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PROCESSO Nº TST-Ag-E-ED-RR A C Ó R D Ã O SbDI-1 GMJRP/ap

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PROCESSO Nº TST-Ag-E-ED-RR-1395-27.2011.5.03.0036

Firmado por assinatura digital em 15/12/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

A C Ó R D Ã O SbDI-1

GMJRP/ap

AGRAVO INTERPOSTO CONTRA DECISÃO DE PRESIDENTE DE TURMA DENEGATÓRIA DE SEGUIMENTO DE EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 13.015/2014.

INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. MAQUINISTA DE LOCOMOÇÃO COM SISTEMA DE MONOCONDUÇÃO. DISPOSITIVO HOMEM MORTO. VALOR DA INDENIZAÇÃO (R$ 100.000,00).

PEDIDO DE REDUÇÃO.

Trata-se de pedido de redução do valor da indenização por danos morais mantido pela Turma no importe de R$ 100.000,00 deferida pelo desempenho das atividades de maquinista em locomoção com sistema de monocondução com a existência de dispositivo de segurança chamado "homem morto", o que impede os maquinistas de fazerem suas necessidades fisiológicas e realizarem suas refeições em tempo razoável de modo digno e não degradante.

Nesta Subseção, prevalece o entendimento de que não é possível, em tese, conhecer de recurso de embargos por divergência jurisprudencial quanto a pedido de redimensionamento de indenização por danos morais, diante da dificuldade de haver dois fatos objetivamente iguais, envolvendo pessoas distintas, cada uma com suas particularidades. Apenas nos casos em que a indenização for fixada em valores excessivamente módicos ou estratosféricos, é que poderá haver intervenção desta Corte para rearbitrar o quantum indenizatório. Com efeito, o entendimento majoritário desta Subseção é de que, nas hipóteses em que se discute o valor arbitrado a título de indenização por danos morais, é inviável a aferição de especificidade dos arestos paradigmas, pois isso depende da análise de diversos aspectos

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PROCESSO Nº TST-Ag-E-ED-RR-1395-27.2011.5.03.0036

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fáticos, como a capacidade econômica da empresa, a gravidade do dano, a idade do ofendido, o local de trabalho, dentre outros, os quais, ainda que apresentem uma ínfima divergência, são capazes de tornar distintas as situações de forma a atrair o óbice da Súmula nº 296, item I, desta Corte. Essa tese foi reafirmada, por maioria de votos, no julgamento do processo E-RR – 1564-41.2012.5.09.0673, nesta Subseção, em 16/11/2017, acórdão publicado no DEJT de 2/2/2018, de minha relatoria, ocasião em que fiquei vencido quanto à possibilidade de conhecimento do recurso de embargos para analisar pedido de redimensionamento de indenização por danos morais e refluí na minha proposta original para adotar o entendimento da maioria dos membros desta Subseção para não conhecer dos embargos, em face da inespecificidade dos arestos paradigmas. Rememore-se que há muito tempo esta Subseção de Dissídios Individuais I desta Corte decidiu que, quando o valor atribuído não for teratológico, deve a instância extraordinária se abster de rever o sopesamento fático no qual se baseou o Regional para arbitrar o valor da indenização proporcional ao dano moral causado pelo empregador (E-RR - 39900-08.2007.5.06.0016. Data de Julgamento: 18/08/2011, Relator Ministro: Carlos Alberto Reis de Paula, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 09/01/2012). De igual modo, no julgamento do Processo nº E-ED-RR 362340-74.2001.5.01.0241, em sessão realizada em 30/6/2011, DEJT de 29/7/2011, de relatoria do Ministro Milton de Moura França, adotou-se o mesmo entendimento de que, em regra, não pode esta Subseção adentrar nas

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premissas fáticas dos autos para alterar o valor da indenização por danos morais, exceto quando ele se revelar excessivamente irrisório ou estratosférico. Assim, permanece majoritário o entendimento de que, quando o valor atribuído não for teratológico, deve esta instância extraordinária abster-se de rever o sopesamento fático para arbitrar o valor da indenização proporcional ao dano moral causado pelo empregador.

Desse modo, neste caso, é despicienda a análise dos julgados paradigmas, diante da impossibilidade de ser demonstrada a necessária identidade fática entre eles e a hipótese dos autos, nos termos em que exige a Súmula nº 296, item I, desta Corte. Importante registrar que a Segunda Turma, em casos semelhantes ao destes autos, discutindo a mesma controvérsia, fixava valores indenizatórios inferiores para compensar o dano. Contudo, essa medida não vinha surtindo efeitos práticos a ponto de alterar a postura ilícita dos empregadores dessa natureza, continuando resilientes quanto a não seguir a orientação emanada desta Corte há tempos sobre a matéria, de modo que se percebeu que a função pedagógica da indenização por danos morais não estava sendo cumprida com montantes indenizatórios menores, pelo que se decidiu naquele Colegiado majorar gradualmente o quantum até chegar a R$

100.000,00. Esses foram os fundamentos da decisão embargada, agora mantidos, nos termos do artigo 140, § 1º, do Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho, após empate na votação (6x6), segundo o qual, em hipóteses assim, não havendo urgência, considerar-se-á julgada a questão, proclamando-se mantida a decisão recorrida.

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Agravo desprovido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Embargos em Embargos de Declaração em Recurso de Revista n°

TST-Ag-E-ED-RR-1395-27.2011.5.03.0036, em que é Agravante MRS LOGÍSTICA S.A. e Agravado CARLOS ALBERTO DA SILVA..

Trata-se de agravo interposto pela demandada, por petição constante de processo eletrônico (seq. 42), contra minha decisão como Presidente da Segunda Turma do TST, por meio da qual se negou seguimento aos embargos patronais, porque não caracterizados os requisitos do artigo 894, inciso II, da CLT (se q. 40).

Em razões de agravo, a parte sustenta que seu recurso de embargos deve ser admitido. Alega, em síntese, que a questão dos autos é idêntica àquelas apresentadas nos julgados paradigmas e a quantia deferida nesta demanda a título de indenização por danos morais destoa do que foi fixado nos acórdãos trazidos a cotejo, motivo pelo qual entende que o quantum indenizatório fixado na decisão embargada é estratosférico.

Impugnação aos embargos e contraminuta ao agravo apresentadas (seq. 57 e 45, respectivamente).

Os autos não foram remetidos à Procuradoria-Geral do Trabalho, ante o disposto no artigo 95 do Regimento Interno desta Corte.

É o relatório.

V O T O

AGRAVO INTERPOSTO CONTRA DECISÃO DE PRESIDENTE DE TURMA DENEGATÓRIA DE SEGUIMENTO DE EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 13.015/2014

INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. MAQUINISTA DE LOCOMOÇÃO COM SISTEMA DE MONOCONDUÇÃO. DISPOSITIVO HOMEM MORTO. VALOR DA INDENIZAÇÃO (R$ 100.000,00). PEDIDO DE REDUÇÃ O

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A Segunda Turma desta Corte não conheceu do recurso de revista interposto pela ré, mantendo a sua condenação ao pagamento de indenização por danos morais no importe de R$ 100.000,00.

Eis os fundamentos da referida decisão:

"Sobre o tema, consta do acórdão regional:

‘...O MM. juízo de primeiro grau julgou procedente o pedido de indenização por danos morais formulado pelo autor, condenando a reclamada ao pagamento da importância de R$60.000,00.

A reclamada não se conforma com essa decisão, argumentando:

que o autor sempre trabalhou no regime de monocondução, sem apresentar qualquer queixa; que a empresa sempre procurou proporcionar aos seus empregados condições seguras de trabalho, inclusive com a adoção do dispositivo chamado ‘homem-morto’ que

‘trata-se de um equipamento de segurança do trabalho’, instalado originalmente nas locomotivas e cuja utilização é um comando de fábrica; que no caso de necessidade de parada da composição ferroviária, não há impedimento por parte da empresa, bastando que o Centro de Controle Operacional seja comunicado; que as locomotivas sempre foram monoconduzidas e que o auxiliar de maquinista não poderia conduzi-las; que a situação do autor não difere daquela apurada pela perícia realizada nos autos do processo 00083- 2008-055-03-00-4, que concluiu pela inexistência de irregularidade na adoção do sistema de monocondução; que as locomotivas gozam de instalações adequadas para o trabalho; que a inexistência de intervalo para a realização das refeições não é motivo suficiente para presumir-se a existência de danos morais, pois reflete o pactuado com 1a entidade sindical da categoria dos ferroviários e também o disposto no artigo 238, §5º, da CLT; que não restaram suficientemente provados os danos efetivamente sofridos pelo autor; que não agiu culposamente, tendo proporcionado ao autor condições plenas de trabalho; que não é aplicável a responsabilidade objetiva. - Atenta ao princípio da eventualidade, pede sucessivamente, para o caso de manutenção da condenação, que o quantum indenizatório fixado em 'primeira instância seja minorado, em atenção ao princípio da proporcionalidade....

Analiso.

Com efeito, o dano moral se caracteriza pela ação ou omissão que, na normalidade, produza dor, sofrimento e humilhação, afetando intensamente o comportamento psicológico do indivíduo.

No caso em exame, resta incontroverso que o autor trabalhou como maquinista, no regime de monocondução, com observância do dispositivo chamado ‘homem morto’.

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Outrossim, da análise ponderada da prova pericial produzida (prova emprestada de outros processos semelhantes), verifica-se que a rotina laboral expunha o trabalhador a condições vexatórias e humilhantes.

De fato, ficou demonstrada a impossibilidade prática do uso do banheiro pelo reclamante, sobretudo pela utilização do dispositivo denominado ‘home m morto’ - botão de segurança para evitar distrações e - cochilões do motorista - que impedia os maquinistas de fazere m suas necessidades fisiológicas de modo não degradante.

Cediço que o dano moral se configura quando há ofensa direta aos direitos da personalidade, seja no tocante, à integridade física, moral ou intelectual. É aquele dano que afeta alguém em seus sentimentos, sua honra, decoro, sua consideração social ou laborativa, em sua reputação e dignidade.

Para que se configure o dever de reparação do dano moral, deverão estar presentes, como requisites essenciais dessa forma de, obrigação, o erro de conduta do agente, por ação ou omissão (ato ilícito), a ofensa a um bem jurídico específico do postulante (a existência do dano), a relação de causalidade entre a conduta antijurídica e o dano causado (nexo de causalidade), bem como a culpa do agente infrator. Ausentes esses pressupostos, ou mesmo, apenas um deles; não há como se falar em responsabilização civil do empregador (artigos 186, 187, 927 e 944 do Código Civil e art. 5º, incisos V e X da CRFB/88).

Na inicial, buscou o autor indenização por danos morais (assédio moral), ao argumento de sua submissão constante a tratamento vexatório, desumano, humilhante em .virtude de ficar aguardando por horas, sem alimentação e destinação, bem como por ser submetido a intensa e reiterada coação moral, advinda de não poder ir ao banheiro ou fazer as refeições com dignidade, considerando que estava inserido no regime de monocondução.

Inicialmente destaca-se que restou evidenciado que o autor ativava-se como maquinista, pertencente à categoria ‘c’ do art. 237 da CLT. E do exame dos autos, apurou-se que o autor sujeitava a uma situação objetivamente, desumana, degradante, eis que não dispunha de tempo suficiente e confortável para suas necessidades fisiológicas ou para se alimentar condignamente, durante seu labor.

Tanto o laudo apresentado pelo reclamante, relativo aos autos do processo n. 9 01649-2010-035-03-00-5 (f. 84/140), quanto aqueles anexados pela reclamada, referentes aos autos do processo n.

00083-2008-055-03-00-4 (f. 6251689 e 709/762), comprovaram que há locomotivas mais novas que possuem banheiros em condições normais de uso e outras, mais antigas, com banheiros impróprios, seja quanto à manutenção, seja quanto à higiene. A despeito disso, deve-se considerar que restou incontroversa a adoção do dispositivo de

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segurança denominado ‘homem morto’, conforme contestação de f.

476, verbis ‘Ressalte-se que tal equipamento é mundialmente utilizado, vindo, inclusive, de fábrica nas locomotivas mais modernas sendo de uso obrigatório pelas normas de segurança do trabalho (...)

‘.

De ser salientado que, à evidência, trata-se o aludido dispositivo de um equipamento de segurança do trabalho e denota a assertiva de que a reclamada sempre cumpriu e fez cumprir as normas de segurança do trabalho, zelando pelo bem estar de seus empregados.

O problema, todavia, não reside na adoção do dispositivo de segurança, mas, sim, no fato de que sua operação, no regime de monocondução, sujeitava o reclamante, maquinista, a uma situação objetivame nte desumana, degradante, uma ve z que era obrigado a acionar o indigitado dis positivo em intervalos extremamente curtos de tempo.

Posta a questão nestes termos, como se pode - conceber, então, que apenas um operador dispusesse de tempo suficiente e ' confortável para realizar suas necessidades fisiológicas, utilizando os banheiros daquelas locomotivas que os possuíam em condições adequadas, ou para se alimentar condignamente, durante seu labor? Mostra-se, portanto, totalmente crível que os empregados da reclamada, sujeitos a este regime de monocondução, tenham que defecar no próprio compartimento de condução da locomotiva, e m jornais, atirando os dejetos pelas janelas, como constatado inúmeras vezes nesta Especializada.

Portanto, a situação era objetivamente vexatória e humilhante, restando caracterizada violação aos direitos da personalidade do obreiro, que encontram arrimo no princípio da dignidade da pessoa humana, eriçado a fundamento da. República Federativa do Brasil (art.

1 , III, CF/88).

Destarte, não há como fugir à conclusão de que se configurou, sim, dano moral passível de indenização, de acordo com os fatos incontroversos que emergem dos autos (operação do dispositivo

‘homem-morto’ em regime de monocondução).

No concernente à fixação do quantum indenizatório, cada qual defendendo seus próprios interesses, aventando, ambas, que se faça em observância ao princípio da razoabilidade e ao entendimento consubstanciado pelo art. 944 do CC.

Por certo, o Julgador, ao apreciar o caso concreto submetido a exame fará a entrega da prestação jurisdicional de forma livre e consciente, à luz das provas que forem produzidas. E, sendo o dano moral puro indenizável, o seu valor será arbitrado considerando a repercussão econômica, a prova da dor e o grau de dolo ou culpa do ofensor, sem descuidar do nível social; haja vista que costumeiramente a regra do direito pode se revestir de flexibilidade para dar a cada um o que é seu. Também deverá mirar-se na teoria do desestímulo, ou seja,

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ao quantificar a indenização, o juiz deve ter em mente o desestímulo da conduta, o que equivale dizer, deve fixar um valor que desestimule a atuação do ofensor.

Atendendo, destarte, aos critérios de satisfação do ofendido, bem como de sanção do ofensor, não havendo falar-se em enriquecimento desarrazoado do reclamante, realçando acrescer ser o dano moral de difícil aferição aritmética em face de seu caráter subjetivo, devendo ser considerado que, na hipótese tratada, o bem jurídico que se pretende indenizar é o sofrimento do cidadão.

Tenho, desta forma, no caso em exame, que o valor de R$

190.000,00 (cem mil reais) satisfaz mais precisamente o princípio da razoabilidade e o preceito do art. 944/CC, considerando as particularidades do caso, mostrando-se de acordo com o valor que esta e. TRJF tem fixado para casos análogos, principalmente em sua atual composição, e ‘...sobretudo diante dos reiterados casos que chegam a esta Corte para julgamento, dando mostras de que o caráter pedagógico da indenização não tem surtido efeito’

(0.1529-2011-038-03-00-8-.RO, ReI. Des. José Miguel de Campos, DEJT 03104/2012, tendo participado do julgamento como 3º votante, o juiz convacado sorteado como Revisor neste processo, juiz convocado Milton Vasques Thibau de Almeida). - Outros precedentes Turmários:

00461-2009-038-03- 00-5 RO, Relator Des. José Miguel de Campos, DEJT: 24102/2010; 01487- 2008-035-03-00-0-RO, Relator Des.

Heriberto de Castro, DEJT: 02112/2010 e

00996-2010-036-03-00-7-RO, Relator Convocado João Bosco Pinto Larà, DEJT: 21107/2011.

Destarte, nego provimento ao recurso empresarial e dou provimento ao recurso obreiro, para fixar o valor da indenização em R$ 100.000,00 (cem mil reais)..

A reclamada argumenta que o regime de monocondução não encontra qualquer obstáculo legal, bem como que sua adoção não implica majoração dos riscos à integridade física do maquinista ou de terceiros.

Informa que restou demonstrado, de forma inequívoca, que os maquinistas têm a prerrogativa de parar a composição nos cruzamentos e estações, bastando que para isso avisem ao centro de controle.

Sustenta que não há falar em culpa, pois a locomotiva encontrava-se de acordo com os parâmetros estabelecidos.

Caso mantido o dano moral, requer a sua minoração.

Alega que o reclamante só trabalhou 24 meses e 17 dias na empresa na qualidade de maquinista, não fazendo jus ao valor arbitrado.

Aponta ofensa aos arts. 5º, X, II, 7º, XXVIII, da CF/88, 186 do CC, 818 da CLT e 333, I, do CPC/1973. Traz arestos.

Analiso.

No caso dos autos, restou evidenciado que o autor foi submetido a condições de trabalho humilhantes e degradantes, pois não havia instalações

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sanitárias, lavatórios e locais adequados para refeição à disposição do trabalhador.

Nesse sentido há julgamentos desta Turma:

‘AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. MAQUINISTA. MONOCONDUÇÃO. SISTEMA DE

SEGURANÇA DENOMINADO ‘HOMEM MORTO’.

DIFICULDADE PARA USO DE SANITÁRIO E ALIMENTAÇÃO.

DANO MORAL. VALOR. No caso dos autos, restou evidenciado que o autor foi submetido a condições de trabalho humilhantes e degradantes, pois não havia instalações sanitárias, lavatórios e locais adequados para refeição à disposição. Assim, tendo em vista a capacidade econômica das partes, o dano sofrido pelo empregado, o fato de o reclamante ter laborado por mais de 27 anos em favor da reclamada, e o caráter didático da pena, entende-se adequada à reparação do dano ocasionado o montante de R$ 100.000,00. Diante das premissas do acórdão regional, não há falar em condenação exorbitante. Apenas em casos flagrantemente desproporcionais, esta Corte pode interferir nos valores arbitrados pelo Tribunal a quo.

Precedente. Agravo a que se nega provimento.’ (Ag-AIRR - 120-35.2014.5.15.0026 , Relatora Ministra: Maria Helena Mallmann, Data de Julgamento: 16/05/2018, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 25/05/2018)

‘RECURSO DE REVISTA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. De acordo com o entendimento fixado na Súmula/TST nº 459, o pedido de nulidade do julgado por negativa de prestação jurisdicional somente tem por base a indicação expressa de violação dos artigos 93, IX da Carta Maior, 832 da CLT e 458 do Código de Processo Civil. Assim, descabe falar em ofensa aos artigos 5º, LV da Constituição Federal e 794 da CLT. Recurso de revista não conhecido. RECURSO DE REVISTA. MONOCONDUÇÃO. DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO. Não se verifica afronta aos artigos 5º, X e 7º, XXVIII da Constituição Federal, 186 e 884 do Código Civil, como exige a alínea ‘c’, do artigo 896 da Consolidação das Leis do Trabalho. O Tribunal de origem asseverou que a parte autora estava submetida à situação humilhante e degradante pela ausência de pausas para ir ao banheiro. Matéria fática. Óbice da Súmula/TST nº 126.

Recurso de revista não conhecido.’ MAQUINISTA. SISTEMA DE MONOCONDUÇÃO. LOCOMOTIVA SEM INSTALAÇÕES SANITÁRIAS. USO DO DISPOSITIVO ‘HOMEM MORTO’.

CONDIÇÕES PRECÁRIAS DE HIGIENE. DANOS MORAIS.

MONTANTE INDENIZATÓRIO (R$ 100.000,00). REDUÇÃO INDEVIDA. Cinge-se a controvérsia acerca da quantificação do dano moral sofrido pelo reclamante, maquinista que trabalhava em regime de monocondução, pela impossibilidade prática do uso do banheiro, sobretudo pela utilização do dispositivo denominado ‘homem morto’ -

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botão de segurança para evitar distrações e cochilos do motorista - que impedia os maquinistas de fazerem suas necessidades fisiológicas de modo não degradante, além de também não dispor de condições dignas para a realização de suas refeições. No caso, o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região deu provimento ao recurso ordinário do reclamante e elevou o valor da indenização por danos morais para R$

100.000,00 (cem mil reais). A jurisprudência desta Corte é no sentido de que não se admite a majoração ou diminuição do valor da indenização por danos morais, nesta instância extraordinária, em virtude da necessidade de revolvimento do contexto fático-probatório para tanto. Entretanto, tem-se admitido essa possibilidade apenas nos casos em que a indenização for fixada em valores excessivamente módicos ou estratosféricos. Na hipótese dos autos, o reclamante foi submetido a condições subumanas de trabalho, visto que era obrigado a realizar suas necessidades dentro da cabine ou no mato, além da demonstração de proibição de parada dos trens para que o autor realizasse suas necessidades fisiológicas e do fato de não haver água potável, bem como da constatação de que não havia condições dignas para realização das refeições, pois tinham que ser feitas com o trem em movimento ou, quando parado, em tempo extremamente reduzido. A empresa reclamada, embora tivesse plena consciência das condições a que o reclamante estava submetido, nada fez para solucionar o problema. Registra-se que a restrição de acesso às instalações sanitárias nas locomotivas tem sido objeto de inúmeros litígios em várias regiões do país, até mesmo com diversos precedentes desta Corte, o que evidencia a reiteração e o caráter nacional dessa situação tristemente vivenciada pelos trabalhadores da reclamada, que têm ficado impossibilitados de realizar suas necessidades fisiológicas ou as executam em condições degradantes durante as longas e contínuas horas de trabalho. Tal fato demonstra a total desconsideração da reclamada pelas condições de trabalho a que seus empregados vêm sendo submetidos. Assim, diante da gravidade do fato, deve esta Corte extraordinária relevar para as instâncias ordinárias a fixação do quantum indenizatório. Portanto, embora se admita a revisão, nesta Corte, de valores estratosféricos ou excessivamente módicos fixados na instância ordinária, o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a título da referida indenização por danos morais não se mostra exorbitante, observando adequadamente a gravidade do fato, a extensão do dano sofrido pelo reclamante e a necessidade de se fixar um valor que, além de ressarcir o empregado, desempenhe uma função suasória da conduta ilícita, ainda que por omissão, do empregador, capaz de prevenir sua reiteração, no futuro, especialmente ao se considerar o grau de culpa da reclamada bem como sua capacidade econômica. Diante dos parâmetros estabelecidos pelo Regional, observa-se que o arbitramento dos valores especificados não se mostra desprovido de razoabilidade ou proporcionalidade, apresentando-se adequado à situação fática

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delineada nos autos e apto a amenizar a dor e as dificuldades cotidianas sofridas pelo reclamante, em razão das sequelas sofridas. Não há falar, portanto, em violação do artigo 944 do Código Civil. Os arestos transcritos são inespecíficos, nos termos da Súmula nº 296, item I, do TST, ante a ausência da identidade fática exigida. Recurso de revista não conhecido. ‘RECURSO DE REVISTA. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. Quanto ao tema, a Corte Regional adotou o disposto na Súmula nº 439 do TST. Recurso de revista não conhecido. RECURSO DE REVISTA. MULTA POR EMBARGOS PROTELATÓRIOS. O Regional deixou consignado que os embargos opostos à sentença revestiram-se de natureza protelatória, sendo corretamente enquadrado no artigo 538, parágrafo único, do Cód igo de Processo Civil. Portanto, não há falar em ofensa ao seu texto.

Tampouco há falar em violação do artigo 5º, LV da Carta Maior, pois à parte foi garantido o exercício do contraditório e da ampla defesa com todos os meios a eles inerentes, durante toda a instrução processual e em grau de recurso. Recurso de revista não conhecido.’ (RR - 933-02.2013.5.03.0036, Redator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento: 02/09/2015, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 11/09/2015)

Assim, tendo em vista a capacidade econômica das partes, o dano sofrido pelo trabalhador e o caráter didático da pena, entende-se adequada à reparação do dano ocasionado o montante de R$ 100.000,00.

Diante das premissas do acórdão regional, não há falar em condenação exorbitante. Apenas em casos flagrantemente desproporcionais, esta Corte pode interferir nos valores arbitrados pelo Tribunal a quo.

Ilesos os artigos indicados pela parte – 944 do Código Civil e 5º, V, da CF/1988.

Impertinente os demais artigos indicados pela parte, pois não trazem parâmetro acerca da fixação do dano moral.

Em razão da especificidade das questões fáticas elencadas no acórdão, não há falar em divergência específica – Súmula 296 do TST.

Não conheço" (seq. 22).

Interpostos embargos de declaração, assim se manifestou a Turma:

"A parte embargante alega que houve omissão/contradição na decisão desta Turma acerca dos seguintes fatos: 1) considerando que a decisão embargada modifica decisão monocrática que havia reduzido a indenização para R$ 30.000,00 (trinta mil reais), há que restar consignado que o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais) há de ser atualizado a partir de seu novo arbitramento, que é a data da prolação da decisão turmária; 2) garantia de

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execução R$ 102.571,83 (cento e dois mil, quinhentos e setenta e um reais e oitenta e três centavos); 3) do exame dos arestos extraídos da própria decisão monocrática, que o entendimento de várias turmas desta Corte, inclusive em sua SBDI.

No entanto, constou na ementa da decisão embargada:

"RECURSO DE REVISTA. MAQUINISTA.

MONOCONDUÇÃO. SISTEMA DE SEGURANÇA

DENOMINADO "HOMEM MORTO". DIFICULDADE PARA USO DE SANITÁRIO E ALIMENTAÇÃO.

DANO MORAL. VALOR. No caso dos autos, restou evidenciado que o autor foi submetido a condições de trabalho humilhantes e degradantes, pois não havia instalações sanitárias, lavatórios e locais adequados para refeição à disposição do trabalhador.

Assim, tendo em vista a capacidade econômica das partes, o dano sofrido pelo trabalhador e o caráter didático da pena, entende-se adequada à reparação do dano no montante de R$ 100.000,00.

Diante das premissas do acórdão regional, não há falar em condenação exorbitante. Apenas em casos flagrantemente desproporcionais, esta Corte pode interferir nos valores arbitrados pelo Tribunal a quo.

Entender de forma contrária demandaria o revolvimento de fatos e provas, o que encontra óbice na Súmula 126.

Precedentes da 2ª Turma. Recurso de revista não conhecido.

JUROS DE MORA. DANO MORAL. A discussão a respeito do marco inicial para a incidência de juros de mora já se encontra pacificada no âmbito desta Corte Superior, nos termos da Súmula nº 439 do TST. Recurso de revista não conhecido."

Verifica-se da transcrição acima, que os pontos necessários para o deslinde da questão foram analisados. Em verdade, não há omissão no julgado como faz crer a embargante, mas insatisfação com conclusão dada por esta Turma.

Registre-se que esta Relatora na decisão de fl. 1218 utilizou do efeito regressivo do agravo, que permite ao próprio juiz prolator da decisão impugnada rever sua decisão, a fim de manter a decisão do TRT que condenou a embargante no dano moral no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), adequando com outros julgados desta Turma.

Assim, a insurgência quanto a outros arestos que decidiram de forma diferente requer recurso próprio para análise.

Por outro lado, não há falar que a correção monetária só inicia com a decisão proferida por esta Turma, pois já existia condenação do TRT em R$

100.000,00 (cem mil reais), decisão que foi mantida. Em razão do efeito regressivo, a decisão de fls. 1101 não surte efeito como quer fazer crer a embargante.

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PROCESSO Nº TST-Ag-E-ED-RR-1395-27.2011.5.03.0036

Firmado por assinatura digital em 15/12/2020 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

O recolhimento do depósito recursal e das custas processuais observam o artigo 899 da CLT e Súmulas 426 e 128 do TST.

Os questionamentos acerca da execução provisória são impróprios, uma vez que a questão não era matéria do recurso de revista.

Por fim, registre-se que há possibilidade de aplicar multa na forma do art. 1.026, § 2º, do CPC/2015 "quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa".

No caso dos autos não há falar nas hipóteses previstas no art. 897-A da CLT e 1.026 do CPC/2015.

Rejeito os embargos de declaração" (seq. 31).

A demandada, então, interpôs recurso de embargos, regido pela Lei nº 13.015/2014 (seq. 37), no qual alegou haver divergência jurisprudencial sobre o tema.

Como Presidente da Segunda Turma, deneguei seguimento aos embargos, em decisão assim fundamentada:

"A Segunda Turma não conheceu do recurso de revista da reclamada no tópico, alicerçando-se, para tanto, nos seguintes fundamentos, in verbis:

‘MAQUINISTA. MONOCONDUÇÃO. SISTEMA DE

SEGURANÇA DENOMINADO ‘HOMEM MORTO’.

DIFICULDADE PARA USO DE SANITÁRIO E ALIMENTAÇÃO.

DANO MORAL. VALOR. No caso dos autos, restou evidenciado que o autor foi submetido a condições de trabalho humilhantes e degradantes, pois não havia instalações sanitárias, lavatórios e locais adequados para refeição à disposição do trabalhador. Assim, tendo em vista a capacidade econômica das partes, o dano sofrido pelo trabalhador e o caráter didático da pena, entende -se adequada à reparação do dano no montante de R$ 100.000,00. Diante das premissas do acórdão regional, não há falar e m condenação exorbitante. Apenas em casos flagrantemente desproporcionais, esta Corte pode interferir nos valores arbitrados pelo Tribunal a quo. Entender de forma contrária demandaria o revolvime nto de fatos e provas, o que encontra óbice na Súmula 126. Precedentes da 2ª Turma. Recurso de revista não conhecido’ (pág. 1224, destacou-se).

Os embargos de declaração interpostos pela ré foram desprovidos, mediante os seguintes termos:

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‘A parte embargante alega que houve omissão/contradição na decisão desta Turma acerca dos seguintes fatos: 1) considerando que a decisão embargada modifica decisão monocrática que havia reduzido a indenização para R$ 30.000,00 (trinta mil reais), há que restar consignado que o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais) há de ser atualizado a partir de seu novo arbitramento, que é a data da prolação da decisão turmária; 2) garantia de execução R$ 102.571,83 (cento e dois mil, quinhentos e setenta e um reais e oitenta e três centavos); 3) do exame dos arestos extraídos da própria decisão monocrática, que o entendimento de várias turmas desta Corte, inclusive em sua SBDI.

No entanto, constou na ementa da decisão embargada:

‘RECURSO DE REVISTA. MAQUINISTA.

MONOCONDUÇÃO. SISTEMA DE SEGURANÇA

DENOMINADO ‘HOMEM MORTO’. DIFICULDADE PARA USO DE SANITÁRIO E ALIMENTAÇÃO. DANO MORAL. VALOR.

No caso dos autos, restou evidenciado que o autor foi submetido a condições de trabalho humilhantes e degradantes, pois não havia instalações sanitárias, lavatórios e locais adequados para refeição à disposição do trabalhador.

Assim, tendo em vista a capacidade econômica das partes, o dano sofrido pelo trabalhador e o caráter didático da pena, entende-se adequada à reparação do dano no montante de R$ 100.000,00.

Diante das premissas do acórdão regional, não há falar em condenação exorbitante. Apenas em casos flagrantemente desproporcionais, esta Corte pode interferir nos valores arbitrados pelo Tribunal a quo.

Entender de forma contrária demandaria o revolvimento de fatos e provas, o que encontra óbice na Súmula 126.

Precedentes da 2ª Turma. Recurso de revista não conhecido.

JUROS DE MORA. DANO MORAL. A discussão a respeito do marco inicial para a incidência de juros de mora já se encontra pacificada no âmbito desta Corte Superior, nos termos da Súmula nº 439 do TST. Recurso de revista não conhecido.’

Verifica-se da transcrição acima, que os pontos necessários para o deslinde da questão foram analisados. Em verdade, não há omissão no julgado como faz crer a embargante, mas insatisfação com conclusão dada por esta Turma.

Registre-se que esta Relatora na decisão de fl. 1218 utilizou do efeito regressivo do agravo, que permite ao próprio juiz prolator da decisão impugnada rever sua decisão, a fim de manter a decisão do TRT que condenou a embargante no dano moral no valor de R$

100.000,00 (cem mil reais), adequando com outros julgados desta Turma Assim, a insurgência quanto a outros arestos que decidiram de forma diferente requer recurso próprio para análise.

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Por outro lado, não há falar que a correção monetária só inicia com a decisão proferida por esta Turma, pois já existia condenação do TRT em R$ 100.000,00 (cem mil reais), decisão que foi mantida. Em razão do efeito regressivo, a decisão de fls. 1101 não surte efeito como quer fazer crer a embargante.

O recolhimento do depósito recursal e das custas processuais observam o artigo 899 da CLT e Súmulas 426 e 128 do TST.

Os questionamentos acerca da execução provisória são impróprios, uma vez que a questão não era matéria do recurso de revista.

Por fim, registre-se que há possibilidade de aplicar multa na forma do art. 1.026, § 2º, do CPC/2015 ‘quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa’.

No caso dos autos não há falar nas hipóteses previstas no art.

897-A da CLT e 1.026 do CPC/2015.

Rejeito os embargos de declaração’ (págs. 1.254-1.256).

Aduz a ré, em suas razões de embargos, que o valor arbitrado na hipótese à indenização por danos morais está em desconformidade com os parâmetros adotados por outras Turmas desta Corte superior em caso semelhante.

Cita aresto para cotejo de teses.

Discute-se a possibilidade de redimensionamento do quantum indenizatório, em virtude da submissão do trabalhador à prestação de serviços em condições degradantes pela impossibilidade prática do uso de banheiro decorrente da utilização do dispositivo denominado ‘homem morto’ além de não dispor de condições dignas para a realização de suas refeições.

Na Subseção, prevalece o entendimento de que não é possível, em tese, conhecer de recurso de embargos por divergência jurisprudencial quanto a pedido de redimensionamento de indenização por danos morais, diante da dificuldade de haver dois fatos objetivamente iguais, envolvendo pessoas distintas, cada uma com suas particularidades. Apenas nos casos em que a indenização for fixada em valores excessivamente módicos ou estratosféricos, é que poderá haver intervenção desta Corte para rearbitrar o quantum indenizatório.

Essa tese foi reafirmada, por maioria de votos, no julgamento do Processo nº E-RR-1564-41.2012.5.09.0673, na Subseção, em 16/11/2017, acórdão publicado no DEJT de 2/2/2018, em que se adotou o entendimento da maioria dos membros da Subseção para não conhecer dos embargos, em face da inespecificidade dos arestos paradigmas.

Assim, permanece majoritário o entendimento de que, quando o valor atribuído não for teratológico, deve esta instância recursal de natureza

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extraordinária abster-se de rever o sopesamento fático para arbitrar o valor da indenização proporcional ao dano moral causado pelo empregador.

Desse modo, neste caso, é despicienda a análise do julgado paradigma, de modo que está impossibilitada a demonstração da necessária identidade fática entre ele e a hipótese dos autos, nos termos em que exige a Súmula nº 296, item I, desta Corte" (seq. 40).

A agravante, nas razões recursais, sustenta que seu recurso de embargos é admissível, porquanto foi demonstrada divergência jurisprudencial válida.

Alega, em síntese, que a questão dos autos é idêntica àquelas apresentadas nos julgados paradigmas e a quantia deferida nesta demanda a título de indenização por danos morais destoa do que foi fixado nos acórdãos trazidos a cotejo, motivo pelo qual entende que o quantum indenizatório fixado na decisão embargada é estratosférico e deve ser revisto.

Sem razão.

Trata-se de pedido de redução do valor da indenização por danos morais mantido pela Turma no importe de R$ 100.000,00 deferida pelo desempenho das atividades de maquinista em locomoção com sistema de monocondução com a existência de dispositivo de segurança chamado

"homem morto", o que impede os maquinistas de fazerem suas necessidades fisiológicas e realizarem suas refeições em tempo razoável de modo digno e não degradante.

A eminente Relatora original do feito, Exma. Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, votou pelo provimento do agravo por vislumbrar divergência jurisprudencial específica.

Apresentei minha respeitosa divergência para negar provimento ao agravo, entendimento que prevaleceu, após empate na votação (6x6), nos termos do artigo 140, § 1º, do Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho - RITST, segundo o qual, no caso de empate na votação, não havendo urgência, considerar-se-á julgada a questão, proclamando-se mantida a decisão recorrida.

Pois bem.

Nesta Subseção, prevalece o entendimento de que não é possível, em tese, conhecer de recurso de embargos por divergência

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jurisprudencial quanto a pedido de redimensionamento de indenização por danos morais, diante da dificuldade de haver dois fatos objetivamente iguais, envolvendo pessoas distintas, cada uma com suas particularidades.

Apenas nos casos em que a indenização for fixada em valores excessivamente módicos ou estratosféricos, é que poderá haver intervenção desta Corte para rearbitrar o quantum indenizatório.

Com efeito, o entendimento majoritário desta Subseção é de que, nas hipóteses em que se discute o valor arbitrado a título de indenização por danos morais, é inviável a aferição de especificidade dos arestos paradigmas, pois isso depende da análise de diversos aspectos fáticos, como a capacidade econômica da empresa, a gravidade do dano, a idade do ofendido, o local de trabalho, dentre outros, os quais, ainda que apresentem uma ínfima divergência, são capazes de tornar distintas as situações de forma a atrair o óbice da Súmula nº 296, item I, desta Corte.

Essa tese foi reafirmada, por maioria de votos, no julgamento do processo E-RR – 1564-41.2012.5.09.0673, nesta Subseção, em 16/11/2017, acórdão publicado no DEJT de 2/2/2018, de minha relatoria, ocasião em que fiquei vencido quanto à possibilidade de conhecimen to do recurso de embargos para analisar pedido de redimensionamento de indenização por danos morais e refluí na minha proposta original para adotar o entendimento da maioria dos membros desta Subseção para não conhecer dos embargos, em face da inespecificidade dos arestos paradigmas.

Rememore-se que há muito tempo esta Subseção I de Dissídios Individuais desta Corte decidiu que, quando o valor atribuído não for teratológico, deve a instância extraordinária se abster de rever o sopesamento fático no qual se baseou o Regional para arbitrar o valor da indenização proporcional ao dano moral causado pelo empregador (E-RR - 39900-08.2007.5.06.0016, data de julgamento: 18/08/2011, Relator Ministro: Carlos Alberto Reis de Paula, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, data de publicação: DEJT 9/1/2012).

De igual modo, no julgamento do Processo nº E -ED-RR 362340-74.2001.5.01.0241, em sessão realizada em 30/6/2011, DEJT de

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29/7/2011, de relatoria do Ministro Milton de Moura França, adotou-se o mesmo entendimento de que, em regra, não pode esta Subseção adentrar nas premissas fáticas dos autos para alterar o valor da indenização por danos morais fixado nas instâncias ordinárias, exceto quando ele se revelar excessivamente irrisório ou estratosférico.

Assim, permanece majoritário o entendimento de que, quando o valor atribuído não for teratológico, deve esta instância extraordinária abster-se de rever o sopesamento fático para arbitrar o valor da indenização proporcional ao dano moral causado pelo empregador.

Desse modo, neste caso, é despicienda a análise dos julgados paradigmas, diante da impossibilidade de ser demonstrada a necessária identidade fática entre eles e a hipótese dos autos, nos termos em que exige a Súmula nº 296, item I, desta Corte.

Importante registrar que a Segunda Turma, em casos semelhantes ao destes autos, discutindo a mesma controvérsia, fixava valores indenizatórios inferiores para compensar o dano. Contudo, essa medida não vinha surtindo efeitos práticos a ponto de alterar a postura ilícita dos empregadores dessa natureza, continuando resilientes quanto a não seguir a orientação emanada desta Corte há tempos sobre a matéria, de modo que se percebeu que a função pedagógica da indenização por danos morais não estava sendo cumprida com montantes indenizatórios menores, pelo que se decidiu naquele Colegiado majorar gradualmente o quantum até chegar a R$ 100.000,00.

Esses foram os fundamentos da decisão embargada, agora mantidos, nos termos do artigo 140, § 1º, do RITST.

Diante desses fundamentos, nego provimento ao agravo.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, por empate na votação, nos termos do artigo 140, § 1º, do RITST, manter a decisão da Turma. Votaram no sentido de conhecer do agravo regimental e, no mérito, dar-lhe provimento para, afastado o óbice declarado pelo Ministro Presidente da 2ª Turma, determinar o processamento dos Embargos a Exma.

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Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Relatora, e os Exmos. Ministros Aloysio Corrêa da Veiga, Márcio Eurico Vitral Amaro, Walmir Oliveira da Costa, Breno Medeiros e Alexandre Luiz Ramos, e no sentido de negar provimento ao agravo os Exmo. Ministros José Roberto Freire Pimenta, Redator designado, Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Lelio Bentes Corrêa, Augusto César Leite de Carvalho e Cláudio Mascarenhas Brandão.

Brasília, 3 de dezembro de 2020.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200 -2/2001)

JOSÉ ROBERTO FREIRE PIMENTA

Redator Designado

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