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TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL HABEAS CORPUS Nº 3182/ CLASSE CNJ COMARCA DE PEDRA PRETA DR. SADI CORDEIRO DE OLIVEIRA

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Fl. 1 de 10 IMPETRANTE: DR. SADI CORDEIRO DE OLIVEIRA

PACIENTE: LAURI PINHEIRO

Número do Protocolo: 3182/2009 Data de Julgamento: 09-02-2009

E M E N T A

HABEAS CORPUS - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - TENTATIVA DE

HOMICÍDIO QUALIFICADO - 1. PRETENDIDO TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL - ALEGADA INÉPCIA DA DENÚNCIA - IMPROCEDÊNCIA - PEÇA ACUSATÓRIA QUE ATENDE OS DITAMES DO ART. 41 DO CPP - PRESENÇA DAS CONDIÇÕES DE PROCEDIBILIDADE DA AÇÃO - TESE DEFENSIVA DE QUE O RÉU TERIA SE ARREPENDIDO E EVITADO A CONSUMAÇÃO DO CRIME - IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE PELA VIA ELEITA POR DEMANDAR INCURSÃO NAS PROVAS - AUSÊNCIA DE PREJUÍZO - 2. EXCESSO DE PRAZO PARA A FORMAÇÃO DA CULPA SUPERADO - SÚMULA 52 DO STJ - 3. PRISÃO PREVENTIVA DE ACORDO COM OS PRESSUPOSTOS DO ART. 312 DO CPP E ART. 20 DA LEI MARIA DA PENHA - PREDICADOS PESSOAIS, POR SI SÓS, NÃO AUTORIZAM A CONCESSÃO DA LIBERDADE PROVISÓRIA - CONSTRANGIMENTO ILEGAL INEXISTENTE - ORDEM DENEGADA.

1. O trancamento da ação penal é admissível somente quando, de plano, se constata que o fato é atípico, ou quando o paciente não é o autor do delito e, ainda, diante da ocorrência da extinção da punibilidade.

2. A denúncia que descreve os fatos, a conduta imputada e preenche os requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal, de modo a possibilitar que o

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Fl. 2 de 10 agente exerça plenamente a sua defesa, não deve ser declarada inepta.

3. Encerrada a formação da culpa não há falar-se em constrangimento ilegal por excesso de prazo.

4. A prisão preventiva deve ser mantida quando presentes os pressupostos do art. 312 da Lei Adjetiva Penal, bem como configurada a hipótese do art. 20 da Lei n. 11.340/2006.

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Fl. 3 de 10 IMPETRANTE: DR. SADI CORDEIRO DE OLIVEIRA

PACIENTE: LAURI PINHEIRO

R E L A T Ó R I O

EXMO. SR. DES. LUIZ FERREIRA DA SILVA Egrégia Câmara:

A presente ação constitucional de cunho liberatório foi impetrada pelo advogado Sadi Cordeiro de Oliveira, em benefício de Lauri Pinheiro, ao argumento de que este padece de constrangimento ilegal por inépcia da denúncia, excesso de prazo e ausência de fundamentação da sua custódia cautelar, ensejado pela MM. Juíza de Direito da Vara Única da Comarca de Pedra Preta.

Depreende-se da exordial acusatória, que no dia 21 de setembro do ano passado, por volta das 23h, em um estabelecimento comercial denominado “Bar da Mãezinha”, situado na Av. Presidente Médici, s/n, naquele município, o acusado tentou ceifar a vida de sua amásia Eliane da Rocha, mediante emprego de fogo, não conseguindo concluir seu intento por razões alheias à sua vontade.

Alega o impetrante, preliminarmente, que a denúncia é inepta por omissão de fato supostamente incontroverso no inquérito policial, pois o favorecido teria se arrependido da conduta a ele imputada e desistido voluntariamente ao socorrer a vítima. Pugna, em razão desse fato, pela declaração de nulidade e consequente trancamento e arquivamento da ação penal.

Aduz, também, que a ilegalidade é decorrente de excesso de prazo para o término da formação da culpa e por falta de requisitos para a manutenção da segregação cautelar, motivos pelos quais postula a concessão do writ liminarmente, para que seja restabelecido o status libertatis do paciente.

O pleito de urgência foi por mim indeferido pelos fundamentos lançados às fls. 68/71, oportunidade em que foram solicitadas as informações de praxe.

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Às fls. 77/79, a digna autoridade acoimada de coatora esclarece que o paciente foi preso em flagrante no dia 21 de setembro do ano passado, após a tentativa de ceifar a vida de sua amásia, com emprego de fogo, e que ele somente não teria logrado êxito no intento porque a vítima foi socorrida por pessoas que transitavam pelo local e também pelos policiais militares. Salienta ainda, a ilustre pretora do feito, que a denúncia foi recebida em 14 de outubro do mesmo ano, ante a narrativa detalhada do fato criminoso e demais exigências do art. 41 do Código de Processo Penal e que o pedido de liberdade provisória resultou indeferido diante da presença dos pressupostos necessários para a manutenção da medida excepcional. Informa por fim, que a instrução probatória já foi encerrada e o feito está no aguardo dos memoriais escritos.

Nesta instância revisora, a ilustrada Procuradoria-Geral de Justiça, em parecer da lavra do culto Procurador, doutor Benedito Xavier de Souza Corbelino, opina pela denegação da ordem.

É o relatório.

P A R E C E R (ORAL)

O SR. DR. WALDEMAR RODRIGUES DOS SANTOS JÚNIOR Ratifico o parecer escrito.

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Fl. 5 de 10 V O T O

EXMO. SR. DES. LUIZ FERREIRA DA SILVA (RELATOR) Egrégia Câmara:

Consoante exposto no relatório, cuida-se de remédio heroico impetrado pelo advogado Sadi Cordeiro de Oliveira, em favor de Lauri Pinheiro, objetivando, inicialmente, o trancamento e o arquivamento da ação penal registrada sob o n. 91/2008, que tramita na Vara Única da Comarca de Pedra Preta, para apuração do crime previsto no art. 121, § 2º, incisos III e IV, c/c art. 14, inciso II, ambos do Código Penal.

Malgrado tenha o impetrante que subscreve a inicial encontradiça às fls. 02/12, apontado a pretensão acima descrita como prejudicial, é cediço que a falta de justa causa é considerada tão-somente de matéria de mérito em habeas corpus, de acordo com o disposto no inciso I do art. 648 do Código de Processo Penal, motivo pelo qual passo ao exame de todos os argumentos expendidos pela defesa.

Com efeito, da acurada análise dos autos em epígrafe, entendo que o presente mandamus não merece prosperar, pois inexiste qualquer constrangimento ilegal à liberdade do beneficiário, conforme passo a demonstrar.

Pois bem. No que concerne a alegada inépcia da exordial acusatória, razão não assiste à defesa, uma vez que a peça invectivada atendeu os ditames do art. 41 do CPP, descrevendo o fato com todas as suas circunstâncias, a qualificação do réu e demais requisitos, não sendo a ausência da descrição do alegado arrependimento eficaz do paciente causa de nulidade, mas apenas uma tese que poderá ser arguida oportunamente e que demandará dilação probatória.

Por outro lado, como bem exposto no esmerado parecer ministerial, o aludido argumento exige aprofundado estudo das provas dos autos principais, procedimento esse vedado pela via eleita em face do seu rito sumário.

Nesse sentido esta egrégia Terceira Câmara já afastou a possibilidade de reconhecimento da inépcia da denúncia, como se infere do julgado de relatoria do eminente Desembargador José Luiz de Carvalho, abaixo reproduzido:

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“HABEAS CORPUS - CRIME AMBIENTAL - ART. 38 DA LEI Nº 9.605/98 - NEGATIVA DE AUTORIA E ILEGITIMIDADE PASSIVA - IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE NA VIA ESTREITA DO WRIT - QUESTÕES QUE NECESSITAM DE DILAÇÃO PROBATÓRIA APROFUNDADA - PRESCRIÇÃO - INOCORRÊNCIA - CAPITULAÇÃO DA DENÚNCIA NÃO ATINGE OS LIMITES DO ART. 109, IV, DO CÓDIGO PENAL - INÉPCIA DA DENÚNCIA - INOCORRÊNCIA - IDENTIFICADO O FATO DELITUOSO E INDICADA AUTORIA - TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL - INVIABILIDADE - DEFLAGRADA A INSTRUÇÃO - AFERIÇÃO DE CULPABILIDADE - ORDEM DENEGADA.

A negativa de autoria, bem como ilegitimidade passiva, referentes à infração penal atribuída ao agente, só podem ser admitidas em casos de evidência absoluta, de vez que a estreita via de habeas corpus não se presta ao exame probatório, a não ser para apreciar a existência ou não da legalidade. Verificando-se que o crime denunciado está dentro das balizas do art. 109 CP, é de se concluir que a pretensão punitiva Estatal não foi fulminada pela prescrição. Não se vislumbra a inépcia da denúncia quando, ainda que sucinta, traz em seu bojo elementos suficientes a identificar o fato criminoso e indicar a autoria.”

(TJMT – HC 76.350/2008 – Relator: Desembargador José Luiz de Carvalho – Terceira Câmara Criminal – Data: 1º-9-2008). (Destaquei).

Já no que concerne ao aventado constrangimento por excesso de prazo, melhor sorte não assiste, a teor da Súmula 52 do Superior Tribunal de Justiça, tendo em vista o noticiado término da formação da culpa no dia 19 de janeiro do corrente ano, estando o feito apenas no aguardo dos memorais escritos, para que assim a digna magistrada possa lançar decisão de pronúncia, momento em que, a teor do § 3º do art. 413 do Código de Processo Penal, decidirá motivadamente sobre a manutenção, revogação ou substituição da prisão ou medida restritiva de liberdade anteriormente decretada.

Por pertinente convém registrar que a autoridade indigitada de coatora bem fundamentou o indeferimento da liberdade provisória do favorecido, em face da gravidade

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Fl. 7 de 10 concreta do crime, de violência perpetrada no âmbito da família, cujas marcas deixadas pelas queimaduras de 2º e 3º graus no rosto, membros e tórax, a vítima suportará para sempre.

Por outro lado, não obstante o esforço da defesa, mister se faz consignar que o fato isolado de o paciente possuir condições pessoais favoráveis não é suficiente para a concessão da ordem, devendo a sua segregação cautelar ser mantida pelo contexto presente nos autos.

A sustentação da medida extrema é constitucional, pois se trata de proteção dos direitos humanos da vítima, garantidos na Constituição e nos Tratados Internacionais ratificados pelo Brasil, como a Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher (ONU) e na Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (OEA).

Em casos análogos ao presente, a nossa Corte de Justiça já afastou a possibilidade de concessão de liberdade provisória aos réus que atentaram contra a integridade física da mulher no âmbito da família, quando presentes os pressupostos autorizadores da custódia preventiva, conforme se infere dos arestos das três Câmaras Criminais, abaixo reproduzidos:

“HABEAS CORPUS – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA PRATICADA CONTRA COMPANHEIRA – TENTATIVA DE HOMICÍDIO – ALEGADA AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA A PRISÃO CAUTELAR – ART. 20 DA LEI 11.340/2006 – ART. 311 E 312 DO CPP – GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA – PRIMARIEDADE, BONS ANTECEDENTES, EMPREGO LÍCITO E RESIDÊNCIA FIXA DO PACIENTE QUE, POR SI SÓS, NÃO AUTORIZAM A CONCESSÃO DA ORDEM – CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CARACTERIZADO – ORDEM DENEGADA.

Necessidade de manutenção da segregação cautelar do paciente para resguardar a integridade física e moral da mulher vítima de violência doméstica.

Presentes os requisitos exigidos no art. 312 do CPP, bem como no art. 20 da Lei nº 11.340/2006, não há falar-se em ausência de justa causa para prisão cautelar.

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Ordem denegada.” (Primeira Câmara Criminal – HC n. 108251/2007 –

data de julgamento: 22-01-2008 - Relatora: Desembargadora Shelma Lombardi de Kato).

“HABEAS CORPUS – LESÕES CORPORAIS – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – PRISÃO EM FLAGRANTE – INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA – DECISÃO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA – ORDEM PÚBLICA AMEAÇADA – PACIENTE DOTADO DE PERICULOSIDADE QUE POR DIVERSAS VEZES JÁ AGREDIU E AMEAÇOU A VÍTIMA SUA EX-COMPANHEIRA GRÁVIDA DE TRÊS MESES – NECESSIDADE DE MANUTENÇÃO DA SEGREGAÇÃO PARA GARANTIR O CUMPRIMENTO DAS MEDIDAS PROTETIVAS – CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CONFIGURADO – ORDEM DENEGADA.

Em sendo necessária a manutenção da segregação do Paciente para a garantia da ordem pública - uma vez que ele demonstrou ser pessoa dotada de periculosidade, eis que por diversas vezes já ameaçou e agrediu a vítima, sua ex-companheira grávida, no terceiro mês de gestação do filho do próprio Paciente – e, também, para garantir o cumprimento das medidas protetivas - adotadas para resguardar a integridade da vítima e do feto em gestação -, não há falar-se em constrangimento ilegal sanável por meio de habeas corpus. Constrangimento ilegal não configurado. Ordem denegada.” (Segunda Câmara Criminal - Habeas Corpus

n. 41023/2007 - Comarca de Aripuanã - Data de julgamento: 13-6-2007 – Relator: Desembargador Paulo da Cunha).

“HABEAS CORPUS - PACIENTE ACUSADO DE LESÃO CORPORAL E CÁRCERE PRIVADO - VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER PRATICADA NO ÂMBITO FAMILIAR - LEI MARIA DA PENHA – PRISÃO CAUTELAR EMBASADA NA GARANTIA DA INSTRUÇÃO PROCESSUAL E NO ARTIGO 20 DA LEI Nº 11.340/06 - ORDEM DENEGADA.

A sociedade brasileira não se permite mais conviver, de forma ambígua, com a violência doméstica praticada contra a mulher, no âmbito

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Fl. 9 de 10

doméstico, familiar ou de relacionamento íntimo, conforme restou demonstrado com a aprovação da Lei nº 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha.

Está assente, em nossos tribunais, a premissa de que a primariedade, bons antecedentes, trabalho e família não vedam a segregação cautelar, quando presente qualquer um dos requisitos que embasam a prisão preventiva.” (Terceira

Câmara Criminal - Habeas Corpus n. 88481/2006 - Comarca de Rondonópolis - Data de Julgamento: 18-12-2006 – Relatora: Doutora Maria Rosi de Meira Borba – Juíza convocada). (Destaquei).

Com tais considerações, diante da inexistência de ilegalidade na custódia cautelar de Lauri Pinheiro, denego a ordem, em sintonia com o parecer ministerial.

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Fl. 10 de 10 A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência do DES. JOSÉ JURANDIR DE LIMA, por meio da Câmara Julgadora, composta pelo DES. LUIZ FERREIRA DA SILVA (Relator), DES. JOSÉ JURANDIR DE LIMA (1º Vogal) e DR. CIRIO MIOTTO (2º Vogal convocado), proferiu a seguinte decisão: DENEGARAM A ORDEM, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR, EM CONSONÂNCIA COM O PARECER.

Cuiabá, 09 de fevereiro de 2009.

--- DESEMBARGADOR JOSÉ JURANDIR DE LIMA - PRESIDENTE DA TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL

--- DESEMBARGADOR LUIZ FERREIRA DA SILVA - RELATOR

--- PROCURADOR DE JUSTIÇA

Referências

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