RELATÓ RIÓ FINAL
Mestrado Integrado em Medicina
NOVA Medical School
Ano Letivo 2014-2015
Ana Carolina Medeiros Bronze
Índice
Introdução ... 2
Síntese das Atividades Desenvolvidas ... 2
Ginecologia e Obstetrícia ... 2
Saúde Mental ... 3
Medicina Geral e Familiar ... 4
Pediatria ... 4
Cirurgia Geral ... 5
Medicina Interna ... 6
Unidade Curricular Opcional: Pedopsiquiatria ... 6
Reflexão Crítica ... 7
Anexos ...10
1. Curso de Interpretação Eletrocardiográfica ...10
2. Curso de Interpretação de Radiologia Convencional ...11
3. Curso de Abordagem do doente urgente: Principais Urgências ...12
4. Congresso iMed Conference 6.0 ...13
5. Workshop: Facial Expressions (iMed Conference 6.0) ...14
6. Palestra “Burnout em Estudantes de Medicina ...15
7. Palestra “Como lidar com o doente que sofre de doença mental? Psicose Esquizofrénica” ...16
8. Curtos Estágios Médicos em Férias (Cirurgia Geral) ...17
Introdução
O presente relatório visa descrever sumariamente e analisar, de um ponto
de vista crítico, o ano profissionalizante (6º) do Mestrado Integrado em Medicina
(MIM) da Faculdade de Ciências Médicas (NOVA Medical School). Por se tratar do
último ano do MIM, torna-se um elo de ligação entre a formação pré-graduada e o
exercício da prática clínica, pelo que estabeleci, à partida, objetivos gerais que
pretendia alcançar, para que pudesse iniciar a minha vida profissional com o maior
número de competências práticas, conhecimentos e valores éticos. Assim,
determinei como meus objetivos pessoais para este ano letivo: (1) Consolidar e
aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos previamente e desenvolver a
autonomia e as competências práticas necessárias à abordagem do doente. (2)
Adquirir as aptidões necessárias a uma abordagem holística do doente, seguindo
um modelo biopsicossocial que contribua para, na minha prática clínica, ser capaz
de integrar os fatores físicos, psicológicos, familiares, sociais e culturais do doente
na resolução de problemas médicos. (3) Desenvolver estratégias que me permitam
estabelecer uma relação médico-doente que otimize, no futuro, a minha prestação
de cuidados de saúde. (4) Conciliar os estágios profissionalizantes com a
preparação para a Prova Nacional de Seriação, permitindo criar um equilíbrio entre o
estudo e a minha integração na rotina diária médica.
Síntese das Atividades Desenvolvidas
Ginecologia e Obstetrícia (15-Set-2014 a 10-Out-2014)
Realizei o estágio 4 semanas de Ginecologia – Obstetrícia no Hospital Dona
Estefânia (HDE) sob orientação da Drª Maria do Carmo Silva. Dos objetivos por
mim estabelecidos para este estágio destaco, como principais, a obtenção de
bem como a identificação das principais situações patológicas da saúde
materno-fetal. Durante este estágio pude assistir a diversas vertentes da consulta externa
(Ginecologia Geral, Diagnóstico pré-natal, Medicina da Reprodução, Medicina
Materno-fetal e Climatério), tendo também observado técnicas específicas da
especialidade, bem como cesarianas eletivas e cirurgia ginecológica em contexto de
bloco operatório. No Serviço de Urgência (SU) da Maternidade Alfredo da Costa participei no atendimento geral e assisti a partos eutócicos e cesarianas.
Apresentei ainda um caso clínico relativo a uma puérpera seropositiva.
Indo de encontro aos meus objetivos iniciais, pude realizar exame
ginecológico com espéculo, citologias cérvico-vaginais, bem como auscultação do foco fetal com Doppler e medição da altura uterina.
Saúde Mental (13-Out-2014 a 7-Nov-2014)
No serviço de Psiquiatria do Hospital Fernando Fonseca (HFF) realizei o
estágio de 4 semanas de Saúde Mental sob orientação da Dr.ª Susana Jorge. Tinha
como objetivos principais ser autónoma na realização do exame do estado mental,
ser capaz de identificar elementos patológicos na personalidade, no comportamento
e no relacionamento interpessoal, diferenciando-os do funcionamento psicológico
normal do indivíduo, bem como ganhar competências para identificar situações
individuais e sociais de risco, nomeadamente de suicídio, objetivos estes que
considero ter alcançado, ainda que o último tenha sido alcançado apenas numa
perspetiva teórica. Estive integrada na equipa comunitária de Queluz, tendo
também frequentado o SU do HFF e as reuniões interdisciplinares. Realizei
também, em conjunto com três colegas, um trabalho sobre “Relação
Medicina Geral e Familiar (10-Nov-2014 a 5-Dez-2014)
Por questões de proximidade à residência e com a finalidade de conhecer a
realidade dos cuidados de saúde primários nos Açores, optei por realizar o
estágio na Unidade de Saúde da Lagoa – C.S. de Ponta Delgada. Fui orientada pelo Dr. Rui Fontes e pelo Dr. Magno Silva, tendo participado ativamente nas
consultas, nomeadamente através da observação e discussão da abordagem dos
doentes com o meu tutor. Estive presente em consultas de Saúde Infantil, Saúde
Materna e Planeamento Familiar, Saúde de Adultos e Urgência. Tinha estabelecido
alguns objetivos específicos, dos quais destaco como alcançados o desenvolvimento
de estratégias que otimizem o cumprimento terapêutico e relação médico-doente, a
identificação de sinais de alarme de algumas patologias agudas que exijam
articulação com os Cuidados de Saúde Secundários e a aquisição de competências
que me permitam praticar uma medicina preventiva, com especial ênfase na
educação para a saúde.
Pediatria (8-Dez-2014 a 16-Jan-2015)
O meu estágio de Pediatria decorreu no HDE sob orientação do Dr. António
Bessa de Almeida. Tinha estabelecido como objetivos pessoais, entre outros,
desenvolver a minha capacidade de comunicação com os doentes e familiares,
tendo em consideração as particularidades da saúde infantil, ser autónoma na
avaliação de doentes em idade pediátrica, (anamnese, exame objetivo, avaliação do
crescimento e desenvolvimento), reconhecer as principais patologias dos doentes
pediátricos em Portugal e identificar sinais de alarme do desenvolvimento infantil.
Neste estágio integrei-me num serviço de Pediatria Médica, tendo participado,
dentro do possível, na rotina da enfermaria do serviço, assistido à consulta externa
além da comparência a reuniões e sessões clínicas. Realizei, no final, um trabalho
de grupo subordinado ao tema “Exame Objetivo do Recém-nascido”.
O facto de a maioria dos doentes terem idade inferior a 12 meses permitiu-me
desenvolver as minhas competências de realização do exame objetivo e avaliação
do desenvolvimento do lactente.
Cirurgia Geral (26-Jan-2015 a 21-Mar-2015)
Realizei o estágio de 2 meses Cirurgia Geral no Hospital Beatriz Ângelo,
sob orientação da Dr.ª Rita Roque. Relativamente aos objetivos específicos deste
estágio, considerei importante finalizá-lo com autonomia na avaliação do doente em
contexto de urgência, sendo capaz de realizar uma abordagem organizada,
sistemática, que permita um diagnóstico e encaminhamento rápido e uma
terapêutica otimizada. Não menos importante, pretendia, no final do estágio, saber
executar as técnicas de pequena cirurgia mais comuns e conhecer as técnicas de
anestesia e de assepsia necessárias a esses procedimentos, já que considero
serem competências obrigatórias à formação de qualquer médico,
independentemente da área de especialização. Durante o estágio compareci a
sessões teóricas e teórico-práticas que constituem a primeira semana de estágio e
acompanhei diariamente a minha tutora em atividades de internamento, consulta de
cirurgia geral, bloco operatório, SU, sessões clínicas e reuniões multidisciplinares.
Realizei ainda, integrado nesta UC, um estágio opcional de Anestesiologia,
orientado pela Dr.ª Patrícia O’Neil, no qual pude observar diversas modalidades anestésicas, nomeadamente anestesia geral, local, bloquei de plexos,
raquianestesia e epidural torácica. Neste estágio tive oportunidade de desenvolver
competências fulcrais à formação médica, como a ventilação com sistema
máscara-balão, tendo também praticado outras técnicas como introdução de tubos de Guedel, entubação nasogástrica e entubação orotraqueal, tanto em
adultos como em crianças. No mini-congresso realizado no HBA no final do estágio
fui responsável pela apresentação de um trabalho de grupo subordinado ao tema
“Úlcera Péptica Complicada no séc.XXI”.
Medicina Interna (23-Mar-2015 a 22-Mai-2015)
Ao longo do estágio de Medicina Interna fui integrada na equipa chefiada pela
Dr.ª Cristina Poole no Serviço de Medicina 2.3 do Hospital de Santo António dos Capuchos. Os meus objetivos iniciais eram, essencialmente, ganhar autonomia
para avaliar, diagnosticar e prescrever medidas terapêuticas para as situações
clínicas mais prevalentes na população portuguesa e, também, ganhar
competências para reconhecer e referenciar situações que exijam observação por
outras especialidades médicas. Ao longo dos 2 meses de estágio frequentei as
sessões clínicas, visitas médicas, reuniões de serviço, seminários teórico-práticos,
consulta externa e SU, ainda que a base da minha rotina fosse o trabalho na
enfermaria de mulheres deste serviço.
Diariamente estive responsável por um máximo de 3 doentes, estando a meu
cargo a sua observação, revisão terapêutica e pedido de MCDTs, sempre
supervisionada por um membro da equipa. Neste sentido, considero ter atingido os
meus objetivos iniciais, tendo a minha maior dificuldade passado pelo momento da
decisão terapêutica e pela componente do SU. Ao longo deste estágio apresentei
também dois seminários individualmente, subordinados aos temas “Diagnóstico
diferencial de diarreias” e “Anticoagulação Oral”.
Unidade Curricular Opcional: Pedopsiquiatria (25-Mai-2015 a 5-Jun-2015)
A escolha da Pedopsiquiatria como estágio clínico opcional prendeu-se com o
interesse crescente que tenho desenvolvido pela saúde mental e com o facto de não
decorreu no HDE, tendo sido acolhida por diversos assistentes para que pudesse
passar pelas diferentes áreas, nomeadamente na Unidade de Internamento e SU do
HDE, Clínica do Parque (2ª infância), Clínica da Juventude (Adolescentes) e
respetivos hospitais dia, apenas não tendo tido oportunidade de frequentar a
Unidade de Primeira Infância.
Reflexão Crítica
Findados os estágios profissionalizantes do último ano do MIM, considero ter
cumprido, de um modo geral a maioria dos objetivos a que me propus no início deste
ano letivo.
Em termos formativos, considero como os de maior relevância para esta
etapa da minha formação o estágio de Medicina Interna, por ter sido aquele em que
ganhei maior autonomia e à vontade na prática clínica, e o de MGF, por me ter
proporcionado a oportunidade de contactar com uma diversidade tão ampla de
faixas etárias e de patologias. Neste estágio foi-me também confiada bastante
autonomia, tendo-me sido possível obter uma visão integrada dos doentes e do seu
contexto familiar e social, numa população em que é notória a necessidade de
educação para a saúde, já que o nível de escolaridade global e situação
socioeconómica dos doentes são, muitas vezes, precários. Os estágios que se
afastaram mais das minhas expectativas foram os de Pediatria, onde me senti
menos acompanhada e mais limitada na observação de doentes, e o de
Ginecologia, onde existiu uma elevada lotação de alunos no serviço, o que nos
levantou alguns problemas de distribuição. Do estágio de Cirurgia
Geral/Anestesiologia gostaria de salientar como ponto positivo a aquisição de
competências nas áreas da pequena cirurgia e ventilação com sistema
há muito pela área, tendo superado as minhas expectativas no que toca à
multidisciplinaridade e organização do serviço. Contribuiu, ainda, para a minha
escolha do estágio clínico opcional em Pedopsiquiatria, já que foi uma valência da
saúde mental que não tive oportunidade de observar anteriormente. Terminei o
estágio de Saúde Mental apenas lamentando não ter tido oportunidade de frequentar
a unidade de internamento, por questões de divisão dos alunos pelas várias
valências do serviço. O estágio de Pedopsiquiatria, apesar de curto, correspondeu
às minhas expectativas, já que se tornou bastante demonstrativo das diversas
intervenções e da forma como se adequam a cada idade, bem como do trabalho
multidisciplinar que é realizado junto das crianças e familiares. Considerei
importante, ao longo deste ano letivo, conciliar, do melhor modo possível, a
preparação para a Prova Nacional de Seriação com atividades extracurriculares
de enriquecimento pessoal e profissional, sem descurar a minha prestação nos
estágios clínicos, gestão que se tornou desafiante e, por períodos, inquietante.
Em retrospetiva, estou certa de que cresci, de modo muito mais evidente do
que em anos anteriores, enquanto estudante de medicina, tanto em termos de
aprendizagem como no que respeita ao desenvolvimento de competências clínicas e sociais relativas aos doentes e restantes profissionais de saúde,
tendo adquirido também noções importantes de ética e profissionalismo. Neste
sentido, numa fase em que se pratica uma medicina cada vez mais impessoal,
crescentemente depositada em estatísticas e parâmetros de qualidade e com cada
vez menos disponibilidade para comunicar e refletir sobre o bem-estar daqueles que
devemos servir, destaco os estágios de MGF, Saúde Mental e Pedopsiquiatria
como os de maior contributo pessoal, por um lado porque me revejo nos seus
fundamentos e também porque cultivaram em mim a visão holística do doente e o
foi crescendo nos últimos anos. Para isso, considero terem sido essenciais dois
marcos da minha vida académica. Em primeiro lugar, a minha integração enquanto
membro da Tuna Médica de Lisboa que, além de essencial para a minha
adaptação numa fase inicial e para a manutenção da minha motivação e resiliência
nos períodos de stress emocional que fui acumulando ao longo destes seis anos de
curso, permitiu-me também adquirir competências de liderança, trabalho de
equipa, diálogo e gestão de conflitos, atributos esses que considero imperativos
no estabelecimento de relações profissionais e no bom funcionamento das equipas
médicas entre si e com os restantes profissionais de saúde, de modo a otimizar a
nossa prestação de cuidados de saúde. Em segundo lugar, destaco a minha
experiência no programa de mobilidade Erasmus em Riga (Letónia), onde tive a
oportunidade de conhecer e integrar um sistema de saúde diferente do existente em
Portugal, com uma população com características naturalmente distintas das
nossas. Esta foi uma prova à minha capacidade de adaptação perante desafios
linguísticos, culturais e médicos e uma etapa académica que me permitiu abrir
horizontes.
Por último, deixo um agradecimento a todo o corpo docente que me
acompanhou durante a minha formação pré-graduada pela transmissão de
conhecimento, partilha de experiência, pela constante estimulação da curiosidade e
pela motivação que me incutiram. Hoje, sinto-me mais apta e responsável para o
exercício da medicina, não negligenciando a minha inexperiência e as minhas
preocupações resultantes da consciência da necessidade de minimizar o erro,
considerando que os meus atos futuros influenciarão o bem-estar de seres
Anexos
7. Palestra “Como lidar com o doente que sofre de doença mental? Psicose Esquizofrénica”