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Subprojeto III-2 Prioridades Especiais de Adaptação Atividade III.2.2 Adaptação às Mudanças Climáticas na Região Transfronteiriça do MAP

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Academic year: 2021

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Organização  do  Tratado  de  

Cooperação  Amazônica   Fundo  para  o  Meio  Ambiente  Mundial  

 

Programa  das  Nações   Unidas  para  o  Meio  

Ambiente  

 

PROJETO GESTÃO INTEGRADA E SUSTENTÁVEL DOS

RECURSOS HÍDRICOS TRANSFRONTEIRIÇOS NA

BACIA DO RIO AMAZONAS, CONSIDERANDO A

VARIABILIDADE E MUNDANÇA CLIMÁTICA

OTCA/GEF/PNUMA

Subprojeto III-2 Prioridades Especiais de Adaptação

Atividade III.2.2 Adaptação às Mudanças Climáticas na Região

Transfronteiriça do MAP

                           

Relatório Parcial

Producto 2: Diagnóstico de las áreas más críticas de vulnerabilidad hidrológica en la

región MAP, afectada por graves sequías, inundaciones, deslizamientos de tierra y erosión.

Rio Branco, AC - BRASIL

(2)

 

 

 

Organização  do  Tratado  de  

Cooperação  Amazônica   Fundo  para  o  Meio  Ambiente  Mundial  

 

Programa  das  Nações   Unidas  para  o  Meio  

Ambiente  

 

PROJETO GESTÃO INTEGRADA E SUSTENTÁVEL DOS

RECURSOS HÍDRICOS TRANSFRONTEIRIÇOS NA

BACIA DO RIO AMAZONAS, CONSIDERANDO A

VARIABILIDADE E MUNDANÇA CLIMÁTICA

OTCA/GEF/PNUMA

Subprojeto III-2 Prioridades Especiais de Adaptação

Atividade III.2.2 Adaptação às Mudanças Climáticas na Região

Transfronteiriça do MAP

Relatório Parcial

Producto 2: Diagnóstico de las áreas más críticas de vulnerabilidad hidrológica en la

región MAP, afectada por graves sequías, inundaciones, deslizamientos de tierra y erosión.

(3)

 

 

 

Organização  do  Tratado  de  

Cooperação  Amazônica   Fundo  para  o  Meio  Ambiente  Mundial  

 

Programa  das  Nações   Unidas  para  o  Meio  

Ambiente  

 

PROJETO GESTÃO INTEGRADA E SUSTENTÁVEL DOS

RECURSOS HÍDRICOS TRANSFRONTEIRIÇOS NA

BACIA DO RIO AMAZONAS, CONSIDERANDO A

VARIABILIDADE E MUNDANÇA CLIMÁTICA

OTCA/GEF/PNUMA

Atividade III.2.2 Adaptação às Mudanças Climáticas na Região

Transfronteiriça do MAP

Relatório Parcial

Producto 2: Diagnóstico das áreas mais críticas de vulnerabilidade hidrológica na

região transfronteiriça do MAP, afetada por graves secas, inundações, deslizamentos de terra e erosão.

Coordenação da Atividade

Elsa Reneé Huamán Mendoza

Consultor

Irving Foster Brown

(4)

RESUMO

O objetivo deste relatório é fornecer um diagnóstico das áreas mais criticas de vulnerabilidade hidrológica na região transfronteiriça do MAP. Este é um alvo em rápida evolução. Por exemplo, a preocupação sobre graves secas explodiu durante e depois da seca severa de 2005, nove anos atrás. As frequentes inundações da cidade de Rio Branco deste 2006 tem criado uma nova ‘norma’ para respostas de Defesa Civil na Região MAP. Este relatório se inicia com uma revisão de literatura recente para fornecer um contexto regional sobre vulnerabilidade hidrológica na Região MAP. Os conceitos de exposição e vulnerabilidade são interligados e às vezes se confundem em parte porque duas comunidades científicas (de gestão de risco e de mudanças climáticas) usam de maneiras diferentes. Neste relatório, a exposição se refere a um inventário de elementos (população humana e recursos econômicos, por exemplo) onde um evento extremo pode acontecer. Ela é uma condição necessária, mas insuficiente para vulnerabilidade. Para ser vulnerável, porém, primeiro precisa estar exposto a um evento adverso. A vulnerabilidade depende da situação e envolve fatores socioambientais, e pode evoluir com o tempo. As ameaças mais visíveis para os recursos hídricos na bacia tri-nacional do Rio Acre são as ligadas a eventos extremos, como secas severas, incêndios e inundações. Interagindo com a vulnerabilidade hidrológica na bacia, estes perigos/ameaças geram impactos imediatos e de longo prazo. Porém, outros fatores mais sutis, como desmatamento progressivo, urbanização e aumento gradual de temperatura, e consequentemente o potencial de evapotranspiração, também podem ter impactos via um aumento na vulnerabilidade. Tanto as ameaças mais visíveis quanto os fatores mais sutis estão evoluindo com o tempo. Consequentemente, esta análise da situação contemporânea vai contemplar alguns cenários do futuro próximo.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO... 8

2. VULNERABILIDADE HIDROLÓGICA... 9

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 18

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Lista de Figuras e Tabelas

Figura 1. Localização regional da bacia tri-nacional do Rio Acre na imagem Google

Earth. Áreas verdes significam florestas. Áreas claras são áreas alteradas sem cobertura florestal.

Figura 2. Hidrografia da bacia tri-nacional do Rio Acre. Fonte: banco de dados

organizado pela OTCA.

Figura 3. Ilustração dos conceitos sobre gestão de risco de fenômenos meteorológicos

extremos e desastres. Notar os papeis de vulnerabilidade e exposição na determinação do risco de desastres.

Figura 4. Epicentros da secas em 2005 e 2010. Fonte: Lewis et al. (2011), material

suplementar.

Figura 5. Distribuição de cicatrizes de incêndios em áreas abertas e florestas na bacia

tri-nacional do Rio Acre depois das secas em 2005 e 2010.

Figura 6. Rede hidrográfica e sub-bacias de 5ª ordem da bacia tri-nacional do Rio

Acre.

Figura 7. Sub-bacias de 5ª ordem da bacia tri-nacional do Rio Acre com superposição

de cicatrizes de incêndios em áreas abertas e em florestas. As sub-bacias em amarelo representam cerca da metade da área de cicatrizes.

Figura 8. Estimativa da chuva (verde escura ~100 mm, marrom < 5 mm) no período

de 07h00 12fev12 a 07h00 13fev12. As dimensões da mancha oeste do ponto tri-nacional é 70 km x 25 km.

Figura 9. Centenas de observações de erosão a montante do ponto tri-nacional

(Bolpebra/Iñapari/Assis Brasil) em dezembro de 2013.  

Figura 10. A topografia da bacia tri-nacional do Rio Acre com foco na região de

Bolpebra/Iñapari/Assis Brasil.

Figura 11. Relação entre níveis de ameaça e de vulnerabilidade na determinação de

intensidade de riscos.

Tabela 1. Atributos específicos, ameaças e escalas temporais de vulnerabilidade

hidrológica da bacia transfronteiriça do Rio Acre.

Tabela 2. Distribuição de polígonos de cicatrizes de fogo que poderiam incluir áreas

abertas e florestas.

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Lista de Siglas

IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change

MAP Madre de Dios-Peru, Acre-Brasil, Pando-Bolívia

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

OTCA Organização do Tratado de Cooperação Amazônica

BO Bolívia

PE Peru

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Diagnóstico   das   áreas   mais   críticas   de   vulnerabilidade   hidrológica   na   região  MAP,  afetada  por  graves  secas,  inundações,  deslizamentos  de  terra   e  erosão.

 

 

Introdução  

O objetivo deste relatório, o segundo de quatro produtos, é fornecer um diagnóstico das áreas mais criticas de vulnerabilidade hidrológica na região transfronteiriça do MAP. Este é um alvo em rápida evolução. Por exemplo, a preocupação sobre graves secas explodiu durante e depois da seca severa de 2005, nove anos atrás. As frequentes inundações da cidade de Rio Branco deste 2006 tem criado uma nova ‘norma’ para respostas de Defesa Civil na Região MAP.

Este relatório se inicia com uma revisão de literatura recente para fornecer um contexto regional sobre vulnerabilidade hidrológica na Região MAP. Concluímos com algumas recomendações sobre ações relevantes para a Região MAP.

 

Para fins destes produtos, define-se a Região Tri-nacional MAP como a bacia hidrográfica onde as afluentes vem de mais de um país – no caso Brasil, Bolívia e Peru. A localização da bacia no contexto de cobertura florestal, área desflorestada e centros urbanos pode ser vista na Figura 1.

 

   

Figura 1. Localização regional da bacia trinacional do Rio Acre na imagem Google Earth. Áreas verdes significam florestas. Áreas claras são áreas alteradas sem cobertura florestal.

 

A Figura 2 mostra a rede hidrográfica e a divisão política da bacia usadas neste trabalho, com uma área total de 7.483 km2 (748.300 ha), dividida entre Madre de Dios (2.500 km2), Acre (3.063 km2) e Pando (1.920 km2).

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Figura 2. Hidrografia da bacia tri-nacional do Rio Acre. Fonte: banco de dados organizado pela OTCA.

 

2.  Vulnerabilidade  hidrológica  

 

O conceito de vulnerabilidade no contexto de desastres naturais tem evoluído nos últimos anos. Um relatório recente do IPCC (2012) fornece algumas definições relevantes para a discussão de vulnerabilidade hidrológica e um diagrama (Figura 3) que ilustram as interações dos conceitos. A interação mais relevante para este relatório é entre Exposição e Vulnerabilidade, foco do capítulo 2 do relatório de IPCC em 2012 (Cardona et al., 2012).

Evento extremo climático (ou de tempo): a ocorrência de valor de uma variável de tempo

ou de clima acima (ou abaixo), um limiar perto dos limites superiores (ou inferiores) dos valores observados da variável. Para simplificar, eventos extremos meteorológicos e climáticos são referidos como eventos extremos climáticos.

Exposição: a presença de pessoas, atividades, serviços e recursos ambientais,

infraestrutura, ou atividades econômicas, social ou cultural que podem ser afetados negativamente.

Vulnerabilidade: a tendência ou predisposição para ser afetado negativamente.

Risco de Desastre: a probabilidade durante um período especifico de tempo de alterações

severas no funcionamento normal de uma comunidade ou uma sociedade, devido a eventos físicos perigosos, interagindo com condições sociais vulneráveis, levando a efeitos humanos, materiais, econômicos ou ambientais adversos, que precisam de resposta imediata de emergência para satisfazer necessidades críticas humanas, e pode exigir apoio externo para recuperação.

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Figura 3. Ilustração dos conceitos sobre gestão de risco de fenômenos meteorológicos extremos e desastres. Notar os papeis de vulnerabilidade e exposição na determinação do risco de desastres. Fonte: Relatório especial do IPCC sobre gestão de risco e adaptação a mudanças climáticas (IPCC, 2012).

Os conceitos de exposição e vulnerabilidade são interligados e às vezes se confundem em parte porque duas comunidades científicas (de gestão de risco e de mudanças climáticas) usam de maneiras diferentes (Cardona et al. 2012, p.70). Neste relatório, a exposição se refere a um inventário de elementos (população humana e recursos econômicos, por exemplo) onde um evento extremo pode acontecer. Ela é uma condição necessária, mas insuficiente para vulnerabilidade.

Para ser vulnerável, porém, primeiro precisa estar exposto a um evento adverso. A vulnerabilidade depende da situação e envolve fatores socioambientais, e pode evoluir com o tempo (Cardona et al., 2012, p.76). No conto de fadas dos três porquinhos e o lobo, as casas dos três porquinhos foram expostas a mesma ameaça: o bafo do lobo, porém as casas de palha e de madeira foram muito mais vulneráveis do que a casa de tijolos.

No caso da região transfronteiriça do MAP, espera-se que a vulnerabilidade a desastres e especialmente as ligadas a água (hidrológicas) vão evoluir nos próximos anos e décadas. Para eventos extremos (baixa probabilidade, alta intensidade) o fator exposição é mais importante para o impacto de desastres. Para eventos menos extremos (mais probabilidade, menos intensidade), o fator de vulnerabilidade domina o impacto de desastres (Cardona et al., 2012, p.72).

Um aspecto limitante nas definições de exposição e vulnerabilidade é o fator antropocêntrico, que as vezes explicita nas definições oriundas da comunidade científica de gestão de risco; isto é, se a população humana não está afetada, não existe um desastre.

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Mas, considerando que o fator antropogênico é cada vez mais influente em eventos extremos climáticos (IPCC, 2012), ecossistemas naturais impactados por estes eventos poderiam ser alterados, como tem sido os ecossistemas florestais na Amazônia sul-ocidental afetados pelas secas severas de 2005 e 2010 (Lewis et al. 2011). Consequentemente, neste relatório usamos também os conceitos de exposição e vulnerabilidade aplicados a ecossistemas naturais.

A definição de vulnerabilidade hidrológica é complexa. Gain et al. (2012) fizeram uma revisão da literatura sobre vulnerabilidade hidrológica e notaram pelo menos quatro grupos de definições. Eles recomendaram a abordagem do Fussel (2007) de quatro dimensões para análise: (1) sistema de interesse; (2) atributos específicos do sistema; (3) ameaça; (4) escala temporal. O sistema de interesse é a bacia transfronteriça do Rio Acre e suas sub-bacias ou unidades hidrológicas.

A Tabela 1 mostra a organização preliminar para este relatório sobre vulnerabilidade hidrológica.

Tabela 1. Atributos específicos, ameaças e escalas temporais de vulnerabilidade hidrológica da bacia transfronteiriça do Rio Acre.

Atributos  específicos   Ameaça   Escala  temporal  

1.    Extensão  da  camada  de  água   Inundação     Dias  a  décadas   2.     Alteração   na   qualidade   da  

água   Inundação   Dias  a  décadas  

3.   Água   para   manter   o   funcionamento   dos   ecossistemas   aquáticos  

Seca,   alteração   de   escoamento   e  

infiltração  por  desmatamento   Dias,  meses,  décadas   4.   Água   para   abastecimento   das  

cidades  

Seca   (falta   de   água)   /Inundação   (carga  de  sedimentos)  

Dias,  meses,  décadas   5.   Navegabilidade   e   qualidade   da  

água   Erosão  e  deslizamento   Semanas  –  décadas  

Para diagnosticar áreas criticas, é necessário cruzar a distribuição espacial e temporal das ameaças com na bacia e sub-bacias do Rio Acre na região transfronteiriça do MAP.

Ameaças

As ameaças mais visíveis para os recursos hídricos na bacia tri-nacional do Rio Acre são as ligadas a eventos extremos, como secas severas, incêndios e inundações.

Ameaça 1: Secas severas e incêndios

Secas fazem parte da história natural da Amazônia. Em 1925-1926, houve uma seca aparentemente mais prolongada do que as secas de 2005 e 2010 (Williams et al., 2005; Lewis et al., 2011). Ela foi associada com um intenso El Niño (Williams et al. 2005) e antes do aumento rápido de gás carbônico na atmosfera e do desmatamento associado a

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expansão de estradas na Amazônia. Esta seca alcançou o Rio Acre, segundo relatos em periódicos regionais (Brown e Tavares 2011).

Secas tem uma escala caraterística de centenas até milhares quilômetros. Isto significa que secas severas geralmente inclui toda a região MAP, com grau de severidade variável. Em 2005 o epicentro da seca foi no leste do Acre, afetando Pando e o leste de Madre de Dios. Em 2010, o epicentro migrou mais para oeste, incluindo o oeste do Acre e Ucayali, Peru (Lewis et al. 2011). Nesta situação, a bacia tri-nacional do Rio Acre com escala caraterística de dezenas de quilômetros está sujeita na íntegra a secas severas.

Figura 4. Epicentros da secas em 2005 e 2010. Fonte: Lewis et al. (2011), material suplementar. Secas são cumulativas, isto é, o acúmulo de dias sem chuva leva, via evapotranspiração e escoamento sub-superficial, a uma redução na quantidade de água no subsolo da bacia tri-nacional. Por sua vez, esta redução de água no subsolo significa mais estresse hídrica para a vegetação e menos água nos igarapés e no Rio Acre.

No modelo conceitual de hidrologia de estacionaridade existem variações, até na escala decadal, nas variáveis de chuva, evapotranspiração e escoamento via sistema de drenagem, mas eles variam ao redor de uma tendência central invariante com tempo. Recentemente, Milly et al. (2008) declaram que o conceito de estacionaridade morreu por causa de efeitos de mudanças climáticas antropogênicos. Temos indicações que tanto no nível global (Durack et al. 2012) quanto na escala de Amazônia (Davidson et al. 2012), o ciclo hidrológico está se modificando. Por exemplo, Fu et al. (2013) documentaram que o período da seca está se prolongando desde 1978 no sul da Amazônia, incluindo a bacia tri-nacional no seu estudo.

O risco de comprometer o abastecimento de comunidades na bacia tri-nacional durante secas é evidente porque a maior parte do abastecimento de água em Iñapari, Assis Brasil, Epitaciolândia, Brasileia e Cobija é feito via água de igarapés ou do próprio Rio Acre. Acompanhando a redução de água no subsolo há um aumento na susceptibilidade das pastagens, áreas agrícolas e florestas a incêndios. Em 2005, mais de 400 mil hectares de

(13)

florestas tropicais foram afetados por fogo no leste do Acre, no leste de Madre de Dios e em Pando (Cots et al. 2007).

Em termos da bacia tri-nacional, os impactos do fogo em 2005 e 2010 foram consideráveis. A Tabela 2 mostra uma compilação baseada nos dados disponíveis no banco de dados da OTCA que são polígonos de cicatrizes de fogo em áreas abertas e em florestas. A seca de 2005 propiciou espalhamento de fogo registrado em cerca de 30.000 ha, equivalente a 300 km2. Cerca de 70% da área das cicatrizes foi no lado do Acre. Talvez mais relevante para este estudo é que quase 7 ha por km2 de bacia do lado do Acre mostraram cicatrizes, ou seja quase 7 por cento do norte da bacia do Rio Acre.

Tabela 2. Distribuição de polígonos de cicatrizes de fogo que poderiam incluir áreas abertas e florestas.

    2005          

        polígonos  

Região   total,  ha   %  total   ha/km2*   número   min,  ha   max,  ha  

Madre  de  Dios   1.447   5%   0.6   55   3   451  

Acre   21.050   70%   6.9   2.554   0.002   1.776  

Pando   7.529   25%   3.9   416   0.03   534  

Total   30.026   100%   4.0   3.025      

             

    2010          

Região   total,  ha   %  total   ha/km2*   número   min,  ha   max,  ha  

Madre  de  Dios   541   5%   0.2   57   0   58  

Acre   8.011   74%   2.6   1.014   0.01   409  

Pando   2.236   21%   1.2   151   0.18   348  

Total   10.788   100%   1.4   1.222      

      *  ha  de  cicatrizes  por  km2  da  bacia  nacional,     equivalente  a  porcentagem.  

Fonte: Banco de dados construído com apoio da OTCA

A distribuição das cicatrizes na Figura 5 permite visualizar onde o fogo foi intenso o suficiente em 2005 e 2010 para deixar cicatrizes detectáveis via imagens Landsat. No caso do Acre, metade da bacia tem registros extensivos de fogo. Um padrão semelhante acontece em Pando. Madre de Dios, porém tem relativamente pouco impacto e somente perto da estrada Interoceânica.

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Figura 5. Distribuição de cicatrizes de incêndios em áreas abertas e florestas na bacia tri-nacional do Rio Acre depois das secas em 2005 e 2010. Fonte: banco de dados organizado com o apoio da OTCA.

Incêndios em áreas abertas e florestas tem múltiplos impactos no sistema hídrico. Primeiro, os incêndios podem alterar drasticamente a cobertura vegetal do solo, permitindo erosão via impacto das gotas diretamente no solo que pode modificar a infiltração e o escoamento. O aumento de escoamento, por sua vez, pode alterar o regime de erosão e deposição, afetando o sistema de drenagem. Segundo, a vegetação pode ser danificada ou morta, afetando o processo de evapotranspiração nos meses subsequentes ao incêndio. Terceiro, nutrientes estão mobilizados, seja como gases de nitrogênio e aerossóis, seja como cinzas na superfície do solo. Alguns destes nutrientes são capturados via vegetação crescente, mas outros podem levar a eutrofização dos ecossistemas aquáticos (ver Castello et al., 2013 para mais discussão).

Subdivisões da bacia tri-nacional em sub-bacias até 5ª ordem permitem identificar áreas críticas com mais facilidade. A Figura 6 mostra o resultado desta subdivisão.

Figura 6. Rede hidrográfica e sub-bacias de 5ª ordem da bacia tri-nacional do Rio Acre. Fonte de dados: Banco de dados organizado por apoio da OTCA.

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Uma análise preliminar das sub-bacias e suas cicatrizes de fogo indicou sete sub-bacias de 5ª ordem, onde cerca da metade da área de cicatrizes estão localizadas. A Figura 7 mostra a distribuição destas sub-bacias, a maioria está localizada no lado do Acre nesta bacia. Pando tem uma bacia com cicatrizes de fogo que incorpora Cobija. Poucas sub-bacias na porção de Madre de Dios têm evidências de cicatrizes extensivas.

Figura 7. Sub-bacias de 5ª ordem da bacia tri-nacional do Rio Acre com superposição de cicatrizes de incêndios em áreas abertas e em florestas. As sub-bacias em amarelo representam cerca da metade da área de cicatrizes.

As áreas em amarelo na Figura 7 cobrem 754 km2, cerca de 10 por cento da área da bacia tri-nacional. São áreas criticas em relação de incêndios de 2005 e 2010, do qual inferimos que serão áreas criticas em secas severas futuras.

Ameaça  2:      Chuvas  intensas  e  prolongadas    

A escala caraterística de chuvas intensas na Amazônia pode variar entre centenas de metros para chuvas convectivas isoladas até milhares de quilômetros como a Zonas de Convergência Inter-Tropical (ZCIT) e do Atlântico do Sul (ZCAS). Na mesma maneira que existem evidencias que há uma mudança na escala decadal nas secas, chuvas está intensificando em Amazônia (Gloor et al. 2013).

No caso da inundação de 2012 no Rio Acre, o evento extremo aconteceu no período 07h00 12fev12 a 07h0013fev12 (ver Figura 8)

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Figura 8. Estimativa da chuva (verde escura ~100 mm, marrom < 5 mm) no período de 07h00 12fev12 a 07h00 13fev12. As dimensões da mancha oeste do ponto tri-nacional é 70 km x 25 km. Fonte dos dados: CPTEC/INPE – www.cptec.inpe.br.

Ameaça  3:      Deslizamentos  e  erosão  acelerada    

Deslizamento e erosão são processos naturais que moldam a paisagem. No caso deste diagnóstico é a aceleração destes processos que são preocupantes para vulnerabilidade hidrológica, especialmente os processos afetando atividades humanas.

Deslizamentos mas visíveis e perturbador do sistema de drenagem são os que ocorre nas margens do Rio Acre e afluentes principais. Estas deslizamentos podem mudar o curso do rio, bloquear transporte e afetar comunidade ribeirinhas.

Em duas viagens no Rio Acre (ver Figura 9), foi possível ver que o rio tem uma mesclada de topografia em cerca de 300 km de margens sinuosos da Estação Ecológica do Rio Acre até Epitaciolândia. Vertentes rochosas de até 25 metros de altura alternaram com planícies de sedimentos não consolidados.

(17)

Figura 9. Centenas de observações de erosão a montante do ponto tri-nacional (Bolpebra/Iñapari/Assis Brasil) em vermelha em março de 2013 e a jusante em amarela em dezembro de 2013. Detalhes em um relatório posterior.

Os impactos de erosão/deslizamento não foi sempre nas vertentes íngremes. Em alguns casos, foi erosão rápida em uma planície com solos não consolidados que resultou em muitas árvores caídas no rio.

Um outro fenômeno que fica evidente é que a margem norte do Rio Acre parece mais íngreme do o lado sul. Figura 10 ilustra esta tendência no caso da fronteira tri-nacional em Bolpebra/Iñapari/Assis Brasil. Como se pode ver na Figura 10, o lado sul tem uma planície bem mais larga do rio do que se encontra no lado norte. Na inundação de 2012, Iñapari e Bolpebra foram muito mais afetados do que Assis Brasil, resultado de relevo local diferente.

Figura 10. A topografia da bacia tri-nacional do Rio Acre com foco na região de Bolpebra/Iñapari/Assis Brasil. Fonte dos dados: Banco de dados organizado por apoio da OTCA.

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3.  CONSIDERAÇÕES  FINAIS  

Sinergias  entre  as  ameaças  e  vulnerabilidade  

Dentre os vários perigos/ameaças de origem natural, os de cunho hidrometeorológicos são aqueles cuja manifestação têm incitado recorrentes desastres no Brasil e no mundo. Embora a origem natural, estes desastres estão relacionados com a geodinâmica terrestre externa e seus danos envolvem dimensões ambientais, materiais e humanas que vão desde os processos de erosão, deslizamentos, enchentes, inundações, como indicado neste trabalho, dentre outros aspectos. Interagindo com a vulnerabilidade hidrológica na bacia, estes perigos/ameaças geram impactos imediatos e de longo prazo. Porém, outros fatores mais sutis, como desmatamento progressivo, urbanização e aumento gradual de temperatura, e consequentemente o potencial de evapotranspiração, também podem ter impactos via um aumento na vulnerabilidade. Tanto as ameaças mais visíveis quanto os fatores mais sutis estão evoluindo com o tempo, consequentemente, a análise da situação contemporânea na Região MAP vai contemplar alguns cenários do futuro próximo.

A proliferação de situações de riscos ambientais ameaça a integridade física, os bens e a qualidade de vida das pessoas. A ocupação acelerada, desordenada e agressiva de áreas geotecnicamente suscetíveis, resulta num aumento crescente de acidentes, como aqueles associados a escorregamentos e inundações, com enormes danos ao ambiente, às comunidades, bem como à economia local (Nogueira, 2002).

Segundo Lavell, 1996 in Nogueira (2002), o risco é uma condição latente ou potencial, e o seu grau depende da intensidade provável da ameaça e dos níveis de vulnerabilidade existente. A vulnerabilidade expressa os desequilíbrios entre a estrutura social e o meio físico construtivo e natural que a rodeia, não podendo, portanto, ter um valor absoluto, dependendo do tipo e da intensidade da ameaça. O grau de risco sempre é uma função da magnitude da ameaça e da vulnerabilidade e, portanto, constitui um parâmetro dinâmico, cambiante e teoricamente controlável.

A Figura 11 apresenta a ideia de que a intensidade do risco (alto, médio e baixo) depende fundamentalmente da combinação entre o nível de ameaça, no eixo horizontal – que pode ser entendido também como nível de periculosidade – e o nível de vulnerabilidade, no eixo vertical. Percebe-se que o risco está presente em todos os quadrantes do gráfico. Mesmo que os níveis de vulnerabilidade e de ameaça sejam baixos, o risco ainda está lá e vai aumentando à medida que o nível das outras variáveis vai crescendo. Assim, temos a representação visual da fórmula R=A+V, que segundo Rebelo (2003) leva em conta que basta existir uma ameaça (A), ou a possibilidade de ocorrer algo de especial, de estranho, de diferente, para que exista um risco (R). Se a vulnerabilidade for igual a zero (V=0), o risco resultante da soma de ameaça e vulnerabilidade resultará em 1 (R=1+0=1).

(19)

Figura 11. Relação entre níveis de ameaça e de vulnerabilidade na determinação de intensidade de riscos.

Fonte: Rebelo, 2003

A análise de vulnerabilidade realizada para a região transfronteiriça do MAP, mostra o aumento dos indícios dos impactos das mudanças do clima nos sistemas hidrológicos, especialmente através do aumento da frequência dos extremos de secas e inundações, exigindo adaptações e fortalecimento da gestão integrada de recursos hídricos na região. Neste sentido sugere-se a implementação e/ou o fortalecimento do monitoramento hidrometeorológico e do sistema de comunicação em emergência com alertas precoces de condições criticas, bem como a inserção da dimensão do risco hidrológico nas intervenções de natureza socioeconômicas que envolvam o uso dos recursos naturais na região – água e floresta.

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4. REFERRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brown, I. Foster e Roberto Tavares. 2011. “ ...E quando a seca do ano 1926 acontecer de novo?” Periódico A Gazeta, 11-12set11. Rio Branco, Acre. pC1-6.

Cardona, O.D., M.K. van Aalst, J. Birkmann, M. Fordham, G. McGregor, R. Perez, R.S. Pulwarty, E.L.F. Schipper, and B.T. Sinh, 2012: Determinants of risk: exposure and vulnerability. In: Managing the Risks of Extreme Events and Disasters to Advance Climate Change Adaptation [Field, C.B., V. Barros, T.F. Stocker, D. Qin, D.J. Dokken, K.L. Ebi, M.D. Mastrandrea, K.J. Mach, G.-K. Plattner, S.K. Allen, M. Tignor, and P.M. Midgley (eds.)]. A Special Report of Working Groups I and II of the Intergovernmental Panel on

Climate Change (IPCC). Cambridge University Press, Cambridge, UK, and New York,

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