabetes Mellitus tipo 2 ... 59

Anexo XI - Folheto Doença de Behçet ... 61

Anexo XII - Formação Interna ... 63

Anexo XIII - Esquemas Colonoscopias ... 65

Índice de Tabelas

Tabela 1- Valores para definição dos estádios de HTA (35). ... 28

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Parte I

1. Introdução

Segundo o Estatuto da Ordem dos Farmacêuticos, o princípio geral da deontologia farmacêutica apoia-se no pressuposto de “O exercício da atividade farmacêutica ter como objetivo essencial o cidadão em geral e o doente em particular”. Desta forma, e para a compreensão concreta desta caracterização, reconhece-se a importância da concretização do estágio curricular como etapa final do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. No decurso destes cinco anos, partiu-se da compreensão dos princípios e bases da ciência para, numa fase final suceder a aplicação destas bases num contexto prático (1).

Como é referido pela Ordem dos Farmacêuticos (OF), a valorização da profissão de farmacêutico tem sofrido bastantes alterações nos últimos anos, sendo muitas vezes subvalorizada. No entanto, com a preparação do farmacêutico como especialista do medicamento este possui o conhecimento necessário para prestar aconselhamento sobre o seu uso racional e correto (2, 3). Esta ideia vai de encontro à definição de farmacêutico pelo INFARMED, Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, referindo que este tem um papel essencial na promoção da saúde, informação e uso racional do medicamento, salvaguardando a Saúde Pública.

O Estatuto da Ordem dos Farmacêuticos expõe que o ato farmacêutico é de exclusiva competência e responsabilidade dos farmacêuticos e, sendo este essencial para a prática diária de uma farmácia de oficina, é referida, na Lei nº 131/2015, de 4 de setembro, a obrigatoriedade de existir sempre um farmacêutico durante o horário de funcionamento de uma farmácia (1). Este estágio possibilitou alargar perspetivas e perceber a aplicabilidade concreta do conhecimento farmacêutico na farmácia de oficina e entender a necessidade da presença de um farmacêutico no atendimento direto ao público, aconselhando de forma pertinente, apesar da existência de outros profissionais no exercício da atividade diária da farmácia, como técnicos de farmácia ou auxiliares de técnicos. É importante perceber concretamente, na fase inicial da carreira farmacêutica, o papel do farmacêutico, de forma a valorizar a profissão e a honrar o bom nome do farmacêutico, tal como presente no Código deontológico da profissão (1).

É importante não esquecer que o farmacêutico é o último profissional de saúde a contactar com o utente, sendo cruciais todas as informações partilhadas quanto ao uso correto da terapêutica (3).

O estágio em farmácia comunitária foi possibilitado pela Farmácia Cruz Viegas, em Coimbra. Este decorreu durante quatro meses, de 7 de Março a 8 de Julho, após os

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dois meses de estágio realizados em farmácia hospitalar, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

Neste relatório de estágio irão ser exploradas não apenas as atividades desenvolvidas durante o período de estágio como também o papel do farmacêutico no atendimento ao público e na atividade diária da farmácia.

Somos diariamente confrontados com o facto de a venda de medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) ser também realizada noutros locais que não as farmácias, como por exemplo os supermercados e as para-farmácias. Desta forma, no decorrer do relatório será referida a diferença legal e a diferença a nível da dispensa dos vários medicamentos existentes nas farmácias, segundo a classificação utilizada pelo INFARMED (4).

Numa primeira parte do relatório serão descritas as atividades diárias decorridas na farmácia e expostos os conhecimentos adquiridos durante o período de estágio. Na segunda parte evidenciam-se os projetos desenvolvidos no âmbito do estágio na farmácia, sendo que será contextualizada a necessidade da sua implementação e a sua importância tanto para a farmácia como para os utentes. O acompanhamento farmacêutico é cada vez mais um investimento por parte das farmácias devido à crescente valorização do ato farmacêutico. Nos tempos que correm nem todas as pessoas têm possibilidade económica para suportar os custos médicos e, desta forma, recorrem muitas vezes ao farmacêutico.

2. Farmácia Cruz Viegas

A Farmácia Cruz Viegas, é propriedade da Drª Maria Teresa Viegas, neta do fundador, e simultaneamente Diretora Técnica (DT).

A Farmácia Cruz Viegas é uma farmácia com longo historial, tendo quase 90 anos de existência. Na equipa é dada prevalência à existência de farmacêuticos assumindo, claramente a valorização do ato farmacêutico. A equipa é constituída pela DT, o farmacêutico substituto, uma farmacêutica, uma assistente de técnica e um gestor. Num percurso com inicio em 1927, a farmácia era inicialmente um laboratório farmacêutico, onde concretizavam uma grande diversidade de preparações. Devido a este passado, a farmácia possui neste momento autênticas “relíquias farmacêuticas” que nos transportam para um tempo onde a prática farmacêutica era realizada de forma completamente distinta. Entre estas relíquias encontram-se livros copiadores de receitas, onde eram registadas todas as preparações realizadas diariamente, identificando o número do atendimento, o médico que prescreveu e a preparação

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farmacêutica. Algumas destas relíquias podem ser consultadas no anexo I, ou mesmo no Centro de Documentação Farmacêutica da Ordem dos Farmacêuticos (5).

A farmácia mantém a mesma localização desde o seu início,1927, a Rua do Brasil, onde habitam, na maioria, pessoas de idade. Estes frequentam habitualmente a farmácia, tendo já uma relação de muita cumplicidade com todos os colaboradores. No entanto, nos últimos meses, notou-se um aumento crescente da percentagem de jovens estudantes universitários a habitar a rua e a criarem igualmente uma relação de confiança com os profissionais da Farmácia Cruz Viegas.

3. Gestão Farmacêutica

Durante todo o período de estágio houve a constante preocupação na clarificação do funcionamento geral da farmácia, por forma a existir uma preparação total a nível profissional, para que, no final do estágio, possuíssemos exaustivamente os conhecimentos necessários para iniciar a carreira profissional em farmácia de oficina. A área da gestão farmacêutica é das áreas mais exploradas nos últimos tempos pois há a necessidade de possuir mais conhecimentos relativos ao controlo de todos os parâmetros respeitantes às transações financeiras, de forma a garantir melhores e fundamentados investimentos. Tive a oportunidade de conhecer e executar todas as tarefas respeitantes à gestão de uma farmácia, conhecimentos estes essenciais para um futuro profissional como farmacêutico.

3.1

Sistema Informático

O Sistema Informático (SI) utilizado é o Sifarma 2000, a última versão do software, fornecido pela Associação Nacional de Farmácias (ANF), executado pela Glintt.

No primeiro semestre do quinto ano de curso, tive a oportunidade de frequentar um curso de iniciação ao Sifarma, fornecido pela ANF, onde contactei com todas as funcionalidades do sistema informático, para que fosse melhorada a performance no atendimento ao utente, com a utilização do acompanhamento farmacêutico.

Apesar de possuir algum conhecimento relativo ao funcionamento do Sifarma, o estágio foi crucial para a transformação dos conhecimentos teóricos em práticos e perceber realmente como se concretiza a gestão da farmácia e a venda de medicamentos ou produtos farmacêuticos, quer sejam vendas suspensas, com comparticipação ou não, e até por rebate de pontos. Foi essencial o acompanhamento do atendimento desde praticamente o primeiro dia de estágio, tendo apenas realizado atividades no Sifarma quando me senti segura para tal.

De forma a facilitar a identificação de um medicamento, é utilizado o código nacional do medicamento, como é referido no Artigo 13º do Decreto-Lei nº176/2006, de 30 de

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Agosto, Estatuto do Medicamento, de forma a aumentar a rapidez de identificação, autenticação e rastreabilidade (6).

3.2

Gestão de stocks

A gestão de stocks está sob a responsabilidade do farmacêutico substituto, mas também de um gestor. Esta é feita através do sistema informático presente na farmácia, estando o stock máximo e mínimo definidos, para cada medicamento ou produto farmacêutico. Estes limites, máximo e mínimo, permitem que seja realizada uma encomenda automática quando chegar ao chamado “ponto de encomenda” ou stock mínimo, necessitando esta sempre de aprovação por parte do responsável pelas compras. Desta forma, é gerada, diariamente, uma lista de todos os produtos que são necessários encomendar e o respetivo número de unidades pretendidas. São geradas listas distintas, consoante o distribuidor para a qual é habitual pedir determinado produto, sendo que esta atribuição depende dos preços praticados ou dos descontos que esse distribuidor realiza.

No que refere aos produtos sazonais, a sua gestão é realizada, tal como o nome indica, de forma diferente consoante a estação do ano. A necessidade em adquirir determinados medicamentos difere com as variações do tempo e as condições atmosféricas.

Durante o dia, são também realizadas encomendas excecionais. Respondendo a um pedido em particular de algum utente.De realçar que dada a sua regularidade são efetuadas diversas diariamente. É necessário cuidado extremo no que refere à gestão de stocks, e ter em conta a questão do número médio de embalagens vendido, e ponderar a razoabilidade económico-financeira e técnica da encomenda.

3.3

Aprovisionamento

A farmácia Cruz Viegas não pertencente a nenhum grupo de farmácias mas, no que refere aos armazenistas, inclui-se num grupo de compras, que utiliza a Empifarma como plataforma logística, que guarda o stock de cada farmácia e realiza entregas diárias. O outro armazenista ao qual a farmácia recorre mais é a Cooprofar.

São utilizados outros distribuidores para pedidos extraordinários, como a Plural ou mesmo através do contacto direto com os laboratórios que produzem os medicamentos ou produtos farmacêuticos. A exemplo, medicamentos como o Megestrol que são fornecidos diretamente do laboratório à farmácia, por ter ocorrido o precedente de casos de falsificação. Esta venda direta do fabricante à farmácia é permitida pelo Estatuto do Medicamento, Decreto-Lei 176/2006, de 30 de Agosto (6).

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Como se trata de uma “farmácia de bairro”, todos os medicamentos de que, à partida, venham a necessitar os utentes habituais frequentadores da farmácia estarão acautelados no stock. Da mesma forma, se salvaguarda o stock para os medicamentos cujo número de unidades vendidas é habitualmente mais elevado.

Durante o meu estágio ocorreu, por diversas vezes, determinados medicamentos encontrarem-se esgotados ou a sua distribuição ser realizada apenas diretamente pelo laboratório que os fabrica. O aprovisionamento destes produtos é efetuado de forma distinta. Nestes casos o contacto é realizado, geralmente, de forma direta para o laboratório responsável pelo fabrico do medicamento sendo pedidas as unidades necessárias.

3.4

Receção de Encomendas

A receção de encomendas tem que ser efetuada com seriedade, sendo uma ação sobre a qual recai uma grande responsabilidade. Aquando a entrada dos medicamentos no sistema, são confirmados e corrigidos os prazos de validade e os preços de faturação efetuado pelo armazém à farmácia. Esta confirmação é de importância extrema visto que, em quase todas as encomendas existem descontos associados, sendo esta uma das principais razões pela qual é escolhida uma determinada distribuidora pela farmácia, e muitas vezes este desconto não é respeitado. É rapidamente calculado, através do preço de faturação à farmácia e da percentagem que corresponde ao desconto efetuado, corresponde ao desconto acordado entre ambas as partes, farmácia e distribuidora.

Também a verificação e alteração dos prazos de validade tem de ser realizada de uma forma cuidada visto as listas dos prazos de validade, que são geradas automaticamente pelo sistema para que haja devolução de produtos, se basearem nas validades que foram introduzidas no sistema aquando da receção das encomendas.

Para cada fornecedor, existe uma fatura associada a cada uma das encomendas, possuindo esta, para além dos dados identificadores de ambas as empresas, o número de unidades pedidas, o número de unidades recebidas, e respetivos preços (Preço de Venda ao Público, PVP; Preço de Venda ao Armazenista, PVA; Preço de Venda à Farmácia, PVF), sendo que a faturação chega sempre em duplicado.

A receção é por encomenda, sendo iniciada através da identificação da fatura, através do número da mesma, e a introdução do valor total faturado. Após a identificação da encomenda é iniciada a receção propriamente dita dos produtos. Para cada item, é verificado: o PVP, caso tenha inscrito na embalagem; a validade, sendo esta apenas alterada caso o produto a receber tenha uma validade mais curta que a presente em stock ou quando o stock na farmácia está a zero; o preço de faturação à

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farmácia e se o stock está negativo. Caso o stock esteja negativo, significa que se tratou de uma encomenda com venda prévia, significando que este produto não poderá ser armazenado em conjunto com os restantes.

Para a receção dos estupefacientes e psicotrópicos é necessário maior atenção. Estes vêm sempre da distribuidora acompanhados de um documento que identifica o pedido e a receção dos mesmos, identificando a distribuidora, que é a requisição de psicotrópicos. Este documento vem sempre em duplicado, voltando um destes, no final de cada mês, para cada uma das distribuidoras, de forma a garantir que é realizado um controlo rígido da movimentação deste tipo de medicamentos.

3.5

Reposição de stocks

Importa que a reposição de stocks seja feita o mais prontamente possível visto, hoje em dia, as farmácias possuírem um reduzido stock no que respeita a maioria dos medicamentos. No entanto, num tipo de medicamentos cujo número de vendas seja superior ao normal, justificam um stock proporcional, isto é, mais elevado. É o que acontece com os medicamentos sazonais, cujo volume de vendas em determinadas estações do ano justificam um maior investimento de forma a possuir um stock de maior envergadura para satisfazer as necessidades de uma maior procura.

No entanto, apesar de continuar a ser importante a existência de produtos em quantidade suficiente para garantir as vendas, com as novas receitas desmaterializadas, há a vantagem de a farmácia poder vender apenas as unidades que tem, não perdendo a venda da totalidade dos medicamentos prescritos. Esta nova metodologia vem trazer bastantes benefícios para as farmácias mais pequenas que até então perdiam vendas por falta de alguns medicamentos em stock nas quantidades que eram prescritas.

A reposição de stock, na Farmácia Cruz Viegas, é feita todos os dias, durante a tarde, pois há a receção de encomendas a partir do inicio da tarde e, por vezes de manhã, quando é realizada a receção já ao final do dia anterior. É importante participar na reposição de stock de forma a perceber a organização estrutural da farmácia e conhecer a totalidade dos medicamentos e produtos farmacêuticos.

3.6

Controlo de Prazos de Validade

O controlo do prazo de validade (PV) é efetuado através de controlo físico, seguindo uma lista gerada automaticamente pelo Sifarma onde indica os medicamentos que estarão próximos do final da data de validade, sendo habitualmente gerada uma lista mensal para os prazos a expirar nos meses seguintes, sendo estes definidos conforme as necessidades.

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Como referido anteriormente, os PV são introduzidos ou modificados no momento em que decorre a receção de encomendas, sendo importante a verificação dos prazos inscritos na embalagem.

É importante que seja efetuado um controlo rigoroso dos PV dos medicamentos pois é possível a devolução dos mesmos de forma a que a farmácia não percaa totalidade do investimento realizado nesses medicamentos. No entanto, noutros produtos como por exemplo os dermocosméticos, a devolução depende dos produtos em questão e do laboratório para onde é efetuada a devolução dos que se encontram a expirar o prazo de validade.

Os produtos dermocosméticos e de higiene, são produtos para os quais muitas vezes não se consegue efetuar devolução e, por isso, é necessário atenção especial pois o investimento realizado neste tipo de produtos, cujo preço pode ser bastante elevado, tem de ser pensado estrategicamente de forma a garantir que ocorrerá a venda dos mesmos, caso contrário poderá ser dinheiro perdido para a farmácia.

Outro facto que torna essencial um controlo rigoroso dos PV são as inspeções por parte da autoridade nacional, o INFARMED, nunca podendo estar disponíveis na farmácia produtos fora do prazo ou quase a expirar, e caso existam produtos dentro da farmácia nesta situação, é necessário que esteja devidamente identificado como devolução ou quebras de forma a não transgredir as normas.

3.7

Devoluções

Na sequência do referido anteriormente, as devoluções dos medicamentos são uma importante parte para a gestão da farmácia visto que a maioria dos medicamentos cujo PV se aproxima do termo é passível de devolução. Porque todas as farmácias se encontram a passar por uma fase complicada a nível financeiro, todas as oportunidades de reduzir custos são bem-vindas.

Desta forma, após serem geradas as listas dos prazos de validade, são recolhidas todas as unidades que se encontram com o PV a expirar, sendo sempre verificado o número de unidades a retirar e as que permanecem no stock, de forma a efetuar correções de stock regularmente. Estes produtos a expirar, são colocados em recipientes, devidamente identificados para o efeito pretendido, seja este devolução ou quebra, e posteriormente, são enviados para os respetivos laboratórios ou armazenistas.

Para que a devolução seja possível é necessário prestar atenção aos prazos de validade variando estes em função do tipo de produto. Regra geral, são aceites dois meses antes de expirar para as papas, dois meses para os medicamentos e seis meses para produtos veterinários. No que se refere à dermocosmética, a possibilidade de

(17)

devolução depende do laboratório, da relação e condições para com a farmácia. Contudo, nesta área, a devolução apresenta-se sempre difícil.

Caso sejam laboratórios cujos delegados contactam diretamente a farmácia, a devolução geralmente é realizada diretamente ao laboratório ao invés dos restantes medicamentos sem contacto direto com o laboratório, são os armazenistas que tratam de realizar a devolução, no entanto apenas devolvem o dinheiro após receberem o respetivo pagamento do laboratório.

Na devolução, apenas uma percentagem do dinheiro investido no medicamento é devolvido. Esta relação depende de fatores essenciais como, o medicamento em questão, o laboratório e a relação da farmácia com o laboratório.

Caso não seja possível a devolução dos produtos, é necessário dar quebra dos mesmos, significando total prejuízo do mesmo para a farmácia.

3.8

Qualidade

A qualidade é muito importante para qualquer etapa do ciclo do medicamento, mas no que refere à farmácia de oficina, esta qualidade refere-se principalmente à manutenção da qualidade dos medicamentos e produtos farmacêuticos anteriormente fabricados ou mesmo aos medicamentos manipulados.

Quanto aos medicamentos em stock, é realizado um registo diário da temperatura e a humidade no local de armazenamento dos medicamentos, de forma garantir que não irá existir qualquer alteração física nem funcional do medicamento a dispensar. Para os medicamentos que necessitam de conservação no frio, para além do próprio frigorífico possuir um controlo de temperatura que está nos 5ºC, encontra-se também presente um termómetro cuja temperatura é regularmente controlada para verificar se, efetivamente, o controlo da temperatura está a ser feito corretamente. Todos os termómetros, higrómetros são calibrados por uma empresa certificada para que o controlo seja efetuado da forma correta, sendo necessário guardar todos estes certificados pois terão de ser apresentados caso ocorra alguma inspeção.

Segundo as Boas Práticas Farmacêuticas (BPF) para a farmácia comunitária, pela Ordem dos Farmacêuticos, as condições de iluminação, temperatura e humidade de armazenamento dos medicamentos devem respeitar as exigências específicas de cada um destes, devendo estas condições ser regularmente verificadas e registadas, de forma a existir controlo das condições de armazenamento (7). O INFARMED refere que existem dois tipos de armazenamento, consoante o mais indicado para cada medicamento, sendo um deles no frio, entre os 2 e os 8ºC, e o outro inferior a 25º ou 30ºC (8).

(18)

Relativamente aos medicamentos manipulados, a Farmácia Cruz Viegas, das poucas ainda a efetuar manipulados, faz regularmente alguns tipos de preparações, desde pomadas a loções capilares. Neste laboratório todos os materiais utilizados na manipulação se encontram de acordo com as normas, sendo a balança regularmente calibrada. No laboratório todas as matérias-primas se encontram armazenadas ainda na embalagem original tal como indicado nas Boas Práticas Farmacêuticas (BPF) para a farmácia comunitária (7).

4. Dispensação

de

Medicamentos

e

outros

Produtos

Farmacêuticos

Todos os medicamentos que se encontram na farmácia possuem uma Autorização de Introdução no Mercado, cuja entidade responsável pela atribuição da mesma é o INFARMED, a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde. Para que seja facultada esta autorização, o medicamento de uso humano necessita de cumprir determinados critérios de qualidade, segurança e eficácia (7, 9).

Como é possível verificar no Circuito interativo do Medicamento de Uso Humano há a estreita relação entre os diversos intervenientes no ciclo, sejam estes fabricantes, distribuidores, prescritores, farmácias ou utentes. Há a responsabilidade partilhada entre os intervenientes referidos anteriormente, estando todos sujeitos a obrigações e procedimentos a ser respeitados. O INFARMED tem como obrigação a garantia da aplicação e cumprimento das normas estabelecidas (9).

Segundo a Lei nº11/2012, de 8 de Março, existe o crescente apoio na dispensa de medicamentos genéricos. Todas as farmácias possuem a obrigatoriedade de deter no mínimo três medicamentos com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem dos cinco mais baratos do mesmo grupo homogéneo (10). Sendo a prescrição médica realizada segundo a Denominação Comum Internacional, DCI, a escolha recai sobre o utente, possuindo este o direito de optar pelo medicamento, existindo no entanto exceções (11).

Atualmente constata-se automedicação em grande escala talvez devido à facilidade de acesso à informação sobre os medicamentos, mas que podem conduzir a um uso inadequado da terapêutica. No que respeita à medicação sujeita a receita médica, para a qual existe da mesma forma automedicação, é necessário um trabalho conjunto e partilhado entre os doentes, as autoridades, os profissionais de saúde e a indústria farmacêutica (12).

Os medicamentos presentes na farmácia são classificados quanto à dispensa segundo o Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto, Estatuto do Medicamento. Sendo

(19)

estes classificados em Medicamento Não Sujeito a Receita Médica (MNSRM), Medicamento Sujeito a Receita Médica (MSRM), Medicamento Sujeito a Receita Médica Especial e Medicamento Sujeito a Receita Médica Restrita, esta última apenas de utilização exclusiva hospitalar (4).

O atendimento é indissociável do dia-a-dia do farmacêutico na farmácia comunitária. A aprendizagem realizada durante o estágio mostra-se de crucial importância para a aquisição desses conhecimentos. A posterior aplicação dos mesmos define o papel do farmacêutico no importante e cada vez mais respeitado ato farmacêutico. Inicialmente acompanhei e observei os procedimentos realizados pelos farmacêuticos e colaboradores, e posteriormente coloquei em prática os conhecimentos adquiridos.

4.1

Medicamentos não sujeitos a receita médica

Os MNSRM são, tal como o nome indica, medicamentos que não necessitam da

apresentação de prescrição médica para que sejam dispensados.

Estes medicamentos encontram-se disponíveis para dispensa nas Farmácias mas também noutros locais de venda, como supermercados e para-farmácias (4).

Estes são os medicamentos mais sujeitos a automedicação e, sendo este um tema cada vez mais preocupante, é necessário que haja o cuidado por parte dos profissionais de saúde no ato de dispensa de forma a ser possível perceber realmente qual a finalidade do produto procurado pelo utente de forma a indicar se se trata ou não da terapêutica mais adequada (12).

4.2

Medicamentos sujeitos a receita médica

Os medicamentos nomeados de MSRM são, tal como o nome indica, medicamentos dispensados segundo prescrição médica. Esta prescrição é necessária para medicamentos que podem constituir um risco para a saúde do utente, por não serem utilizados com vigilância médica, quando a frequência e a dosagem da terapêutica possam ser distintas consoante o fim a que se destinam ou que, na constituição, possuam substâncias cujas reações adversas ou atividade ainda não estão profundamente estudadas e compreendidas (4). Também os medicamentos destinados a administração por via parentérica estão sujeitos à apresentação de receita médica, sendo um tipo de administração que detém mais riscos.

Todos os medicamentos sujeitos a receita médica possuem o Preço de Venda ao Público, PVP, marcado na embalagem. Desta forma, consoante o Plano de Comparticipação que o utente possuir, paga parte do valor de PVP anteriormente estabelecido.

(20)

Numa receita médica eletrónica ou manual podem ser prescritos no máximo quatro medicamentos, sendo que para cada medicamento existe um máximo de duas unidades que podem ser prescritas. Excetuando quando se tratam de medicamentos na forma unitária, acrescendo em duas unidades, podendo ser prescritas quatro unidades para o mesmo medicamento (4). Para tratamentos prolongados, existe a modalidade da receita renovável, onde são fornecidas ao utente três vias da mesma receita, com um prazo de 6 meses de validade. Enquanto que para as receitas normais, a validade de prescrição é de 30 dias, iniciando no dia de prescrição (11).

A receita desmaterializada, que entrou em vigor em Abril do corrente ano, permite já uma prescrição, na mesma receita, de um maior número de medicamentos como também mais unidades por cada medicamento prescrito.

A prescrição inclui obrigatoriamente o DCI, forma farmacêutica, dosagem, apresentação e posologia. Mediante justificações técnicas o médico prescritor poderá prescrever com a denominação comercial, nomeadamente, caso seja um medicamento com margem terapêutica estreita, que tenha fundada suspeita, intolerância ou reação adversa ou caso se trate de tratamento com duração superior a 28 dias. A prescrição é realizada por via eletrónica, ou manual, em casos excecionais (6, 11).

4.2.1 Estupefacientes e Psicotrópicos

Os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos encontram-se sujeitos a uma receita médica especial, isto porque podem, em caso de uso inapropriado, originar risco de abuso de medicamentos, gerar toxicodependência ou mesmo tendo em vista um fim ilegal, como a venda dos mesmos. Desta forma, sempre que se trate de uma substância que, por força de um não conhecimento completo das suas propriedades, por precaução, são também prescritas segundo receita médica especial (4).

Assim como referido anteriormente para os MSRM, este tipo de medicamentos deverá possuir também um PVP estabelecido e marcado na embalagem para que seja possível a sua venda nas farmácias (4).

Na receção das encomendas, vem juntamente com os medicamentos a Requisição de Psicotrópicos em duplicado, ficando o original na farmácia, sendo o duplicado enviado para o armazenista, no final do mês. Ambos os documentos assinados e carimbados pela DT. Os armazenistas precisam do comprovativo de movimentação deste tipo de medicamentos. Pois como se tratam de medicamentos com um maior controlo, é realizada uma maior monitorização das suas dispensas, sendo a cada dispensa, registados os dados relativos à pessoa que realizou o seu levantamento, o médico que efetuou a prescrição, os dados da farmácia que efetuou a dispensa, o medicamento e data de dispensa. É necessário que a farmácia possua cópias das

(21)

receitas para dispensa de estupefaciente e psicotrópicos, sendo estas cópias armazenadas durante três anos, em conjunto com todas as informações que ficaram registadas e nomeadas anteriormente.

No final do mês, é gerado um balanço de entradas e saídas, a lista de entradas e lista de saídas, de todos os psicotrópicos, devidamente carimbados e assinados pela DT, que são enviados para o INFARMED. Relativamente às benzodiazepinas, é enviado um balanço anual também para o INFARMED.

4.2.2 Comparticipação de Medicamentos

Existem patologias especiais, cuja comparticipação é distinta dos restantes medicamentos, tendo durante o estágio surgido algumas dispensas para essas patologias (13).

Antes de um medicamento entrar no mercado é realizada a avaliação da comparticipação, para concluir se este justifica a comparticipação. É muito importante para as indústrias conseguir a comparticipação pois isto determina a maioria das vendas do medicamento.

A maioria das receitas que surgem na farmácia têm atribuído o plano de comparticipação do Sistema Nacional de Saúde, SNS, ou da Direção Geral de Proteção Social aos Funcionários e Agentes da Administração Pública, ADSE. Existem depois

Figura 1 – Algumas patologias que possuem comparticipações especiais, representação de parte da tabela presente no site do INFARMED (13).

(22)

outros planos de comparticipação para além destes, de outras entidades, como de empresas.

A comparticipação por parte do Estado, no que refere ao regime geral de comparticipação, é realizada segundo escalões, sendo o Escalão A equivalente a uma comparticipação de 90%, o B de 69%, o C de 37% e o D de 15%, tendo como base a classificação farmacoterapêutica (11).

Os lotes existentes para o receituário organizam-se consoante o Plano de Comparticipação e o formato da receita apresentada, e são os seguintes:

- Lote 99: inclui receitas eletrónicas, sem erros;

- Lote 98: inclui receitas eletrónicas, na qual foi registado com erros; - Lote 97: inclui receita desmaterializada, sem identificação de erros; - Lote 96: inclui receita desmaterializada, na qual foi registado com erros; - Lote 01: inclui as receitas manuais;

- Lote 48: inclui os pensionistas, pois detêm comparticipação especial; - Lote 45: inclui Diplomas.

A comparticipação de produtos destinados ao autocontrolo da diabetes mellitus é de 85% do PVP das tiras para os testes da glicémia e 100% das agulhas, seringas e lancetas (11). Também para as insulinas, para o tratamento da patologia referida anteriormente, a comparticipação é total (100%). No final do mês, as comparticipações especiais, como por exemplo de Bancários das ilhas (M9), ou da EDP (Eletricidade de Portugal), cujas receitas são fotocopiadas e impressas da mesma forma, sendo assinadas e é identificado o número de sócio da respetiva empresa que efetua a comparticipação. Estas cópias são enviadas no final do mês para a ANF e esta depois direciona para cada um dos organismos. Para receitas desmaterializadas, como não há impressão de receitas, são emitidos recibos com a informação para o organismo, que é assinado pelo utente, exemplo visível no anexo II.

5. Receituário e Faturação

Área bastante sensível a requerer cuidada aprendizagem. A correção e a organização do receituário é essencial para confirmar que todas as receitas se encontram sem erros de modo a que a comparticipação concedida pela entidade referida na prescrição é realmente paga à farmácia. Observam-se casos em que são reportados erros nas receitas, mas não se assiste ao seu reenvio para correção. É uma área de particular importância visto refletir-se nas contas mensais da farmácia. É necessário obedecer às normas estipuladas para que sejam enviadas as receitas de

(23)

forma correta. Durante todo o período de estágio tive a oportunidade de participar diariamente na conferência de receituário.

5.1

Receita Eletrónica e manual

Para que ocorra a dispensa com comparticipação do estado em determinados medicamentos, é necessária que a sua dispensa seja realizada segundo prescrição médica. Esta é passada pelo médico de família ou clínica geral, ou o médico das urgências ou de especialidade. Nesta vêm nomeados os medicamentos a dispensar ao utente designado na receita e possui uma validade de, geralmente, três ou seis meses. Como presente na Portaria nº137-A/2012, de 11 de Maio, na receita vêm prescritos os medicamentos por Denominação Comum Internacional (DCI), e assim é possível dissociar patologias de marcas de medicamentos, que até então se encontram muito referenciados (14). Para promover esta prescrição, foi realizado o incentivo à utilização de genéricos servindo como estrutura para um uso mais racional do medicamento e também da poupança nos mesmos. Desta forma é dado ao utente uma maior relevância/protagonismo no que refere à utilização do medicamento, estando presente na receita um “código de opção” que é necessário identificar quando o utente escolhe um medicamento mais caro, dentro das opções que possui.

No entanto, para além desta alteração, é ainda possível a prescrição conter, excecionalmente, incluir a denominação comercial do medicamento quando ainda não existe genérico para o medicamento prescrito ou existindo uma justificação técnica do prescritor. As possíveis justificações técnicas presentes na lei são as exceções a) Margem ou Índice Terapêutico Estreito sob menção de “Exceção a) do n.º 3 do art. 6.º”; exceção b) Reação Adversa Prévia sob menção de “Exceção b) do n.º 3 do art. 6.º - reação adversa prévia”; e exceção c) Continuidade de Tratamento superior a 28 dias sob menção de “Exceção c) do n.º 3 do art. 6.º - continuidade de tratamento superior a 28 dias” (12, 15).

Os medicamentos que não têm comparticipação, podem ser prescritos através da denominação comercial (14).

Atualmente as receitas são, na sua generalidade, receitas eletrónicas, existindo ainda muitas receitas manuais que, na maioria, são prescritas quando há a avaria do sistema ou quando o médico prescritor passa menos de 40 receitas por mês, exemplo de ambos os tipos de receitas no anexo III.

Na dispensa de medicamentos com prescrição médica, os que têm a comparticipação do estado, são dispensados já com a comparticipação, pagando o utente apenas uma parte do preço do medicamento. Para que a farmácia receba o correspondente à percentagem de comparticipação do estado para esse medicamento,

(24)

é necessário que a receita correspondente a essa dispensa, seja enviada, devidamente preenchida, para o INFARMED no final de cada mês. Caso seja identificado um erro na receita, a farmácia não recebe a comparticipação do medicamento cuja receita apresenta o erro.

Para evitar que ocorram estes erros, os farmacêuticos realizam a conferência de receituário. São verificadas, uma por uma, as receitas de cada lote, dentro de cada Plano de Comparticipação e, caso sejam encontrados erros, procede-se à correção das mesmas. Os erros mais comuns do receituário são: validade expirada, falta de assinatura do médico, falha no preenchimento da receita e falha na ativação das exceções. Na receita manual é sempre necessário verificar se esta se encontra preenchida de forma correta, sendo necessário possuir: nome e número do utente do SNS, número de beneficiário e se possui regime especial de comparticipação de medicamentos, representado pelas letras “R”, para utentes pensionistas abrangido por regime especial de comparticipação, e “O”, para regime especial de comparticipação tendo obrigatoriamente que referir, junto do nome do medicamento, a menção do despacho que consagra o respetivo regime (11). Relativamente ao médico prescritor, é necessário verificar se tem o local de prescrição, a vinheta, assinatura e data. Segundo o artigo 8.º da Portaria nº 224/2015, de 27 de julho, está prevista a possibilidade de ser prescrita receita manual caso ocorra: falência informática, inadaptação do prescritor, prescrição no domicílio ou que prescreve até 40 receitas por mês (15).

Caso haja uma anulação ou reimpressão da parte posterior de cada receita, é necessária uma justificação do sucedido, na parte lateral da mesma, e a inutilização do texto que ficará por baixo da nova reimpressão, que será colada no mesmo local da anterior impressão.

5.2

Receita Desmaterializada

Durante o período de estágio entrou em vigor a receita desmaterializada, a 1 de Abril de 2016. Esta tipologia de receita, pode ser lida através de um guia de tratamento, que se encontra impresso, ou por uma mensagem que é enviada para o telemóvel do utente, onde estão presentes o número da receita, o código de opção e o local de prescrição, necessários para que seja efetuada a venda comparticipada de medicamentos. É necessário ressalvar que o guia de tratamento, presente no anexo III, é pessoal e intransmissível pelo que a farmácia, caso o utilize para a dispensa deverá devolvê-lo no final (11).

Como é possível verificar no guia de tratamento que acompanha a receita desmaterializada, presente no anexo III, estão presentes os medicamentos prescritos,

(25)

tal como numa receita eletrónica ou manual, o número de unidades por medicamento e posologia, esta última não exemplificada no guia presente em anexo.

Esta nova modalidade permite a dispensa do medicamento pretendido pelo utente podendo ser adquirida apenas uma das unidades prescritas, possibilitando que as restantes sejam levantadas com comparticipação noutras datas e/ou noutro local, desde que dentro da validade da receita prescrita. É necessária atenção relativamente aos prazos de validade pois cada medicamento possui uma validade de prescrição. A receita desmaterializada permite que farmácias mais pequenas, com um stock reduzido, não deixem de realizar a venda do medicamento por não terem o número de unidades prescritas na receita.

Há uma maior preocupação a nível ambiental por detrás desta iniciativa, visto existir menor gasto de papel e de tinta na impressão das receitas após a dispensa dos medicamentos comparticipados.

5.3

Fecho da Faturação

Durante o primeiro mês de estágio – Março - o fecho da faturação foi ainda realizado pela farmácia no entanto, a partir do mês de Abril o fecho a faturação era realizado a nível centralizado, pela ANF.

Após tratamento da faturação e receituário é necessário seguir procedimentos para o envio correto das receitas para as entidades responsáveis, de forma a obter o pagamento do valor das comparticipações desse mês. É necessário emitir a fatura, os resumos de lotes e verbetes de lotes. Para a primeira, é necessário que esta contenha todos os dados de faturação da farmácia e da respetiva entidade, sendo necessário enviar o original, o duplicado e o triplicado, devidamente carimbados e assinados. No que respeita ao resumo de lotes, são enviados três resumos de lotes por cada tipo de lote, e quanto aos verbetes de lote apenas é necessário um por cada tipo de lote.

Após possuir todos estes documentos, é organizada, para cada entidade, procedendo da seguinte forma: envolver os lotes de trinta receitas com o respetivo verbete de lote (o último lote pode não possui a totalidade do número de receitas), envolver os verbetes de lotes com os três resumos de lote respetivos, envolver no final, todos os documentos com as três faturas (original, duplicado e triplicado) (16). No anexo IV é possível observar exemplos destes documentos.

Para a ANF são enviadas receitas para comparticipações por determinadas entidades como Caixa Geral de Depósitos (CGD), SBC (Sindicato dos Bancários do Centro), MEDIS, SAVID-S (EDP), SBSI (Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas), MEDIS-CTT. As restantes receitas são enviadas para o Centro de Conferência de

(26)

Faturação (CCF), pertencente à Associação Regional de Saúde. Os documentos referentes à movimentação de psicotrópicos são enviados para o INFARMED.

6. Medicamentos Manipulados

A Farmácia Cruz Viegas realiza medicamentos manipulados com frequência sendo pedidas diversas preparações distintas nas quais tive a oportunidade de participar. Alguns exemplos das preparações em que tive a possibilidade de participar foram: Solução de Minoxidil a 5%, vaselina salicilada, vaselina com enxofre, ATL creme hidratante com enxofre, Álcool Boricado à saturação.

O Decreto-Lei nº95/2004, de 22 de Abril, regula a prescrição e preparação dos medicamentos manipulados, reforçando a garantia da sua qualidade (17).

6.1

Manipulação

Para a manipulação é utilizado um laboratório na parte posterior da farmácia, possuindo todas as condições necessárias à manipulação correta dos diferentes tipos de medicamentos realizados. Consoante a formulação a preparar, são utilizados diferentes equipamentos como as pedras de espatulação ou banho-maria. Na Portaria nº 594/2004, de 2 de Junho, estão presentes as Boas Práticas na preparação de manipulados, sendo referidas as diversas normas respeitantes aos colaboradores que podem executar a preparação de medicamentos manipulados, instalações dos laboratórios, equipamentos, documentação, matérias-primas, embalagem, manipulação, controlo de qualidade e rotulagem (18).

Na Deliberação nº 1500/2004, 7 de Novembro encontra-se presente uma lista de equipamento mínimo obrigatório que é necessário existir no laboratório da farmácia, de forma a estar apto à preparação de medicamentos manipulados (19).

No que refere às matérias-primas utilizadas durante a manipulação e preparação dos medicamentos manipulados, apenas poderão ser utilizadas matérias-primas inscritas na Farmacopeia Portuguesa (18).

6.2

Rotulagem e Acondicionamento

A rotulagem e acondicionamento estão dependentes do tipo de formulação e volume em que é preparado. A rotulagem é realizada segundo as indicações presentes no Formulário Galénico, visível no anexo V, identificando a farmácia que efetuou a manipulação, e respetivo contacto, o nome da preparação, os constituintes e as quantidades em que se apresentam, a validade e a indicação de uso externo a vermelho, se aplicável (20).

(27)

A validade é calculada consoante os constituintes de cada formulação preparada, estando também indicados o número de dias no Formulário Galénico, a partir do momento de manipulação.

6.3

Cálculo do Preço

O preço de venda ao público dos medicamentos manipulados é efetuado tendo por base o valor dos honorários da preparação, que depende de um fator, no valor das matérias-primas e no valor dos materiais de embalagem utilizados na preparação de medicamentos manipulados (21). Estes materiais dependem do tipo de formulação que é realizada e também da quantidade preparada.

O preço é calculado consoante os constituintes da formulação preparada, sendo calculado utilizando preços já estabelecidos no Sifarma 2000. A fórmula de cálculo do PVP dos medicamentos é realizada da seguinte forma:

7. Cuidados Farmacêuticos

A prestação de cuidados farmacêuticos na farmácia vai de encontro à evolução mencionada na Portaria nº1429/2007, de 2 de Novembro. Este enquadramento é facilmente percecionado nas farmácias nos últimos anos, no facto de terem passado de meros locais de vendas de medicamentos para locais onde se prestam cuidados de saúde mais abrangentes, tais como, a prestação de primeiros socorros, administração de medicamentos e injetáveis, organização de programas de cuidados farmacêuticos e campanhas de informação (22).

Denota-se uma maior preocupação com a monitorização de determinados parâmetros, principalmente no núcleo de utentes mais idoso. Muitos destes realizam

Figura 2 – Rótulos da Farmácia Cruz Viegas para os manipulados produzidos na mesma.

(28)

monitorização maioritariamente da pressão arterial, pois muitos sofrem de hipertensão, mas também da glicémia, bastantes detêm pré-diabetes ou mesmo diabetes mellitus (tipo 2). Para facilitar esta monitorização a Farmácia Cruz Viegas possui cartões próprios de monitorização dos parâmetros, que fornece de forma gratuita aos utentes que efetuem as medições, sejam estas pagas ou gratuitas.

Durante o estágio tive a oportunidade de efetuar alguns dos serviços de cuidados farmacêuticos disponíveis na farmácia como também realizar monitorização de alguns utentes para determinados parâmetros, utilizando tabelas de registo de valores.

7.1

Medição da Pressão Arterial

A farmácia possui, para além do aparelho de medição tradicional, uma máquina automática cuja medição é realizada segundo pagamento prévio. Ambas as máquinas fornecem informações acerca da pressão arterial sistólica e diastólica, mas também da pulsação no momento da medição.

7.2

Medição de Parâmetros Bioquímicos

– Glicémia, Colesterol Total,

Triglicerídeos

Para a medição dos parâmetros bioquímicos, a farmácia possui uma modalidade de CheckSaúde, onde possui pacotes de medição dos parâmetros, mas também modalidades de medição individual. A medição da glicémia é realizada de forma gratuita mas a medição dos triglicerídeos (TG) e do colesterol total (CT) tem um custo devido à morosidade do serviço. A medição destes parâmetros exige uma atenção diferenciada, sendo necessários cuidados a nível da proteção do operador, como através da utilização de luvas e a existência de lixos biológicos, pois como se tratam de lixos com amostras biológicas, como o sangue, é necessário algum cuidado na sua manipulação.

Logo no início do estágio houve uma pequena formação para que os estagiários estivessem aptos a realizar estas medições de forma independente mas correta.

8. Outros Serviços

8.1

Rastreio de Podologia pela Ratiopharm

Durante o meu estágio decorreram várias atividades como rastreio de podologia, referente principalmente à problemática do pé diabético, doença muito prevalente na população cliente na farmácia, promovido por um dos laboratórios cujos medicamentos se encontram à venda na mesma.

(29)

8.2

Consultas de Nutrição pela dieta+

Cerca de duas vezes por mês são realizadas consultas de nutrição e acompanhamento dietético, efetuado por uma dietista da Dieta+, sendo o acompanhamento alimentar uma questão muito pertinente visto as taxa de obesidade no país estarem a aumentar de ano para ano.

8.3

Limpezas de pele pela Anjelif

Uma marca de cosméticos, a Anjelif, pertencente à indústria farmacêutica ANGELINI, realiza, de três em três meses, limpezas de pele com respetivo aconselhamento. Durante esta limpeza é realizado o aconselhamento sobre os tipos de produtos mais adequados consoante o tipo específico de pele e a explicação de como os aplicar de forma correta. Visto a profissional responsável pela realização destas limpezas na zona centro ser sempre a mesma, há a possibilidade de existir um seguimento e acompanhamento dos utentes que assim o desejarem, sendo na sua maioria, mulheres.

8.4

Valormed

Na Farmácia existe sempre o ponto de recolha da Valormed. Ponto de recolha de medicamentos fora do prazo ou que já estejam fora de utilização, de forma a promover a sua reciclagem como opção ao depósito em lixo comum em conjunto com o restante lixo, e poluindo o ambiente. Sendo a problemática ambiental cada vez mais premente e a sensibilização das pessoas para a mesma mais atenta, fez com que a adesão a este tipo de serviço fosse relevante. Esta adesão é visível pela quantidade de pessoas que realmente efetuam a reciclagem de medicamentos na farmácia. Durante a semana – salvo uma ou outra semana – é cheio um caixote da Valormed com cerca de 6 kg.

8.5

Administração de Vacinas, Injeções

Nos serviços disponibilizados pela farmácia encontram-se também a administração de vacinas e de injeções. Estes serviços apenas são realizadas pelos dois farmacêuticos, ambos possuidores do curso de injetáveis, exigido pela Ordem dos Farmacêuticos para tornar possível efetuar estes tipos de administrações. O curso de Administração de Injetáveis, da Ordem dos Farmacêuticos, tem uma validade de cinco anos, obrigando no seu termo a renovação com novo curso da mesma entidade, de forma a renovar os conhecimentos sobre este tipo de administrações e validar a aptidão do farmacêutico para as efetuar.

(30)

9. Formações Internas

Para cada novo medicamento é realizada uma pequena formação pelo farmacêutico para que todas as pessoas que realizam o atendimento estejam aptas a responder a qualquer questão referente ao produto e também para que seja feito o aconselhamento de forma correta.

Foi-me possível a participação na Assembleia distrital da ANF, no mês de Junho, que se realizou na sede da Plural, em Coimbra. Apesar de esta assembleia ser dirigida aos proprietários das farmácias, nenhum participante se opôs à presença de outros colaboradores das farmácias. A ordem de trabalhos era a seguinte: 1) Contexto Politico e Relacionamento com o Ministério da Saúde; 2) Prioridades das Farmácias definidas no Conselho Nacional; 3) Principais assuntos do Distrito e 4) Outros assuntos.

Foi realizada também uma pequena formação interna, preparada por mim, cujo tema era o acompanhamento farmacêutico. Tendo sido implementada pela primeira vez o acompanhamento farmacêutico de utentes na farmácia, era importante todos os colaboradores possuírem formação na área, conducente a uma melhor resposta ao iniciarem o acompanhamento a um novo utente. Esta formação é importante pois demonstra que a farmácia tem interesse em dar continuidade ao projeto implantado durante o estágio.

Tal como referido pela Ordem dos Farmacêuticos, a formação complementar permite ao farmacêutico uma otimização da sua performance quando em contacto direto com os utentes e também para a aquisição de técnicas de gestão que hoje em dia são cruciais para a manutenção de uma farmácia e um bom funcionamento dos serviços que são prestados ao público (2).

Para além das formações que decorreram na farmácia, participei numa conferência, diploma presente no anexo VI – levada a cabo pelo laboratório Gedeon Richter subordinada ao tema “Contraceção sem estrogénios e de emergência”, tendo como palestrante o Dr. Daniel Pereira da Silva, ginecologista. Foi uma formação bastante pertinente visto ser um tema que recorrentemente nos é questionado na farmácia por jovens casais.

(31)

10. Cronograma das Atividades Realizadas

A gradação de cores corresponde ao grau de envolvimento nas tarefas desempenhadas, sendo mais escuro quando efetuadas com mais autonomia. Desta forma é possível verificar a evolução da aprendizagem e envolvimento nas atividades diárias na farmácia.

Semanas de estágio

MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 At ivi d ades Verificação de validades Receção de encomendas Atendimento Formações, Assembleias distritais Receituário Marketing (Construção de montras e disposição dos

produtos na farmácia) Preparação de encomendas

Arrumação de stock Acompanhamento de uma

amostra da população de utentes da farmácia com

doenças crónicas Medição de parâmetros (colesterol, glicémia, tensão

arterial)

Preparação dos projetos a desenvolver no âmbito do estágio Medicamentos manipulados e reconstituição Dia de serviço Noite de serviço

(32)

11. Considerações finais

Em jeito de conclusão, considero que o estágio curricular teve importância extrema enquanto elemento formativo de atitudes no entendimento da relação profissional farmacêutico – utente, proporcionando enquadramento e amplitude num contexto de primeiro contacto prático. Foi crucial o especial cuidado de toda a equipa durante a duração do estágio. Senti e obtive apoio constante em todas as atividades realizadas e resposta pronta e esclarecida às dúvidas de principiante sobre procedimentos na farmácia.

Tive a oportunidade de acompanhar de perto todas as áreas de atuação do farmacêutico no dia-a-dia da farmácia e perceber realmente o seu importante papel tanto a nível da gestão farmacêutica como no ato farmacêutico. Constatei um aumento de confiança no farmacêutico pelos utentes, a que não será alheio o sincero atendimento de proximidade disponibilizado por todos os colaboradores.

A farmácia Cruz Viegas é uma farmácia de bairro, os utentes que a procuram são, na sua maioria, idosos. Esta faixa etária, mais do que procurar um serviço estrito, espera ouvir também uma palavra de alento. Clientes da farmácia, fidelizados há muitos anos, possuem uma relação de cumplicidade com os colaboradores.

Durante todo o período do estágio, decorreram formações, internas ou não, e uma assembleia distrital, que me permitiu conhecer o contexto atual das farmácias e ter noção das problemáticas que se lhes deparam e as dificuldades ainda a ultrapassar. Foi exposta, nesta assembleia, por parte da ANF, a evolução já ocorrida nos últimos anos e também projeto futuros a implementar, tendo todos como objetivo a fidelização dos utentes às farmácias e um incremento num atendimento personalizado, mais direcionado aos interesses do utente.

Decorrido o estágio, consigo afirmar o quão gratificante foi ter adquirido conhecimentos que me prepararam para um futuro profissional, abrindo caminho para honrar a profissão que pratico, respeitando as normas estabelecidas e o seu código deontológico.

(33)

Parte II

Para os projetos A e B foi utilizada a mesma população de estudo, tendo sido escolhidas três patologias crónicas e, para cada, um ou dois utentes, como população-amostra. Estas três patologias são Diabetes mellitus tipo 2, Hipertensão Arterial e Doença de Behçet.

A. Impacto

da

implementação

do

projeto-piloto

do

Acompanhamento Farmacêutico de uma população-amostra

com três diferentes doenças crónicas

1. Introdução

O acompanhamento farmacêutico agora, mais do que nunca, é bastante apreciado e respeitado. É necessário ter em conta que parte significativa da população, que não tem possibilidades de pagar serviços de saúde em clínicas privadas, tem dificuldade em conseguir contactar e ter o mesmo acesso tanto a consultas como a prescrições de medicamentos. Desta forma, como o acesso aos cuidados médicos é cada vez mais complexo, os utentes recorrem amiúde aos serviços de saúde que se encontram mais próximos, regra geral os farmacêuticos.

A preparação dos farmacêuticos, orientada para um leque diversificado de problemáticas de saúde, faculta o melhor aconselhamento, indicando sempre qual a melhor opção a tomar e o caminho a seguir, incluindo o seu direcionamento para consultas médicas - caso justifique avaliação médica antes de ser dispensado qualquer medicamento.

Na continuidade desta necessidade de presença constante e disponibilidade para qualquer atendimento, privilegiando o utente, decidi implementar o serviço de acompanhamento farmacêutico, sendo este pioneiro na Farmácia Cruz Viegas. O acompanhamento farmacêutico é crucial para a concretização de um atendimento personalizado e para a fidelização dos utentes. Para além deste benefício, é conquistada a confiança dos utentes no atendimento por parte dos profissionais do outro lado do balcão.

As vantagens da execução do acompanhamento farmacêutico são diversas, e, para além da referida fidelização dos utentes, é realizada uma otimização do atendimento, com um aumento da rapidez de resposta permitindo uma melhor prestação de serviços. O farmacêutico é o último profissional de saúde a contactar com o utente antes da toma da medicação e, desta forma, exerce um papel determinante no cumprimento da

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