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MODELAGEM DO TRANSPORTE DE SEDIMENTOS ORIUNDOS DO CANAL DO MANGUE NA REGIÃO PORTUÁRIA DO RIO DE JANEIRO

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Academic year: 2021

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MODELAGEM DO TRANSPORTE DE SEDIMENTOS ORIUNDOS

DO CANAL DO MANGUE NA REGIÃO PORTUÁRIA DO RIO DE JANEIRO

Victor Fernandes de Souza1 ; José Carlos Cesar Amorim2* ; Marcelo de Miranda Reis3 ;

Adriano de Paula Fontainhas Bandeira4

Resumo – Para propor alternativas para o controle da sedimentação em uma região portuária, é

necessário estudar, qualitativa e quantitativamente, o efeito desses sedimentos no assoreamento dos canais e berços de atracação. Este trabalho apresenta os resultados do modelo de transporte de sedimentos na área do Porto do Rio de Janeiro, a partir do estudo hidrodinâmico completo da mesma região. O modelo do transporte de sedimentos foi rodado de forma desacoplada, utilizando os resultados do modelo hidrodinâmico como referência e como condição de contorno os valores de sedimentos totais em suspensão, oriundos do Canal do Mangue, obtidos através de uma regressão. Os resultados de deposição de sedimentos foram comparados com trabalhos sobre assoreamento na Baía de Guanabara e com medições recentes na região do porto, o que possibilitou a validação dos resultados.

Palavras-Chave – transporte de sedimentos, Canal do Mangue, MIKE 21.

SEDIMENT TRANSPORT MODELING DERIVED OF MANGUE

CHANNEL ON PORT REGION OF RIO DE JANEIRO

Abstract – To propose alternatives for the control of sedimentation in a certain port area, it is

necessary to study qualitatively and quantitatively the effect of these sediments on the silting of access channels and berthing. This work presents results of sediment transport model in the region of the Port of Rio de Janeiro, after a complete hydrodynamic study the same region.The sediment transport model was applied decoupled, using the results of the hydrodynamic model as reference and boundary condition values of total suspended sediments, derived from the Canal do Mangue, obtained through a regression. The results of sediment deposition were compared with studies on sedimentation in the Guanabara Bay and recent measurements in the harbor area, which allowed the validation of the results.

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80%.

Segundo a Secretaria Estadual de Transportes do Rio de Janeiro, estes projetos devem aumentar o fluxo de mercadorias em mais de 50%, contando a partir de 2013. O recorde atual de exportação pelo porto é de quase 10 milhões de toneladas de mercadorias e, segundo CDRJ (2012), após a conclusão das obras as exportações poderão chegar a 25 milhões de toneladas.

O único contribuinte direto de sedimentos na região do Porto do Rio de Janeiro é o Canal do Mangue, construído no final do século XIX (Abreu, 1987). Este canal foi, na época, a maior obra de saneamento do Rio de Janeiro. Pelo fato de até os dias de hoje receber contribuições de inúmeras fontes, este canal é considerado um dos principais contribuintes para o assoreamento na região do porto do Rio de Janeiro.

Em frente à foz do Canal do Mangue encontra-se a Ilha da Pombeba, que era, em 1922, muito menor comparada com o tamanho atual, como se verifica nas Figuras 1 e 2, onde estão ilustrados detalhes respectivamente da carta náutica nº 1502 de 1922 com atualizações até 1937 e da carta náutica nº 1512, com levantamento de 1977, atualizada até 2006. A posição da ilha encontra-se realçada em vermelho em ambas as imagens. Como ela encontra-encontra-se diretamente na direção da descarga do Canal do Mangue, este se torna um potencial contribuinte à agradação da ilha.

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Figura 2 - Carta náutica do Rio de Janeiro – nº 1512 - Detalhe

Torna-se, portanto, necessário um estudo de alternativas para reduzir o aporte de sedimentos no Porto do Rio de Janeiro oriundos do canal do mangue.

Destaca-se que modelos computacionais hidrodinâmicos e de sedimentos têm sido amplamente utilizados como ferramentas auxiliares em processos de tomadas de decisões nesse tipo de questão. Isto porque permitem um entendimento espaço-temporal do fenômeno físico a custos menores que os despendidos para realizar estudos em modelos reduzidos.

Desta forma, acredita-se que o primeiro passo para se propor alternativas para o controle do transporte de sedimentos pelo Canal do Mangue seja estudar, qualitativa e quantitativamente, o efeito desses sedimentos no assoreamento dos canais e berços de atracação do Porto do Rio de Janeiro, motivo pelo qual esta modelagem foi realizada.

METODOLOGIA

Com os resultados já obtidos de uma modelagem hidrodinâmica, foi realizada a modelagem do transporte de sedimentos utilizando o Módulo de Transporte de Sedimentos Coesivos (MT) do software MIKE 21.

O módulo MT foi incluído ao sistema computacional MIKE 21 ligado ao módulo HD (hidrodinâmico). Através dele é possível simular a erosão, o transporte, a dispersão e o depósito de sedimentos coesivos em ambientes marinhos, salobros e de água doce. Este módulo também pode levar em consideração materiais finos não coesivos.

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Figura 3 – Malha computacional utilizada no modelo

Condições de Contorno

Os dados de vazão foram obtidos da modelagem hidrodinâmica, validando-se os resultados através da comparação com dados de Malta (2005) e o mapa de batimetria, apresentado na Figura 4, foi extraído da Carta Náutica nº 1501 e de levantamentos feitos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias no Porto do Rio de janeiro.

Figura 4 – Batimetria utilizada no modelo de transporte de sedimentos

Para estimativa da quantidade de sedimento em suspensão, foi feita uma regressão exponencial utilizando o valor da vazão líquida como parâmetro para se estimar a quantidade total de sólidos transportada pelo Canal do Mangue. Para realização desta regressão foram utilizados apenas dados medidos no ponto de desague do canal na baía.

A melhor estimativa foi a obtida da regressão exponencial apresentada na Figura 5, correlacionando vazão em m³/s com quantidade de sedimentos em kg.

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Figura 5 – Regressão exponencial para a estimativa da quantidade de sedimentos transportados pelo Canal do Mangue

Obtida a curva de regressão com os dados de vazão líquida do canal do mangue, puderam ser calculados os dados de vazão sólida neste canal, isto é, os dados de sedimentos transportados no tempo pelo Canal do Mangue.

Na modelagem do transporte de sedimentos, estes dados de vazão sólida foram usados como condição de contorno no canal do mangue a ser propagada com uso do modelo hidrodinâmico acoplado.

Desta forma, apenas os sedimentos com origem no canal do mangue foram incluídos e, junto com a suspensão de sedimentos de fundo, transportados no tempo e no espaço atendendo as condições geradas do modelo hidrodinâmico e pode-se obter a quantidade de sedimentos em outros pontos da Baía de Guanabara, com foco no Porto do Rio de janeiro.

RESULTADOS

Inicialmente foi verificado o número de Courant-Friedrichs-Levy (CFL), ou simplesmente número de Courant (Cr) para verificar a estabilidade do modelo. Ele expressa realmente quantos pontos da malha a informação ou a matéria dada andam em um passo de tempo (DHI, 2011).

O número de Courant é definido pela fórmula:

C_(rx,y)=U·∆t/(∆x,y) (1)

onde U é a velocidade da corrente, Δt é o passo de tempo e Δx,y é o espaçamento da malha,

y  =  14,153x

3,7063

 

R²  =  0,853  

0   50   100   150   200   250   300   350   400   450   1   1.5   2   2.5  

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Figura 6 - Mapa representando os Números de Courant obtidos na simulação.

Percebe-se, portanto, que os valores obtidos para o número de Courant não ultrapassam 0,3, estando bem abaixo do valor máximo recomendado por DHI (2011) que é de 1.

Um mapa da variação da profundidade da região devida ao assoreamento de sedimentos oriundos do Canal do Mangue em um ano está apresentado na Figura 7.

Figura 7 - Variação da profundidade devida ao assoreamento – 1 ano

Verificou-se uma variação da profundidade de 1,0 cm na região do canal de acesso do terminal de contêineres do porto do Rio de Janeiro.

O resultado para todo período de simulação – 18 meses – está apresentado na Figura 8.

Figura 8 - Variação da profundidade devida ao assoreamento – 18 meses

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de acesso ao terminal de contêineres e de 3,0 cm por ano na foz do Canal do Mangue.

Para validação do valor obtido na modelagem, um levantamento pós-dragagem, realizado no mês de setembro de 2011 – Figura 9, foi comparado com um levantamento realizado em março de 2013, gentilmente cedido pela empresa Libra Terminais – Figura 10.

Figura 9 - Levantamento batimétrico – setembro de 2011

Figura 10 - Levantamento batimétrico – março de 2013

Dessa forma, a partir dos dados dos levantamentos, foi criado um mapa onde estão representadas as variações de profundidades ocorrentes no período de 1 ano e 6 meses (Figura 11).

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apresentados na Figura 7, verifica-se a consistência da simulação.

Na modelagem foi encontrado o valor de 1,2 cm, valor pouco inferior o medido (1,3 cm). Essa diferença deve-se principalmente ao fato de que só foram consideradas contribuições de sedimentos em suspensão oriundas do Canal do Mangue, sendo desconsideradas quaisquer outras contribuições. Diversos outros estudos ratificam os resultados obtidos. Estudos realizados por Godoy et al (1998) apud Oliveira (2009) mostraram que as taxas de sedimentação na Baía de Guanabara são em torno de 1 a 2 cm por ano. Amador (1997) apud Oliveira (2009) demonstrou em seus estudos que a taxa de sedimentação na Baía de Guanabara evoluiu de 0,27 cm por ano entre os anos de 1922 e 1949 para 1 cm por ano nos anos 1990. Estudos realizados pela Agência Japonesa de Cooperação Internacional (JICA) no ano de 1997 sugeriram taxas de deposição de 2 cm por ano.

CONCLUSÕES

Os resultados apresentados neste trabalho foram comparados com diversos estudos de assoreamento e com levantamentos batimétricos recentes realizados na região do porto do Rio de Janeiro.

A partir dos resultados das modelagens, pode-se chegar às seguintes conclusões:

• Existe uma correlação forte entre a vazão do Canal do Mangue e a quantidade total de sedimentos transportados pelo mesmo.

• O aporte de sedimentos oriundos do Canal do Mangue possui magnitude considerável, sendo este o grande contribuidor de sedimentos para a região do Porto do Rio de janeiro; • Apesar do aporte considerável de sedimentos oriundos do Canal do Mangue, verificou-se

uma variação de profundidade reduzida na região do porto, não sendo nem mesmo necessária dragagens de manutenção frequentes para a operação do porto.

REFERÊNCIAS

ABREU, MAURÍCIO DE ALMEIDA. Evolução urbana do Rio de Janeiro. Iplanrio, 1987.

COMPANHIA DOCAS DO RIO DE JANEIRO. Histórico de Embarcações Anual – 2001 a 2011. 2012.

DHI. 2011. MIKE 21 – User guide and reference manual, release 2.7.Technical report, Danish Hydraulic Institute. Denmark, 98 p.

MALTA, FERNANDA SIQUEIRA. Estudo das Correntes de Maré no Complexo Estuarino da Baía de Guanabara. 146p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Oceânica) – Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2005

OLIVEIRA, ALESSANDRA VIANA. Cronologia da deposição de metais pesados associados a sedimentos da Baía de Guanabara. 134 p. Dissertação (Mestrado em Química) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. 2009

PORTAL BRASIL. Governo Federal [online]. Disponível: http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2011/09/02-1/secretaria-finaliza-dragagem-de-porto-no-rio-de-janeiro [capturado em 15/02/13]. 2011

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