EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 6ªVARA CRIMINAL FEDERAL DA 1ª SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO
AUTOS N. 2008.61.81.002808-6
O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por sua Procuradora da República que esta subscreve, vem oferecer DENÚNCIA em face de SÉRGIO DE CARVALHO VIEGAS, PATRÍCIA BERNARDES CAETANO, EDUARDO NOGUEIRA GARRIGÓS VINHAES, MÁRCIO PASCHOAL CONZO MONTEIRO, pelos motivos que, a seguir passa a expor:
O presente procedimento iniciou-se a partir de investigação dos representantes legais da empresa DIVERS ALERT NETWORK – DAN, ora denunciados, os quais estariam ofertando aos alunos da empresa seguro para acidentes de mergulho, sem, contudo, possuírem o devido registro junto à Superintendência de Seguros Privados – SUSEP.
Segundo especificado nos autos, trata-se de empresa norte-americana, especializada em cursos de mergulho e seguros de operações a ela
relacionadas. Periodicamente, a empresa DAN realiza cursos de Medicina Hiperbárica e Subaquática, sendo que, ao término destes, oferece aos alunos proposta de filiação à entidade e ao seguro DAN.
A documentação que instrui o presente compõe-se de folder e modelo de contrato de adesão, pelos quais eram disponibilizados dois tipos de planos Master, no valor de US$ 35,00 e o Standart de US$ 25,00/ano (fls. 22/27), ambos pagos em dólares americanos, abrangendo o pagamento de indenização em caso de acidentes sofridos em meio à prática de atividades de mergulho.
Em depoimento colhido em sede policial, declarou o médico Edmilson de Almeida Barros Junior, autor da notícia crime que originou o presente, que os representantes da empresa DAN, os denunciados SÉRGIO e PATRÍCIA de forma insistente procuraram convencer seus alunos que se filiasse à entidade e ao seguro DAN, ao que este cedeu, assinando o contrato de adesão, em “moeda estrangeira-master” tipo familiar. Acrescentou que as carteiras de associados e o guia médico foram os únicos documentos recebidos após a contratação do seguro em São Paulo. Tal contratação incluía, como indenizações de acidente de mergulho – plano master US$ 125.000,00 para acidentes na água, de mergulho livre ou autônomo e morte acidental e US$ 15.000,00 para acidentes de mergulho coberto.
Os acusados SÉRGIO e PATRÍCIA ofereciam a contratação do referido seguro aos alunos, durante o curso de mergulho, sendo certo que estes e os demais denunciados constavam como Representantes e Diretores Regionais da DAN no Brasil, conforme se extrai da apólice do seguro contratado por Edmilson, e folders correspondentes (fls. 87/120).
Segundo relatos de testemunhas, ocorreu, porém, que, no dia 02/9/2006, quando do retorno do mergulho noturno do navio de Macau, em
Fortim/CE, dois mergulhadores, dentre eles a Sra. Natália Furtado Ribeiro de Almeida Barros, esposa de Edmilson, a qual veio a óbito por afogamento. Este acionou o seguro contratado junto à DAN, através de e-mail dirigido ao representante, ora acusado, SÉRGIO VIEGAS, que lhe enviou um cheque, no valor de quinze mil dólares do Bank of América, o qual, segundo a empresa, lhe caberia a título de seguro.
No entanto, Edmilson jamais conseguiu descontar tal cheque, em razão de a referida entidade não possuir autorização da SUSEP para vender seguros.
Os acusados PATRÍCIA e SÉRGIO negaram possuir, em nome da DAN, responsabilidade na contratação de seguros por alunos interessados.
Aos autos vieram juntados expedientes da SUSEP informando sobre a inexistência de registros de autorização por parte da empresa DIVERS ALERT NETWORK como sociedade seguradora, nem dos acusados como administradores ou acionistas de sociedades seguradoras.
Diante das provas carreadas aos autos, extrai-se que a materialidade encontra-se comprovada, na medida em que eram, de fato, efetuadas contratações de seguro, sem que a empresa DAN gozasse da devida autorização para atuar na qualidade de seguradora.
Da mesma forma, estão presentes os indícios de autoria, visto que os representantes legais da empresa, ora acusados, exerciam efetiva atividade, no Brasil, como corretores de seguros, estando a descoberto da fiscalização e autorização por parte da Superintendência de Seguros Privados, inclusive legal, nos termos do Decreto-Lei73/66 do Ministério da Indústria e do Comércio. Inclusive tal fato veio confirmado pelos depoimentos de testemunhas e dos próprios acusados, além
dos elementos extraídos dos documentos de fls. 77/78 e 46/49 do apenso, a indicar o oferecimento, pelos acusados, de seguro da DAN a brasileiros participantes dos cursos promovidos pela empresa.
Diante do exposto, o Ministério Público Federal denuncia SÉRGIO DE CARVALHO VIEGAS, PATRÍCIA BERNARDES CAETANO, EDUARDO NOGUEIRA GARRIGÓS VINHAES, MÁRCIO PASCHOAL CONZO MONTEIRO, como incursos nas penas do artigo 16 da Lei 7.492/86, requerendo sejam citados e intimados para acompanhar todos os atos do processo até final condenação, ouvindo-se a testemunha abaixo arrolada.
São Paulo, 05 de agosto de 2009.
KAREN LOUISE JEANETTE KAHN Procuradora da República
Testemunha:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 6ª VARA FEDERAL CRIMINAL DA 1ª SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO
AUTOS: 2008. 61.81.002808-6
MM. Juiz,
1 - O Ministério Público Federal oferece denúncia, em separado, em face de SÉRGIO DE CARVALHO VIEGAS (fls. 124/125), PATRÍCIA BERNARDES CAETANO (fls 126/127), EDUARDO NOGUEIRA GARRIGÓS VINHAES (fls. 128/129) e MÁRCIO PASCHOAL CONZO MONTEIRO (fls. 130/131), em 4 (quatro) laudas, digitadas apenas no anverso.
2- Requer sejam juntadas as folhas de antecedentes, bem como as certidões de praxe da Justiça Federal e Estadual em nome dos denunciados.
São Paulo, 05 de agosto de 2009.
KAREN LOUISE JEANETTE KAHN