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GRAMEEN SHAKTI: O MICROCRÉDITO COMO SOLUÇÃO DO PROBLEMA DE ABASTECIMENTO ENERGÉTICO

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GRAMEEN SHAKTI: O MICROCRÉDITO COMO SOLUÇÃO DO

PROBLEMA DE ABASTECIMENTO ENERGÉTICO

André N. Corso, andre@objetus.com.br Laura B. Silva, lauboeck@gmail.com

Ian H. Mizoguchi, ian.mizoguchi@hotmail.com

Resumo. O seguinte artigo trata-se de uma pesquisa bibliográfica sobre o método de atuação no ramo de Energia da

empresa filantrópica bengali, Grameen Shakti. Destarte, o objetivo é fazer uma análise dos sistemas energéticos já subsidiados pela empresa, em especial o solar e a biomassa. Nesse contexto, são apresentadas assertivas de artigos, tabelas comparativas e dados de órgãos da área. O ensejo do artigo também permite demonstrar a viabilidade da inclusão dos não contemplados pelo sistema energético formal num sistema informal. Conclui-se a pesquisa fazendo análise crítica do histórico na Grameen e esboçando semelhanças a situações contemporâneas.

Palavras-chave: Bangladesh, Grameen Shakti, empresa social, acesso àenergia, democratização do acesso à rede elétrica

1. INTRODUÇÃO

A partir da explosão demográfica, surgem adventiciamente efeitos óbvios na urbanização dos grandes centros, sendo o de interesse deste artigo a exclusão energética da população rural e de baixa renda. O Grupo Grameen, empresa de microcrédito de Bangladesh, surge com a proposta de suturar essa população no meio energético informal, incentivando o uso de recursos domésticos e renováveis. Cada um dos projetos se relaciona com os outros na medida que proporcionam uma melhora na qualidade de vida. Por exemplo, o projeto do biogás para melhoria dos fogões está diretamente relacionado com o outro, do fertilizante orgânico, havendo uma sequência de implantações e pensando-se não somente no micro de resolver problemas energéticos mas no macro de melhorar a qualidade de vida da população e diminuir impactos ao meio ambiente.

Garantir acesso básico à energia limpa e não danosa à saúde dos usuários deve ser uma prioridade para proporcionar uma melhor qualidade de vida à população, isto é, possibilitar que tenham iluminação à noite e possam cozinhar e aquecer a casa sem a emissão de gases nocivos no ambiente residencial, por exemplo.. Acerca da relevância do programa, Sovacool, 2011 concluiu que a experiência da GS é importante por ser uma organização atuante em um país onde a estrutura econômica, política e social não estimula o uso de energias renováveis. Além disso, Mondal, 2010 ressalta que a empresa não somente oferece serviços de energia renovável, mas também cria empregos e gera oportunidades de renda na área rural de Bangladesh. Tendo em vista que estes problemas de abastecimento energético não se restringem à Bangladesh, mas são uma questão global, Asif, 2011 diz que diante da crescente tendência mundial de produção energética distríbuida no mundo, a Grameen Shakti pode servir de modelo não somente para países em desenvolvimento, mas também países desenvolvidos

É de interesse deste artigo estudar o funcionamento dos projetos criados pela empresa bengali como solução do problema de abastecimento energético. Além disso, analisar quais são os métodos empregados que viabilizam economicamente o programa, assim como as situações sociais e condições climáticas aos quais se aplicam, a fim de compreender os fatores que levaram ao sucesso da proposta, que já beneficia cerca de 3,5 milhões de habitantes da região rural de Bangladesh (Barua, 2009 apud Asif, 2011).

2. A GRAMEEN SHAKTI

O Grupo Grameen é composto por cerca de 30 organizações sociais atuantes em Bangladesh, que surgiram após a fundação do Banco Grameen, no mesmo país, pelo economista Muhammed Yunus (ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2006), no ano de 1976. Bangladesh é situado no sul da Ásia, entre a Índia e Myanmar. É o oitavo país mais populoso do mundo, com mais de 156,5 milhões de habitantes, e o quinto em densidade populacional, com 1203hab/km² (World Data Bank, 2013). Desde a sua independência em 1971, vem demonstrando significativo crescimento econômico e desenvolvimento social, sendo um dos países que compõe o grupo dos “próximos onze”, mas ainda tem muitos avanços a serem feitos nestas áreas. Segundo o World Data Bank, 2013, 67,25% de sua população vive no meio rural, e destes 35,16% estão abaixo da linha de pobreza nacional.

A palavra grameen significa aldeia e o público do alvo do banco criado por Yunus é justamente a população rural de Bangladesh (Yunus, 2010), majoritariamente pobre e dependente de agiotas para comprar matéria prima para produzir seus produtos, razão pela qual essas pessoas não conseguiam melhorar sua condição de vida. O banco oferece microcrédito, além de acompanhamento e suporte para a organização financeira dos beneficiários. O sucesso alcançado pelo Banco Grameen foi tanto que em 2014 seu número de membros é maior que 8,6 milhões de pessoas, e a taxa de

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recuperação (total de empréstimos devolvidos em porcentagem do total devido) é de 97,71% (Grameen Bank, 2014), ainda que o banco não cobre garantias do devedor.

Um dos projetos desenvolvidos a partir do Banco Grameen foi o Grameen Phone, que dá acesso à população rural de baixa renda a telefonia. No entanto, nessa região somente 10% da população está conectada à rede elétrica (Asif, 2011), assim o grupo se envolveu com energias alternativas e criou a Grameen Shakti (GS), uma empresa sem fins lucrativos dedicada a desenvolver todas as formas de energia renovável, e amparada por um mecanismo de financiamento que dispensa elevados pagamentos adiantados por parte dos consumidores (Yunus, 2007).

3. SERVIÇOS OFERECIDOS

A GS é uma das maiores empresas do mundo na área de energias renováveis atuantes na zona rural, e vem experimentando rápido crescimento desde a sua criação, popularizando em Bangladesh os Sistemas Solares Domésticos (solar home systems - SHSs). Com o sucesso do projeto inicial, novos programas passaram a ser desenvolvidos, como centrais de geração de biogás e fogões de cozinha mais eficientes (improved cookstoves - ICS).

3.1.Sistemas Solares Domésticos

O consumo per capita de energia é 0,2 toneladas equivalentes de petróleo (148 kWh) ao ano, e 66% desse valor vem de gás natural. O restante da matriz é complementada por hidrelétricas e usinas de carvão. A capacidade instalada é de 5269 MW, e mais de 97% deste potencial é retirado em termelétricas. De acordo com a Agência Internacional de Energia, cerca de 96 milhões de pessoas, 38% da população do país, não tem acesso à energia (IEA 2010 apud Asif 2011). Devido a limitações econômicas e a problemas estruturais, a rede elétrica possui fraca penetração no território nacional, e a sua extensão aumenta em baixas taxas ao longo do ano. Em adição, dificuldades geográficas impossibilitam a transmissão em alta tensão em algumas partes do território.

Situado nas coordenadas geográficas 23º43’N e 90º24’L, o país dispõe de relativa estabilidade no que diz respeito ao potencial solar. O clima é ameno em grande parte do ano, entretanto, durante a maior parte do verão, o país sofre com monções. Com uma politica social de inseção, a Grameen insere-se nessa realidade de forma a oferecer financiamento para instalação de SHSs em domicílios e estabelecimentos comerciais da população rural bengali, que possui 90% de seu total sem acesso à rede elétrica (Asif, 2011). SHSs são atrativas por numeráveis motivos: são uma alternativa ao sistema de distribuição elétrica tradicional, e possuem baixo custo de operação. O sucesso deste investimento é evidente quando se analisa o crescente número de instalações desde a criação do programa, em 1996, até 2010, conforme mostra a Fig.1.

O painel preferido pelos usuários do microcrédito é o de 50𝑊𝑝, sistema capaz de abastecer quatro lâmpadas

fluorescentes 3-4h diariamente (Sovacool, 2011). A degradação aumenta com o passar dos anos, e a média da queda de voltagem para painéis com menos de cinco anos é 3,4% e sobe para 4,5% para os mais velhos (Hoque, 2013). Um dos grandes problemas é a poeira acumulada, já que os painéis ficam às margens de estradas não pavimentadas. Durante pesquisa, apenas 37% das placas foram encontradas limpas, e o restante tinha poeira parcial cobrindo-as. A eficiência média das SHSs bengali é de 5,4%, e depende muito mais da carga requerida pelo usuário do que da idade propriamente dita (Hoque, 2013). Os sistemas onde a carga é mais compatível com o circuito da placa têm maior eficiência. Estudos em outros países de situação semelhante indicam eficiências parecidas: na Argentina, SHSs possuíam eficiência 4,7% em áreas rurais (Pontoriero, 1998), e na Indonésia o sistema oscila entre 3,7% e 6,3% dependendo da época do ano (Reinders, 1999).

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Os efeitos sociais das medidas de microcrédito da Grameen Shakti são numeráveis, por exemplo, é uma alternativa viável e barata ao sistema de malha elétrica, tendo um custo baixo de operação. O sistema de SHSs ajudou a substituir nas moradias as lâmpadas de querosene, que produziam fuligem danosa, por lâmpadas fluorescentes, reduzindo também o risco de incêndios. Além disso, em uma interessante proposta de inclusão social, já foram instruídos mais de 176.000 clientes para o uso e manutenção dos painéis e mais de 6.700 mulheres receberam treinamento como técnicas avançadas, que realizam serviços de manutenção aos clientes da GS e também produzem diversos periféricos relacionados às placas solares (Sovacool, 2011). As SHSs também tem um papel importante na formação cultural local, na medida que possibilitam a entrada de dispositivos eletrônicos diversos. Elas também incentivaram a circulação local de capital, ao passo que as lojas podem ficar mais tempo abertas depois do pôr do sol.

3.2. Biogás

Apenas 3% da população de Bangladesh têm tubulações de gás chegando à sua residência. A grande maioria ainda utiliza biomassa ou querosene como combustível para cozinhar. Buscando mudar essa situação, o grupo Grameen Shakti começou em 2005 o projeto de centrais de produção de biogás nas áreas rurais de Bangladesh. O biogás é produzido a partir do excremento de aves e outros animais de criação, dando um fim aos resíduos e possibilitando autossuficiência para os produtores. Cerca de um milhão de famílias da região criam mais de cinco cabeças de gado, e dois milhões entre três e quatro (IDCOL, 2005 apud Rahman, 2014). Cada vaca pode produzir até 36 kg de esterco por dia, dependendo do porte do animal e de sua alimentação (DAFF, 2011), e são necessários 25 kg de estrume para produzir 1m³ de biogás. Assim, com os dejetos de uma vaca é possível gerar até 7,2 GJ/ano, já considerando a eficiência do fogão. Para gerar a mesma energia em um fogão de biomassa, um dos combustíveis mais utilizados na região, seriam necessários aproximadamente 1100 kg do combustível (Rahman, 2014). Em sua simulação, Rahman, 2014 estima que o consumo de biogás para cozinhar em uma residência comum seria de, no máximo, 339m³/ano. Essa demanda poderia ser facilmente suprida por uma família que crie ao menos uma vaca de porte médio ou duas de tamanho menor, e aqueles que não têm criação de animais podem comprar a matéria prima para sua usina. O biogás é muito mais eficiente e menos poluente do que as alternativas hoje utilizadas pela população de Bangladesh, proporcionando maior lucro para os comerciantes e melhorando a qualidade de vida dos contemplados. Alguns subprodutos do processo de produção podem ser utilizados como fertilizante e até mesmo alimento para peixes.

Tabela 1. Comparativo entre Biogás e Biomassa [Rahman, 2014]

O modelo de financiamento da Grameen Shakti permite que após um pagamento inicial de 25% do valor total, o restante do custo da instalação das usinas de biogás possa ser parcelado em dois anos, tornando o projeto acessível à população mais pobre. Além disso, devido à alta densidade populacional, uma usina que produza excedente pode suprir as necessidades de seus vizinhos, gerando lucro para o produtor e espalhando mais rapidamente os benefícios do projeto. Também aproveitando a proximidade das residências, vizinhos podem muitas vezes dividir custos e benefícios de uma central de biogás.

Em sua pesquisa, Rahman, 2014 incorporou um sistema de biogás que também é utilizado para gerar energia elétrica, o que não é o caso no serviço da Grameen Shakti, mas sua entrevista com usuários do sistema levantou dados interessantes e pertinentes a esse trabalho. Segundo este inquérito, 60% dos beneficiados disseram que a instalação de uma usina de biogás lhes economizou muito tempo no dia a dia. 50% observaram melhorias em sua saúde pela ausência da poluição causada pela queima da biomassa, e tiveram redução dos gastos com saúde. 55% disseram que a sua produção de biogás supre as suas necessidades para cozinhar e 27% disseram produzir excedente. Cerca de 10% alegam não produzirem o suficiente para seu consumo, porém as causas para esse problema foram investigadas e chegou-se a conclusão que, na maior parte dos casos, essas famílias tiveram redução do número de cabeças de gado (venda ou morte) ou o número de membros da família havia crescido, havendo um aumento na demanda. Além disso, 73% dos usuários se mostraram satisfeitos com o desempenho das usinas. Aqueles que estavam descontentes apresentaram reclamações sobre a falta de garantia, manutenção, inconveniência do manuseio do estrume e falta de comercialização de esterco. As famílias consultadas tinham, em média, 4,5 vacas.

Conforme mostra a Figura 2, o número de usinas de biogás vem crescendo rapidamente, e como ainda há um grande potencial não utilizado em Bangladesh, a tendência é que esse comportamento continue.

Fonte Biogás Biomassa

Poder calorífico 23 MJ/m³ 16 MJ/kg

Eficiência do fogão 60% 15%

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Figura 2. Número de usinas de biogás construídas (cumulativo) [Grameen Shakti, 2014] 3.3. Fogões de cozinha mais eficientes

A queima de biomassa em fogões tradicionais está associada a males a saúde em aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas ao redor do mundo que não têm acesso a combustíveis modernos (IEA, 2009 apud Shrimali, 2011), podendo causar doenças respiratórias e infecções. Tais fogões possuem baixa eficiência, devido à combustão incompleta da biomassa combustível, que também resulta na emissão de gases poluentes com grande potencial de contribuição para o aquecimento global, como monóxido de carbono, metano e benzeno (Sohel, 2011). O estudo de Sohel, feito em Bangladesh revelou que a grande maioria das mulheres da região analisada tinha os olhos irritados enquanto cozinhava nos fogões tradicionais, além de apresentar doenças como dores de cabeça, doenças pulmonares e cardiovasculares e asma. Nesse país, o uso dos chulas, fogões tradicionais que utilizam biomassa como combustível, é de alta frequência por causa da falta de gás natural. Entre as biomassas utilizadas, a lenha é a preferida pelas famílias, porém as mais pobres também utilizam folhas secas, bolo de esterco e resíduos do plantio como combustível (Sohel, 2011). Como esses combustíveis possuem baixo poder calorífico e sua queima emite muita luminosidade, são necessárias grandes quantidades para cozinhar, fazendo com que as mulheres que cumprem essa função tenham que reabastecer os fogões constantemente, impedindo-as de exercer outras tarefas, como cuidar dos filhos e cortar e preparar o alimento da refeição (Biswas, 2011).

Os ICS utilizam metade do combustível consumido pelos fogões tradicionais e possuem de 1 a 3 bocas e chaminés, proporcionando um ambiente livre de fumaça (Sovacool, B., 2011), além de reduzir o tempo de cozinhar. Em contrapartida, fogões tradicionais utilizam somente 5 a 10% da energia disponível do combustível, possuem somente uma boca e não dispõe de chaminés. O programa de ICS serve como alternativa para as famílias que não possuem animais suficientes para produzir biogás. Quase todos os fogões são manufaturados por empregados locais da GS, que treinou mais de 4000 jovens e mulheres para fabricar, vender e reparar ICS (Sovacool, 2011). Muitas mulheres já possuem o conhecimento da técnica de fabricação dos fogões tradicionais, feitos de barro, por isso não existem grandes dificuldades na construção dos ICS, que são semelhantes e feitos a partir de materiais encontrados na região (Sohel, 2011). Os ICS demoram de 1 a 2 dias para serem instalados e duram 10 anos, em contraste com a durabilidade de 5 anos dos tradicionais, e custam $12 (preço do modelo de três bocas com chaminé) (Sovacool, 2011).

O projeto teve grande sucesso em Bangladesh, visto seu crescimento exponencial. Em 2006, 410 fogões foram instalados e em 2010, mais de 172 000 (Asif, 2011), não só em residências rurais, mas também em restaurantes e outros estabelecimentos comerciais (Sovacool, 2011). Esse resultado reflete as múltiplas vantagens dos ICS, que necessitam de muito menos combustível em comparação com os tradicionais, economizando dinheiro para a compra de lenha, ou diminuindo a frequência de buscas por lenha na floresta ou arredores, reduzindo no índice de desmatamento. Além disso, possibilitam que a comida seja feita dentro das casas, pois não liberam fumaça no ambiente, evitando problemas de saúde e facilitando os trabalhos domésticos, já que demandam menos tempo para o preparo das refeições. Assim, os fogões mais eficientes também contribuem para o aumento da renda das famílias, que gastam menos na compra de lenha (quando esse é o caso) e dispõe de mais tempo para trabalhar.

4. CONCLUSÕES

Grande parte de Bangladesh enfrenta sérios problemas no abastecimento de energia. Parcelas consideráveis da população não são contempladas num sistema usual de distribuição de energia, e as formas tradicionais de obtenção

30 483 2073 4621 9226 14906 20942 24206 27313 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Usinas de Biogás Construídas

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causam, muitas vezes, danos à saúde da população e ao ambiente circundante. Nesse contexto surge, em 1996, o sistema de microcrédito da Grameen Shakti, com a proposta de promover tecnologias energéticas sustentáveis a preços acessíveis, através de um modelo de financiamento de baixos juros e parcelamentos a longo prazo. O sistema de implantação de placas solares se mostrou eficiente na democratização do acesso à energia elétrica nos pontos avaliados, haja vista a crescente procura por este programa. Também demonstrou a viabilidade de uma captação elétrica sustentável e socialmente responsável. Fugindo ao sistema elétrico, o processamento de esterco animal para produção de energia descentraliza a já inacessível distribuição de gás natural no país. Atendendo a uma demanda histórica da população, a modernização dos fogões domésticos ameniza a dependência por biomassa, melhorando a qualidade de vida da população e do ambiente. Isso se exemplifica no fato de que as ações da GS evitam a emissão de 223.400 toneladas de CO2 por ano (Sovacool, 2011).

Haja vista que a Grameen não é criadora de novas tecnologias, o seu trabalho se resume em observar a realidade da cultura local e lançar, a partir da ciência já existente, técnicas de resolução dos problemas dessa população. Esse ensejo é, portanto, aplicável em qualquer região necessitante desse tipo de serviço e de uma entidade que reúna interesse no investimento nessa área, pública ou privada. Uma das inovações que contribuem para a autosustentabilidade do grupo é a pratica de treinar clientes dos serviços ofertados para a manutenção e fabricação, contribuindo para a inclusão social. Além disso, Grameen demonstrou que o trabalho de ampliação do acesso à energia está também muito conectado com o diálogo com as nuances da realidade da população local.

5. REFERÊNCIAS

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6. NOTA DE RESPONSABILIDADE

Referências

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