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OS SUPER HERÓIS E O ENSINO DE HISTÓRIA APARECIDA DE FÁTIMA ASSIS DO NASCIMENTO *

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OS SUPER HERÓIS E O ENSINO DE HISTÓRIA

APARECIDA DE FÁTIMA ASSIS DO NASCIMENTO*

A proposta deste artigo vem de encontro com as novas propostas e desafios no ensino de História na sala de aula para o ensino fundamental e o ensino médio. É fato que os alunos estão cercados de muitas tecnologias que os conectam com um universo cheio de novas possibilidades. As informações chegam cada vez mais rápidas a este público por meio de dispositivos tecnológicos que, direta ou indiretamente, tornam a visualização de algum assunto mais atraente.

Os professores desenvolvem vários métodos para despertar a atenção dos estudantes nos conteúdos a serem trabalhados no decores do ano letivo. Diante das mudanças na tecnologia, os docentes estão inseridos em novas perspectivas na escola para melhor aproveitamento no processo de aprendizagem.

Deve-se entender que o espaço escolar necessita estar aberto e se inserir a todo novo método e a todo experimento para conquistar seus alunos. Como lembra Ferreira, “não se pode admitir que justamente a escola, local onde se deveria produzir conhecimento, fique a margem da maior fonte de informações disponíveis e mais, não seja capaz de orientar sua utilização” (FERREIRA, 1997, p.87).

Cabe ao docente encontrar a melhor forma de aproveitar os recursos tecnológicos, com o intuito solucionar problemas na aprendizagem. A grande problemática das escolas hoje é a resposta para a pergunta “Como educar os alunos da geração Z?”. Esta inquietação pede uma mudança de cultura do professor, que se depara com um novo papel enquanto aquele que transmite o saber. Ademais, o instiga a como se utilizar de ferramentas que auxiliem na criação de novos métodos de ensino. A utilização de novas tecnologias no ensino, por meio da tecnologia, torna a aula mais dinâmica com recursos digitais.

O educador deve criar maneiras avaliativas e criteriosas para atingir seus objetivos de acordo com os recursos tecnológicos que irá utilizar. A tecnologia permite que ocorra uma

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interatividade maior e mais rápida com o uso de acesso de tablets, lousas digitais, datashow, redes sociais e sites educativos que são hoje grandes parceiros na hora de ensinar. O aluno precisa acessar e dominar as ferramentas e acessar o conteúdo via on-line, todavia é o professor que tem a didática, a bagagem teórica e a experiência profissional para transmitir o conhecimento.

É muito importante que os educadores possam visualizar quais são as reais tendências para o futuro e estejam conscientes para participarem desse processo ensino-aprendizagem, numa sociedade globalizada e informatizada. Não oferecer acesso aos novos recursos tecnológicos é omitir o contexto histórico, sociocultural e econômico, vivenciado pelos profissionais da educação e educandos. Demonstra e analisa, através de uma extensa, minuciosa e cuidadosa pesquisa, o impacto que as novas tecnologias tem revolucionado no mundo escolar e de como elas estão modificando o modo de pensar e agir das pessoas envolvidas no processo. (DINIZ, 2001, p. 11) Frente às novas tecnologias que os professores podem acessar para criar um ambiente estimulante aos alunos no processo de aprendizagem, não se pode ignorar a utilização dos recursos áudios-visuais como, por exemplo, a apresentação de um conteúdo em slides, um recurso muito em sala de aula, no qual percebe-se que a relação criada entre imagens e o conhecimento tem uma maior receptividade entre os alunos.

”A utilização de slides em sala de aula tem sido recorrente pelos professores nas várias áreas do conhecimento. Quando o professor de historia inclui imagens e dinâmicas que trazem acréscimos aos conteúdos tradicionais ele está convidando o aluno a uma possibilidade de compreensão de forma mais maleável e interessante. (SANDRE, 2011, p.6)

Os livros didáticos por si estão carregados de imagens ilustrando suas páginas e, estas imagens, quando analisadas, sempre trarão novas abordagens sobre a disciplina de História. O uso das imagens no ensino da disciplina, trabalhado por professores nas escolas, promove possibilidades enriquecedoras no qual os estudantes, façam uma inter-relação com a disciplina de História. Os professores devem oferecer estímulos que farão os alunos se conectarem com os fatos e processos históricos. Os recursos visuais são uma fonte histórica e a sua utilização integra o ensino da matéria.

A utilização de linguagens diferenciadas pode levar o aluno a um processo de aprendizagem mais interativo, prazeroso, que tenha significado, que lhe dê condições de se posicionar criticamente frente a questões e problemas que a sociedade traz. Enfim, trabalhar os processos iconográficos da História em sala de aula é um caminho fascinante que pode se multiplicar em infinitas

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formas e possibilidades, sendo uma importante fonte de pesquisa. (LITZ, 2008, p.3)

No entanto, os professores devem tomar cuidado quando se utilizarem de recursos iconográficos. Se faz necessária uma compreensão do contexto da produção, descobrir quais as intenções de quem a produziu para que possa ser utilizada como fonte de pesquisa e ensino, e, assim, não se cometa a tomada de posicionamentos e sim de reflexões.

Outros apontamentos e possibilidades são apresentados na era da computação, muito do trabalho com imagens antecedeu a era digital, mas agora com os softwares corretos, qualquer pessoa com um conhecimento básico de informática pode produzir audiovisuais. Contando com a possibilidade de aliar os sons e as figuras, tornando as reflexões em frente às produções televisivas mais próximas às escolas e aos alunos. Porém sem o suporte necessário para a interpretação de imagens, em movimento ou não, corre-se o risco de perpetuar incorreções históricas e anacronismos sendo que para àqueles que não compreendem o poder das imagens elas poderão ter os mesmos aspectos em diferentes épocas. (COELHO, 2012, p.188-199)

Trabalhar com as imagens sejam elas pinturas, desenhos ou filmes, exige do professor uma linha de compreensão e interpretação destes recursos, pois cada imagem tem a sua especificidade de acordo com o tempo e o espaço em que foram construídas.

É fato que tanto os recursos audiovisuais quanto os mecanismos de informação são extremamente necessários no âmbito escolar. Sabe-se que o uso de filme na aula de História é uma importante ferramenta metodológica que pode ser utilizada pelo professor que irá abrir possibilidades para a construção do conhecimento, contribuindo assim para o enriquecimento do cotidiano escolar.

Na transmissão do ensino de História podemos destacar uma série de filmes que podem ser analisados e debatidos. Entre esses filmes, selecionamos três como dicas de aulas, que são: “Revolução dos Bichos”, filme baseado na obra do escritor inglês Georg Orwell, que faz uma analogia da Revolução de alguns animais de uma fazenda com a Revolução Russa (1917). Os animais sendo explorados pelo seu dono, o fazendeiro Jones (Pete Postlephwaite), revoltaram e expulsaram os humanos da fazenda, criando um novo regime sob o poder de um animal chamado Napoleão. Nessa aula, o professor poderá realizar uma análise do conceito de Revolução junto aos alunos. (SANTOS) Os filmes trabalhados em sala de aula apresentam uma linguagem cinematográfica que misturam uma série de sentimentos que vão desde a emoção, ação, alegria, desafio, tristeza suspense e outros. Por isso, se apresentam com uma ampla capacidade de comunicação junto aos alunos. E claro que as produções cinematográficas abordam muitos temas problemáticos,

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que devem ser analisados pelo professor quando se planeja utilizar um filme em aula. Os filmes trazem valores inseridos de formas ocultas que muitas vezes não são percebidos. O professor tem que ser capaz de compreender qual a linguagem adotada na produção, pois os filmes estão repletos de símbolos e significados.

O educador deve ter a capacidade de interpretação, de reflexão, de interação com os alunos. Assim, a escolha de um filme deve ser adequada para sensibilizar os alunos para algum tema trabalhado. Uma preparação prévia antes da exibição do filme pode auxiliar nisso.

De fato, o cinema foi inventado no final do século XIX, em 1895, na França, pelos irmãos Louis e Auguste Lumière, invenção esta possibilitada principalmente pela produção, na primeira metade deste século, da fotografia por Louis-Jacques Daguerre e Joseph Nicéphore Niepce. O cinema está diretamente ligado com a percepção de mundo. Fatos históricos, pessoas, acontecimentos em geral, sempre foram retratados em filmes, fazendo com que os mesmos fossem reproduzidos no imaginário dos cinéfilos. (COELHO; VIANA, 2011, p.90)

O que dizer dos filmes de Super-Heróis no ensino de História? Sabe-se que a experiência sensorial obtida através de um filme relembra uma situação vivenciada por cada individuo, no qual experiências reais e imaginárias de misturam.

Desde muito longíquos, a humanidade procura usar histórias para explicar o mundo atual, haja vista a mitologia grega no qual existe uma gama muito grande de produções cinematográficas sobre o tema. Para muitos estudiosos (eu gosto de citar e não apenas dizer “para muita gente...”), as pinturas rupestres podem ser consideradas histórias em quadrinhos, pois narravam o cotidiano e as aventuras dos humanos na Pré-História.

O marco inicial para uma história das histórias em quadrinhos foi em 1884, do Yellow Kid (o garoto amarelo, em inglês), criado pelo norte-americano Richard F. Outcault. Um garoto pobre e amarelo que vivia em meio a pobreza em favelas de Nova Yorque. Dois anos mais tarde, as histórias em quadrinhos como se conhece hoje, com balões, onomatopéias, surgiram nos quadrinhos Hans e Fritz ou “Os sobrinhos” do capitão de Rodolph Dirks .

Desde então, muitos desenhistas criaram outros personagens, porém, a consolidação dos quadrinhos só aconteceu anos mais tarde, quando surgiram os heróis como Tarzan e Flash Gordom que viviam grandes e incríveis aventuras. O surgimento das histórias em quadrinhos

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é parte de uma crise econômica que abalou os Estados Unidos em 1929. Na busca pela reconstrução da economia e da moral dos pais, os quadrinhos tiveram um papel importantíssimo na criação de ícones e símbolos, facilmente reconhecíveis. Como salientam Mattos e Sampaio,

Os meios de comunicação no século XX passaram a criar símbolos, através de personagens, seja nos quadrinhos ou no cinema, que atuam como um veículo reparador das fisuras que acometiam os Estados Unidos nos anos 30. A América se recontruía baseada naquele que sempre foi seu melhor produto de exportação, os sonhos. (MATTOS; SAMPAIO, 2004, p.15)

Com toda tecnologia disponível aos alunos, grandes empresas cinematográficas investem pesado na produção de aventuras de Super-Heróis. Nesse segmento, a Marvel Comics e a DC Comics dominam. Ambas marcas têm investido para garantir uma crescente parcela de fãs de quadrinhos.

Os filmes podem ser bons instrumentos de trabalho em sala de aula por poder levar as reflexões sobre questões comportamentais, culturais e sociais. Ademais, com tantos Super-Heróis a nossa disposição, o professor de História pode e deve se utilizar deste veiculo como forma de tornar sua aula mais interessante. Como relembram Coelho e Viana, “O uso de filmes em sala de aula pode tornar as aulas mais dinâmicas e o cotidiano escolar passa a ser menos cansativo para professores e alunos. Outro ponto importante é que filmes tornam os alunos mais interessados, pelo fato de a aula ‘fugir’ do comum, mas sempre relacionada ao conteúdo programático da disciplina” (Coelho; Viana, 2010, p. 4).

Quando se usa um filme como documento histórico e, principalmente de Super-Heróis, corre-se o risco de aparecer criticas negativas sobre esta modalidade de filme. Faz-corre-se necessário que o professor analise o seu público na sala de aula. São necessárias algumas perguntas e precaução prévia antes de se passar um filme: “Como se utilizar de filme para conhecimento didático?”. O professor deve conhecer previamente o filme escolhido, ter um conhecimento objetivo didático claro.

Dentro do planejamento do docente, as produções cinematográficas devem possuir um esquema prévio de absorção do conhecimento por parte dos alunos. O professor precisa

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conseguir fazer a relação entre cinema e o conteúdo colocado na grade curricular escolar. Assim, segundo Viana (2010),

os filmes devem ser escolhidos pela articulação dos conteúdos e conceitos (a serem) trabalhados (ou já trabalhados) tendo-se em mente o conjunto de objetivos e metas a serem atingidas na disciplina. Por isso, certamente não serão encontrados filmes próprios para todos os conteúdos, tendo de haver conexão do conteúdo do filme a ser trabalhado com a disciplina lecionada (Viana, 2010, p.12)

Partindo para a prática da utilização de Super- Heróis na sala de aula, o professor de História pode se utilizar no Ensino Fundamental e Médio, uma quantidade grande de filmes baseados em aventuras inimagináveis, com personagens com super poderes. As sugestões de Super-Heróis que este artigo se propõe a trabalhar são indicados para alunos do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio. O artigo se propõe a tentar encaixar os super- Heróis que estão em voga nas grandes telonas com os conteúdos dos materiais didáticos. Além disso, nos últimos anos, a presença dos Super-Heróis em questões de vestibular ou Enem se faz notada.

Nos livros didáticos específicos para o 6º Ano do Ensino Fundamenta l e 1º ano do Ensino Médio, o professor tem no inicio do ano letivo o programa a ser trabalhado com a turma que vai desde a Introdução aos estudos históricos: O trabalho (ofício) do historiador. Memória, fonte histórica e narrativa; Pré-história; Estudos introdutórios e aspectos gerais do continente africano; Os Primeiros Habitantes das Américas Pré-História Brasileira e, Legados culturais da antiguidade.

Dentro deste contexto, o professor pode contar poderá ter como recurso didático e audiovisual, o Herói Hercules quando for trabalhar na sala de aula a cultura grega. Lembrando que Hercules se encaixa na categoria de herói e não de Super-Herói. Esta discussão rende um artigo especifico que poderá ser tratado em outro trabalho.

Hércules ou Herácles é um dos mais notáveis heróis e semideuses da mitologia greco-romana. Filho de Zeus com a mortal Alcmena. A deusa Hera, esposa de Zeus, enciumada pela traição, sempre tentou matar Hercules. Mesmo depois de adulto, Hera fez com que Hércules um ataque de fúria, que o levou a matar sua esposa Mégara e seus três filhos. Como diz Lobato, “A principal característica de Hercules estava em ser extremamente forte, extremamente

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bruto, mas dotado de um grande coração. No calor das façanhas muitas vezes matava culpados e inocentes - e depois chorava arrependido” (LOBATO, 1994, p. 7)

Como punição, o oráculo de Delfos o incumbiu de doze tarefas de extremo risco: “Os Doze trabalhos de Hercules”. São eles:

Tabela 1 – Os doze trabalhos de Hercules

1. Matar o leão de Nemeia.

2. Destruir um monstro de sete cabeças que cuspia fogo. 3. Capturar a corça de Gerínia.

4. Acabar com um javali selvagem gigantesco. 5. Acabar com as aves do lago Estinfale. 6. Capturar um touro louco na ilha de Creta. 7. Eliminar as éguas do rei Trácia.

8. Roubar o cinto de ouro da rainha Hipólita.

9. Capturar os bois selvagens do Gerião, da ilha e Eriteia.

10. Roubar as maçãs douradas das ninfas no jardim das Espérides.

11. Capturar o cão de três cabeças Cérbero, guardião dos portões do inferno

Fonte: Elaboração própria com base nos dados de Info Escola. Link: https://www.infoescola.com/mitologia-grega/hercules/

A lenda de Hércules tornou-se uma das mais famosas da mitologia. Por esse motivo, muitos filmes, séries e desenhos animados foram baseados na figura do herói. Em 1997, a Walt Disney Pictures lançou a animação “Hércules”. Em 2014, foi lançado o filme “Hércules”. Na primeira animação da Disney de 1997, encontra-se um Hercules voltado para o público infantil no qual toda a cultura grega imbuída nas historias mitológicas que, por muito tempo, serviram como explicação para as coisas que os gregos antigos não conheciam. Assim como para tantos outros povos da antiguidade que também se utilizaram de histórias fantasiosas para compor sua organização enquanto grupos sociais e sujeitos históricos.

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Já o filme Hércules de 2014, traz na sua bagagem o inverso da animação citada acima. Este filme se revela como um descontrutor dos mitos gregos que envolvem a figura de Hercules.

O filme mostra um Hercules humano, que sangra. Que sua não passa de construção orais pela contadas repetidas vezes e de estratégias e mecanismos de guerra que dão a impressão de poderes especiais. Estes dois filmes são excelentes para que o professor trabalhe a construção e a desconstrução de mitos.

Em se tratando de conteúdo didático, nada melhor do Neocolonialismo, que ocorreu durante o século XIX para se trabalhar alguns Super-Heróis. Na Conferência de Berlim de 1885, potências européias começaram a reivindicar e conquistar terras na África e na Ásia. O Neocolonialismo foi o conjunto de políticas expansionistas e imperialistas praticadas pelas potências européias nos continentes afro-asiáticos em busca de matérias-primas e fontes de energia em plena Segunda Revolução industrial.

Quando se trata de Super-Heróis sobre Neocolonialismo, pode-se citar Fantasma, Mandrake e o mais famoso entre eles, o Tarzan.

Tarzan é o perfeito estereótipo da luta da “civilidade x barbárie”. O filme traz no seu conteúdo as teorias preconceituosas racistas advindas do Darwinismo social. Não existia um negro na África para ser o Rei da Floresta? Essa é pergunta muito bem vida em sala de aula. Esta reflexão pode trazer uma serie de interrogações aos alunos que vão desde os interesses econômicos das potências europeias até as justificativas ideológicas no domínio sobre os continentes da África e da Ásia.

Na lista de Super-Heróis, temos o icônico Super-Homem. Nas cores que representam a bandeira dos EUA, e tido como o mais justo entre todos os heróis, ele possui uma legião de faz mundo afora. Entre os vários simbolismos que o Super-Homem carrega, o professor pode se utilizar da maneira a explicar a “Crise de 1929”, também conhecida como “A Grande Depressão”, e a recuperação norte-americana a partir do final dos anos 30.

Neste contexto, Super-Homem já foi tratado como questão de vestibular. Os vestibulandos deveriam ter um conhecimento sobre a Crise de 29 e a recuperação dos EUA no seio da criação do herói em 1938.

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Uma observação a ser feita é sobre Super-Heróis da primeira Guerra Mundial, que se deu entre os anos de 1914 a 1918. Infelizmente, há poucas informações sobre os personagens desta época.

Apesar de não ter sido retratada e explorada como a Segunda Guerra Mundial, a DC Comics também ambientou personagens e histórias na Primeira Guerra Mundial em suas cronologias. Robert Kanigher e Joe Kubert se destacaram entre vários artistas por contribuir com personagens e histórias ambientadas em várias épocas e na Primeira Guerra Mundial, como o Destruidor de Balões e aquele que é a principal referência da DC ao conflito: Ás Inimigo, que gerou muita polêmica por retratar um alemão como personagem principal. (SLEMAN, 2014)

No entanto, a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), traz nos HQ dois grandes nomes: Capitão América e Mulher Maravilha.

O Capitão América faz parte de “Os Vingadores” e também tem uma das histórias mais famosas: o Super Soldado. Em plena Segunda Guerra, surge um soldado patriótico e fiel ao seu país. Passa toda sua juventude como um menino fraco e que sofria todo tipo de desrespeito por conta de sua aparência. Teve uma chance de ingressar no exército americano que, naquele momento lutava a Segunda Guerra Mundial e, acaba se tornando parte de uma experiência que os transforma radicalmente.

Desde o início, a única arma que o herói usou foi um escudo. [...] Em momento algum, o Capitão América usou qualquer outra arma. É como se dissesse, para que todos ouvissem, que a “liberdade” é um valor que tem de ser defendido. Por outro lado, isso representa também a imagem que os Estados Unidos tinham de sua participação no conflito mundial, ou seja, aos próprios olhos, a América “apenas” defendia-se de ataques (JARCEM, 2007, p. 5).

Enquanto o Capitão America se encaixa no padrão da construção do bom soldado, corajoso e patriota, a Super- Heroína Mulher Maravilha é tida como um ícone de luta pelos direitos das mulheres.

Embaixadora de Themyscira. Deusa da Verdade e Semi-Deusa. Princesa, espiã, guerreira e heroína. Filha de deuses e filha de homens. Salvadora e assassina… Desde a sua criação, em 1941, a mais famosa das Amazonas representou diferentes ideais femininos e feministas, marcou presença nos quadrinhos em uma época em que super-heroínas não eram nada comum; e como tudo, se transformou. (SANTIAGO, 2017)

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Em meio à quantidade de filmes de super-heróis lançados nos últimos anos, Mulher-Maravilha chegou aos cinemas com um título próprio, em 2017. O empoderamento feminino fica muito claro com esta Super-Heroina. Além disso, com ela temos a aparição de outras personagens femininas como, Capitão Marvel, Mulher Gavião, Super Girl, Mulher Gato, Tempestade entre outras.

Terminada a Segunda Guerra Mundial, inicia-se a Guerra Fria. Um novo momento nas HQs. O mundo está diante da disputa entre duas ideologias bem distintas: Socialismo x Capitalismo. Foi neste período que as maiores editoras de HQs Marvel e DC ganharam espaço no mercado. Hoje, em grande parte dos Super-Heróis que se conhece, são oriundos deste momento no qual o mudo de dividiu em bipolar.

Em meio a luta pela hegemonia mundial ente EUA e ex-URSS, podem-se encontrar disputas entra essas nações que vão desde a corrida armamentista até a acorrida espacial. Embora as HQs sejam fictícias e são criadas apenas para entretenimento, seus criadores se inspiraram na época que viviam. Assim, pode-se também, analisar vários pontos da Guerra Fia na orbita dos Super-Heróis na sala de aula.

Quando se trata de corrida espacial, temos primeira HQ do Quarteto Fantástico publicada em 1961, na mesma época em que os EUA e a URSS disputavam a corrida espacial. Os astronautas norte-americanos sofrem uma à exposição radioativa, mais especificamente à radiação cósmica, durante a viagem de exploração espacial. Este contato, fez surgir o Quarteto Fantástico.

No tocante à corrida armamentista durante a Guerra Fria, vale muito a pena trabalhar com o Super-Herói Hulk. Ele é um dos personagens mais presentes na Marvel. Este personagem surge em meio à pesquisa sobre a criação de armas nucleares. Sua origem é associada aos testes nucleares. Trabalhar História e Física neste momento na sala de aula com os alunos tornará a aula mais dinâmica. Segundo XX, “Pego no interior de uma explosão nuclear e

vítima da radiação gama, Dr. Robert Bruce Banner se encontra transformado durante horas de stress na personificação de sua raiva e fúria, a criatura mais poderosa a andar sobre a face da Terra! O Incrível Hulk.”

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O que dizer dos X-Men enquanto estudos e conhecimentos sobre a sociedade norte-americana em plena Guerra Fria? X-Men é uma série de filmes que aparece nas revistas em quadrinhos publicadas pela Marvel Comics desde 1963. Lançado no cinema em 2000, com o titulo X-Mem o Filme, os fãs aguardam ansiosos o mais novo lançamento para o ano de 2019: Dark Phoenix.

Os X-Men se destacam de outros HQs por mencionar as questões como preconceito e racismo. Assim, XXX salienta que "Diferente dos Vingadores e do Quarteto Fantástico, e certamente da Liga da Justiça, este não era um grupo amado pelo público. X-Men foi, possivelmente, o primeiro quadrinho de super-heróis sobre identidade política."

Os anos 60 foram marcados pela luta contra o preconceito aos negros e pela luta de seus direitos civis que estavam no auge nos EUA. Líderes como Martin Luther King, pastor e Malcolm X, ministro islâmico , um lutava igualdade entre brancos e negros. O outro acreditava que negros e brancos deveriam ser completamente divididos.Dentro deste quadro, Stan Lee criou os X-mem para a Marvel.

Além da questão racial presentes nos mutantes, X-Men e, tudo que envolve o que é “diferente”, a Marvel lançou um personagem gay, em seu quadro “O Homem de Gelo”. Causando muito polemica e discussões, os personagens continuam presente na edição 600 lançada em 2015.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Trabalhar com Super-Heróis requer uma carga muito grande de imaginação e criatividade para compreender as aventuras e batalhas que somente na ficção acontecem. Para algumas pessoas, filmes de Super-Heróis não passam de mero entretenimento, uma forma de descontração. No entanto, se se analisa cada contexto histórico da criação destes personagens -que como já foi dito no decorrer deste artigo que cada vez mais se esta presente no cotidiano por meio das mídias- se pode entender uma gama muito grande de fatos históricos e suas interpelações com sujeitos históricos muitas vezes marginalizados, como é o caso dos X-men e que muitas outras HQs carregam simbolismo, representações de poder, hegemonia.

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Neste quadro, todos os super-heróis que o artigo menciona são norte-americanos. Qual é o Super-Herói da América Latina? Chapolin Colorado? Trabalhar com filmes deste gênero dentro da sala requer do professor uma visão um pouco mais elaborada destas histórias de ficção.

Os filmes possuem uma vasta e complexa mistura de emoção, enredo, ação, música e movimento. Os filmes conseguem grande aceitação por parte do público jovem. Percebe-se um maior interesse por parte do aluno e a sua participação melhora e por vezes, certos conteúdos são mais bem compreendidos do que com as explicações do professor.

O que se deve fazer quando da utilização de filme seja ele de qual gênero for, o professor deve saber intermediar as historias com os respectivos conteúdo do material didático. A contextualização e, principalmente algumas reflexões devem ser feitas. Relacionar as tramas com a realidade propicia aos alunos um meio divertido de se aprender História e, torna a aula muito mais rica em conhecimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COELHO, Roseana Moreira de Figueiredo; VIANA, Marger da Conceição Ventura. A utilização de filmes em sala de aula: um breve estudo no instituto de ciências exatas e biológicas da UFOP. 2010. Revista da Educação Matemática da UFOP. X Semana da Matemática e II Semana da Estatística. Ouro Preto, MG.

COELHO, Tiago da Silva. A imagem e o ensino de História em tempos visuais. 2012. Revista Percursos, v.13. Florianópolis, SC.

DINIZ, Sirley Nogueira de Faria. O uso das novas tecnologias em sala de aula. 2001. Florianópolis, SC.

FERREIRA, Carlos Augusto Lima. O Ensino de História nas Escolas de Ensino Fundamental e Médio de Salvador de Bahia: análises de variáveis e a contribuição do computador. 1997. Barcelona, Espanha.

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JARCEM, René Gomes Rodrigues. História das histórias em quadrinho. História, imagens e narrativas, [S.l.] 2007. Disponível em: XXXXXXXXXX . Acesso em: 30 de novembro de 2016.

LITZ, Valesca Giordano. O uso da imagem no ensino de história. 2008. Curitiba, PR.

LOBATO, Monteiro. Os doze trabalhos de Hércules. 1994. Rio de Janeiro, RJ.

MATTOS, Leonardo Martinelli; SAMPAIO, Rafael Cardoso. A evolução do mito dos heróis dos quadrinhos. 2004. Juiz de Fora, RJ.

OLIVIÉRI, Antonio Carlos. Mitologia: Uma das formas que o homem encontrou para

explicar o mundo. UOL Educação. 2005. Disponível em:

<http://educacao.uol.com.br/historia/ult1690u32.jhtm>. Acesso em: 11 de setembro 2018.

SANDRE, Lara Patrícia. Novas Tecnologias no curso de história: uma didática possível. 2011. Apresentação de trabalho na II Semana Procad Puc Goiás/UNB. Brasília, DF.

SANTOS, Fabricio. Uso de filmes nas aulas de história. UOL Educação. Disponível em: https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/uso-filmes-na-aula-historia.htm. Acesso em: 27 de setembro de 2018.

SANTIAGO, Luis. Cronologia e Publicações da Mulher-Maravilha. 2017. Blog Plano Crítico. São Paulo, SP.

VIANA, Marger da Conceição. O Cinema na Sala de Aula e a Formação de Professores de Matemática. Mini-curso oferecido aos alunos do Curso de Matemática na UFRRJ. 2010. Dia de Atividades Acadêmico-Científico-Culturais. Seropédica. Rio de Janeiro, RJ.

Referências

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