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SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL "HABEAS CORPUS" Nº 433/ CLASSE I COMARCA DE VÁRZEA GRANDE HIUDSON SILVA DE SOUZA

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IMPETRANTE: DR. WELLINGTON SILVA

PACIENTE: HIUDSON SILVA DE SOUZA

Número do Protocolo: 433/2008 Data de Julgamento: 13-02-2008

E M E N T A

HABEAS CORPUS - LEI MARIA DA PENHA - PRISÃO EM

FLAGRANTE - POSSIBILIDADE - GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL - AGRESSOR COM PERSONALIDADE VIOLENTA - INEXISTÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL - CONDIÇÕES FAVORÁVEIS DO PACIENTE QUE SE MOSTRAM IRRELEVANTES QUANDO PRESENTES ELEMENTOS HÁBEIS A RECOMENDAR A MANUTENÇÃO DA SEGREGAÇÃO - ORDEM DENEGADA.

Não constitui constrangimento ilegal quando a necessidade do acautelamento provisório do Paciente está suficientemente fundamentada pela garantia da ordem pública e conveniência da instrução criminal - para evitar a intimidação da vítima e testemunhas e assegurar a apuração da verdade, bem assim para resguardar a integridade física da vítima, observada a gravidade dos fatos.

Além disso, é sabido e consabido que a primariedade, bons antecedentes e a residência fixa não obstam a manutenção da medida, já que presentes os requisitos da prisão preventiva, quais sejam: garantia da ordem pública e conveniência da instrução criminal, não existindo constrangimento ilegal.

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IMPETRANTE: DR. WELLINGTON SILVA

PACIENTE: HIUDSON SILVA DE SOUZA

R E L A T Ó R I O

EXMO. SR. DES. PAULO DA CUNHA Egrégia Turma:

Cuida-se de Habeas Corpus, com pedido de liminar, impetrado pelo Advogado Wellington Silva em favor do Paciente HIUDSON SILVA DE SOUZA, apontando como autoridade coatora o Juízo de Direito da Quinta Vara Criminal da Comarca de Várzea Grande/MT.

O impetrante aduz que o Paciente foi preso em flagrante delito no dia 10 de dezembro de 2007, pela suposta prática do crime de ameaça, previsto no artigo 147 do Código Penal Brasileiro.

Assevera que a decisão que manteve a segregação cautelar do Paciente não consta de condições hábeis para subsistir, eis que carecedora de fundamentação plausível, bem como não se fazem presentes, no caso em tela, nenhuma das hipóteses autorizadoras da prisão preventiva, constantes do artigo 312 do Código de Processo Penal, porquanto o paciente é réu primário, com bons antecedentes, possui residência fixa e ocupação lícita.

A impetração veio escoltada com os documentos de fls. 22/48-TJ. O eminente Relator Plantonista, Desembargador José Silvério Gomes, a fls. 50, solicitou informações ao Juízo a quo, para, após, analisar o pleito da medida de urgência.

Às fls. 56/57-TJ, a autoridade judicial apontada como coatora prestou as informações solicitadas, aportando aos autos os documentos de fls. 58/61.

(3)

A cúpula Ministerial, em judicioso parecer da lavra da eminente Procuradora de Justiça, Drª. KÁTIA MARIA AGUILERA RÍSPOLI, às fls. 75/81-TJ, opinou pela denegação da ordem.

É o relatório.

P A R E C E R (ORAL)

A SRA. DRA. KÁTIA MARIA AGUILERA RÍSPOLI Senhor Presidente:

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V O T O

EXMO. SR. DES. PAULO DA CUNHA (RELATOR) Egrégia Turma:

Consta da peça informativa de fls. 56/57-TJ, as seguintes informações,

in verbis:

“(...) O Paciente foi preso em flagrante no dia 10 de dezembro de 2007, pela prática, em tese, dos delitos de Ameaça e Lesão Corporal em desfavor da vítima DALVA RIBEIRO DE OLIVEIRA (companheira).

Em 27/12/07 o pedido de Liberdade Provisória efetuado pelo Paciente foi indeferido pelo Magistrado Plantonista, por entender presentes os requisitos ensejadores da prisão cautelar.

A denúncia foi recebida em 03 de janeiro de 2008 (fls. 73), ocasião em que foi designada data para o interrogatório do Réu (24/01/08, às 14:00 horas).

Entendo que a decisão deve ser mantida pelos próprios motivos e fundamentos que a embasaram, visando à proteção da vítima (...)”.

Em que pese ser a prisão cautelar a exceção e a liberdade a regra, não se pode exigir a mesma certeza que se prescreve para a condenação, bastando, para tanto, que haja prova da materialidade e indícios suficientes da autoria acompanhados de um dos demais requisitos contidos no artigo 312 do Código de Processo Penal. Neste mesmo diapasão:

“A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e suficientes indícios de autoria”. (STF: RTJ 64/77).

Faz-se necessário deixar registrado também que a presunção de inocência não é incompatível com a prisão processual e nem impõe ao Paciente uma pena antecipada, porque não deriva do reconhecimento da culpabilidade, mas, sim, de sua periculosidade, seja para a ordem pública, seja para a futura aplicação da lei penal, razão pela

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Com o advento da Lei 11.340/2006 instaurou-se entre nós novo ciclo de utilização do direito como instrumento de adaptação do homem na sociedade, voltado agora para uma realidade específica, a violência doméstica e familiar contra a mulher.

O novo diploma legal, elaborado sob inspiração da ordem jurídica internacional, entre outras medidas, cria nova figura criminal, e admite a prisão preventiva do infrator para garantir a execução das medidas protetivas de urgência elencadas no artigo 22 da referida lei, entre as quais o afastamento do agressor do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida.

Vale consignar que a decisão vituperada que indeferiu o pedido de liberdade provisória formulado em favor do Paciente (fls. 64/66-TJ) contém indicação sólida da necessidade e motivos para segregação cautelar do Paciente.

Os crimes de ameaça e de lesão corporal não comportam, em princípio, a decretação da prisão provisória do agente. A Lei Maria da Penha como que permite uma exceção, nestes casos, objetivando não o interesse público, mas da mulher especificamente.

Estas situações - desavenças entre marido e mulher, companheiro e companheira, envolvendo agressões físicas ou grave ameaça - são sempre dramáticas e não podem se perpetuar no tempo as soluções preventivas previstas na nova lei. Devem ser objeto de decisão adotada com prioridade absoluta, tendo a respectiva lei previsto inclusive a instalação de juízos especiais para tal fim.

Colhe-se do auto de prisão em flagrante, fls. 37-TJ, verbis:

(...) foi dado voz de prisão e ele se recusou a acompanhá-los e para trazê-lo precisou usarem a força moderada (...) e ele fazia ameaças para a guarnição e fez ameaça para a vítima onde disse “reza para eu ficar preso pelo menos dez anos. (...)”

Estas soluções devem ficar a cargo do Juiz natural da causa que está próximo dos envolvidos, que pode e os deve ouvir pessoalmente.

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Nestes assuntos, mais do que nos demais, a tarefa deste Sodalício deve ser a de revisar os aspectos teóricos das normas incidentes sobre os fatos, principalmente em se cuidando de lei nova que introduz nova sistemática de composição de litígios, procurando conferir uniformidade de interpretação e cinzelando incorreções.

No caso em tela, não há nada a retificar devendo as soluções jurídicas serem revisadas na audiência já aprazada, recomendando-se a convocação da queixosa para eventual composição da controvérsia, com o ajustamento das medidas judiciais necessárias.

No que tange às virtudes abonatórias apontadas pelo douto e combativo impetrante, tenho que esses aspectos não constituem óbice para a decretação e manutenção da prisão cautelar, nem garantem a concessão da liberdade provisória, quando presentes elementos hábeis a recomendar a mantença da segregação.

O posicionamento do Egrégio Superior Tribunal de Justiça é convergente nesse sentido:

“A primariedade, os bons antecedentes, residência fixa e ocupação lícita, constituem requisitos individuais que não bastam para a custódia provisória à vista da potencialidade e periculosidade do fato criminoso e da necessidade de assegurar-lhe a aplicação penal. Recurso conhecido, mas desprovido.” (STJ, RHC

7598, 5ª T. Re. Min. JOSÉ ARNALDO FONSECA).

Outro também não é o entendimento de nossos Tribunais Pátrios. Vejamos:

“PROCESSUAL PENAL - HABEAS CORPUS - PRISÃO EM FLAGRANTE - PRESENÇA DE REQUISITO DE PRISÃO PREVENTIVA - GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA - RELAXAMENTO - IMPOSSIBILIDADE - PACIENTE PRIMÁRIO, COM BONS ANTECEDENTES E RESIDÊNCIA FIXA - CIRCUNSTÂNCIAS POR SI SÓS INSUBSISTENTES - NECESSIDADE DE GARANTIR A ORDEM PÚBLICA - CONVENIÊNCIA DA MEDIDA - PRINCÍPIO

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ÓBICE À SEGREGAÇÃO CAUTELAR - MANTENÇA DA PRISÃO - CONVÍVIO PERIGOSO - EXPERIÊNCIA NATURAL. 1) A primariedade, os bons antecedentes e a residência fixa, por si sós, não são suficientes para autorizar o relaxamento de flagrante, máxime quando devidamente justificada a segregação na necessidade de preservação da ordem pública, que é um dos requisitos autorizadores de prisão preventiva. 2) Por força do princípio da confiança no juiz do processo, cabe a ele avaliar a conveniência ou não da segregação, tendo em conta sua maior proximidade dos fatos. 3) O princípio constitucional do estado de inocência não constitui óbice à adoção de medidas de caráter cautelar contra a liberdade do réu, desde que presentes os motivos justificadores da constrição. 4) O convívio na prisão com uma variedade de criminosos e o risco dele decorrente configuram experiências naturais para aqueles que precisam se afastar da vida em sociedade, mesmo em caráter provisório, para se submeterem à lei penal.” (Habeas Corpus nº

1206/05 (7630), Secção Única do TJAP, Macapá, Rel. Mário Gurtyev. j. 24.02.2005, unânime) (grifo meu).

“HABEAS CORPUS - PRISÃO EM FLAGRANTE - VÍCIO - AUSÊNCIA - PRISÃO PREVENTIVA PRESSUPOSTOS E FUNDAMENTOS - PRESENÇA - ORDEM DENEGADA. Se a prisão em flagrante delito se deu de forma regular e estando presentes os pressupostos e fundamentos da prisão preventiva, não há constrangimento ilegal na custódia provisória do paciente, ainda que se trate de réu primário e com residência fixa.” (Habeas Corpus nº

1.0000.04.407245-2/000, 2ª Câmara Criminal do TJMG, Araguari, Rel. José Antonino Baía Borges. j. 15.04.2004, unânime, Publ. 06.05.2004).

“HABEAS CORPUS. ART. 157, § 2º, INCS. I E II DO CÓDIGO PENAL. ROUBO QUALIFICADO. ALEGAÇÃO DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL POR EXCESSO DE PRAZO. INOCORRÊNCIA. COMPLEXIDADE DA AÇÃO PENAL. ATRASO JUSTIFICADO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. PRIMARIEDADE, RESIDÊNCIA FIXA E OCUPAÇÃO

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LABORAL. IRRELEVÂNCIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CARACTERIZADO. ORDEM DENEGADA "Não se verifica constrangimento ilegal quando o excesso de prazo, verificado na formação da culpa, se dá em processo complexo, de crime violento, com emprego de armas e participação de dois indiciados, situações estas que exigem da acusação maior diligência para a apuração da verdade real." "O crime de roubo qualificado comporta a decretação da prisão preventiva, ao réu supostamente primário e de bons antecedentes, quando invocado o requisito garantia da ordem pública, um dos pressupostos da constrição acautelatória, visando a tranqüilizar o meio social e a assegurar a própria credibilidade da Justiça em face da gravidade do crime e de sua repercussão." (Habeas Corpus nº 0285562-3 (94), 4ª Câmara Criminal do TAPR,

São Mateus do Sul, Rel. Laertes Ferreira Gomes. j. 10.02.2005, unânime)

Assim, sob o ângulo jurídico permitido pelo exame da questão nesta sede estrita de Habeas Corpus, entendo que a constrição imposta ao paciente tem amparo legal e mostra-se necessária, razão pela qual encaminho o voto no sentido de denegar a ordem pleiteada.

É como voto.

V O T O

EXMO. SR. DES. OMAR RODRIGUES DE ALMEIDA (1º VOGAL) Egrégia Turma:

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V O T O

EXMO. SR. DR. CARLOS ROBERTO C. PINHEIRO (2º VOGAL) Egrégia Turma:

Senhor Presidente:

Respeitosamente, peço vênia ao douto Relator para conceder a ordem, tendo em vista que o paciente ficou 02 (dois) meses presos, e se caso for condenado o regime não será o fechado e mesmo se fosse já teria direito à progressão.

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A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência do DES. MANOEL ORNELLAS DE ALMEIDA, por meio da Turma Julgadora, composta pelo DES. PAULO DA CUNHA (Relator), DES. OMAR RODRIGUES DE ALMEIDA (1º Vogal) e DR. CARLOS ROBERTO C. PINHEIRO (2º Vogal), proferiu a seguinte decisão: POR MAIORIA, DENEGARAM A ORDEM, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. VENCIDO O 2º VOGAL QUE VOTOU PELA CONCESSÃO DO WRIT.

Cuiabá, 13 de fevereiro de 2008.

--- DESEMBARGADOR MANOEL ORNELLAS DE ALMEIDA - PRESIDENTE DA SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL

--- DESEMBARGADOR PAULO DA CUNHA - RELATOR

--- PROCURADOR DE JUSTIÇA

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