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O ENSINO DA DANÇA E OS CUIDADOS COM O CORPO SENESCENTE TEACHING DANCE AND THE CARE WITH THE SENESCENT BODY

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Academic year: 2021

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O ENSINO DA DANÇA E OS CUIDADOS COM O CORPO

SENESCENTE

GIORRDANI GORKI QUEIROZ DE SOUZA (SESC-PE)

RESUMO

As estatísticas apontam um rápido crescimento da população idosa a nível mundial e nacional. As pesquisas apontam para importância da dança como agente que influencia positivamente a qualidade de vida do idoso. A dança tem o potencial de amenizar os problemas decorrentes do processo de envelhecimento tanto em seus aspectos psicossociais quanto fisiológicos. O presente artigo visa promover a reflexão sobre as responsabilidades de quem ensina dança para grupos de terceira idade no que se refere à obtenção de conhecimentos relacionados fisiologia do envelhecimento e cinesiologia do corpo senescente. Como fisioterapeuta e artista procuro aqui articular demandas e apontar alguns caminhos metodológicos que devem ser levados em consideração quando se trabalha com o idoso.

PALAVRAS-CHAVE: Dança, Terceira Idade, Metodologia de Ensino, Fisiologia do Envelhecimento.

TEACHING DANCE AND THE CARE WITH THE

SENESCENT BODY

ABSTRACT

Statistics show a rapid growth of the elderly population worldwide and nationally. Researches points to the importance of dance as an agent that positively influences the quality of life of the elderly. The dance has the potential to alleviate the problems arising from the aging process in both psychosocial and physiological aspects. This article aims to promote reflection on the responsibilities of those who teach dance for elderly groups with regard to obtaining knowledge related physiology of aging and kinesiology of the senescent body. As a physical therapist and artist here I want to articulate demands and try to point out some methodological approaches that should be taken into account when working with the elderly.

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De acordo com Organização Mundial de Saúde (OMS) a população mundial está envelhecendo muito rapidamente. Entre os anos de 2000 e 2050, a proporção mundial de pessoas acima dos 60 anos duplicará de 11% para 22%. Neste mesmo período, o número de pessoas com 80 anos ou mais irá quadriplicar para aproximadamente 395 milhões (WHO, 2012). Este aumento do número de anos de vida, no entanto, precisa ser acompanhado pela melhoria ou manutenção da saúde e qualidade de vida (OPAS, 2005).

São vários os estudos que se coadunam com a afirmação de que a qualidade de vida para os idosos recebe forte influência do contexto sociocultural em que vivem e que a atividade física tem um papel de destaque em suas vidas, sendo entendida como algo que lhes dá prazer e contribui para a satisfação de suas necessidades físicas, emocionais e sociais, assim como para a contribuição da manutenção da capacidade funcional e autonomia (FONSECA, 2002; OLIVEIRA, 2012; KEOGH et al. 2009; MIRANDA e GODELI, 2003). Faz-se necessário, porém, criar estratégias que possam colaborar com o engajamento de longo termo a alguma atividade física regular por parte do idoso. A música constitui-se em elemento valioso no contexto da atividade física. Em se tratando de idosos, muitos estudos sugerem a sua utilização como um fator que pode contribuir para a adesão e para diminuição dos níveis de desistência ao longo do tempo (MIRANDA e GODELI, 2003). Para os idosos, a atividade física com música pode criar um contexto positivo e agradável e, dessa maneira, tornar-se uma intervenção adequada para que permaneçam em atividade.

Levando em consideração as afirmações acima, identificamos a dança como uma prática que pode contribuir positivamente para qualidade de vida na terceira idade. A dança é considerada uma atividade coadjuvante da terapêutica de vários quadros patológicos e com potencial para desacelerar vários dos eventos fisiológicos característicos do processo de envelhecimento, assim como proporcionar condicionamento físico, integração social e lazer a

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indivíduos idosos, com inúmeros benefícios psicológicos (CONNOLLY & REDDING, 2010; EYIGOR e cols., 2009).

O corpo senescente é um corpo repleto de particularidades, tanto no que se refere a sua fisiologia, estrutura anatômica, cinesiologia, quanto aos aspectos psicossociais. Para aqueles que facilitam a prática de algum tipo de atividade física com idosos, é de fundamental importância o conhecimento dessas particularidades e o uso desse conhecimento na hora de planejar e aplicar estas atividades.

O crescimento do número de licenciaturas em dança em todo o território nacional tem por consequência um grande aumento do número de professores de dança credenciados para ensinar esta arte aos mais variados grupos, entre eles, o da terceira idade. Tendo em vista que esta é uma população que está crescendo aceleradamente; que cada vez mais vem se interessando por manter e fomentar uma boa qualidade de vida; que a dança pode ser uma prática que contribui para atingir este objetivo e que este pode ser mais um campo de atuação para o licenciado em dança, eu acredito que é importante gerar discussões sobre as especificidades pedagógicas e metodológicas referentes ao ensino de dança para esta população.

O idoso não procura a dança para se tornar um bailarino profissional, mas para melhorar sua qualidade de vida através de uma atividade prazerosa. A dança, por ser arte e também atividade física, contém em si dois aspectos aparentemente antagônicos, mas que podem ser vistos como complementares. Através da dança, é possível prevenir e remediar muitos dos aspectos biopsicossociais característicos do processo de envelhecimento, assim como fomentar o bem estar psíquico, emocional e espiritual.

Geralmente, o idoso, em consequência do processo natural de envelhecimento, ou ainda devido ao acúmulo de comorbidades (ex.: diabetes, hipertensão arterial, osteoporose, osteoartrite, instabilidade postural etc.), relativas às doenças crônico degenerativas, necessitam de uma atenção especial e cuidados profiláticos quando na participação em atividades físicas. Para poder lidar adequadamente com estas possíveis situações, faz-se

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necessário um mínimo de conhecimento sobre fisiologia do envelhecimento, ou seja, o que acontece com o corpo que envelhece e quais as causas fisiológicas para muitas das caraterísticos que os idosos apresentam; entender os princípios da cinesiologia para poder melhor planejar as aulas e baseá-las nos princípios biomecânicos que regem o movimento humano e for fim, mas não menos importante, conhecer sobre fisiologia do exercício para melhor entender como o corpo reage e se adapta a prática de atividades físicas. É importante entender o que acontece com este corpo, identificar o que é parte natural da senescência e o que pode ser categorizado como quadro senil. Este conhecimento irá contribuir tanto no planejamento das aulas como no entendimento de possíveis reações fisiológicas do aluno durante e após a aula.

Concordamos plenamente com Feldenkrais (1984) quando ele afirma que a qualidade de vida está ligada à qualidade do nosso movimento. E que as mudanças na percepção cinestésica e na autoimagem resultam em mudanças em todos os outros aspectos que compõem o ser humano. Exposto desta forma parece tão simples e tão claro que o movimento, por si só, é uma forma barata de se alcançar saúde, bem estar e autoconhecimento. Não precisa de nenhuma máquina, de nenhuma fortuna, de nada, a não ser um corpo e a vontade de mover-se.

Nós acreditamos que, oferecendo suporte para organizações que ofereçam atividades relacionadas à dança para pessoas idosas nas comunidades, asilos, hospitais, centros comunitários e centros para a terceira idade, podemos fazer uma grande contribuição para o bem estar físico e psíquico do crescente número de idosos em nossa sociedade, assim como oferecer uma vasta área de atuação para os licenciados em dança.

As licenciaturas em dança deveriam aproveitar o potencial profissional que os grupos de terceira idade oferecem ao professor de dança e investir em currículos que abranjam de forma mais aprofundada as necessidades características tanto desta população quanto a de pessoas com necessidades especiais.

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Com base na observação dos estudos encontrados em nossa pesquisa, acreditamos que é de extrema importância que professores de dança que tenham a intenção ou que já trabalhem com grupos de terceira idade se apropriem e se aprofundem nos conhecimentos relacionados à fisiologia do envelhecimento, cinesiologia e fisiologia do exercício de forma que suas práticas possam ser mais eficientes e eficazes em promover qualidade de vida para esta população, respeitando suas especificidades. Dessa forma estaremos mais aptos a promover uma melhora substancial nas abordagens terapêuticas, artísticas e de lazer que utilizam a dança como principal intervenção, e, assim, contribuir para que essas intervenções possam ser tanto mais prazerosas quanto eficazes na conquista de seus objetivos.

Compartilhamos do mesmo desejo de Vicente e Souza (2011) de ver superada a informalidade da formação do professor de Dança no Brasil. Pois assim como eles, reconhecemos também que é recorrente que dançarinos tenham se tornado professores apenas repetindo as práticas de seus mestres, sem complementação de estudos na área de pedagogia ou de saúde.

Referências

Blog da pesquisa: http://senescenciaativa.wordpress.com/

CONNOLLY, mary k.; REDDING, Emma. Dancing towards well-being in the

Third Age: literature review on the impact of dance on health and well-being among older people. Trinity Laban Conservatoire of Music and Dance; London,

2010.

EYIGOR, Sibel.; KARAPOLAT, Hale.; DURMAZ, Berrin.; IBISOGLU, Ugur.; CAKIR, Serap. A randomized controlled trial of Turkish folklore dance on the physical performance, balance, depression and quality of life in older women.

Archives of Gerontology and Geriatrics, V.48, p.84-88, 2009.

FELDENKRAIS, Moshe. Vida e Movimento. São Paulo: Summus, 1984.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo demográfico: Brasil 2010 [internet]. Rio de Janeiro; 2011 [acesso em 22 maio 2013]. Disponível em:

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/primeiros_resulta dos/default_primeiros_resultados.shtm

KEOGH, Justin W.L.; KILDING, Andrew.; PIDGEON, Philippa.; ASHLEY, Linda.; GILLIS, Dawn. Can dancing improve physical activity levels, functional ability and reduce falls in older adults? A comparison of the benefits of once

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versus twice weekly dancing for healthy older adults. Report for Sport New

Zealand (SPARC), 2009.

MIRANDA, Maria L. de J.; GODELI, Maria R.C.S. Música, atividade física e bem-estar psicológico em idosos. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Brasília V. 11 n. 4 p. 87-94 out./dez. 2003.

OLIVEIRA, Flavia F. Dança Sênior e dança de salão: qualidade de vida na

UNATi_UNISUAM. Fédération Internationale d’Education Physique - FIEP;

Bulletin On-line - Volume 82 – Special Edition - ARTICLE I - 2012. Diponível em: http://www.fiepbulletin.net/index.php/fiepbulletin/article/view/2546/4953 Acesso em 21/12/12.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE; Organização Mundial de Saúde. Envelhecimento ativo: uma política de saúde. World Health Organization. 1 ed. Brasília: OPAS, 2005.

SOUZA, Giorrdani G. Q. A dança e a qualidade de vida do idoso. Dissertação de pós-graduação em Educação Física, Universidade Gama Filho, 2013. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/123350103/TCC - acesso em 21/05/2013

VICENTE, Ana V.; SOUZA, Giorrdani G. Q. de. Trançados musculares: saúde

corporal e ensino do frevo. Recife: Editora Associação Reviva, 2011, DVD.

World Health Organization (WHO). Aging and health: toolkit for event

organizers. World Health Organization, 2012.

Giorrdani Gorki Queiroz de Souza

Fisioterapêuta pela Hogeschool van Amsterdam, pós-graduado em Educação Física pela Universidade Gama Filho e pós-graduando em Dança pela Faculdade Angel Vianna. Coreógrafo, professor de dança contemporânea, dança-teatro, trabalho de corpo para atores, anatomia, fisiologia do exercício e cinesiologia para bailarinos. E-mail: giorrdani@gmail.com

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