• Nenhum resultado encontrado

Volume 113

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Volume 113"

Copied!
64
0
0

Texto

(1)

Ano 2018

(2)

1 Resíduos agroindustriais do processamento de frutas na alimentação de

frangos de corte: Revisão

Agroindustrial wastes of fruit processing in broilers feeding: Review

Helder Freitas de Oliveira

*

, Cristielle Nunes Souto, Izabela Cruvinel Di Castro, Heloisa Helena de Carvalho Mello, Alessandra Gimenez Mascarenhas

Departamento de Zootecnia, Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás, 74.001-970, Brasil

Resumo: O frango de corte é considerado uma das principais categorias de exploração animal para produção, pois fornece proteína de acentuado valor biológico para população por um valor acessível à maioria das classes sociais, no entanto, aspectos relacionados à alimentação destes animais merecem atenção, pois como a ração é composta em grande parte por milho e farelo de soja que são ingredientes com grande variação de preço, a alimentação acaba representando até 70% do custo total de produção. Dessa forma, torna-se imprescindível a busca por alimentos capazes de substituir alimentos onerosos da ração, mas sem prejudicar o desempenho zootécnico dos animais. Os resíduos agroindustriais têm sido muito estudados, como uma alternativa para redução dos custos da ração, mantendo a produtividade e minimizando os impactos causados ao meio ambiente quando estes são descartados, pois existe ainda a preocupação com o meio ambiente. Dentre os resíduos de frutas tropicais, destaca-se para alimentação de frangos de corte o uso de acerola, caju, coco, goiaba, maracujá e manga. Portanto, objetiva-se com este trabalho realizar uma revisão bibliográfica sobre a utilização de resíduos agroindustriais, provenientes do processamento de frutas na alimentação de frangos de corte sobre o desempenho zootécnico, saúde e qualidade de carne.

Summary: Broilers is considered one of the main categories of animal husbandry for production, since it provides a protein of marked biological value to the population for an amount accessible to most social classes, however, aspects related to the feeding of these animals deserve attention, is largely composed of maize and soybean meal, which are ingredients with great price variation, and food represents up to 70% of the total cost of production. Thus, it is essential to search for foods that can substitute costly feed, but without jeopardizing the animal's performance.

Agroindustrial wastes has been widely studied as an alternative to reduce feed costs, maintaining productivity and minimizing the impacts caused to the environment when they are discarded, as there is still concern for the environment. Among the residues of tropical fruits, the use of acerola, cashew, coconut, guava, passion fruit and mango is particularly important for feeding broilers. Therefore, the objective of this work is to carry out a bibliographical review on the use of agroindustrial wastes from the processing of fruits in the feeding of broiler on performance, health and meat quality.

*Correspondência: helder@zootecnista.com.br

Introdução

O frango de corte é considerado uma das principais categorias de exploração animal para produção, pois fornece proteína de acentuado valor biológico para população por um valor acessível à maioria das classes sociais. Dessa forma segundo Carrijo et al. (2005) torna-se

imprescindível a evolução técnica da indústria avícola brasileira, possibilitando a obtenção de produtos de baixo custo, de alta qualidade e de comprovada competitividade no mercado mundial.

Segundo o relatório anual da Associação

Brasileira de Proteína Animal, o Brasil está em

segundo lugar no ranking dos maiores

produtores mundiais de carne de frango, com

aproximadamente 12,9 milhões de toneladas e é

(3)

1 Resíduos agroindustriais do processamento de frutas na alimentação de

frangos de corte: Revisão

Agroindustrial wastes of fruit processing in broilers feeding: Review

Helder Freitas de Oliveira

*

, Cristielle Nunes Souto, Izabela Cruvinel Di Castro, Heloisa Helena de Carvalho Mello, Alessandra Gimenez Mascarenhas

Departamento de Zootecnia, Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás, 74.001-970, Brasil

Resumo: O frango de corte é considerado uma das principais categorias de exploração animal para produção, pois fornece proteína de acentuado valor biológico para população por um valor acessível à maioria das classes sociais, no entanto, aspectos relacionados à alimentação destes animais merecem atenção, pois como a ração é composta em grande parte por milho e farelo de soja que são ingredientes com grande variação de preço, a alimentação acaba representando até 70% do custo total de produção. Dessa forma, torna-se imprescindível a busca por alimentos capazes de substituir alimentos onerosos da ração, mas sem prejudicar o desempenho zootécnico dos animais. Os resíduos agroindustriais têm sido muito estudados, como uma alternativa para redução dos custos da ração, mantendo a produtividade e minimizando os impactos causados ao meio ambiente quando estes são descartados, pois existe ainda a preocupação com o meio ambiente. Dentre os resíduos de frutas tropicais, destaca-se para alimentação de frangos de corte o uso de acerola, caju, coco, goiaba, maracujá e manga. Portanto, objetiva-se com este trabalho realizar uma revisão bibliográfica sobre a utilização de resíduos agroindustriais, provenientes do processamento de frutas na alimentação de frangos de corte sobre o desempenho zootécnico, saúde e qualidade de carne.

Summary: Broilers is considered one of the main categories of animal husbandry for production, since it provides a protein of marked biological value to the population for an amount accessible to most social classes, however, aspects related to the feeding of these animals deserve attention, is largely composed of maize and soybean meal, which are ingredients with great price variation, and food represents up to 70% of the total cost of production. Thus, it is essential to search for foods that can substitute costly feed, but without jeopardizing the animal's performance.

Agroindustrial wastes has been widely studied as an alternative to reduce feed costs, maintaining productivity and minimizing the impacts caused to the environment when they are discarded, as there is still concern for the environment. Among the residues of tropical fruits, the use of acerola, cashew, coconut, guava, passion fruit and mango is particularly important for feeding broilers. Therefore, the objective of this work is to carry out a bibliographical review on the use of agroindustrial wastes from the processing of fruits in the feeding of broiler on performance, health and meat quality.

*Correspondência: helder@zootecnista.com.br

Introdução

O frango de corte é considerado uma das principais categorias de exploração animal para produção, pois fornece proteína de acentuado valor biológico para população por um valor acessível à maioria das classes sociais. Dessa forma segundo Carrijo et al. (2005) torna-se

imprescindível a evolução técnica da indústria avícola brasileira, possibilitando a obtenção de produtos de baixo custo, de alta qualidade e de comprovada competitividade no mercado mundial.

Segundo o relatório anual da Associação

Brasileira de Proteína Animal, o Brasil está em

segundo lugar no ranking dos maiores

produtores mundiais de carne de frango, com

aproximadamente 12,9 milhões de toneladas e é

(4)

2

o maior exportador da carne, com um volume que ultrapassou 4 milhões de toneladas em 2016 (ABPA, 2017). Para sustentar o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva avícola, muitas pesquisas nas áreas de melhoramento genético, nutrição, sanidade e manejo têm sido realizadas (Fukayama et al., 2005).

Schoulten et al. (2003) afirmam que um dos componentes que mais oneram o custo de produção de frangos de corte nos sistemas de criação intensiva é a ração, representando cerca de 70% desse custo. As fontes de energia e proteína são os ingredientes mais onerosos.

Assim, a busca por alimentos alternativos para substituir o milho e o farelo de soja, visando a reduzir os custos de produção, tem sido uma preocupação generalizada no sistema de produção e pesquisa avícola no Brasil e no mundo. Corroborando Grangeiro et al. (2001) afirmam que a busca por novas fontes alternativas de alimentos decorre em virtude da sazonalidade dos preços de produtos base da ração (o milho e o farelo de soja), ingredientes que mais contribuem para a elevação dos custos, assim, tem havido uma crescente busca por alimentos “alternativos”, principalmente os subprodutos agroindustriais, que são ingredientes de baixo custo e encontrados facilmente em certas regiões e em algumas épocas do ano.

Dessa forma, torna-se imprescindível a busca por alimentos capazes de substituir alimentos onerosos da ração, mas sem prejudicar o desempenho zootécnico dos animais. Por esse motivo deve-se levar em consideração questões relacionadas a estes alimentos, sua aplicabilidade na alimentação dos animais, composição bromatológica, efeitos na fisiologia digestiva e etc.

Os resíduos agroindustriais têm sido muito estudados, como uma alternativa para redução dos custos da ração, mantendo a produtividade e minimizando os impactos causados ao meio ambiente quando estes são descartados. Pois concomitante a procura por alimentos alternativos, existe ainda a preocupação com o meio ambiente, pois segundo Santos et al.

(2014) há uma busca crescente da população por produtos alimentares que são mais saudáveis, e que derivem de sistemas de produção que diminuam a poluição ambiental.

Prado et al. (2000) afirmaram que existe uma variedade de alimentos e resíduos da agroindústria que podem ser usados na alimentação de animais e seu valor nutricional é determinado por complexa interação de seus constituintes e pela interação com os microrganismos do trato digestivo, nos processos de digestão e absorção, no transporte

e na utilização dos metabólitos, além da própria condição fisiológica do animal.

Objetivou-se com esta revisão, apresentar aspectos relativos à utilização de resíduos agroindustriais de frutas na alimentação de frangos de corte e seus efeitos sobre o desempenho zootécnico, microbiota intestinal e funções fisiológicas.

Produção nacional de frutas e resíduo gerado com seu processamento

O Brasil está em terceiro lugar no ranking da produção mundial de frutas, com uma produção que supera 40 milhões de toneladas. A base agrícola da cadeia produtiva das frutas abrange mais de 2,6 milhões de hectares. Toda essa produtividade do mercado brasileiro coloca o país em grande destaque quanto às exportações, tudo isso é possível devido ao excelente clima, temperado durante boa parte do ano, solo privilegiado em nutrientes e capacidade de retenção, além da disponibilidade de áreas para extensão da produção e quanto ao escoamento de produção, posição geográfica favorável (FAO, 2016).

Segundo o MAPA (2007) o setor de fruticultura está entre os principais geradores de renda, emprego e de desenvolvimento rural do agronegócio nacional. Os índices de produtividade e os resultados comerciais obtidos nas últimas safras são fatores que demonstram não apenas a vitalidade como também o potencial desse segmento produtivo.

Atualmente, existem pelo menos 30 grandes pólos de produção de frutas espalhados por todo o país.

Durando o processamento dos frutos realizado por indústrias, há grande desperdício de subprodutos com excelente potencial para utilização na alimentação animal. Por este motivo o aproveitamento desses frutos é fundamental para a melhora da oferta de alimentos que possam substituir alimentos convencionalmente utilizados, levando em consideração a importância de preocupação de evitar resíduos poluidores ambientais (Nunes et al., 2005).

Segundo Lousada Júnior et al. (2005) calcula-se que, do total de frutas processadas, sejam gerados, na produção de sucos e polpas, 40% de resíduos agroindustriais para frutas.

Constantemente, as agroindústrias investem no

aumento da capacidade de processamento,

gerando grandes quantidades de subprodutos,

que, em muitos casos, são considerados custo

operacional para as empresas ou fonte de

contaminação ambiental. Similarmente Kobori e

Jorge (2005) afirmam que tais circunstâncias

explicam a importância de conduzir estudos no

(5)

3

Brasil sobre óleos extraídos das sementes de frutos que são geralmente descartadas, uma vez que não há renda para a venda de subprodutos e o depósito contínuo desse descarte poderia aumentar o custo do processamento. Ainda mais, se estes resíduos permanecerem inutilizados, não apenas aumentará o custo de venda do produto, mas também, irá agravar a poluição ambiental.

Esses resíduos possuem em sua composição vitaminas, minerais, fibras e compostos antioxidantes importantes para as funções fisiológicas (Sousa et al., 2011). Estudos utilizando resíduos de frutas comprovaram que estes podem ser utilizados na alimentação dos monogástricos, pois não prejudicaram o desempenho dos animais (Togashi et al., 2008;

Vieira et al., 2008; Silva et al., 2009; Zanetti et al., 2014). Os resíduos de frutas possuem altos níveis de compostos dentre eles, vitaminas, minerais, antioxidantes, polifenóis e fibras (Ayala-Zavala et al., 2011).

Para as frutas e seus subprodutos, o principal fator é a umidade, que pode limitar o consumo animal pelo enchimento físico. No entanto, na elaboração dos farelos, as frutas passam por um processo da desidratação (Aragão et al. 2012).

Segundo Furtado et al. (2011) na literatura resíduos da indústria de frutas e verduras, tem um enorme potencial nutricional e pode acarretar em menores custos para dietas.

Utilização de resíduos agroindustriais do processamento de frutas na

alimentação de frangos de corte

A produção animal vem sendo desenvolvida em sistema de produção que podem ser melhorados, principalmente em um dos principais fatores que influencia sua sustentabilidade, a alimentação. Neste contexto, os resíduos agroindustriais de alimentos, que ao processarem grande quantidade de frutas tropicais, geram uma grande quantidade de subprodutos. Bagaços, farelos, cascas, caroços os quais tem potencial de serem usados para alimentação animal deixando de ser uma fonte de lixo orgânico, que quando descartados de forma incorreta geram graves problemas ambientais. A utilização racional desses resíduos pode contribuir para redução dos custos com a alimentação o qual perfaz 70% dos custos da atividade (Giordani Júnior et al.,2014).

Dentre os resíduos de frutas tropicais, destaca-se para alimentação de frangos de corte o uso de acerola, caju, coco, goiaba, maracujá e manga.

Acerola

O farelo de acerola (FA) é um subproduto da acerola, que se origina do processamento da fruta para produção de suco ou polpa concentrada congelada, nesse processo é gerado um resíduo composto de restos de casca, polpa e sementes que muitas das vezes é descartado, gerando grandes volumes de resíduos orgânicos, sendo que se esse subproduto, após o processamento for desidratado de forma adequada, o mesmo será passível de utilização na alimentação de aves.

De acordo com Zanetti et al. (2014), o FA tem em sua composição bromatológica: 90,1%

de matéria seca; 8,1% de proteína bruta; 5,68%

de extrato etéreo; 43,34% de fibra bruta; e 4,72% de material mineral. Mais que adequado valor nutricional, a acerola possui em sua composição segundo Sousa et al. (2011) constituintes antioxidantes, como fontes potenciais de carotenóides totais, fenólicos totais e vitamina C. Corroborando Caetano et al.

(2011) afirmaram que o resíduo agroindustrial de acerola além de ter apresentado alta concentração de fenólicos totais, os mesmos podem ser considerados uma potencial fonte antioxidante de origem natural. Por conseguinte Starcevic et al. (2014) afirmam ser benéfico a adição destes compostos fenólicos em dietas, pois otimiza o desempenho produtivo de animais.

Na aplicação prática do FA na alimentação de aves, Zanetti et al. (2014) verificaram que a inclusão de FA em substituição ao milho reduz o consumo de ração de frangos de corte, melhorando a conversão alimentar, recomendando o nível de 10,25% durante o período inicial (1 a 21 dias). Já Barros (2017) concluiu que a adição de FA na dieta de frangos de corte melhorou o potencial antioxidante sem prejudicar o desempenho produtivo, a saúde e mantendo a população microbiana cecal e as características da carne. A autora constatou ainda que o uso do subproduto de acerola como ingrediente alternativo na dieta de frangos de corte pode atender a demanda por substituição de agentes melhoradores de desempenho e antioxidantes sintéticos na produção de frangos de corte, e que ainda colabora para a sustentabilidade.

Caju

O cajueiro é cultivado em aproximadamente

1,8 milhões de ha, distribuídos pelo mundo,

principalmente na África e no Brasil. A Índia

dedica 700 mil ha ao seu cultivo, sendo

responsável por 40% da produção mundial

(Pimentel, 1992). No Brasil, os estados do

(6)

4

Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte são responsáveis por 93% da produção nacional, (Aguiar et al., 2000).

O caju é constituído das seguintes partes comercializáveis: a castanha que tem a amêndoa, o líquido da casca da castanha e a casca; o pedúnculo ou pseudofruto do qual se obtém o suco e o bagaço (polpa de caju) (Ramos, 2005). De um modo geral, o processamento do caju no Nordeste para a obtenção de sucos, doces, licores, cajuína e outros produtos alimentícios é incipiente, com aproveitamento industrial de apenas 2 a 6% do total produzido. O desperdício do caju é superior a 940 mil toneladas/ano, dessa forma, o aproveitamento do resíduo do caju, através do processo de desidratação, constitui-se numa alternativa alimentar nas rações de aves (Holanda et al., 1998).

Segundo Silva et al. (2008) para permitir o correto balanceamento das rações, é necessário o conhecimento da composição química e dos valores de energia metabolizável dos ingredientes. Na tabela 1, os valores da composição bromatológica dos principais resíduos do processamento de caju utilizados na alimentação de aves, mostra o quanto estes resíduos possuem perfil nutricional com capacidade para serem utilizados em rações ao invés de descartados na natureza.

Assim como com a acerola, segundo Infante et al. (2013) através da utilização de três métodos de avaliação da atividade antioxidante in vitro (sequestro do radical livre DPPH, autoxidação do sistema β-caroteno/ácido linoleico e redução do ferro), observou-se que os resíduos da polpa de caju analisados

apresentaram atividade antioxidante significativa, demonstrando possível aplicabilidade na extração de antioxidantes naturais.

Na aplicabilidade dos resíduos na alimentação de frangos de corte, Lopes et al.

(2005) avaliando o uso do pseudofruto do caju desidratado em rações para frangos de corte na fase de acabamento, constataram que sob aquelas condições, o uso de até 15% do farelo do pseudofruto de caju desidratado pode ser usado, sem prejudicar o desempenho dos animais. Similarmente, Ramos et al. (2006) observaram que a inclusão de até 15% de polpa de caju desidratada em rações para a fase de crescimento não influenciou o consumo, o ganho de peso e as principais características de carcaça dos frangos de corte.

Partindo para a utilização do subproduto da castanha, Freitas et al. (2011) em estudo com frangos de corte, visando a substituição do farelo de soja pelo farelo de coco acrescido de farelo da castanha do caju (FCC), concluíram que rações para frangos de corte contendo 20%

de FCC, a proteína bruta do farelo de soja pode ser substituída pela do farelo de coco em níveis de até 20% sem prejudicar o desempenho zootécnico. Em estudo semelhante e corroborando com os trabalhos já citados, Freitas et al. (2006) concluíram que o FCC, utilizado na alimentação de frangos de corte, não compromete o desempenho nas diferentes fases de criação, e recomendam a inclusão do FCC na ração para frangos de corte, a partir de 10%, melhora o ganho de peso e a conversão alimentar.

Tabela 1. Composição bromatológica dos resíduos do processamento de caju

Constituintes Farelo da castanha de caju

Polpa desidratada (Pseudofruto)

Matéria seca % 94,74 88,91

Proteína bruta % 22,39 16,10

Energia bruta (kcal/kg) 6.412 -

Fibra bruta % 7,09 -

Extrato etéreo % 47,01 4,18

Material mineral % 3,36 3,97

Adaptado: Silva et al. (2008); Leite et al. (2013).

(7)

5 Coco

O farelo de coco (FC) pode representar fonte alternativa na alimentação de aves, tendo em vista principalmente sua disponibilidade no Brasil. Sendo assim, torna-se importante que se conduza pesquisas com o intuito de avaliar o potencial deste subproduto e seus efeitos sobre o desempenho zootécnico de frangos de corte.

De acordo com Rostagno et al. (2017), o FC tem em sua composição bromatológica: matéria seca 90,5%; proteína bruta 22,0%; extrato etéreo 2,92%; fibra bruta 13,7%; cinzas 6,37%;

e energia metabolizável 1.921 kcal/kg. E na sua composição aminoacídica: metionina 0,30%;

metionina + cistina 0,47%; lisina 0,47%;

triptofano 0,21%; treonina 0,42%; arginina 2,14%; glicina + serina 1,32%; isoleucina 0,59%; valina 0,89%; leucina 1,06%; histidina 0,31%; fenilalanina + tirosina 1,10%. Segundo Jacomé et al. (2002) o FC ainda não apresenta atividade antinutricional que deprime o crescimento animal.

Em diversos estudos realizados entre as décadas de 60 e 90, a época foi comprovada a eficiência deste alimento alternativo na alimentação de aves (Mahadevan et al., 1957;

Thomas e Scott, 1962; Vasconcelos e Brandão, 1995). Porém em se tratando da produção de frangos de corte, que teve um grande crescimento nos últimos 40 anos, principalmente em se tratando do aumento da eficiência produtiva e consequentemente tendo aumentado também suas exigências, é primordial que estudos envolvendo técnicas de alimentação tenham continuidade. Sendo assim, Bastos et al. (2007) em estudo para avaliar a inclusão do FC na ração de frangos de corte, verificaram que o desempenho e as características de carcaça não foram influenciadas significativamente pela inclusão do farelo, no entanto foi possível inferir que a inclusão do FC deve ser de 5% na fase de 7 a 21 dias de idade, podendo aumentar até 17,5% na fase de 21 a 42 dias.

Em outro estudo onde se avaliou a inclusão de 0%, 10% e 20% de FC na alimentação de frangos de corte, nas condições em que foi realizado o experimento, concluiu-se ser possível a adição de até 20% de FC às dietas de frango de corte sem deprimir o desempenho ou piorar as características de carcaça.

Goiaba

O Brasil é um dos maiores produtores de goiaba do mundo, com um volume médio de produção de 328.255 t, concentrada principalmente nas regiões Sudeste e Nordeste (AGRIANUAL, 2009). “Paluma” é um dos

cultivares mais utilizado nos pomares brasileiros, por apresentar dupla aptidão, sendo destinado ao consumo in natura, bem como às indústrias de processamento. Apresentando como principais características, coloração vermelha de sua polpa, alta capacidade produtiva, frutos com bom rendimento de polpa e alto teor de sólidos solúveis (Ramos et al., 2010). Segundo Mantovani et al. (2004) além do consumo in natura, produtos industrializados, como goiabada, geleia e suco, são a principal forma de consumo da fruta no Brasil. No processamento da goiaba, após o despolpamento e a lavagem com água clorada, obtém-se um resíduo composto principalmente por sementes, na proporção de 4 a 12% da massa total dos frutos beneficiados.

O resíduo do processamento da goiaba possui em sua composição bromatológica valores nutricionais significativos, 10,09% de proteína bruta, 11,71% de extrato etéreo, 55,62% de fibra bruta, 4.290 kcal/kg de energia bruta, 0,15% de cálcio, 0,36% de fósforo, além de relevante perfil aminoacídico (Santos et al., 2009; Silva et al., 2009; Lousada Júnior et al., 2006). Ainda em relação à composição do resíduo de goiaba, Melo et al. (2011) afirmam que além da capacidade nutricional o resíduo do processamento da goiaba ainda possui em sua composição, atividade antioxidante e, por conseguinte, é uma potencial fonte natural de substâncias bioativas para aplicação na indústria de alimentos.

Utilizando o resíduo desidratado do processamento da goiaba em frangos de corte, Lira et al. (2009) afirmaram que a inclusão de resíduo de goiaba na ração promove desempenho e rendimento de carcaça semelhante ao obtido com ração à base de milho e farelo de soja, e que portanto esse subproduto agroindustrial pode ser utilizado em níveis de até 12% em rações para frangos de corte.

Oliveira et al. (2018) em estudo recente, concluiu que o subproduto da goiaba, além de não deprimir o desempenho produtivo de frangos de corte, pode ser usado ainda sob a perspectiva de aditivo antioxidante alternativo, pois melhorou também a qualidade da carne da coxa de frangos de corte.

Maracujá

O Brasil é o maior produtor mundial de

maracujá, sua área de cultivo é de

aproximadamente 50.204 hectares, sendo

produzidas 703,4 mil toneladas de frutos ao ano

(IBGE, 2016). A principal forma de

comercialização do maracujá é como suco, que

é uma fonte rica em vitamina C, qualidade que,

somada ao aroma e sabor agradáveis, permite

(8)

6

amplas e variadas possibilidades de utilização nos mercados nacional e internacional (Togashi et al., 2008). Os principais subprodutos da extração do suco de maracujá são as cascas e as sementes resultantes de seu processamento, que correspondem de 65 a 70% do peso do fruto (Oliveira et al., 2002).

Na tabela 2, os valores da composição bromatológica dos principais resíduos gerados com o processamento do maracujá, utilizados na alimentação de aves, os valores demonstram o quanto estes resíduos possuem perfil nutricional com capacidade para serem utilizados em rações ao invés de descartados na natureza.

Assim como com a acerola e o caju, os resíduos do processamento do maracujá apresentam atividade antioxidante significativa, demonstrando possível aplicabilidade na extração de antioxidantes naturais, essas observações foram realizadas através da utilização de três métodos de avaliação da atividade antioxidante in vitro (sequestro do radical livre DPPH, autoxidação do sistema β- caroteno/ácido linoleico e redução do ferro) (Infante et al., 2013). Além disso, as sementes do maracujá são consideradas boa fonte de ácido graxo essencial, que pode ser utilizado nas indústrias alimentícia e cosmética. O ácido linoléico (ômega 6) é um dos principais ácidos graxos encontrados na composição do óleo da semente de maracujá (55 a 66%), seguido pelo ácido oléico (18 a 20%) e pelo ácido palmítico (10 a 14%). O ácido linolênico (ômega 3) é o de mais baixa proporção e corresponde a 0,8 a 1%

do total dos ácidos graxos (Leonel et al., 2000).

Uchoa et al. (2008) afirmam também que eles são fontes importantes de vitamina C e apresentam alto índice de fibra bruta e alimentar.

Quando testados na alimentação de frangos de corte, os resíduos do processamento de maracujá se mostraram promissores. Togashi et al. (2008) observaram que a utilização de subprodutos de maracujá nas rações mostrou ser viável, sem afetar o desempenho e melhorando a conversão alimentar, foi observado também, reduções dos teores de colesterol no peito e na perna com a utilização da semente e da casca de maracujá, respectivamente. Em estudo semelhante, mas com o intuito de avaliar a deposição de ácidos graxos nos tecidos, Togashi et al. (2007) constataram que a utilização de subprodutos de maracujá nas dietas aumenta significativamente os níveis de ácidos graxos insaturados, tanto da família ômega 3 como da ômega 6, nos músculos da perna, e com a inclusão de sementes e casca de maracujá, a deposição de ácidos graxos saturados foi menor nos músculos do peito e da perna.

Os componentes lipídicos, especialmente os ácidos graxos, estão presentes nas mais diversas formas de vida, desempenhando importantes funções na estrutura das membranas celulares e nos processos metabólicos, são os principais elementos dos triacilgliceróis, componentes de óleos e gorduras comestíveis e que representam 95% dos lipídeos da dieta humana. Constituem as principais formas de armazenamento de energia nos animais (adipócitos) e vegetais (sementes). Alguns ácidos poliinsaturados (PUFA), como o linoléico (n-6) e linolênico (n- 3), são considerados essenciais na dieta, uma vez que homens e animais são incapazes de sintetizá-los (Martin et al., 2006).

Tabela 2. Composição bromatológica dos resíduos do processamento de maracujá

Constituintes Casca 1 Casca 2 Casca 3 Semente 3 Resíduo de Polpa 4

Matéria seca % 10,78 10,92 - 93,40 83,30

Proteína bruta % 9,82 6,70 12,45 14,45 12,40

Energia bruta (kcal/kg) 3.706 - 3.655 3.311 -

Fibra bruta % - - 3,61 30,97 -

Extrato etéreo % - 0,70 - 24,50 1,00

Material mineral % - 0,92 - 1,4 9,80

Adaptado: 1Vieira et al. (1999); 2Oliveira et al. (2002); 3Togashi et al. (2008); 4Lousada Júnior et al. (2005).

(9)

7 Manga

A manga é uma das frutas tropicais mais comuns no Brasil, com produção anual superior a 1 milhão de toneladas (IBGE, 2016). Após o processamento agroindustrial, 35 a 60% do peso total da fruta são descartados na forma de resíduos, que inclui cascas e caroços. A proporção de cascas e caroços da fruta varia de 20 a 30% e de 10 a 30%, respectivamente (Larrauri et al., 1996).

De acordo com Vieira et al. (2008), o farelo de sementes e cascas de manga tem em sua composição bromatológica: 92,23% de matéria seca; 3,87% de proteína bruta; 4,36% de extrato etéreo; 14,60% de fibra bruta; 2,08% de material mineral; 3.900 kcal/kg de energia bruta, além de compostos fenólicos com função antioxidante. Corroborando Arbos et al. (2013) afirmam que extratos provenientes dos resíduos do processamento industrial da manga (farinhas da casca e amêndoas) apresentaram teor importante de compostos fenólicos, atividade antioxidante e antimicrobiana, com forte potencial bioativo. Barreto et al. (2008), ao avaliar extratos metanólicos da casca e do caroço da manga, de diferentes variedades cultivadas no Brasil, observaram riqueza de compostos polifenólicos e destacaram a atividade antioxidante da mangiferina.

Em estudo com o objetivo de avaliar o resíduo do processamento da manga sob a perspectiva de alimento alternativo, a inclusão de até 5% de farelo do resíduo de manga na ração não afeta o desempenho de frangos no período de 1 a 42 dias de idade (Vieira et al., 2008). E quando avaliado além dos parâmetros de desempenho zootécnico, mas também sua função como antioxidante, Freitas et al. (2012) constataram que a adição de extratos etanólicos da manga (ECAR) não deprime os parâmetros de desempenho de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade, e que o ECAR, na dosagem de 200 e 400 ppm, retarda a oxidação lipídica da carne de frangos.

Considerações finais

A utilização de subprodutos de frutas na alimentação de frangos de corte visando contornar problemas de oferta e custo de matérias-primas convencionais como milho e soja se torna cada dia mais importante na atual conjuntura nacional e mundial, principalmente pela crescente necessidade de aumentar a produção. Para a utilização destes resíduos na alimentação das aves deve levar em conta, a disponibilidade nacional e regional, a quantidade adicionada na dieta, bem como sendo uma alternativa para períodos críticos do

ano. Mas é notório, que os mesmos possuem grande capacidade de auxiliar na nutrição de frangos de corte, inclusive por oferecer além de melhoras no desempenho zootécnico, contribui também com diversas funções fisiológicas.

Bibliografia

Agrianual (2009). Anuário estatístico da Agricultura Brasileira. São Paulo, FNP Consultoria & Comércio, 325-328.

Aguiar MJN, Sousa Neto NC, Braga CC, Brito JIB, Silva EDV, Silva FBR, Burgos N, Varejão-Silva MA, Costa CAR (2000).

Zoneamento pedoclimático para a cultura do cajueiro (Anacardium occidentale L.) no Nordeste do Brasil e Norte de Minas Gerais.

Fortaleza, Ceará, Brasil, Embrapa Agroindústria Tropical, 1-30. Acesso em:

24-05-18

Aragão ASL, Pereira LGR, Chizzotti ML, Voltolini TV, Azevedo JAG, Barbosa LD, Santos RD, Araújo GGL, Brandão LGN (2012). Farelo de manga na dieta de cordeiros em confinamento. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, 64, 967-973.

Arbos KA, Stevani PC, Castanha RF (2013).

Atividade antimicrobiana, antioxidante e teor de compostos fenólicos em casca e amêndoa de frutos de manga. Revista Ceres, 60, 161-165.

Ayala-Zavala JF, Vega-Vega V, Rosas- Domínguez C, Palafox-Carlos H, VillaRodriguez JA, Siddiqui MW, Dávila- Aviña JE, Gozález-Aguilar GA (2011).

Agro-industrial potential of exotic fruit byproducts as a source of food additives.

Food Research International, 44, 1866-1874.

Barreto JC, Trevisan MTS, Hull WE, Erben G, Brito ES, Pfundstein B, Wurtele G, Spiegelhalder B, Owen RW (2008).

Characterization and quantitation of polyphenolic compounds in bark, kernel, leaves, and peel of mango (Mangifera indica L.). Journal of Agricultural and Food Chemistry, 56, 5599‑5610.

Bastos SC, Fuentes MFF, Freitas ER, Espíndola GB, Braga CVP (2007). Efeito da inclusão do farelo de coco em rações para frangos de corte. Revista Ciência Agronômica, 38, 297- 303.

Caetano ACS, Araújo CR, Lima VLAG, Maciel

MIS, Melo EA (2011). Evaluation of

antioxidante activity of agro-industrial waste

of acerola (Malpighia emarginata D.C.) fruit

extracts. Food Science and Technology, 31,

769-775.

(10)

8

Carrijo AS, Madeira LA, Sartori JR, Pezzato AC, Gonçalves JC, Cruz VC, Kuibida KV, Pinheiro DF (2005). Alho em pó na alimentação alternativa de frangos de corte.

Pesquisa Agropecuária Brasileira, 40, 673- 679. http://dx.doi.org/10.1590/S0100- 204X2005000700008

Freitas ER, Borges AS, Trevisan MTS, Watanabe PH, Cunha AL, Pereira ALF, Abreu VK, Nascimento GAJ (2012).

Extratos etanólicos da manga como antioxidantes para frangos de corte. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 47, 1025-1030.

Freitas ER, Fuentes MFF, Santos Júnior A, Guerreiro MEF, Espíndola GB (2006).

Farelo de castanha de caju em rações para frangos de corte. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 41, 1001-1006.

Freitas ER, Lima, RC, Silva RB, Sucupira FS, Moreira RF, Lopes IRV (2011). Substituição do farelo de sola pelo farelo de coco em rações contendo farelo da castanha de caju para frangos de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, 40, 1006-1013.

Fukayama EH, Bertechini AG, Geraldo A, Kato RK, Murgas LDS (2005). Extrato de orégano como aditivo em rações para frangos de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, 34, 2316-2326.

Furtado CE, Brandi RA, Ribeiro LB (2011).

Utilização de coprodutos e demais alimentos alternativos para dietas de equinos no Brasil.

Revista Brasileira de Zootecnia, 40, 232- 241.

Giordani Júnior R, Cavali J, Porto MO, Ferreira E, Stachiw R (2014). Resíduos agroindustriais e alimentação de ruminantes.

Revista Brasileira de Ciências da Amazônia, 3, 93-104.

Grangeiro MGA, Fuentes MFF, Freitas ER, Espíndola GB, Souza FM (2001). Inclusão da levedura de cana-de-açúcar (Saccharomyces cerevisiae) em dietas para frangos de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, 30, 766-773.

Holanda JS, Oliveira AJ, Ferreira AC (1998).

Enriquecimento protéico de pedúnculos de caju com emprego de leveduras, para alimentação animal. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 33, 787-792.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2016). Produção agrícola municipal, 42, 1-62.

Infante J, Selani MM, Toledo NMV, Silveira- Diniz MF, Alencar SM, Spoto MHF (2013).

Atividade antioxidante de resíduos agroindustriais de frutas tropicais. Alimentos e Nutrição, 24, 87-91.

Jácome IMTD, Silva LPG, Guim A, Lima DQ, Almeida MM, Araújo MJ, Oliveira VP,

Silva JDB, Martins TDD (2002). Efeitos da inclusão do farelo de coco nas rações de frangos de corte sobre o desempenho e rendimento de carcaça. Acta Scientiarum.

Animal Science, 24, 1015-1019.

Kobori CN, Jorge N (2005). Caracterização dos óleos de algumas sementes de frutas como aproveitamento de resíduos industriais.

Ciência e Agrotecnologia, 29, 1008-1014.

Larrauri JÁ, Rupérez P, Borroto B, Saura- Calixto F (1996). Mango peels as a new tropical fibre: preparation and characterization. Food Science and Technology, 29, 729-733.

Leite DFL, Aguiar EM, Holanda JS, Rangel AHN, Aureliano IPL, Medeiros VB, Lima Júnior DM (2013). Valor nutritivo do resíduo de caju desidratado associado a diferentes concentrados. Acta Veterinaria Brasilica, 7, 66-72.

Leonel S, Leonel M, Duarte Filho J (2000).

Principais produtos e subprodutos obtidos do maracujazeiro. Informe Agropecuário, 21, 86-88.

Lira RC, Rabello CBV, Ferreira PV, Lana GRQ, Lüdke JV, Dutra Júnior WM (2009).

Inclusion of guava wastes in feed for broiler chickens. Revista Brasileira de Zootecnia, 38, 2401-2407.

Lopes JB, Silva MVF, Freitas AC, Ramos LSN, Farias LA (2005). Inclusão do farelo do pseudofruto de caju desidratado (Anacardium occidentale L.) em rações de frangos de corte na fase de acabamento.

Revista Científica de Produção Animal, 7, 44-51.

Lousada Júnior JE, Costa JMC, Neiva JNM, Rodriguez NM (2006). Caracterização físico-química de subprodutos obtidos do processamento de frutas tropicais visando seu aproveitamento na alimentação animal.

Revista Ciência Agronômica, 37, 70-76.

Lousada Junior JE, Neiva JNM, Rodriguez NM, Pimentel JCM, Lôbo RNB (2005). Consumo e digestibilidade de subprodutos do processamento de frutas em ovinos. Revista Brasileira de Zootecnia, 34, 659-669.

Mahadevan P, Pandittesekera DG, White JSL, Arumugam V (1957). The effects of tropical feedingstuffs on growth and first year egg production. Poultry Science, 36, 286-295.

Mantovani JR, Corrêa MCM, Cruz MCP, Ferreira ME, Natale W (2004). Uso fertilizante de resíduo da indústria processadora de goiabas. Revista Brasileira de Fruticultura, 26, 339-342.

MAPA, Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (2007). Cadeia Produtiva de

Frutas. Brasília, 7, 1-102. ISBN 978-85-

99851-19-7

(11)

9

Martin CA, Almeida VV, Ruiz MR, Visentainer JEL, Matshushita M, Souza NE, Visentainer JV (2006). Ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 e ômega-6: importância e ocorrência em alimentos. Revista de Nutrição, 19, 761-770.

Melo PS, Bergamaschi KB, Tiveron AP, Massariolo AP, Oldoni TLC, Zanus MC, Pereira GE, Alencar SM (2011).

Composição fenólica e atividade antioxidante de resíduos agroindustriais.

Ciência Rural, 41, 1088-1093.

Nunes RV, Pozza PC, Nunes CGV, Campestrini E, Kühl R, Rocha LD, Costa FGP (2005).

Valores energéticos de subprodutos de origem animal para aves. Revista Brasileira de Zootecnia, 34, 1217-1224.

OCDE-FAO PERSPECTIVAS AGRÍCOLAS 2015-2024.

Oliveira LF, Nascimento MRF, Borges SV, Ribeiro PCN, Ruback VR (2002).

Aproveitamento alternativo da casca do maracujá-amarelo (Passiflora edulis F.

flavicarpa) para produção de doce em calda.

Ciência e Tecnologia de Alimentos, 22, 259- 262.

Oliveira MD, Mello HHC, Stringhini JH, Mascarenhas AG, Arnhold E, Conceição EC, Martins JMS, Silva Júnior, AJ (2018).

Antioxidant effect of the guava byproduct in the diet of broilers in the starter phase.

Brazilian Journal of Animal Science, 47, 1-8 Pimentel CRM (1992). Castanha de caju:

produção e conselho internacional.

Fortaleza: EMBRAPA/CNPCa, 1-18.

Prado IN, Martins AS, Alcalde CR, Zeoula LM, Marques JÁ (2000). Desempenho de novilhas alimentadas com rações contendo milho ou casca de mandioca como fonte energética e farelo de algodão ou levedura como fonte protéica. Revista Brasileira de Zootecnia, 29, 278-287.

Ramos DP, Silva AC, Leonel S, Costa SM, Damatto Júnior ER (2010). Produção e qualidade de frutos da goiabeira “Paluma”, submetida à diferentes épocas de poda em clima subtropical. Revista Ceres, 57, 659- 664.

Ramos LSN (2005). Polpa de caju (Anacardium occidentale L.) desidratada na alimentação de frangos de corte: metabolizabilidade, desempenho e características de carcaça.

Dissertação (Mestrado em Ciência Animal).

Teresina: Universidade Federal do Piauí, 1- 62.

Ramos LSN, Lopes JB, Figueirêdo AV, Freitas AC, Farias LA, Santos LS, Silva HO (2006).

Polpa de caju em rações para frangos de corte na fase final: desempenho e

características de carcaça. Revista Brasileira de Zootecnia, 35, 804-810.

Rostagno HS, Albino LFT, Donzele JL, Gomes PC, Oliveira RF, Lopes DC, Ferreira AS, Barreto SLT, Euclides RF (2017). Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 4 Ed.

Viçosa, Minas Gerais, Editora da Universidade Federal de Viçosa (UFV), 488p.

Santos EL, Ludke MCM, Barbosa JM, Rabello CBV, Ludke JV (2009). Digestibilidade aparente do farelo de coco e resíduo de goiaba pela tilápia do nilo (Oreochromis niloticus). Revista Caatinga, 22, 175-180.

Santos MJB, Pandorfi H, Rabello CBV, Silva EP, Torres TR, Santos PA, Morril WB, Duarte NM (2014). Performance of free- range chickens reared in production modules enriched with shade nets and perches.

Revista Brasileira de Ciência Avícola, 16, 19-28.

Schoulten NA, Teixeira AS, Rodrigues PB, Freitas RTF, Conte AJ, Silva HO (2003).

Desempenho de frangos de corte alimentados com ração contendo farelo de arroz e enzimas. Ciência e Agrotecnologia, 27, 1380-1387.

Silva EP, Silva DAT, Rabello CBV, Lima RB, Lima MB, Ludke JV (2009). Composição físico-química e valores energéticos dos resíduos de goiaba e tomate para frangos de corte de crescimento lento. Revista Brasileira de Zootecnia, 38, 1051-1058.

Silva RB, Freitas ER, Fuentes MFF, Lopes IRV, Lima RC, Bezerra RM (2008). Composição química e valores de energia metabolizável de subprodutos agroindustriais determinados com diferentes aves. Acta Scientiarum.

Animal Science, 30, 269-275.

Sousa MSB, Vieira LM, Silva MJM, Lima A (2011). Caracterização nutricional e compostos antioxidantes em resíduos de polpas de frutas tropicais. Ciência e Agrotecnologia, 35, 554-559.

Thomas AO, Scott ML (1962). Coconut oil meal as a protein suplemment in pratictical poultry diets. Poultry Science, 41, 477-485.

Togashi CK, Fonseca JB, Soares RTRN, Costa APD, Silveira KF, Detmann E (2008).

Subprodutos do maracujá em dietas para frangos de corte. Acta Scientiarum. Animal Science, 30, 395-400.

Togashi CK, Fonseca JB, Soares RTRN, Gaspar

A, Detmann E (2007). Composição em

ácidos graxos dos tecidos de frangos de

corte alimentados com subprodutos de

maracujá. Revista Brasileira de Zootecnia,

36, 2063-2068.

(12)

10

Uchoa AMA, Costa JMC, Maia GA, Silva EMC, Carvalho AFFU, Meira TR (2008).

Parâmetros físico-químicos, teor de fibra bruta e alimentar de pós alimentícios obtidos de resíduos de frutas tropicais. Segurança Alimentar e Nutricional, 15, 58-65.

Vasconcelos RQ, Brandão JS (1995). Efeito de níveis de farelo de coco na dieta inicial sobre o desempenho de frangos de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, 24, 391-400.

Vieira CV, Vasquez HM, Silva JFC (1999).

Composição químico-bromatológica e degradabilidade in situ da matéria seca, proteína bruta e fibra em detergente neutro da casca do fruto de três variedades de maracujá (Passiflora spp). Revista Brasileira de Zootecnia, 28, 1148-1158.

Vieira PAF, Queiroz JHD, Albino LFT, Moraes GHK, Barbosa AA, Müller ES, Viana MTS (2008). Efeitos da inclusão de farelo do resíduo de manga no desempenho de frangos de corte de 1 a 42 dias. Revista Brasileira de Zootecnia, 37, 2173-2178.

Zanetti LH, Polycarpo GV, Brichi ALC, Barbieri A, Oliveira RF, Sabbag OJ, Cooke RF, Cruz-Polycarpo VC (2014).

Performance and economic analysis of

broilers fed diets containing acerola meal in

replacement of corn. Brazilian Journal of

Veterinary Research and Animal Science,

51, 224-232.

(13)

11 Farinha de vísceras de aves: uma revisão sobre os fatores que afetam a

sua qualidade nutricional e estabilidade oxidativa

Poultry by-product meal: a review on factors that impact on their nutritional quality and oxidative stability

Leonir B. Ribeiro

1

*, Mayara U. da Silva

2

, Priscila M. Ribeiro

2

, Jeice M. Silva

3

, Ricardo S.

Vasconcellos

1

1 Departamento de Zootecnia, Universidade Estadual de Maringá, Paraná, Brasil

2 Pós-graduando do Departamento de Zootecnia, Universidade Estadual de Maringá, Paraná, Brasil

3 Graduando do Departamento de Zootecnia, Universidade Estadual de Maringá, Paraná, Brasil

Resumo: A indústria de alimentos para animais de companhia, tem-se deparado frequentemente com o desafio de produzir e comercializar alimentos com maior valor nutricional e segurança alimentar. As farinhas de origem animal, em especial a farinha de vísceras de aves (FVA), constituem os principais ingredientes proteicos empregados em petfood.

No entanto, muitos problemas qualitativos na produção destes ingredientes comprometem seu valor nutricional e conservação. Apesar da FVA possuir elevado valor nutricional, esta é proveniente de material com elevado grau de contaminação microbiana e consequentemente susceptível de uma rápida deterioração.

Atualmente, não existe uma padronização do tempo decorrido entre a geração do resíduo industrial e a produção da FVA e nem tampouco das condições de processamento que interferem na qualidade do produto acabado. A intervenção neste processo de deterioração é possível, porém, dada a escassez de dados sobre os fatores que afetam a sua qualidade final, torna- se difícil a elaboração de estratégias efetivas.

Tendo isto em vista, nesta revisão propõe-se um levantamento sobre os fatores relativos à matéria-prima e processamento que afetam a qualidade nutricional e a conservação da FVA.

Summary: The petfood industry has often encountered the challenge of producing and marketing foods with higher nutritional value and food safety. Animal by-product meal, especially poultry by-product meal (PBM), are the main protein ingredients used in petfood.

However, many qualitative problems in the production of these ingredients compromise their nutritional value and conservation.

Although PBM has high nutritional value, it comes from material with a high degree of microbial contamination and consequently susceptible to rapid deterioration. At present, there is no standardization of the time elapsed between the generation of the industrial waste and the production of PBM and neither of the processing conditions that interfere with the quality of the finished product. The intervention in this process of deterioration is possible, however, given the scarcity of data on the factors that affect its final quality, it is difficult to elaborate effective strategies. In this review proposes a survey on the raw material and processing factors that affect the nutritional quality and conservation of PBM.

*Correspondência: ribeiro.leonir.bueno@gmail.com

(14)

12 Introdução

A indústria nacional de alimentos para animais de companhia tem o desafio de produzir e comercializar alimentos com melhor qualidade e competitividade no mercado globalizado. Os problemas mais comuns de qualidade em Petfood são a presença de contaminantes microbiológicos e seus produtos, compostos químicos com ação farmacológica e ainda produtos fora da especificação nutricional ou com problemas de conservabilidade (FDA, 2018). Estes problemas acarretam reclamações de clientes com relação a problemas de rejeição, tendo impacto comercial nas empresas que os produzem (Volpato, 2014; Lima, 2015). Desta forma, o controle de qualidade das matérias- primas que entram no processo de fabrico de alimentos para animais de companhia é o primeiro passo para minimizar os problemas de qualidade encontrados no produto acabado (Dozier III et al., 2003; Laflamme et al., 2014).

Os alimentos secos e extrusados para cães e gatos possuem em sua composição, ingredientes de origem animal como óleo de frango, sebo bovino, farinha de carne e ossos bovina, farinha de penas e a farinha de vísceras de aves (FVA).

Esta última é um ingrediente com alto teor de ácidos gordos essenciais, aminoácidos e minerais. Além de nutritiva, a farinha de vísceras de aves possui um custo acessível que favorece seu emprego nas formulações. No entanto, por ser proveniente de material altamente susceptível à deterioração microbiana e autooxidação, o processamento para a obtenção da farinha e óleo deve ser iniciado o quanto antes, entre a evisceração e a entrada no digestor, para que sejam preservadas suas características desejáveis (Ferroli, 1999;

MAPA, 2010; MAPA, 2013; Kawauchi et al., 2014; Laflamme et al., 2014).

Os fatores envolvidos desde a criação e transporte dos frangos para os matadouros até à produção da farinha propriamente dita irão afetar as características do produto acabado. Por este motivo as farinhas de origem animal dificilmente possuem um padrão constante de produção e qualidade (Carciofi, 2008).

Padronizar estes ingredientes do ponto de vista de composição química nutricional e estabelecer parâmetros de processo favoráveis à obtenção de ingredientes com vida de prateleira longa e com baixos níveis de indicadores de deterioração microbiana representa importante passo para agregar valor às farinhas de origem animal (Dozier III et al., 2003; Cardozo, 2011).

No entanto, para se chegar a este nível de conhecimento é necessário que trabalhos sejam feitas neste sentido, contribuindo para a

elaboração de estratégias para melhorias constantes da qualidade.

Os principais fatores que afetam a qualidade da FVA seriam: conteúdo gastrentestinal dos animais abatidos, contaminantes microbiológicos, oxidação, o tempo entre o processo de abate e o início do processamento da FVA, variação do material componente das farinhas de vísceras, tempo e temperatura de processamento, e lotação do digestor (Ferroli, 1999; Bellaver, 2010; Kawauchi, 2012).

Nesta revisão, objetivou-se dissertar sobre os fatores relativos à matéria-prima crua, ao processamento e ao produto acabado que afetam a estabilidade oxidativa e a digestibilidade da farinha de vísceras de aves (FVA).

Farinhas de vísceras de aves e seus componentes

As farinhas de origem animal são materiais orgânicos com alto teor de gordura e proteína, provenientes de resíduos de abate das aves para consumo humano. Os estabelecimentos de tratamento de subprodutos ou recicladoras são os locais em que se realiza o processamento de materiais residuais de abate, processando todo o material rejeitado em matadouro e impróprios para o consumo humano, dentre os quais:

sangue, penas e material ósseo e cárneo que compõem as farinhas utilizadas na alimentação animal (Bassoi, 1994; Ferroli, 1999). Estes locais têm como objetivos dar um destino adequado e ecologicamente correto a esses materiais, diminuindo os riscos e impactos à saúde pública, animal e ambiental; e a produção de um ingrediente de qualidade para utilização na alimentação de animais de produção e companhia, por ter um potencial valor nutricional quando bem manipulado (Bellaver, 2002a; Oliveira e Zanoelo, 2012; Alvarez et al., 2015).

Conforme o Regulamento (CE) nº 1069/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho de 21 de Outubro de 2009, estabelece regras quanto a produtos compostos por ingredientes de matéria prima de origem animal.

Considera que materiais provenientes de subprodutos animais não destinados ao consumo humano são uma fonte potencial de riscos para a saúde pública e animal. Consequentemente, ter impacto adverso na sociedade em geral, devido ao seu impacto na situação socioeconómica e ambientais. Nesse sentido, foi determinado três categorias de classificação para farinhas de origem animal, conforme seus materiais constituintes e o grau de risco.

Os principais constituintes das farinhas de

vísceras são: cabeças, pés, trato digestivo (com

conteúdo digestivo restante), trato respiratório,

aparelhos reprodutivos, gorduras viscerais,

(15)

13

aparas, peles, cutículas e carcaças ou parte dessas, que foram rejeitadas para o consumo humano (AAFCO, 2017). É aceite a inclusão de resíduo de processamento de carne mecanicamente separada, porém não deve conter penas, resíduos de incubatório e outros materiais estranhos à sua composição (Bellaver, 2002b; Bellaver, 2005; Silva, 2012; Alvarez et al., 2015; Brandelli et al., 2015). A farinha de vísceras, portanto, é produto resultante da cocção ou fritura, prensagem para extração de óleo, e moagem destes materiais constituintes.

Pela variabilidade de materiais componentes, na farinha de vísceras aves, existe variação conhecida como “low ash”, ou seja, baixo teor de matéria mineral, que é obtida pela não inclusão de resíduo de processamento de carne mecanicamente separada e demais materiais ósseos como pés e cabeça (Sindirações, 2009;

AAFCO, 2017).

As principais causas de condenações ou rejeição de carcaças (impróprias para o consumo humano) são: queda da carcaça no piso durante o processamento; contaminações por fezes e bile e presença de sujidades aderida às patas e pele; fraturas, contusões (hematomas), arranhões, artrites, dermatoses, calos e pododermatites, sendo essas carcaças direcionadas ao processo de reciclagem através do processamento de farinhas de vísceras (Mendes e Komiyama, 2011; Silva, 2012, Lima et al., 2014).

Processamento de farinhas de vísceras

Após a evisceração das aves para o consumo humano, todo material não próprio para consumo humano, considerado resíduo dos matadouros, é direcionado para a produção de FVA. Este material segue duas vias, dependendo do estabelecimento processador de farinha. Estes são classificados em processadores Interligados e Coletadores. Nas unidades consideradas Interligadas, após a evisceração das aves, todo o conteúdo destinado a farinhas é rapidamente conduzido para a unidade processadora de subprodutos, a qual está interligada ao matadouro. Para unidades classificadas como Coletadoras, o material é direcionado ao carregamento em caixas de metal especificamente destinadas a esse fim e transportadas por caminhões. Este carregamento em caminhões é feito de forma contínua à medida que as vísceras são produzidas. Uma vez carregado o caminhão, o material segue para a indústria processadora de subprodutos.

Em ambos os tipos de unidades processadoras (Interligado e Coletador), todo o conteúdo destinado à produção de farinhas de vísceras é descarregado em um silo de

armazenagem denominado de Tolva. Este conteúdo fica então à espera de carregamento para os digestores. Antes de entrar nos digestores, esse material é transportado por roscas sem fim, até uma balança, na qual é realizada a medição da quantidade de material a iniciar o seu processamento nos digestores.

Nesse momento, em que é realizada a pesagem do material, em muitas unidades, este recebe aspersão de antioxidantes sendo realizado o tratamento no material cru (Ferroli, 1999;

Ockerman e Hansen, 1999; Ferroli et al., 2000).

O material uma vez pesado e eventualmente tratado é então descarregado no digestor. Após o descarregamento é adicionado óleo de vísceras para o processo inicial de cozimento e posterior fritura. A prática de uso de óleo para início de fritura nem sempre é adotada em todas as unidades processadoras, e as que se utilizam desse recurso, muitas das vezes, não seguem uma medida padrão. O processo geralmente inicia-se com o cozimento em óleo, com posterior retirada do máximo de água até a fritura do material. Esse tempo de processo é dependente de vários fatores abordados nessa revisão, a citar, temperatura, teor de humidade, lotação de digestor, dentre outros (Ferroli, 1999;

Ockerman e Hansen, 1999).

O tempo e o ponto de fritura, em muitos casos, é feito de forma empírica e visual pelos operadores de digestores (Ferroli, 1999). Obtido o ponto de fritura, em que o intestino esteja torrado e quebradiço, é feita a descarga do digestor. Toda a massa envolta em óleo obtida no processo de cozimento é liberada para o percolador. Este é uma grande conduta, disposta de uma rosca condutora, que faz a separação grosseira da massa, que será a farinha de vísceras, e do óleo de vísceras. Feita essa primeira separação, essa massa é conduzida até a prensa, para a retirada final do óleo de vísceras restante. Durante a prensagem, transfere-se calor a massa para extrair melhor o óleo. Todo óleo restante é separado e conduzido até os tanques de armazenagem. A massa seca então é moída e a farinha de vísceras está pronta. Esta então é conduzida por roscas até os tanques de armazenamento. Durante esse processo, a farinha acabada recebe nova dose de aditivos antioxidantes e/ou antimicrobianos (Ferroli, 1999; Ockerman e Hansen, 1999;

Ferroli et al., 2000; Bellaver, 2002a).

Fatores relevantes ao processo e produção de farinhas de vísceras

O digestor é o equipamento responsável pelo

processamento para o fabrico da farinha de

vísceras de aves e pode representar um

estrangulamento do processo (Ferroli, 1999). Os

principais pontos críticos correlacionados com

(16)

14

os digestores são: a falta de manutenção, manutenção deficiente , dimensionamento do número e tamanhos dos digestores (Ferroli, 1999).

Com relação ao dimensionamento do número, tamanho e uso dos digestores, existe a problemática de alta necessidade de cargas contínuas. Ferroli (1999) denomina como

“tempo zero” quando as recicladoras estão sobrecarregadas de material a ser processado. O digestor não possui intervalo de tempo entre as cargas, e, por estar ainda superaquecido pela carga anterior, faz com que os primeiros materiais ao entrarem para a nova carga fritem quase que instantaneamente, promovendo dessa forma um processamento não uniforme do material. Esse problema de tempo zero acontece ao que o autor citado denomina de cargas

“apuradas”, ou seja, devido ao grande acúmulo de material a ser processado, acaba por negligenciar o tempo do equipamento e ainda acelerar o processamento. Geralmente, aumenta- se a carga de vapor levando ao não cozimento por completo de todo o material, sendo um ponto crítico de contaminação. Outro ponto crítico a ser considerado, aos fatores de produção e processamento de farinhas de vísceras, está relacionado ao carregamento em demasia. A alta lotação dos digestores pode levar ao não revolvimento adequado do material a ser processado dentro do digestor, fazendo com que ocorra um mal e/ou não uniforme processamento.

O tamanho do material, o teor de gordura e a presença de material ósseo afetam a produção de farinhas de vísceras. Em geral, as recicladoras possuem moinhos para a moagem desse material, somente após a saída das prensas. Desta forma, cabeças, ossos, carcaças, parte de carcaças e até frangos inteiros são processados sem qualquer tipo de moagem ou quebra. Assim, esses materiais, além de aumentarem a necessidade de tempo para processamento, podem ainda não serem processados, acarretando em material cru ou super processado (Ferroli, 1999; Bellaver, 2010;

Oliveira e Zanoelo, 2012).

Ainda relacionado ao material, quando os constituintes apresentarem baixo teor de humidade inicial, esse fator poderá estar ssociado à impressão errada de que o material esteja queimando dentro do digestor, quando na verdade ainda não sofreu um processamento suficiente. Essa má identificação pode levar à retirada do material do digestor antes do processo estar completo (Ferroli, 1999;

Bellaver, 2010). Por outro lado, quando o teor de humidade inicial é alto, pode ocorrer o cozimento do material, tornado o produto pastoso e de difícil manipulação, o que exigirá

maior tempo de processamento, levando ao desgaste do digestor e superprocessamento.

Além disso o conteúdo final pode apresentar atividade de água que possibilite o desenvolvimento de microrganismos nas farinhas (Bellaver, 2002a; Bellaver, 2002b;

Bellaver, 2010; Kawauchi, 2012).

Fatores que afetam a qualidade nutricional de farinhas de vísceras

A qualidade e a conservação das farinha de vísceras de aves são dependentes dos aspectos produtivos da unidade produtora, como os equipamentos e o processo produtivo propriamente dito (Ferroli, 1999; Oliveira e Zanoelo, 2012; Kawauchi, 2012), a variação da composição química e dos materiais constituintes das farinhas (Dozier III, et al., 2003; Henn, 2004; Cramer et al., 2007; Silva et al., 2012; Kawauchi, 2012; Silva et al., 2014), presença de contaminantes físicos e microbiológicos (Bellaver, 2002a; Bellaver, 2002b; Cardozo, 2011; Silva 2012; Barreiro, 2012; Morgan, 2015; Barreiro, 2015) e grau de oxidação e degradação dos materiais (Silva et al., 1999; Antonianssi, 2001; Bellaver, 2002b;

Tran et al., 2011; Kawauchi, 2012).

Os principais aspectos que afetam a digestibilidade das farinhas de vísceras são: a composição química, o processamento e a presença de contaminantes (Dozier III, et al., 2003; Henn, 2004; Carciofi, 2008; Oliveira, 2009; Zarei et al., 2014).

A composição química pode afetar a digestibilidade dependendo dos constituintes da farinha de vísceras, que podem ser: carne e ossos, conteúdo visceral (órgãos digestivos, reprodutivos e respiratórios), gorduras e pele e resíduo de carne mecanicamente separada (RCMS). Cada um desses constituintes apresenta características e composição química distintas em gordura, proteína e matéria mineral afetando diretamente a composição química final das farinhas de vísceras e, consequentemente, os teores de energia metabolizável e digestibilidade aparente dos nutrientes (Dozier III, et al., 2003; Henn, 2004;

Carciofi, 2008; Oliveira, 2009; Bellaver, 2010;

Anfalpet, 2011; Silva et al., 2012; Kawauchi, 2012; Silva et al., 2014; Zarei et al., 2014).

Os aspectos da produção e do processamento

que afetam de forma direta a digestibilidade das

farinhas de vísceras são consequências de

pontos já discutidos anteriormente e

relacionados à produção como: o efeito do

tempo zero entre cargas, as consequências de

cargas apuradas e a lotação em demasia dos

digestores (Ferroli, 1999; Bellaver, 2010).

Referências

Documentos relacionados

Os diferentes tipos de agrupamento de escolas existentes no país abrangem realidades organizacionais muito distintas, cujas repercussões nas dinâmicas educativas e pedagógicas

Este estudo visa, através de uma pesquisa bibliográfi ca, entender as difi culdades que o portador de TDAH tem em controlar suas emoções, prestar atenção e realizar

Following a similar trend of phenolic compounds concentrations, the olive oil analysis revealed a positive influence of KL and SA on the antioxidant capacity based on the

Esse estudo foi realizado por meio de revisões bibliográficas e análise de dados disponibilizados pela Agência Nacional das Águas (ANA) e na Conjuntura dos

O propósito deste trabalho é avaliar as características e classificação de compostos orgânicos, presentes em frações de petróleo, em saturados, aromáticos, resinas e asfaltenos

exercido e direitos autorais. § 1º - A transmissão de propriedade ou domínio útil de bem imóvel e de direito a ele relativo, situado no Estado, sujeita- se ao imposto, ainda

O uso do poliuretano (PU) como suporte de baixo custo para de imobilização , prova ser um material muito promissor, pois em nosso estudo o uso da lipase de Candida antarctica

Acreditamos que as estratégias de engajamento das IES configuram-se em dimensões fundamentais para tornarem o ambiente acadêmico lugares antropológicos, relacionais, repletos