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ANDERSON LUIZ DA SILVA

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE COMUNICAÇÃO E ARTE DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

ANDERSON LUIZ DA SILVA

O JORNALISTA EM PERFORMANCE NO INSTAGRAM:

UMA ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS DE EVARISTO COSTA

2019 CUIABÁ

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ANDERSON LUIZ DA SILVA

O JORNALISTA EM PERFORMANCE NO INSTAGRAM:

UMA ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS DE EVARISTO COSTA

Trabalho apresentado à banca examinadora da Universidade Federal de Mato Grosso como requisito para a obtenção do título de bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, sob a orientação da professora Drª Tamires Ferreira Coêlho.

CUIABÁ 2019

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“Eu sou dura, ambiciosa, e eu sei exatamente o que eu quero.

Se isso faz de mim uma puta, ok.”

Madonna

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AGRADECIMENTOS

Dedico este trabalho em primeiro lugar à minha avó e ao meu avô, que já não estão mais comigo, mas me ensinaram a ser determinado e a ter forças para superar todos os momentos difíceis com que eu me deparei ao longo da minha vida e nesta graduação.

Também o dedico a minha mãe Nilva, por ser essencial na minha vida e me apoiar independentemente das minhas escolhas, sempre visando a minha felicidade, como também a toda minha família e amigos por me incentivarem a ser uma pessoa melhor e a buscar os meus sonhos.

Agradeço ao meu namorado que foi a base estrutural para que eu pudesse concluir este meu trabalho. Também sou profundamente grato pela confiança depositada na minha proposta de projeto pela minha orientadora Tamires Coêlho. Obrigado por me manter motivado durante todo o processo, por me mostrar que o meu trabalho tinha potência e relevância, além de toda a paciência durante esse processo.

Por último, quero agradecer também à Universidade Federal de Mato Grosso, a todo o seu corpo docente e à cidade de Cuiabá, onde fui completamente acolhido e coberto por oportunidades.

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RESUMO

O uso das redes sociais por jornalistas e sua performance nas plataformas se relacionam com o vínculo que o profissional gera com o público. Consideramos o jornalista como um sujeito que transforma sua performance no Instagram em uma estratégia para alavancar sua popularidade e celebrizar ainda mais sua profissão. Este trabalho focou em identificar as estratégias usadas pelo jornalista Evaristo Costa na rede social online Instagram. Evaristo era âncora do Jornal Hoje da emissora Globo de televisão no período da análise, de janeiro a junho de 2017. A interpretação do material coletado se deu a partir do conceito de performance. De acordo com as análises, o jornalista faz uso de uma comunicação padronizada, podendo-se encontrar memes, virais, testes, selfies e temas do cotidiano. O jornalista, ao relacionar o uso do Instagram à sua profissão e ao seu trabalho, torna sua atuação na rede social um trabalho imaterial, que impacta no capital simbólico pessoal e profissional.

Palavras-chave: Jornalismo; Redes Sociais; Instagram; Performance; Evaristo Costa.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO... 7

2. CULTURA DO AUDIOVISUAL ... 11

2.1 O Ciberespaço e suas linguagens ... 13

2.2 Redes Sociais Online ... 15

2.3 Instagram ... 17

3. DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO COMUNICACIONAL E MÍDIAS DIGITAIS... 18

4. AS PRÁTICAS SOCIAIS E O SMARTPHONE ... 22

4.1 Relação da Imagem com o Smartphone ... 30

4.2 Selfie ... 31

4.3 Memes ... 33

5. METODOLOGIA ... 35

5.1 Quem é Evaristo Costa ... 35

5.2 Performance como Eixo Metodológico... 36

6. EVARISTO COSTA EM PERFORMANCE NO INSTAGRAM ... 41

6.1 O eu narrador no Instagram de Evaristo Costa ... 41

6.2 O eu real no Instagram de Evaristo Costa ... 48

6.3 O eu espetacular no Instagram de Evaristo Costa ... 53

6.4 Selfie no Instagram de Evaristo Costa ... 61

6.5 O Meme no Instagram de Evaristo Costa ... 65

6.6. A Performance no Instagram como Trabalho Imaterial e Elemento Olimpiano ... 68

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 71

REFERÊNCIAS ... 75

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente há muita especulação sobre o papel do jornalista diante de uma realidade voltada às redes sociais. Discutiremos a performance nas redes sociais como um objeto de estudo importante para o campo da Comunicação, diante das possibilidades que a internet oferece na propagação de informações, e, além disso, partindo de como o jornalista se coloca no meio dessa realidade onde a maioria das pessoas estão conectadas. O desenvolvimento tecnológico impactou diversas vezes na rotina da produção jornalística desde o surgimento da TV, dos computadores até o do smartphone como o conhecemos.

A apuração de uma notícia nos anos 60, quando só existia o impresso e poucas televisões, se dava através do deslocamento do jornalista até o local do fato ou ao local onde estava o entrevistado. Para reunir informações era necessário se deslocar. A distribuição da notícia não era algo tão instantâneo como é hoje, a impressão levava alguns dias, sua distribuição mais ainda. O desenvolvimento do jornalismo na televisão trouxe uma maior rapidez à apresentação dos fatos, mas foi no surgimento das tecnologias relacionadas ao computador, ao celular e à internet que a troca de informações, bem como a apuração e a distribuição de notícias ficou mais rápida. Hoje, a internet está intensamente ligada tanto ao processo de apuração da notícia, como à sua distribuição.

Com a evolução das tecnologias comunicacionais e o surgimento das redes sociais virtuais, o jornalismo, assim como o jornalista, teve que se adequar a esse cenário, onde o fazer jornalismo ganhou novos horizontes. O surgimento de novas técnicas de comunicação possibilitou que o jornalista desenvolvesse sua performance nas redes sociais virtuais, sendo este tema nosso foco.

Antes do surgimento do Smartphone como o conhecemos hoje, por volta de 1991, e da sua inserção no jornalismo, essa profissão era marcada por uma estética engessada e padronizada: seguia a mesma estrutura ao dar uma notícia, algo objetivo e sério, sendo o referencial daquela época. Hoje, na internet, o jornalismo perdeu um pouco desse enrijecimento e se tornou uma área mais versátil, tornando as notícias mais ricas com fotografias, vídeos e áudios. Além disso, o entretenimento recebeu um pouco mais de atenção por parte do jornalismo. Essas mudanças atingiram vários setores, como a televisão, que ganhou reportagens de entretenimento. E, nas redes sociais virtuais, alguns jornalistas começaram a trazer à tona alguns poucos detalhes dos bastidores dessa profissão.

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A respeito deste tema, este trabalho analisa a performance do jornalista Evaristo Costa na rede social virtual Instagram1 e como essa performance se articula a estratégias para interação com seu público a fim de se obter um vínculo afetivo. Assim, vamos identificar as estratégias articuladas à sua atuação profissional, construídas pelo jornalista, como também descrevê-las e analisá-las, contextualizando o quê e como foi implementado, no período de janeiro a junho de 2017.

Sendo âncora de telejornal por um longo período, o jornalista que, em junho de 2019, foi contratado pela CNN Brasil, trouxe para o seu trabalho um pouco mais de humor, mostrando algumas cenas do que o jornalista passa por trás das câmeras durante seu trabalho prestado na rede de televisão Globo, algo que a TV já fez, mas desta vez produzidas pelo próprio jornalista com uma grande visibilidade na rede social online.

Smartphone é um dispositivo capaz de convergir em sua tela impressos, a TV, o computador, o celular e várias outras funcionalidades. Hoje, com um Smartphone é possível produzir um filme, um ensaio fotográfico, scanear documentos, fazer transferências bancárias, fazer compras e acompanhar a vida de milhares de pessoas. E é preciso lembrar que o jornalismo absorveu muitos desses avanços para seu aprimoramento e eficácia, se tornando um convergente de mídias (JENKINS, 2009).

Por convergência, refiro-me ao fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam. (JENKINS, 2009, p. 29).

As redes sociais virtuais estão dentro desse avanço. No Brasil, até janeiro de 2019, segundo a pesquisa “Global Digital 2019” do site DataReportal – Global Digital Insights, o número de brasileiros ativos em rede social era de 140 milhões aproximadamente, que correspondem a 66% da população total do país (DATAREPORTAL, 2019). Como já mencionado, nosso estudo neste trabalho baseia-se na rede social virtual Instagram. Ainda segundo o site Statista (2019), o Brasil é apenas o segundo colocado pela quantidade de usuários da rede social virtual Instagram, ficando atrás do Estados Unidos com aproximadamente 130 milhões de usuários em junho de 2018, já noBrasil não foi possível encontrar o número total de usuários ativos do Instagram. Entretanto, o Instagram é quarta rede social mais usada no Brasil segundo o Global Digital 2019 (STATISTA, 2019) e, segundo dados de março de 2018

1 Rede com 1 bilhão de usuários até junho de 2018 segundo o site alemão de estatística Statista.

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do site brasileiro de pesquisa de mercado Opinion Box (2018), no Brasil, cerca de 25% dos internautas entrevistados de um total de 2538, ou seja, aproximadamente 635 pessoas, usam o Instagram.

O site Statista ainda mostra que o Instagram Stories, funcionalidade do aplicativo que permite a veiculação de fotos e vídeos instantâneos que permanecem na rede por até 24 horas, estava com 500 milhões de usuários em todo o mundo até janeiro de 2019. Com base nestas informações e nas observações de tantos jornalistas que dessa plataforma se utilizam, essa rede social virtual se torna um ambiente relevante para se observar a performance de um jornalista.

Uma breve observação do Instagram de Evaristo Costa deixa perceptível uma intensa interação do jornalista com seus seguidores através de curtidas e, principalmente, de comentários. Um resultado do sucesso dessa interação é o surgimento de notícias sobre o jornalista, muitas vezes relacionando seu perfil na rede social. No decorrer deste trabalho partiremos para uma observação mais profunda dessas interações.

Portanto, neste trabalho trataremos do desenvolvimento do audiovisual em relação ao ser humano, do desenvolvimento tecnológico comunicacional às mídias digitais, assim como o uso do smartphone e sua transformação no campo do comportamento humano, se tornando uma prática social. Será abordada também a trajetória de Evaristo Costa como um jornalista de grande audiência na TV e nas redes sociais, além de suas maneiras de lidar com seus seguidores e de quais modos e/ou estratégias se utilizava e utiliza até os dias de hoje para produzir efeitos de comoção, interação e aproximação.

No capítulo 2, trataremos da cultura do audiovisual, trazendo o surgimento e a popularização da arte e do vídeo. Abordamos como essa ferramenta baseada completamente na imagem ganhou espaço nas mais variadas plataformas e no cotidiano das pessoas. E, a partir disso, como as redes sociais assumiram um importante papel dentro desta cultura. O surgimento do ciberespaço e das redes sociais impactou consideravelmente na busca pela imagem e pelo vídeo.

No capítulo 3 vamos abordar o desenvolvimento tecnológico, desde a televisão até os microcomputadores e smartphones como os conhecemos hoje. A chegada do microcomputador na área jornalística modificou fortemente a rotina do profissional, assim como o smartphone, que otimizou o tempo. No capítulo 4, vamos tratar do conceito de smartphone e como seu uso se configura como prática social, também discutiremos a relação da imagem com o smartphone como processo primordial para o estudo que buscamos com esse trabalho, pois a imagem neste dispositivo é a base dos selfies e memes, que também conceituaremos.

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A partir do capítulo 5, entraremos nos eixos metodológicos deste trabalho.

Introduziremos quem é o jornalista pesquisado e discorreremos sobre o conceito de performance. Já no capítulo 6 faremos a análise da performance de Evaristo Costa na rede social online Instagram. As categorias de análise se baseiam nas categorias de performance conceituadas por Paula Sibilia (2008) e pelos conceitos discutidos neste trabalho de selfie e meme. Terminamos esse capítulo metodológico com a articulação com o conceito de trabalho imaterial, proposto por Lazzaratto e Negri (2001). Ao todo, analisamos 19 publicações.

Finalmente, o capítulo 7 se reserva às considerações finais deste trabalho, com as descobertas e insights obtidos durante o processo.

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2. CULTURA DO AUDIOVISUAL

O audiovisual se tornou o tipo de produto cultural mais consumido no nosso cotidiano atualmente. Vemos isso através das audiências que o Youtube e a TV alcançam. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), só no Brasil o Youtube é a rede social virtual mais utilizada. Outra base para o fato de o audiovisual ser um produto de grande popularidade, é o lançamento corrente de várias plataformas streaming2 de produções audiovisuais, como a Netflix, e outros que estão surgindo atualmente, como: Amazon Prime Video, Apple TV, e, até o Youtube lançou seu streaming de produções audiovisuais, o Youtube Originals. A corrida dessas grandes empresas por implementar streamings de vídeo para a sociedade só confirma que há demanda para esse consumo.

Segundo descrevem Ramos e Bueno (2001), no final do século XX, houve uma enorme transformação das produções culturais como uma das principais economias mundiais, principalmente nos países ricos.

A consolidação da cultura como um campo econômico foi um trabalho que envolveu políticas culturais, alterações nas legislações, criação de novos mecanismos fiscais e, sobretudo, aplicação de um volume de capitais considerável (RAMOS; BUENO, 2001, p. 10).

Nos Estados Unidos havia uma intensa produção cultural na década de 30, e foi então que ocorreu um enorme “surto” da popularização da cultura e das artes nos Estados Unidos, entre eles a indústria cinematográfica e os museus nova-iorquinos. O surto causou proporções internacionais promovendo uma “desterritorialização” da indústria cultural, antes só norte- americana, para todo mundo, que entrou em fluxo com o desenvolvimento tecnológico comunicacional e, assim, constituiu-se o espaço cultural globalizado de hoje. (RAMOS;

BUENO, 2001). Assim, constatamos que o “surto” da circulação de bens culturais e artísticos nos Estados Unidos foi muito importante para que a indústria cultural, sobretudo a audiovisual, fosse popularizada ao redor do mundo.

Mas só foi na década de 70, segundo Ramos e Bueno (2001), que houve uma revolução tecnológica na indústria cultural. A tecnologia de acesso da cultura industrial, considerada “de difícil manipulação e de alto custo”, teve seu desenvolvimento para outras de

2 O conceito de streaming é a transferência de dados na internet, ou seja, é o envio de informações multimídia de servidores para clientes.

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estilo mais doméstico, tornando o receptor um produtor, fazendo com que a cultura audiovisual ultrapassasse as barreiras das grandes gravadoras e estúdios.

Assim,

Nos anos 80 e 90, houve uma ampliação considerável do número de produtores que conseguiram entrar no mercado utilizando a tecnologia doméstica. O campo das artes plásticas também foi afetado, com os artistas incorporando em suas produções os recursos audiovisuais, modificando o próprio universo material do artista plástico. (RAMOS; BUENO, 2001, p. 11).

Diante de um contexto no qual o avanço tecnológico tornou a captação e disseminação do audiovisual mais acessível, toda e qualquer pessoa pode produzir um material audiovisual.

Décadas atrás só era possível ter contato com o audiovisual por meio da TV, do cinema e do rádio, como público, como espectador. Hoje, temos computadores e celulares capazes de fazer incríveis produções com apenas o apertar de um dedo, nos tornando autores ao mesmo tempo em que somos espectadores. Com o avanço da tecnologia sobre as mídias, sobretudo em câmeras, smartphones e filmadoras, e com o avanço das telecomunicações, surgiram vários produtores de conteúdo, um fenômeno que se estende até os dias atuais.

A disseminação em larga escala do audiovisual, assim como da fotografia, fez com que surgisse o espetáculo. Os acontecimentos começaram a ganhar uma grande cobertura, visibilidade e divulgação exagerada, fazendo com que os fatos importantes para a sociedade não fossem tão notados. Esse fenômeno, o espetáculo, foi o pivô para a expansão da globalização (KELLNER, 2006) e contou com a ajuda das redes sociais digitais.

O Youtube é uma rede social online que permite a internautas o compartilhamento de seus próprios vídeos, além de explorar quem ali compartilhou também. Segundo as estatísticas3 de 2019 da própria empresa, o site tem mais de 1,9 bilhão de internautas, quase um terço dos usuários da Internet, e mais da metade das visualizações do YouTube é feita em dispositivos móveis. Em relação a esses dados pode-se presumir o quanto o produto vídeo é consumido, principalmente pelo meio smartphone.

No surgimento das redes sociais, o marketing foi uma das áreas que se desenvolveu dentro delas, por sua facilidade de compartilhamento e liberdade. Desta maneira, muitas pessoas têm se desenvolvido de maneira pessoal dentro dessas redes sociais, num processo de marketing pessoal. Assim, elas conseguem influenciar e reunir milhares de seguidores, recebendo o nome de Influenciadoras Digitais.

3 Dados disponíveis em: https://www.youtube.com/yt/press/pt-BR/statistics.html. Acesso em: 25/06/2019

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A interação na rede mudou, especialmente para os jornalistas. Com o desenvolvimento dos meios de comunicação, os jornalistas começaram a se aventurar nas redes sociais virtuais, com o objetivo de aproximar as pessoas que os seguem e os admiram. Um exemplo disso são alguns perfis no Instagram de jornalistas como os de Evaristo Costa e William Bonner.

Com o crescimento de conteúdos criados pelos internautas, o surgimento da linguagem meme e a ascensão da imagem pessoal como marketing nas redes sociais online, o jornalismo conseguiu se adaptar a cada um desses caminhos. Hoje, temos notícias nas redes sociais, jornalistas que se tornaram Influenciadores Digitais e várias outras adequações.

Também é possível observar, através destes dados, a supervalorização da imagem e não da escrita. É fato a ascensão de aplicativos de imagem como Instagram, Snapchat e também da tecnologia, seus avanços no quesito imagem e vídeo. O ciberespaço não parou de desenvolver novas linguagens, como é o caso de uma nova funcionalidade que surgiu com o Instagram e está tomando conta de todos os aplicativos de seu proprietário, Mark Zuckerberg4: o Stories, funcionalidade multimídia e instantânea, feita para publicar um conteúdo de imagem na rede por até 24 horas ou até enquanto você não a deletar. Desta maneira, vamos buscar entender agora como esse ciberespaço se estabeleceu e de que maneiras surgiram as linguagens que nele se desenvolvem.

2.1 O Ciberespaço e suas linguagens

O ciberespaço é o mundo da internet. É o espaço, como o próprio nome já diz, onde ocorre a comunicação entre os internautas e, por ser o lugar que ocorre essa comunicação, é onde acontece o aperfeiçoamento e o nascimento de novas formas de linguagens.

Esse contexto em que estamos contidos hoje de velocidade da informação, do acesso e das formas de comunicar na sociedade, André Lemos descreve muito bem em seu livro, Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea (2015). “O ciberespaço representa o mais recente desenvolvimento da evolução da linguagem” (p.14), onde relata esse espaço propriamente dito, como uma nova forma de cultura dentro da sociedade, onde estamos ligados e penetrados como a cultura alfabética. (NASCIMENTO;

BRAGANÇA, 2018, p. 85).

Desta maneira, o autor nos coloca que essa nova forma de cultura é um prolongamento da linguagem oral e escrita, não as extinguindo, e que, segundo Lemos (apud NASCIMENTO;

4 Mark Zuckerberg é fundador e proprietário do Facebook. Atualmente ele também tem propriedade sobre o Instagram e WhatsApp.

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BRAGANÇA, p. 85), o ciberespaço é um lugar de liberdade, pois interliga tudo e todos.

Observamos essa ideia como um exagero se comparada à realidade de países, sobretudo do hemisfério Sul. Nos últimos dados divulgados pela Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 20175, observamos que o acesso ao ciberespaço ainda é restrito a algumas regiões e classes sociais. Em 2017, cerca de 25% dos domicílios não tinham acesso à internet. Outro contraponto à ideia de liberdade em relação ao ciberespaço é ter nossos movimentos mediados por algoritmos ao navegar na internet. Por mais que o ciberespaço não esteja ao alcance de todos e não seja tão livre quanto alguns defendam, não podemos ignorar a forte interação que ele gera. Assim, o ciberespaço:

[...] não se configura apenas como uma ambientação, mas sim como um meio de informação de cultura e expressão, onde se podem expressar suas singularidades e, ao mesmo tempo interagir dentro desta ambientação com as mesmas, criando novas pluralidades de relacionamento. (NASCIMENTO;

BRAGANÇA, 2018, p. 86).

A definição de liberdade dada por Lemos, mencionada por Nascimento e Bragança, implica o fato de o internauta produzir conteúdo e compartilhar ideias. Seguindo essa reflexão, podemos pensar na atualidade e encontrar vários perfis no Instagram, por exemplo, que se tornaram famosos pelo conteúdo que produzem ou por alguma moda que lançam.

Esse fato de o internauta também ser um sujeito ativo online, faz com que possamos refletir sobre o termo interatividade. De acordo com Nascimento e Bragança, é um termo discutido já há muito tempo, levando em questão as cartas, os jornais, conversas telefônicas, a TV, entre outros. Já com a chegada dos computadores, algumas mudanças ocorreram.

Com a interação mediada por computadores, o ciberespaço possibilitou um novo contexto da convenção na rede, e passa a ser oralizada, as noções de espaço começaram a ser “quebradas” e o surgimento de novas ferramentas capaz de medir as interações humanas possibilitou a expressividade e a sociabilização com um, ou vários tipos de relações dentro de uma estrutura social, onde essas novas ferramentas passaram a medir nossos rastros, por ser uma ligação social e sobretudo as diversas mudanças para a sociedade em suas estruturas sociais, que parte de pessoas e também que atores pudessem construir-se interagindo e comunicando-se com outros atores, assim a rede é constituída, de pessoas (pessoas, grupos, laços socias), e conexões (interação ou laços sociais). (NASCIMENTO; BRAGANÇA, 2018, p. 88).

5 Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de- noticias/releases/23445-pnad-continua-tic-2017-internet-chega-a-tres-em-cada-quatro-domicilios-do-pais.

Acesso em: 22/06/2019.

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Assim, chegamos às redes sociais na internet, onde há interação, geração de vínculos, troca de ideias, mudando as formas e os meios de se comunicar.

2.2 Redes Sociais Online

As redes sociais da internet se baseiam na estrutura social, que só existe com atores, nós e que não pode nos isolar ou isolar essas conexões, segundo Nascimento e Bragança (2018, p. 88). Nas redes sociais, os indivíduos expressam sua personalidade, compartilhando seus gostos, experiências, preferências, opiniões e valores, sendo também possível através delas a constituição de laços sociais, conectando pessoas ao proporcionar a comunicação. Assim:

O surgimento de um novo sistema eletrônico de comunicação caracterizado pelo seu alcance global, integração de todos os meios de comunicação e interatividade potencial, está mudando e mudará para sempre nossa cultura.

(CASTELLS, 1999, p. 414).

Então, as redes sociais online implicam diretamente o sistema descrito por Castells, por possuírem um alto índice de integração e interatividade de seus atores. Boyd e Ellison (2007) conceituam as redes sociais online como uma rede que permite a construção de um perfil, público ou não, restringido por um sistema, implicando uma lista de contatos em que é possível uma conexão, possibilitando a visualização e a navegação de seus atores.

Dentre as redes sociais online mais usadas atualmente no mundo estão o Facebook, o WhatsApp, o Twitter, o Instagram e o Youtube. Segundo dados divulgados pela pesquisa da Global Digital 2019, as 10 redes sociais mais usadas no Brasil são: YouTube, Facebook, WhatsApp, Instagram, Facebook Messenger, Twitter, LinkedIn, Pinterest, Skype e Snapchat.

Assim, a rede social mais usada no Brasil é o Youtube, deixando o Instagram em quarto lugar.

O Youtube é uma plataforma de vídeo streaming, o que pode justificar sua colocação no Ranking. O Facebook agrega uma série de funcionalidades como fotos, vídeos, mensagens, lembranças e notícias. O WhatsApp é um software disponível para diversos tipos de smartphones, utilizado essencialmente para troca de mensagens de texto instantaneamente, além de vídeos, fotos e áudios através de uma conexão à internet, e sua distinção para com os outros aplicativos de comunicação é sua política de privacidade sobre as mensagens que seus usuários trocam. O site6 do aplicativo afirma que as mensagens são de quem as emite, não sendo de acesso para mais ninguém, nem para a própria empresa. Segundo eles, foi implementada

6 Disponível em: https://www.whatsapp.com/legal/?lang=pt_br#key-updates. Acesso em 26/06/2019.

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uma criptografia de ponta a ponta e outras ferramentas de segurança. O WhatsApp afirma que não mantém as mensagens dos usuários após o envio das mesmas. Da maneira que elas estão criptografadas, a própria empresa e terceiros não podem lê-las de maneira alguma.

Entretanto, as redes sociais entram em contraponto com a ideia de liberdade que a cibercultura nos tenta transmitir. Fuchs (2015) afirma que as mídias sociais deixaram a distinção entre vida privada e vida pública mais “porosa”, pois existem atividades que executamos nas mídias de teor pessoal, como ler algum artigo, fazer uma ligação, ou de teor público como mandar e-mails de trabalho e estudar. Em seu artigo “Mídias Sociais e a Esfera Pública”, Christian Fuchs nos coloca o exemplo de veículos de transporte coletivo. Neste caso, “a mídia inclui ferramentas que permitem aos passageiros usar o tempo de transporte tanto para o trabalho quanto o lazer, em locais de mobilidade; são tecnologias líquidas para a organização do tempo e do espaço” (FUCHS, 2015). Assim, Fuchs afirma que o Facebook é uma dessas ferramentas que faz a liquefação de limites através da socialidade integrada, que é a agência neste ambiente usando da cognição, comunicação e cooperação, e dos papéis sociais integrados, que é o fato de os usuários do Facebook estarem ali desenvolvendo vários papéis: amigo, consumidor, trabalhador etc. Assim, o Facebook funciona como espaço de convergência de todos esses dados e papéis em um só lugar.

O comportamento do usuário envolve dados privados e preferências pessoais de acesso em sua conta na rede social como: seguir, curtir e comentar, comidas, celebridades, estilos de roupa, visão política etc. Estes dados, através de um algoritmo, são convertidos em produtos para serem “vendidos para anunciantes que queiram direcionar seus anúncios para os usuários”

(FUCHS, 2015).

Ainda segundo Fuchs (2015), o Instagram, ao transformar os dados de usuários em bens, se legitima com a ajuda das políticas de privacidade.

Nós podemos compartilhar o Conteúdo do Usuário e suas informações (incluindo, entre outras, informações de cookies, arquivos de log, identificadores de dispositivo, dados de localização e dados de uso) com empresas que façam parte legalmente do mesmo grupo de empresas do qual o Instagram é parte ou que se tornem parte deste grupo ("Afiliadas"). As Afiliadas podem usar essas informações para ajudar a fornecer, entender e aprimorar o Serviço (incluindo o fornecimento de análises) e os próprios serviços das Afiliadas (incluindo o fornecimento a você de experiências melhores e mais relevantes). Contudo, essas Afiliadas respeitarão as escolhas feitas por você sobre quem pode ver suas fotos. (Política de Privacidade do Instagram, versão de 01 de novembro de 2017)7.

7 Disponível em: https://www.facebook.com/help/instagram/402411646841720. Acesso em 02/08/2019.

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Não menos importante, o Instagram está em quarto lugar, e é baseado no compartilhamento de fotografias e vídeos, sendo o nosso foco neste trabalho, como será visto a seguir.

2.3 Instagram

A rede social online Instagram se baseia em um álbum de fotografias e vídeos. É, assim, um site de rede social (SRS). De acordo com as pesquisadoras norte-americanas Danah Boyd e Nicole Ellison, os sites de redes sociais se baseiam em

serviços baseados na web que permitem aos indivíduos construírem um perfil público ou semipúblico dentro de um sistema restrito, articularem uma lista de outros usuários com quem eles compartilham uma conexão e olharem e cruzarem sua lista de conexões e aquelas feitas por outros dentro do sistema.

(BOYD; ELLISON, 2007, p. 211).

Baseia-se no Instagram o compartilhamento de imagens e vídeos com a possibilidade de aplicação de filtros sobre eles. Foi lançado em 6 de outubro de 2010, ganhando popularidade rapidamente, chegando a mais de 100 milhões de usuários em 2012. Criado pelos engenheiros Kevin Systrom e Mike Krieger (brasileiro), o conceito da criação por trás do aplicativo, segundo eles, era de resgatar a nostalgia das fotos clássicas e do instantâneo como nas Polaroids (PIZA, 2012).

Segundo dados do site8 do próprio aplicativo, o Instagram tem mais de 1 bilhão de usuários ativos mensais, sendo 500 milhões ativos todos os dias. E mais de 500 milhões de usuários usam o Stories todos os dias. Ainda segundo a empresa9, até março de 2019, mais de 50 bilhões de fotografias foram compartilhadas. O site Mobile Monkey relata que a rede social online está crescendo 5 vezes mais rápido que o uso geral de redes sociais nos Estados Unidos, chegando a 300% nos últimos dois anos.

Portanto, o site de rede social online Instagram se torna um objeto de suma importância para a pesquisa deste trabalho, que traz como tema a performance do jornalista na rede social.

Sua audiência, popularidade e carga imagética fazem dele uma base de dados com rico material para estudo da performance humana.

8 Disponível em: https://business.instagram.com/. Acesso: 05/08/2019.

9 Disponível em: instagram-press.com. Acesso: 06/08/2019

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3. DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO COMUNICACIONAL E MÍDIAS DIGITAIS

Um jornalista da década de 70 não poderia imaginar que poderia imprimir milhares ou milhões de exemplares de uma notícia em minutos, ou que poderia simplesmente editar um erro apertando um botão. A tecnologia de produção de mídia, principalmente no campo da Comunicação, deu um salto gigantesco a partir das últimas três décadas do século XX.

Segundo Abreu (2002), até os anos 50, os veículos de comunicação que detinham o monopólio no Brasil eram as rádios e os impressos e, após isso, chegou a televisão, e a primeira emissora do país e da América Latina foi a TV Tupi, de propriedade de Assis Chateaubriand, que foi inaugurada em setembro de 1950. Com o crescimento industrial, surgiu a necessidade de se fazerem propagandas. Elas começaram a ser veiculadas em jornais, que, com o tempo, passaram a ser até 80% da receita de um jornal por volta dos anos 60.

Foi exatamente a partir daí, no segundo governo Vargas (1950- 1954), que o processo de industrialização do país se tornou mais visível e, no governo Juscelino Kubitschek (1956- 1960), mais acelerado e irreversível. Com a maior diversificação da atividade produtiva trazida pela indústria, começaram os investimentos de peso em propaganda e surgiram as primeiras agências de publicidade. Era preciso, agora, anunciar produtos alimentícios e agrícolas.

Em pouco tempo, os jornais passaram a obter 80% de sua receita dos anúncios.

(ABREU, 2002, p. 9).

A televisão, trazendo a propagação e distribuição do vídeo, teve sua participação na popularização da imagem do jornalista. Então, começou a se aprofundar a imagem do jornalista, trazendo a ele prestígio e reconhecimento.

Ainda nos anos 50, e tratando do desenvolvimento tecnológico comunicacional, surgiu o computador. Segundo Briggs e Birke (2006), os computadores surgiram para propósitos de guerra. No Brasil, segundo o site da Universidade Federal de Pará (UFPA, 2017), em 1972 tivemos a construção de um computador de estrutura de computação clássica com o nome de

"Patinho Feio". Seu tamanho era descomunal, com o “peso de 100 quilos, um metro de comprimento, um metro de altura e 80 centímetros de largura”. Já em 1972, se construiu o primeiro grande computador do país que foi chamado de “Cisne Branco”, para o uso da marinha. Em 1979 surgiram a linha dos ZX-80, um computador pequeno e barato. Ainda segundo o site da UFPA, em 1984 foi lançado no Brasil o MSX, o primeiro computador doméstico que se tornou popular no país.

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“[...] foi na virada da década de 80, com a invenção da World Wide Web (WWW) pelo físico inglês Tim Berners-Lee, que se iniciou o boom da Internet...” (MURAD, 1999). Já a prática do jornalismo na Web iniciou-se nos Estados Unidos e data do final da década de 80.

(GONÇALVES, 1996, p. 4).

Em 1989 eram apenas 42 os jornais online. A explosão do número dos portadores de computadores com acesso à rede em meados dos anos 90 viabiliza a ampliação dessa linha de atuação. Em 1994 se estimava que havia 38 milhões de usuários da Internet e que o número cresceria para 56 milhões até o final de 95. A projeção era de que outros 200 milhões de usuários ingressariam na rede até 1999. Com esses números impressionantes, muda a relação com um mercado, então tratado, como um simples nicho, e mais explorado em caráter experimental pelas agências de notícias do que pelos jornais. O cenário começa a sofrer modificações, através do lançamento das versões on-line de vários jornais impressos. (GONÇALVES, 1996, p. 4).

Ainda de acordo com Gonçalves, no Brasil, os grandes jornais como o Jornal do Brasil, Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo entraram em um processo de informatização em 1995 com suas páginas registradas na WWW. As máquinas de escrever deram espaço para os computadores.

De acordo com Santos, Neto e Conceição (2009, p. 5):

Na época que as redações foram informatizadas houve muitas demissões de jornalistas, e havia receio dos jornalistas a respeito das novas tecnologias.

Conforme os anos o jornalista foi obrigado a acompanhar as tendências das tecnologias da informação, a partir desse entrosamento entre os programas de computador e o jornalista, nasceram novos profissionais.

Esses novos profissionais, os jornalistas, estão acompanhando as tendências até hoje.

O espaço ocupado pelos jornalistas não só chegou às mídias digitais, como também a espaços constituintes dessas mídias, como as redes sociais virtuais, que ganharam cada vez mais notoriedade e adeptos da área jornalística.

Evaristo Costa é um exímio exemplo desse caso, que, com carisma e com a ajuda do processo de popularização que a televisão trouxe a ele, hoje é um dos jornalistas mais seguidos da rede social Instagram. Entretanto, um fator significante e que facilitou a conquista das redes sociais foi o surgimento e a popularização do Smartphone. Aparelhos de celular com tecnologia comparável a um computador.

O primeiro telefone móvel (celular) comercial foi inventado em 1983 e pesava aproximadamente 1 kg. Tinha um custo elevado, permitindo que só os mais ricos o tivessem (MANTOVANI, 2005, p. 3). Com a evolução da tecnologia comunicacional, surgiu o primeiro

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smartphone em 1992 (UCEL, 2009 apud OLIVEIRA; UBAL; CORSO, 2014, p. 2). Suas características distintas do celular são o acesso à internet, portar sistema operacional que varia dependendo da marca, capacidade de armazenamento de dados maior, assim como também na produção e armazenamento de arquivos multimídia, como fotos, vídeos e músicas.

Smartphone, do inglês, como o próprio nome já diz, significa telefone inteligente. É um telefone celular, mas com recursos comparados aos de um microcomputador. Carregando um sistema operacional, hoje, no mercado brasileiro, três sistemas dominam o mercado: o IOS, o ANDROID e Windows Phone. Quando o usuário compra um smartphone, o aparelho já vem com um sistema operacional, sendo impossível trocá-lo. Nesses sistemas são desenvolvidos

“Apps” (Applications), softwares que realizam as mais diversas tarefas, entre elas: player de áudio, gravação e edição de vídeo e áudio, fotografar e editar imagens, GPS, redes sociais, programas de mensagens instantâneas etc. O hardware desses aparelhos é caracterizado por possuir telas para visualização de vídeo e fotos, além de fones de ouvido para ouvir conteúdo multimídia. Os aparelhos de ponta executam as atividades de captura e reprodução de informações em diversos formatos com qualidade profissional.

O smartphone é só um dentro de um leque de dispositivos que se enquadram nas mídias digitais. Mídia digital “seria o espaço que comporta os meios de comunicação que se utilizam da linguagem binária da informática” (PERNISA JR, 2002, p.175), sendo composta por informações que podem estar em uma mescla de áudio, vídeo e imagem. O termo também é conceituado a partir de tudo que aparece em telas de dispositivos como computador, tablet e smartphones.

Pela linha de pensamento de Carlos Pernisa Jr, as mídias digitais são pensadas de maneira plural porque implicam um conjunto de meios.

[...] a mídia digital é algo já intrinsecamente plural. Isso leva a pensar nos casos mais específicos de meios que são tratados hoje como espaços novos da comunicação, como a rede mundial de computadores – Internet – e todas as suas ramificações – intranets e extranets –, os CD-ROMs e os DVD-ROMs, mais recentes. Todos estes meios utilizam-se da pluralidade como suporte: o som, a imagem e o texto. (PERNISA JR., 2002, p. 175-186).

Assim, esse conceito de mídias digitais o descreve como uma linguagem plural, lugar onde os suportes de imagem, som e vídeo podem aparecer simultaneamente, ou seja, uma interconexão multimídia. Pernisa Júnior, em 2002, baseando-se nos pensamentos de Pierre Lévy, abordou as possibilidades de surgimento de novas linguagens e de um novo meio que iria se consolidar através da interconexão multimídia. A descrição dessas possibilidades entra em

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grande relação com o que temos hoje quando nos deparamos com GIFs10 e memes11, nos seus mais variados formatos12.

Já segundo Martino (2014, p.24), a informação é o principal conceito de mídias digitais. Ele explica que informação é sinônimo de dado novo, algo de inédito que surge. O autor exemplifica com um sistema de informação, o qual ele faz referência sob a linha de pensamento de Umberto Eco.

Baseadas nas reflexões acima, podemos pensar que Mídias Digitais, então, é toda e qualquer informação que seja transmitida via áudio, vídeo ou imagem virtualmente. Não é o meio, é o formato em que se propagam e, consequentemente, por qual meio se propagam. Se temos uma informação digital, ela consequentemente irá ser propagada por um meio digital.

Em relação a esse conceito, temos o smartphone que se coloca como figura central desta pesquisa e que implica diretamente o conceito de mídias digitais, pois é um dispositivo tecnológico que tem como uma de suas principais características compartilhar informações de maneira também multimídia. Sua capacidade de compartilhamento e produção multimídia facilitou sua rápida popularização. Hoje é muito difícil encontrar alguém sem um celular smartphone.

Como veremos no próximo tópico, o uso do smartphone para acesso às redes sociais no mundo e no Brasil atualmente é frequente. Essa realidade faz das redes sociais virtuais um sucesso, principalmente o Instagram. Considerando que os jornalistas são o nosso principal foco neste trabalho em relação à sua performance na rede social Instagram, há que se abordar o uso do smartphone como prática social, como veremos a seguir.

10 GIF – Do inglês “Graphics Interchange Format”, traduzido como formato de intercâmbio de gráficos. Trata-se de um formato de imagem da Internet lançado em 1987 para disponibilizar um formato de imagem com cores.

11 O meme se descreve como um vídeo, frase, imagem, expressão etc. Geralmente é copiado e compartilhado rapidamente na Internet por muitas pessoas. O meme normalmente é de teor humorístico, satírico, para zombar uma pessoa ou situação.

12 Formato, ou seja, vídeo, áudio, imagem GIF, JPEG ou outro qualquer tipo.

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4. AS PRÁTICAS SOCIAIS E O SMARTPHONE

Toda sociedade possui uma cultura, um conjunto de costumes e tradições que são passados de geração em geração e vão morrendo e/ou se adaptando conforme o tempo avança.

Baseada nos conceitos de McLuhan, Santaella (2003 apud NASCIMENTO; BRAGANÇA, 2018, p. 84) compreende que a passagem de uma cultura a outra, no contexto atual, fez e está fazendo com que os meios de comunicação entrem em constante transformação sociocultural.

Assim, Santaella divide essas transformações em cultura oral: conhecimentos passados de geração para geração, mas guardados na memória; cultura escrita: a cultura passa a ser lida, relida e corrigida, a memória passa a ser eternizada; a cultura impressa: que é a impressão sobre o papel; a cultura de massa: uma sociedade que surge junto com a revolução industrial e com o senso de coletivo; e a cultura das mídias: a sociedade deixa de absorver tudo passivamente e passa a ter poder de escolha, como o controle remoto e a TV fechada (SANTAELLA, 2003 apud NASCIMENTO; BRAGANÇA, 2018).

Conforme Nascimento e Bragança:

Podemos dizer que a cultura das mídias é uma cultura disponível, e a cultura digital: é a interatividade do homem com a “máquina”, a individualização da mensagem e da informática, possibilita a disseminação de todos e para todos, podemos também chama-la de cultura do acesso. (NASCIMENTO;

BRAGANÇA, 2018, p. 84).

Assim, o smartphone se encaixa nesta cultura do acesso ou cultura digital, local que Santaella (apud NASCIMENTO; BRAGANÇA, 2018, p. 85) trata como uma cultura que há novos meios de comunicação e informação personalizada, o ciberespaço, pois é um dispositivo que dá ao indivíduo autonomia para produzir, escolher e distribuir conteúdo. O indivíduo está inserido em uma sociedade que cria, aprende e reproduz comportamentos, tornando-os práticas sociais que compõem a cultura. A partir dessa reflexão, inserimos o smartphone neste contexto.

Desde quando surgiu, em 1992, o smartphone foi a cada ano ganhando mais funcionalidades, desenvolvendo suas capacidades, qualidades e potencialidades multimídia, tanto na produção quanto na distribuição de mídias. Hoje, encontramos celulares com capacidade de produzir fotografias em qualidade profissional. O desenvolvimento de suas funcionalidades foi crucial para a apreciação e apropriação do dispositivo pela sociedade como um objeto inseparável.

Tornando-se um dispositivo bastante presente na vida do ser humano, o smartphone foi cada vez mais usado, pois ele possibilita, além de sua capacidade de produção multimídia, o

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acesso à internet. A internet, constitutiva do ciberespaço, não exclui nenhuma outra das culturas citadas por Santaella, é um prolongamento delas segundo Lemos (2015, p.14 apud NASCIMENTO; BRAGANÇA, 2018, p.85).

Um dos méritos da cibercultura descrito por Lemos (2015), é a liberdade em rede, um espaço que interliga pessoas, documentos, máquinas, e relacionamento, ele não se configura apenas como uma ambientação, mas sim como um meio de informação de cultura e expressão, onde se podem expressar suas singularidades e, ao mesmo tempo interagir dentro desta ambientação com as mesmas, criando novas pluralidades de relacionamento. É possível devido o ciberespaço ser considerado um espaço propriamente de circularidade de informação livre e descentralizada, onde a linguagem digital é traduzida na linguagem da informática. (NASCIMENTO; BRAGANÇA, 2018, p. 86).

Hoje, políticos fazem suas propagandas eleitorais via redes sociais virtuais, como a partir do uso do aplicativo de mensagens WhatsApp nas últimas eleições. Uma pessoa acompanha o modo de preparo de uma receita por um site pelo smartphone enquanto se desloca pela cozinha, assim como também o usa para acompanhamento dos batimentos cardíacos durante um exercício físico na rua ou na academia, ou ainda, ela pode simplesmente pedir comida pelo dispositivo através de um aplicativo, ao invés de se locomover até um estabelecimento para isso. O dispositivo ainda possibilita o pagamento de boletos e transferências bancárias com aplicativos desenvolvidos pelos próprios bancos. Vemos que incorporamos o smartphone ao criar e reproduzir essas práticas do dia-a-dia, pois esse dispositivo está presente conosco a todo momento, facilitando e/ou substituindo várias tarefas.

Por reunir possibilidades de produção de imagem, áudio e escrita e, às vezes, com tudo isso simultaneamente e por apropriação do espaço físico, o modo das pessoas de se relacionar e se comunicar ganhou novas formas segundo Lemos:

Os DHMCM aliam a potência comunicativa (voz, texto, foto, vídeos), a conexão em rede, a mobilidade por territórios informacionais (Lemos 2006), reconfigurando as práticas sociais de mobilidade informacional pelos espaços físicos das cidades. Trata-se da ampliação da conexão, dos vínculos comunitários, do controle sobre a gestão do seu espaço e tempo na fase pós- massiva da comunicação contemporânea. (LEMOS, 2003 apud LEMOS, 2007, p. 25).

Na citação acima, o autor se refere ao smartphone como “Dispositivo Híbrido Móvel de Conexão Multirredes” (DHMCM). Lemos conceitua o smartphone assim, pois seguindo sua linha de pensamento:

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O que chamamos de telefone celular é um Dispositivo (um artefato, uma tecnologia de comunicação); Híbrido, já que congrega funções de telefone, computador, máquina fotográfica, câmera de vídeo, processador de texto, GPS, entre outras; Móvel, isto é, portátil e conectado em mobilidade funcionando por redes sem fio digitais, ou seja, de Conexão; e Multirredes, já que pode empregar diversas redes, como: Bluetooth e infravermelho, para conexões de curto alcance entre outros dispositivos; celular, para as diversas possibilidades de troca de informações; internet (Wi-Fi ou Wi-Max) e redes de satélites para uso como dispositivo GPS. (LEMOS, 2007, p. 25).

Podemos ver que o smartphone mudou a forma como as pessoas se relacionam com o lugar, com o tempo e entre si, tornando as conexões comunitárias mais frequentes. Lemos (2007) afirma que o DHMCM está se apropriando dos espaços físicos (cidades), pois há vários aplicativos que permitem que os usuários mandem localização ou interferiram em alguma parte deste espaço físico, seja onde estiver, fazendo anotações eletrônicas, deixando uma foto, um vídeo ou áudio, ou comentários de crítica sobre um lugar. Assim, ele baseia esse processo no aumento das conexões comunitárias.

No último relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 201713, o percentual de domicílios com acesso à internet foi a 74,9%, de 69,3% confirmados em 2016.

O relatório também mostra que o percentual de celulares por domicílio chegou a 93,2%.

Atualmente, temos uma juventude conectada. O acesso à internet pelo celular aumentou de 94,6% para 97,0%, segundo o relatório do IBGE de 2017. O relatório ainda mostra que a maior parcela desse percentual é de pessoas dos 20 aos 24 anos, de um total de 126,3 milhões de pessoas entrevistadas. Segundo o relatório, as pessoas constatam que o celular possui uma maneira de compartilhamento de arquivos diferente do e-mail, e que também possibilita a chamada por voz e vídeo.

A comunicação interpessoal segue como a atividade online preferida pela ampla maioria dos jovens brasileiros. As redes sociais e os aplicativos de mensagens instantâneas figuram no topo dos conteúdos mais acessados, em todas as regiões do País. (FUNDAÇÃO TELEFÔNICA, 2015, p. 24).

A partir desses dados vemos o quão enorme está o acesso da sociedade brasileira ao smartphone e à internet e certamente a maior finalidade é o uso das redes sociais virtuais. Esse acesso trouxe o encurtamento do espaço e do tempo. Hobsbawn (1995, p. 22) afirma que, em

13 Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de- noticias/releases/23445-pnad-continua-tic-2017-internet-chega-a-tres-em-cada-quatro-domicilios-do-pais.

Acesso em: 22/06/2019.

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1980, o mundo estava repleto de uma tecnologia em constante avanço, cujas mais impressionantes eram em relação às revoluções nos transportes e na comunicação, que encurtaram o tempo e as distâncias e facilitaram a troca de informações.

Complementando Hobsbawn, a partir do pensamento de Cebrián, podemos refletir se o uso do smartphone causa uma diminuição das interações sociais presenciais. Hoje é comum ver uma reunião via videoconferência, ver e e/ou realizar trabalhos acadêmicos de grupo via videoconferência, entre outras práticas.

O cibernauta de nossos dias não é apenas um navegante: é também um navegante solitário, ainda que ele mesmo não tenha consciência de sua condição. Sua capacidade de relacionar-se com os outros, nesse universo global por que passeia, vai conduzi-lo a um ensimesmamento, a um fechamento em si mesmo em relação aos que lhe estão mais próximos.

(CEBRIÁN, 1999 apud PARADELLO, 2011, p. 8).

Cebrián (1999 apud PARADELLO) defende que o indivíduo se tornará mais reservado, dando preferência a contatos intermediados pela tecnologia por sua capacidade de privacidade e acomodação.

Lemos (2007) afirma que as conexões comunitárias na internet aumentaram, enquanto Cebrián (1999) afirma que houve uma diminuição das interações sociais presenciais por causa do encurtamento do espaço e tempo que o smartphone causou. Então, podemos refletir, a partir dos autores, sobre como o uso do smartphone conectado a uma rede online faz com que realmente se gere uma intensa conexão comunitária, embora não seja presencial. Cebrián ainda afirma sobre a preferência do indivíduo por contatos intermediados pela tecnologia. Por mais que as pesquisas mostrem um grande número de internautas, a reflexão de Cebrián não deve ser generalizada, visto que, atualmente, apesar de a conexão virtual entre as pessoas ser grande, isso não excluiu e também não diminuiu drasticamente a possibilidade de estabelecer relações pessoais presenciais. A conexão comunitária existente advinda dos smartphones é resultado da interação e de sua apropriação nos espaços físicos com fotos, vídeos e comentários, como já dito anteriormente.

Diante de todos os fatos vemos que o smartphone é uma tecnologia cada vez mais presente na vida do brasileiro. Com ele é possível se localizar no tempo e espaço, acessar a web e, a partir disto, saber o que acontece no mundo em tempo real, entrar em contato com seus amigos, familiares e até com personalidades famosas, ou inclusive fazer compras.

Com o avanço de suas funcionalidades e aplicativos (ou “apps”), as relações pessoais tendem a não necessitar mais da relação face-a-face para acontecer. Reuniões, trabalhos,

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decisões, entrevistas de emprego, discussão de cunho amoroso, agendamento de consultas médicas e jurídicas, passaram do encontro pessoal para encontros virtuais, se tornaram e-mails, mensagens instantâneas. Com isso, as pessoas tendem a delegar mais atividades ao smartphone, se tornando dependentes desse dispositivo.

Entrando no campo da psicanálise, alguns estudiosos da área da comunicação e da psicologia, como Freud, Lévy e Bauman (apud MENDES, 2015) trabalham a ideia de nos tornarmos muito necessitados da tecnologia. Freud (2010 apud MENDES, 2015) menciona o ser humano como um protético, referindo-se à tecnologia, pois, na maioria dos casos, as pessoas não andam sem ele. Segundo Mendes (2015, p.134), Freud antevê o futuro:

[...] Em O mal-estar na civilização, Freud ([1930] 2010) se indaga sobre a insistência da infelicidade humana a despeito dos prodigiosos avanços científicos e tecnológicos de sua época. “[...] o ser humano tornou-se, por assim dizer, um deus protético, realmente admirável quando coloca todos os seus órgãos auxiliares; mas estes não cresceram com ele, e ocasionalmente lhe dão ainda muito trabalho” (FREUD, [1930] 2010, p. 52).

Mendes defende que os smartphones se encaixam nos avanços tecnológicos mencionados por Freud. Nesta busca de superação de tempo e espaço e nesse avanço de velocidade ao qual se refere Freud, Pierre Lévy faz uma observação: “[...] cada novo sistema de comunicação e de transporte modifica o sistema das proximidades práticas, isto é, o espaço pertinente para as comunidades humanas (LÉVY, 1996 apud MENDES, 2015, p. 135).

Em 2004, Bauman, ao falar dos celulares, antecessores dos smartphones, falava do quão nossa vestimenta se adequava para portar esses celulares conosco:

Na verdade, você não iria a nenhum lugar sem o celular (‘nenhum lugar’ é, afinal, o espaço sem um celular, com um celular fora de área ou sem bateria).

Estando com o seu celular, você nunca está fora ou longe. Encontra-se sempre dentro, mas jamais trancado em um lugar (BAUMAN, 2004, p. 78 apud MENDES, 2015, p. 135).

Sobre este conceito, podemos ver o quão o celular nos coloca inseridos no que acontece no mundo. O fato de o smartphone ser um item tecnológico inseparável, acaba fazendo com que ele faça parte de nossas práticas sociais cotidianas em uma intensidade tão grande que a falta dele gera comoção alheia, como veremos a seguir no caso do jornalista Evaristo Costa.

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Em 26 de abril de 2017 o jornalista Evaristo Costa teve um problema com o seu smartphone14. O seu dispositivo, segundo fotos divulgadas por ele, estava com sua tela totalmente trincada e, pela rede social Instagram, Evaristo afirmou que estaria offline por causa do ocorrido com o smartphone. Instantaneamente, ocorreram milhares de comentários de seus seguidores sobre o fato em sua publicação, chegando a um total de 4.392 comentários, como mostram abaixo as imagens do seu perfil no Instagram.

Figuras 1 e 2 – Postagem de Evaristo Costa sobre celular quebrado e sua repercussão

14 Disponível em: https://revistaquem.globo.com/QUEM-News/noticia/2017/04/evaristo-costa-quebra-celular-e- diz-que-ficara-longe-das-redes-sociais.html. Acesso em: 09/02/2019.

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Fonte: Captura de tela do Perfil de Evaristo Costa no Instagram em 11 de julho de 2019.

Sendo um meio através do qual o jornalista interagia e ainda interage com seus seguidores, Evaristo se tornou notícia em vários sites brasileiros como mostram as imagens abaixo.

Figuras 3 a 7 – Repercussão em sites noticiosos sobre o celular quebrado de Evaristo Costa

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Fonte: Captura de tela dos sites RD115, TVeFamosos/Uol16, Caras/Uol17, Folha18, RevistaQuem/Globo19

Os milhares de comentários recebidos por Evaristo Costa devem-se a meses de interação com seus seguidores. Uma interação intensa que, consequentemente, acabou criando um sentimento de identificação e afetividade dos seguidores com o jornalista. O fato também repercutiu nas redes sociais Facebook e Twitter, com centenas de comentários e milhares de curtidas.

15 https://rd1.com.br/evaristo-costa-quebra-celular-causa-nas-redes-sociais-e-aponta-pecado-de-padre-fabio-de- melo/

16 https://tvefamosos.uol.com.br/noticias/redacao/2017/04/26/evaristo-costa-quebra-o-celular-e-diz-que-vai-dar- tempo-das-redes-sociais.htm

17 https://caras.uol.com.br/tv/evaristo-costa-quebra-o-celular-e-avisa-que-ficara-longe-das-redes-sociais-por- tempo-indeterminavel.phtml

18 https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2017/04/queridinho-nas-redes-sociais-evaristo-costa-quebra-o-celular- e-diz-que-ficara-offline.shtml

19 https://revistaquem.globo.com/QUEM-News/noticia/2017/04/evaristo-costa-quebra-celular-e-diz-que-ficara- longe-das-redes-sociais.html

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Desta forma, vemos que Evaristo Costa se utiliza de métodos que podem ser entendidos como estratégias de aproximação com o público, através de publicações de fotografias e vídeos. A internet, assim como o smartphone, possui uma carga imagética forte, sendo este um dos principais pilares da comunicação online e das redes sociais virtuais.

Sabendo da forte influência que a fotografia tem sobre nossas vidas, vamos relacioná-la ao smartphone na seção a seguir.

4.1 Relação da Imagem com o Smartphone

O smartphone é um dispositivo multimídia, capaz de produzir fotografias, vídeos e áudios, sendo essas algumas de suas principais funcionalidades como já contextualizado anteriormente. Cientes de sua propagação atual, vale ressaltar que ele é um dos dispositivos cuja apropriação interferiu na construção da sociedade em que vivemos, lugar que a maioria das redes sociais virtuais se baseia em fotografias.

Segundo Córdova e Jesus (2015), na história do homem com a imagem, as pinturas desempenham a função de representação da realidade, sendo através delas que se construía uma relação de comunicação, ainda que de maneira mimética.

Na história da arte, o retrato propriamente dito, tomado no sentido da representação figurativa, mais ou menos realista, mais ou menos abstrata, do outro ou de si mesmo, ocupa lugar específico. [...] A sua história, história de um movimento de introspecção e extrospecção, é marcada por uma certa ideia de mimesis, enquanto esta pode ser vista como o processo impulsivo de imitar, não a realidade, mas uma sua representação. (MEDEIROS, 2000, p. 37 apud CÓRDOVA; JESUS, 2015, p. 4).

Assim, Córdova e Jesus (2015) nos trazem, através da linha de pensamento de Medeiros, que o retrato pintado constrói uma relação mimética e que, a partir disso, o sujeito desenvolve uma relação consigo mesmo e com os outros. Porém, o autor pontua que, ao retratarmos algo ou alguém, inclusive nós mesmos, colocamos a subjetividade e a “re(criação)”

no processo. Assim, não há uma fidelidade no retratar a realidade (CÓRDOVA; JESUS, 2015).

A fotografia e o homem possuem uma relação vista por alguns teóricos como a de um caçador (CÓRDOVA; JESUS, 2015). O mundo é visto pelo fotógrafo como um espaço de caça, onde só há o observador e o observado:

Não se trata de captar a realidade. É apenas o ato que está circulando em suas veias. A fotografia não é a arte de captar, ao contrário, é a arte de soltar. Como

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se a cada disparo da máquina fosse o fotógrafo que se esvaísse em disparada.

Fotografia: esvair-se. O fotógrafo nada recebe, ao contrário, é como se, através do obturador aberto, ele se permitisse um voo cego, um mergulho de se expor.

Clic! (OMAR, 1988 apud SANTAELLA; NOTH, 2012, p. 116).

Então, vemos que a fotografia não é uma captura da realidade, é na verdade o soltar da imaginação à exposição. Segundo Córdova e Jesus (2015), quando a fotografia ainda era novidade na sociedade, o poder aquisitivo que ela dava e seu significado fez com que fosse uma arte somente de acesso da classe dominante. Nesta época, segundo Medeiros (apud CÓRDOVA; JESUS p. 5), a fotografia estava ligada à condição econômica, à afirmação social e à representação de si.

Antes, a construção da subjetividade a partir da fotografia era constituída apenas de três fatores externos, segundo Córdova e Jesus (2015): o autoconhecimento, as relações e a reflexão por elas geradas e o convívio. Com o avanço tecnológico comunicacional, Córdova e Jesus afirmam que surgiu outro fator externo crucial para esse processo de subjetivação do sujeito, o olhar da sociedade. Com a fácil distribuição da imagem de si pelas tecnologias comunicacionais, a forma com que se olha para os indivíduos e as relações se transformou. “O olhar do outro – agora mais próximo e, por vezes, invasivo – modifica o comportamento do observador” (CÓRDOVA; JESUS, 2015, p. 6).

Nesta distribuição da imagem de si e nesta busca do eu e da relação social pela imagem, hoje, ouvimos falar, e mais do que isso, vemos a todo momento nas redes sociais virtuais os selfies, produzidos e propagados pelo smartphone. Nas últimas décadas, com os avanços nestas áreas, houve uma integração dos dispositivos de comunicação com a fotografia. Esses dispositivos também se tornaram câmeras fotográficas. Assim, quando surgiram os smartphones, já estava grande sua capacidade de fotografar e filmar.

4.2 Selfie

O Selfie é uma fotografia tirada pela própria pessoa por celular ou câmera digital e compartilhada na internet. É um autorretrato, portanto, a palavra selfie é um neologismo em inglês, originado do termo self-portrait, que significa autorretrato. É formada da junção do substantivo self (em inglês, "eu") e o sufixo ie.

Os dicionários Oxford, ao incorporar o termo e elegê-lo como a “palavra do ano de 2013”, definem selfie como “Uma fotografia que alguém tira de si mesmo, normalmente tirada com um smartphone ou webcam e compartilhada através das redes sociais (SELFIE, 2015 apud PASTOR, 2017, p. 159).

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Esse tipo de fotografia, os selfies, geralmente são casuais, tirados nos mais variados e inusitados lugares e momentos, há selfies com os amigos numa festa, selfies pulando de paraquedas, selfies comendo, selfies no trabalho, selfies no salão de cabeleireiro ou selfies no topo do prédio mais alto de Dubai. Geralmente os autores dessas fotos costumam estar sozinhos, mas também há selfie em grupo e também em espelhos.

Segundo Aaron Hess (2015, p. 1630 apud PASTOR, 2017, p. 160), o selfie é uma prática social, pois relaciona fotografia e smartphone, direcionando ao ato de tirar uma foto de si mesmo. E, como sabemos, esse ato está presente em vários momentos do dia do ser humano.

Pastor (2017) explica que o selfie não é apenas um autorretrato, é essencialmente a versão digital da fotografia interagindo com o smartphone.

Essa relação com o smartphone permite, de maneira híbrida, o surgimento e popularização de uma prática que não apenas traz influências de uma evolução da representação de si e de uma construção de intimidade a partir da imagem, como também sua inserção em uma lógica de instantaneidade, compartilhamento e comunicação. (PASTOR, 2017, p. 160).

Assim, a prática de tirar um selfie é reproduzida pela sociedade com a finalidade de comunicação e expressão. Pois, é uma prática que é repetida pelos demais e esse processo cria uma identificação entre seus autores, é um comportamento reconhecido. E, como já refletido acima, com a fácil propagação que a tecnologia dá às fotografias, os selfies estão em todos os lugares.

De acordo com Córdova e Jesus (2015), a tecnologia comunicacional tem grande influência sobre a subjetivação do sujeito a partir da fotografia, por estar ao olhar de todos.

Assim, colocamos o smartphone como o nosso foco neste estudo.

Sobre o fato do selfie ser observado pelo outro, Córdova e Jesus afirmam que o olhar do outro se torna “controlador, coercitivo e individualizante”, fazendo com que o observado fique cada vez mais envolvido com uma identidade.

As massas, na perspectiva de Foucault (1983), podem ser vigiadas e manipuladas, perdem a capacidade de construírem a própria identidade e seus processos de subjetivação são altamente controlados. Os detentores do poder geram a falsa ilusão de que a realidade é o que a ‘massa’ pensa ser, quando, na verdade, é apenas uma construção, é uma realidade, talvez, ‘virtual’

(CÓRDOVA, 2015, p. 7).

Referências

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