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DIREITOS DAS MULHERES NA ASSISTÊNCIA OBSTÉTRICA NOS DOCUMENTOS DA OMS E DO MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL ( )

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DIREITOS DAS MULHERES NA ASSISTÊNCIA OBSTÉTRICA NOS DOCUMENTOS DA OMS E DO MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL (2000-

2018)

Helena Guimarães Gasperin1 Ana Maria Bourguignon2 Rosiléa Clara Werner3

RESUMO

Trata-se de uma pesquisa documental e bibliográfica, cujo objetivo é identificar os direitos das mulheres na atenção ao pré-natal, parto e pós-parto, previstos nos documentos da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde do Brasil de 2000 a 2018. Concluiu-se que os direitos das mulheres são pautados pelo princípio da humanização, abordagem que preconiza o protagonismo da mulher no seu processo reprodutivo, cabendo aos profissionais responsáveis o papel de coadjuvantes. Verificou-se que os direitos previstos visam assegurar a participação das mulheres nos processos decisórios que envolvem a assistência obstétrica, procuram coibir intervenções desnecessárias e reprimir os maus-tratos, abusos e desrespeito praticados nos serviços de saúde.

Palavras-chave: Direitos Reprodutivos. Direitos das Mulheres. Organização Mundial de Saúde. Ministério de Saúde. Política Nacional de Humanização do Parto e Nascimento.

INTRODUÇÃO

Com a promulgação da Constituição Federal Brasileira em 1988, surge um novo conceito de saúde, amplo e vinculado às políticas sociais, com a assistência contemplada de forma integral. A Constituição Federal foi um marco na história da saúde pública brasileira, definindo a saúde como um direito de todos e dever do Estado, tornando-a um direito universal e seu acesso assegurado como direito de cidadania e regulamentado pelas leis nº 8.080/90 e 8.142/90, as quais determinam o controle e a participação da comunidade e o repasse de recursos. (BRASIL, 1988)

Assim, é instaurado o Sistema Único de Saúde (SUS) e com sua criação, a área da saúde apresentou nova configuração.

1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais Aplicadas da Universidade

Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

2 Doutoranda do Programa de Ciências Sociais Aplicadas da UEPG, Bolsista CAPES.

3 Possui graduação em Serviço Social pela Universidade Federal de Santa Catarina (1986),

mestrado em Educação Ensino Superior pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (1997), mestrado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2000) e doutorado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2010). Atualmente é professora efetiva da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

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[...] como o conceito ampliado de saúde, a garantia da saúde como direito social, a universalidade na atenção à saúde e a composição multiprofissional e interdisciplinar do atendimento em saúde. A saúde passa a ser vista com um espaço de atenção multidimensional. (MELLO; FERNANDES, 2010, p.1378)

Deste modo, novas formas de cuidado com a população são pensadas, inclusive no âmbito da saúde da mulher. Em relação às ações voltadas à assistência obstétrica, abrangendo pré-natal, parto e puerpério, esta atenção era marcada pela violação dos direitos reprodutivos com intensas práticas de medicalização, intervenções desnecessárias e práticas abusivas de episiotomia e cesariana, além do isolamento da gestante e o desrespeito à sua autonomia (BRASIL, 2004). A partir da proposição de um novo modelo de assistência obstétrica, denominado de humanização do parto e nascimento, o tratamento à gestante e ao recém-nascido passou a ser outro, sendo pautado a partir de evidências científicas e no respeito aos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.

Os Direitos Reprodutivos são constituídos por princípios e normas de direitos humanos que garantem o exercício individual, livre e responsável, da sexualidade e reprodução humana. É, portanto, o direito subjetivo de toda pessoa decidir sobre o número de filhos e os intervalos entre seus nascimentos, e ter acesso aos meios necessários para o exercício livre de sua autonomia reprodutiva, sem sofrer discriminação, coerção, violência ou restrição de qualquer natureza (VENTURA, 2009, p.19).

O Programa de Humanização do Parto, formulado pelo Ministério da Saúde, esclarece que a humanização compreende dois aspectos fundamentais, o primeiro caracteriza como dever das unidades de saúde, receber com dignidade a mulher, seus familiares e o recém-nascido, criando um ambiente acolhedor e rompendo com o tradicional isolamento imposto à mulher, já o segundo aspecto refere-se à adoção de medidas e procedimentos que evitem práticas intervencionistas desnecessárias, mas que embora comumente usadas, não beneficiam a mulher nem o recém-nascido. (BRASIL, 2000)

O Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento visa modificar o modelo de assistência obstétrica respeitando os direitos reprodutivos das mulheres, sendo pautado a partir de bases científicas. O

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documento fundamenta que a “Assistência Obstétrica e Neonatal é condição primeira para o adequado acompanhamento do parto e do puerpério” (BRASIL, 2002, p. 05), partindo do princípio de que:

Toda gestante tem direito ao acesso a atendimento digno e de qualidade no decorrer da gestação, parto e puerpério;

Toda gestante tem direito de saber e ter assegurado o acesso à maternidade em que será atendida no momento do parto;

Toda gestante tem direito à assistência ao parto e ao puerpério e que esta seja realizada de forma humanizada e segura, de acordo com os princípios gerais e condições estabelecidas na prática médica;

Todo recém-nascido tem direito à assistência neonatal de forma humanizada e segura. (BRASIL, 2002, p.06)

A Organização Mundial de Saúde - OMS (OMS, 2018) tem o modelo de assistência obstétrica definida a partir de 56 recomendações, conforme o documento WHO Recommendations: Intrapartum care for a positive childbirth experience, essas recomendações têm o objetivo de “garantir que todas as mulheres recebam cuidados intraparto com base em evidências, equitativos e de boa qualidade em serviços de saúde4”. (WORLD, 2018, p. 178 - tradução

nossa)

Então, a partir do Ministério da Saúde Brasileiro e da Organização Mundial de Saúde conclui-se que o novo modelo de assistência obstétrica surgiu com o intuito de proporcionar a mulher um atendimento humanizado, ou seja, mudando as formas de acolhimento e atendimento, colocando-a como protagonista do seu parto e com a liberdade na decisão sobre o nascimento de seu filho, enquanto os profissionais, que contribuem com seus conhecimentos para o bem-estar da mãe e do recém-nascido, são coadjuvantes desse processo.

A humanização do parto e nascimento trata do respeito e da promoção dos direitos das mulheres e crianças, a partir de uma assistência baseada em evidências científicas quanto à segurança e eficácia dos procedimentos. O principal objetivo é um nascimento com o mínimo de intervenções, onde a mãe e o bebê estejam saudáveis. (DOSSIÊ, 2002, p.13)

Deste modo, o presente artigo que partiu de uma pesquisa realizada durante a vivência no Projeto de Bolsa de Iniciação Científica - PIBIC,

4“ensure that all women receive evidence based, equitable and good-quality

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vinculado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares sobre Direitos Reprodutivos, Comunicação em Saúde e Direitos Humanos da Universidade Estadual de Ponta Grossa, teve como objetivo sistematizar e identificar os conteúdos referentes às recomendações para assistência obstétrica abrangendo pré-natal, parto e pós-parto, presentes nos documentos de 2000 a 2018, da Organização Mundial de Saúde - OMS e do Ministério da Saúde (Brasil) - MS. Tal sistematização resultou na construção de um quadro, que facilita a visualização e compreensão dos documentos em relação à garantia dos direitos das mulheres durante o ciclo gravídico-puerperal.

MATERIAL E MÉTODOS

Utilizou-se como metodologia para a realização de artigo a pesquisa bibliográfica e documental. Segundo Oliveira (2007), a pesquisa documental se caracteriza pela busca de informações de documentos como relatórios, reportagens de jornais, revistas, entre outros materiais de divulgação sem que estes tenham um cunho científico e na pesquisa bibliográfica se traduz como o estudo e análise de documentos que tenham domínio científico e proporcionem ao pesquisador o contato direto com as obras que retratam o tema em estudo. (OLIVEIRA, 2007).

Nesta oportunidade foram eleitos para a análise os documentos do Ministério da Saúde (MS) e da Organização Mundial de Saúde (OMS) abrangendo as ações de recomendações, a respeito da assistência obstétrica, a partir dos anos 2000 até o ano de 2018. Em relação ao MS os documentos utilizados foram a Cartilha sobre Humanização do Parto; o Caderno de Atenção Básica: Atenção ao pré-natal de baixo risco; Diretrizes do Parto Normal – versão resumida e o Manual Técnico Pré-Natal e Puerpério: Atenção qualificada e humanizada; já em relação aos documentos da OMS, optou-se por analisar apenas o documento mais recente a ser lançado, WHO recommendations: intrapartum care for a positive childbirth experience (2018), destaca-se que os documentos foram escolhidos, tendo em vista que estes preconizam direitos que visam à proteção das mulheres.

Após a leitura desses documentos, foi feita a análise de conteúdo que, para Bardin (2011) é:

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um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando a obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 2011, p. 47).

Desta análise de conteúdo, as informações retiradas dos documentos foram a respeito dos direitos que as mulheres gestantes têm durante os procedimentos do pré-natal, parto e pós-parto. A seguir, os resultados são expostos em quadro conforme o documento que descreve o direito, e para um melhor entendimento os direitos serão apresentados por categorias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O pré-natal tem como objetivo assegurar que a gestação se desenvolva de forma saudável, permitindo que o parto para mãe e recém-nascido ocorra sem impacto negativo para a saúde de ambos, inclusive abordando aspectos psicossociais e com atividades de promoção e prevenção à saúde materna e infantil. (BRASIL, 2012, p. 33)

QUADRO 01 – DIREITOS DA MULHER NO PERÍODO DE PRÉ-NATAL

DOCUMENTOS DIREITOS Cartilha de Humanização do Parto: Humanização do Pré-natal e Nascimento - (2002)

“Direito ao acesso a atendimento digno e de qualidade”;

“Direito de saber e ter acesso assegurado à maternidade que será atendida”;

“Realizar, no mínimo, seis consultas de acompanhamento”; “Realizar uma consulta até 42 dias após o nascimento”. Pré-natal e Puerpério:

atenção qualificada e humanizada – manual

técnico - (2005)

"Realização de, no mínimo, seis consultas de pré-natal (preferencialmente, 01 no primeiro trimestre, 02 no segundo trimestre e 03 no terceiro trimestre)".

Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada – manual

técnico - (2005)

“Direito de receber orientação sobre "planejamento familiar.";

“O profissional de saúde deve fazer "escuta ativa da mulher e de seus/suas acompanhantes, esclarecendo dúvidas e informando sobre o que vai ser feito durante a consulta e as condutas a serem adotadas.”

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Atenção ao pré-natal de baixo risco -

(2012)

“Iniciar o pré-natal na Atenção primária até a 12º semana de gestação (3 meses)”;

“Direito de conhecer e visitar previamente o serviço de saúde no qual irá dar à luz”;

“Assegurar a solicitação, realização e avaliação do resultado dos exames”;

“Promover a escuta ativa da gestante e de seus/suas acompanhantes”;

“Estimular e informar sobre os benefícios do parto fisiológico, incluindo a elaboração do plano de parto”.

Org.: As autoras.

O trabalho de parto, segundo a OMS (2018), possui três estágios, envolvendo o processo de dilatação, o período expulsivo e a expulsão da placenta. O trabalho de parto está relacionado com a fase de contrações uterinas dolorosas e regulares, perda de líquido amniótico, dilatação do colo e perda de secreção sanguinolenta. O momento do parto se relaciona ao nascimento do bebê. Esses momentos, que ocorrem geralmente em espaços institucionais, acontecem na maioria das vezes em âmbito hospitalar com equipe própria.

QUADRO 02 - DIREITOS DA MULHER NO PROCESSO DE TRABALHO DE PARTO E PARTO

(continua)

DOCUMENTOS DIREITOS

Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal: versão

resumida - (2017)

“Verificar se a mulher tem dificuldades para se comunicar da forma proposta, se possui deficiência auditiva, visual ou intelectual; perguntar qual língua brasileira (português ou libras) prefere utilizar ou, ainda, para o caso de mulheres estrangeiras ou indígenas verificar se compreendem português”;

“Ler e discutir com a mulher, em caso dela possuir um plano de parto escrito, levando-se em consideração as condições para a sua implementação, tais como a organização do local de assistência, limitações (físicas, recursos) relativas à unidade e a disponibilidade de certos métodos e técnicas”.

“Solicitar permissão à mulher antes de qualquer procedimento e observações, focando nela e não na tecnologia ou documentação”; “Todas as parturientes devem ter apoio contínuo e individualizado durante o trabalho de parto e parto, de preferência por pessoal que não seja membro da equipe hospitalar”;

“As mulheres devem ter acompanhantes de sua escolha durante o trabalho de parto e parto, não invalidando o apoio dado por pessoal de fora da rede social da mulher (ex. doula) [...]”

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“Mulheres em trabalho de parto podem ingerir líquidos, de preferência soluções isotônicas ao invés de somente água”

“Se uma mulher escolher técnicas de relaxamento no trabalho de parto, sua escolha deve ser apoiada”;

“Os métodos não farmacológicos de alívio da dor devem ser oferecidos à mulher antes da utilização de métodos farmacológicos”.

(conclusão) Atenção ao pré-natal de

baixo risco - (2012)

“Informar às gestantes de baixo risco de complicações que o parto normal é geralmente muito seguro tanto para a mulher quanto para a criança”;

“Informar às gestantes de baixo risco sobre os riscos e benefícios dos locais de parto (domicílio, Centro de Parto Normal extra, peri ou intra hospitalar, maternidade)”;

“Informar sobre o acesso à equipe médica (obstetrícia, anestesiologia e pediatria)”;

“Deve ser oferecido à mulher a imersão em água para alívio da dor no trabalho de parto”.

WHO Recommendations: Intrapartum Care for a

Positive Childbirth Experience - (2018)

“Técnicas de relaxamento, incluindo relaxamento muscular progressivo, respiração, música, atenção plena e outras técnicas, são recomendados para mulheres grávidas saudáveis que solicitam alívio da dor durante o trabalho, dependendo das preferências de uma mulher”;

“Técnicas manuais, como massagem ou aplicação de embalagens quentes, são recomendáveis para mulheres grávidas saudáveis que solicitam alívio da dor durante o trabalho de parto, dependendo das preferências de uma mulher”;

“Para mulheres com baixo risco, a ingestão de líquidos e alimentos durante o parto é recomendado”;

“É recomendável encorajar a adoção da mobilidade e uma posição vertical durante o trabalho de parto em mulheres de baixo risco”.

Org.: As autoras

O pós-parto é um período que se inicia após o nascimento do bebê, da expulsão da placenta e de suas membranas, e que se estende por um período médio de seis semanas, conforme OMS (1998, p.7-8), sendo considerado um período bastante sensível, além de a mulher estar sujeita a complicações hemorrágicas, devendo ser monitorada. É o momento em que a mulher e seus acompanhantes vão finalmente ter contato físico com a criança e se adaptar à nova configuração familiar e suas demandas. O pós-parto é denominado também de puerpério, caracterizado pelas “modificações locais e sistêmicas,

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provocadas pela gravidez e parto no organismo da mulher, [que] retornam à situação do estado pré-gravídico”. (BRASIL, 2001, p.175)

QUADRO 03 - DIREITOS DA MULHER NO PERÍODO DE PÓS-PARTO.

(continua)

DOCUMENTOS DIREITOS

WHO Recommendations: Intrapartum Care for a Positive Childbirth Experience - (2018)

“É recomendado o uso de uterotônicos para a prevenção do pós-parto hemorrágico (HPP) durante a terceira fase do parto para todos os nascimentos.”;

“É recomendada a ocitocina, uma droga uterotônica, para a prevenção da hemorragia pós-parto (HPP).”;

“É recomendada nos locais em que a ocitocina não está disponível, o uso de outros [...]

(conclusão) WHO Recommendations: Intrapartum Care

for a Positive Childbirth Experience - (2018)

[...] uterotônicos injetáveis (se apropriado, ergometrina/metilergometrina, ou a combinação fixa de ocitocina e ergometrina) ou misoprostol oral (600 μg)”;

“É recomendado o atraso no bloqueio do cordão umbilical (não antes de 1 minuto após nascimento) para melhorar a saúde materna e infantil e resultados nutricionais.”;

“É recomendada nos locais onde os assistentes especializados em parto estão disponíveis, tração do cordão umbilical (CCT) para partos vaginais se o provedor e a parturiente consideram uma pequena redução na perda de sangue e uma pequena redução na duração da terceira fase de trabalho como importante”;

“Não é recomendada a massagem uterina sustentada como intervenção para prevenir a hemorragia pós-parto (HPP) em mulheres que receberam ocitocina profilática”.

Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal: versão resumida (2017)

“Assegurar que a assistência e qualquer intervenção que for realizada levem em consideração esse momento, no sentido de minimizar a separação entre mãe e filho."; “Em caso de retenção placentária, explicar para a mulher o que está acontecendo e quais serão os procedimentos necessários."; "Não usar Ocitocina IV adicional de rotina para desprendimento da placenta, com exceção nos casos de hemorragia.”;

"Se for identificado trauma perineal (trauma perineal ou genital deve ser definido como aquele provocado por episiotomia ou lacerações), uma avaliação sistemática do mesmo deve ser realizada."

Org.: As autoras.

E por fim, quanto ao direito da mulher em ter um acompanhante de sua escolha no momento de pré-natal, parto e pós-parto, documentos do MS e da

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OMS, além da Lei Federal nº 11.108, em vigor desde 2005, enfatizam que é direito de todas as mulheres terem acompanhantes de sua escolha, podendo ser homem ou mulher, durante o trabalho de parto, parto e pós-parto, não excluindo o apoio dado por pessoal de fora da rede social da mulher (ex. doula). O direito ao acompanhante de escolha da mulher também foi introduzida pela Lei nº 12.257/2016, que dispõe sobre as políticas públicas para a primeira infância, no artigo 8º, § 6º, do Estatuto da Criança e do Adolescente: “A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato.”

QUADRO 04 - DIREITO DA MULHER EM TER UM ACOMPANHANTE DE SUA ESCOLHA NO MOMENTO DE PRÉ-NATAL, PARTO E PÓS-PARTO

DOCUMENTOS DIREITOS

Cartilha de Humanização do Parto: Humanização do Pré-natal e Nascimento (2002)

“É direito do(a) parceiro(a) ser cuidado(a) antes, durante e depois da gestação”;

Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal: versão resumida (2017)

"Este acompanhante deve receber as informações importantes no mesmo momento que a mulher"

Durante o trabalho de parto deve-se: "oferecer orientação e apoio para o(s) acompanhante(s) da mulher"

Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e

humanizada – manual técnico - (2005) Receber avaliação do estado de saúde da mulher e do recém-nascido; Receber orientação e dar apoio a família para

a amamentação;

Receber orientação sobre os cuidados básicos

com o recém-nascido;

Receber avaliação da interação da mãe com o recém-nascido.

Org.: As autoras.

Sabendo que a humanização do parto diz respeito à promoção dos direitos de mulheres e crianças, baseando-se numa assistência que preze pela segurança e eficácia das práticas e procedimentos, conforme evidências científicas atuais, e, não na conivência de instituições ou profissionais, faz-se necessário um planejamento a respeito da atenção à saúde das mulheres no pré-natal, parto e pós-parto por parte dos gestores e equipes responsáveis para que os direitos da mulher e do bebê sejam respeitados e cumpridos. (DOSSIÊ, 2002, p.13)

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CONCLUSÃO

A gestação, o parto e o pós-parto são processos próprios de cada mulher, considerados eventos únicos com intensos sentimentos e emoções, que marcam a memória da mãe e de toda a sua família, assim, é importante que todos os profissionais e serviços envolvidos nesse processo proporcionem um momento pautado no humanismo e na garantia de direitos. (ANDRADE, LIMA, 2014)

A humanização da assistência obstétrica e neonatal é a primeira condição para um acompanhamento do parto e puerpério saudável e respeitoso, assim faz-se necessário o entendimento dos direitos das gestantes para que sejam respeitados e garantidos conforme as normativas apresentam. (BRASIL, 2002)

Conforme a análise dos documentos da Organização Mundial de Saúde e do Ministério de Saúde a respeito das ações de recomendação envolvendo a assistência obstétrica, constatou-se que os direitos apresentados no decorrer dos documentos se complementam e, até mesmo, se completam, a fim de proporcionar melhor entendimento dos direitos das mulheres em seu ciclo gravídico-puerperal.

Conclui-se que à medida que as pessoas envolvidas no nascer - seja a mulher, seus familiares e amigos, seja as equipes de saúde e gestores públicos tenham clareza dos direitos da mulher no processo de pré-natal, parto e pós- parto, seja possível evitar as violências obstétricas. É preciso avançar nas pesquisas sobre o tema, na formação de novos profissionais e na capacitação dos profissionais que já se encontram no mercado de trabalho. Ampliar o debate sobre violência obstétrica é oportunizar experiências positivas em relação ao nascer.

REFERÊNCIAS

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Ed. 70, São Paulo, 2011.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 11.108, de 7 de abril de 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11108. htm>. Acesso em 20 ago. 2018.

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BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Políticos de Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília: Ministério da Saúde, 2001, 202p.

BRASIL, Ministério da Saúde. Programa de Humanização do pré-natal e nascimento. Humanização do parto: humanização no pré-natal e nascimento. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. 28 p.

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher: princípios e diretrizes. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada – manual técnico. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 163 p.

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

BRASIL, Presidência da República. Lei n. 13.257, de 08 de março de 2016. Dispõe sobre as políticas para a primeira infância. Brasília: DOU, 9 mar. 2016. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm>. A acesso em 22 mar. 2019.

BRASIL, Ministério da Saúde. Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal: versão resumida. Brasília, 2017, p. 16-18.

DOSSIÊ HUMANIZAÇÃO DO PARTO. Rede Nacional Feminista de Saúde. Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos. São Paulo, 2002, 40p.

OLIVEIRA, M. M. Como fazer pesquisa qualitativa. Petrópolis: Vozes, 2007. OMS. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Care in normal childbirth: a practical guide. Geneva: WHO, 1996.

OMS. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. WHO recommendations: intrapartum care for a positive childbirth experience. 2018, 212p.

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