Rio de Janeiro – Abril 2017
Desigualdade, Energia e
Mudanças Climáticas
•Maior perigo do mundo (Atkinson, 2015):
“ A desigualdade ultrapassa todos os outros perigos”
Qual o diagnóstico?
Qual a percepção e entendimento da sociedade perante a desigualdade?
O que pode ser feito?
O que deve ser feito?
• A redução das desigualdade deveria ser uma prioridade de todos;
• Ainda que a distribuição da riqueza pode ter se tornado menos
concentrada ao longo do século XX, mas isso não implica ter havido uma transferência de tomadas de decisões econômicas;
•Conflito:
Equidade Eficiência
• Desigualdade - busca pela igualdade de oportunidades
•
Fonte: Arquivo pessoal
Escola no Interior do Acre sem E.E. - Brasil Escola em Iowa - EUA
http://www.thegazette.com/subject/news/education/k-12- education/iowa-city-students-finding-math-in-music- 20161230
• Mesmo em condições de igualdade de oportunidades é possível observar desigualdades de resultados;
• É inaceitável ignorar o que acontece depois que é dado o tiro da largada.
As pessoas podem se esforçar e ainda assim ter azar. A ajuda deve ter um viés humanitário, além desta ajuda ser oferecida sem que essas pessoas sejam questionadas.
Segundo o autor:
“Seria repugnante condicionar a distribuição de sopa a uma
avaliação da circunstância ou do esforço que levou ao resultado do indivíduo ...estar na fila da sopa”.
• O destino vem de berço? Determinismo social?
• Somos atores da nossa própria existência?
• De acordo com Camille Peugny (2013):
•Na França após meio século de massificação escolar, a reprodução das desigualdades perdura em um nível muito elevado no seio de uma sociedade que adora comemorar a igualdade de oportunidades;
•Na França na década de 2010, alguns anos depois do término dos seus estudos, 70% dos filhos de operários ocupam cargos de operário, ao passo que na outra ponta da hierarquia social 70% dos filhos de executivos ocupam cargos de chefia.
•Segundo Camille Peugny (2013):
“Não é suficiente melhorar as taxas de escolarização para melhorar a igualdade de oportunidades”.
“A glorificação do mérito é o corolário lógico da invisibilidade do social, uma vez que os antagonismos são negados, cada individuo é levado à categoria de ator
responsável por suas escolhas, seus sucessos e insucessos’”.
•Desigualdade de oportunidades é um conceito ex ante, onde todos deveriam sair do mesmo ponto de partida.
•O estoque de capital influencia o resultado final:
-Herança familiar;
-Acesso a informação e cultura;
-Rede de contatos;
-Renda;
-Sistema de proteção social;
-Ambiente social;
Nota: os resultados ex post de hoje determinam as condições ex ante de amanhã. Os
beneficiários da desigualdade de resultados de hoje podem transmitir uma vantagem injusta aos seus filhos amanhã.
https://www.theguardian.com/business/2016/jan/18/richest-62-billionaires- wealthy-half-world-population-combined
http://www.independent.co.uk/news/world/europe/florence-rich- families-social-mobility-same-as-1427-a7056141.html
https://www.theguardian.com/business/2016/jan/18/riches t-62-billionaires-wealthy-half-world-population-combined
https://www.theguardian.com/business/2016/jan/18/richest-62-billionaires-wealthy-half-world-population-combined
• Seguindo The Economist:
“A desigualdade chegou a um nível que pode ser ineficiente e má para a economia”.
•Segundo Joseph Stiglitz (2013):
“Em 2008 40% de todos os lucros empresariais nos EUA pertenciam ao setor financeiro.”
•Quando os EUA perderam o norte, acentuando as diferenças sociais?
- desregulação do setor financeiro
- redução da progressividade do sistema tributário
•Temáticas:
- Os mercados não funcionam como deveriam
- O sistema político não corrige as falhas de mercado - O sistema econômico é injusto
Eleição de Ronald Reagan
Desigualdade como causa e consequência
Distribuição de Renda no Mundo
Fonte: UNDP (2005).
20% mais ricos
Consumo de Energia Elétrica per capita por Países
Source: Elaboração Própria com base IEA, 2008.
Distribuição de Renda no Mundo IDH x Consumo de Energia
Fonte: Smil (1994)
Distribuição do Consumo de Energia
Fonte: Smil (1994)
Desigualdade no acesso à energia elétrica. As restrições são ilustradas pelo cotidiano das populações mais vulneráveis, sendo:
“Elas [as fábricas] utilizam tanta água e nós mal dispomos de quantidade suficiente para as nossas necessidades básicas, já para não falar na rega das nossas colheitas.”
Gopal Gujur, agricultor, Rajastão, Índia (UNDP, 2006)
“A narina fica preta com querosene. Agente fica muito isolado sem energia elétrica.”
Célio Nunes, agricultor, Acre, Brasil (PEREIRA & SENA, 2009)
Residência no Acre sem E.E. - Brasil
Fonte: Arquivo pessoal
Participação Global da Energia Utilizada –(1700-1990)
Fonte: Huber (2009)
• A desigualdade de renda incorre na desigualdade, no mundo, no acesso à energia elétrica e demais fontes modernas de energia. Quando 62 pessoas em 2015 (Oxfam, 2015) concentram 50% da riqueza do mundo, indubitavelmente há que se questionar o processo histórico de formação de riqueza, que está associado ao uso de combustíveis fósseis, não se restringindo a questão da equidade, mas também pelo princípio de justiça entre gerações.
Emissão Acumulada – CO2 (Excluindo o uso da terra)
Fonte: Pereira, Silva & Freitas (2017).
• Ainda que se ponderem as incertezas sobre a contabilidade das emissões históricas, esta discrepância entre países descortina de forma objetiva a questão das responsabilidades, trazendo à tona que os efeitos decorrentes das mudanças climáticas são globais, no entanto, seus causadores são restritos a um pequeno número de países.
• O princípio moral que se aplica ao futuro, quando se aborda os direitos das próximas gerações, deve ser estendido ao passado.
Emissão Acumulada dos Principais Emissores – CO2 (Excluindo o uso da terra)
Fonte: Pereira, Silva & Freitas (2017).
• Em seu tempo, ignorava-se o fato de que isso causaria danos ambientais.
Ainda assim, a geração presente deve internalizar essas consequências, não é moralmente aceitável transferir este ônus para os tempos que virão. Sendo assim, há que definir quem, na geração atual, pagará mais e menos por aquilo que foi provocado por seus antepassados
Desequilíbrios Econômicos e Ambientais no Mundo
Fonte: UNDP (2005).
Concentração de CO2
PIB
Investimento externo Espécies em
extinção
Deformação das Prioridades no Mundo
Fonte: Human development Report, (1998).
Nota: * Estimativa de custo anual adicional para alcançar o acesso aos serviços sociais básicos em todos os países em desenvolvimento.
• Segundo Zygmunt Bauman (2013):
“O mal não está confinado às guerras ou às ideologias totalitárias.
Hoje ele se revela com mais frequência quando deixamos de reagir ao sofrimento de outra pessoa, quando nos recusamos a
compreender os outros.
Um desvio de olhar é suficiente para não reconhecermos os dilemas humanos? Cegueira moral?
•Segundo Zygmunt Bauman (2013):
“O mal existe como realidade independente e paralela, e não como uma insuficiência do bem”.
•Adiaforização (exclusão do domínio da avaliação moral) como modelo padrão da relação consumidor-mercadoria, e sua eficácia se baseia no transplante desses padrões para as relações humanas (relações pessoais de consumo).
Rejeição e descarte tendem a se tornar mais frequentes a medida que se exaure com mais rapidez a capacidade de satisfazer e de continuar
desejáveis
• Segundo Platão:
“Ninguém deveria ser quatro vezes mais rico do que o membro mais pobre da sociedade”
•Este argumento incorpora a ideia entre a distância entre os ricos e pobres possui importância e pode ser motivo de agir, mesmo quando não haja nenhum ganho para os pobres (não Pareto Eficiente);
•A proporção das diferenças tem um efeito profundo sobre a natureza de
nossa sociedade. Importa muito o fato de algumas pessoas poderem comprar passagens para viajar ao espaço enquanto outros fazem fila em banco de alimentos.
• Apesar dos avanços, a concentração de renda ainda permanece, sendo mais acentuadas em países como a África do Sul (0.6338) e o Brasil (0.5790),
observando que quanto mais próximo o coeficiente de Gini estiver de 1, maior é a concentração de renda.
•Neste contexto, Stiglitz (2012) afirma:
“A desigualdade custa muito caro. O preço da desigualdade é a deterioração da economia, que se torna menos estável e menos eficiente, com menos crescimento, e com a subversão da
democracia. A grande e crescente divisão entre o 1% mais rico e “os outros 99%” não é apenas uma de muitas preocupações, mas a característica definidora de uma economia completamente doente.”
•
Obrigado!
Prof. Marcio Giannini
Contato: marciogiannini@hotmail.com