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Análise psicossocial da influência do edentulismo na qualidade de vida : revisão de literatura / Psychosocial analysis of the influence of edentulism on quality of life: literature review

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 12, p. 33286-33299 dec 2019 . ISSN 2525-8761

Análise psicossocial da influência do edentulismo na qualidade de vida :

revisão de literatura

Psychosocial analysis of the influence of edentulism on quality of life:

literature review

DOI:10.34117/bjdv5n12-376

Recebimento dos originais: 27/11/2019 Aceitação para publicação: 27/12/2019

Lucyana Braga de de Melo Xavier

Cirurgiã-dentista Especialista em Prótese Dentária-CEC ACO-CE Endereço: Rua Juiz de Fora, 198, Cidade dos Funcionários-CE

E-mail: lucyanabmx@hotmail.com

Ândria Fernanda Marcon

Medica especialista em Clinica Médica - Hospital Regional de Presidente Prudente Instituto de Atuação atual: Pronto Atendimento Municipal de Iacri

Endereço: Rua Bandeirantes, 1341 - Centro, Iacri, SP. E-mail: andriamarcon@hotmail.com

Beatriz Oliveira Lima

Cirurgiã-Dentista Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial - ABO / PA Endereço: Av. Marquês de Herval, 2298 - Pedreira, Belém - PA, 66087-320, Brasil

E-mail: beatrizoliveiralimaa@outlook.com.br

Maysa Viana de Carvalho

Médica Especialista em Pediatria - UNIFAP

Pós Graduando em Gastroenterologia e Hepatologia Pediátrica - HCFMUSP Instituto de Atuação atual: Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP

Endereço; Av. Dr. Enéas Carvalho de Aguiar, 647 - Cerqueira César, São Paulo E-mail: maysacaarvalho@gmail.com

Tânia Maciel Maia da Silva

Cirurgiã-Dentista Especialista em Prótese Dentária ( CEC-ACO ) - Ceará Endereço: Rua Doutor Braulino n 964, Zerão- Macapá- AP , Brasil

E-mail: taniamacielmaia92@gmail.com

Brenda Matsunaga Laurindo

Mestre em Odontologia Clínica- UNIOESTE Instituição de atuação atual: Instituto Macapaense do Melhor Ensino Superior MMES

Endereço: Rodovia JK, 1005, Jardim Equatorial- Macapá–AP, Brasil E-mail: brenda.matsunaga@hotmail.com

RESUMO

Atualmente, os índices de edentulismo diminuíram, embora as preocupações com a reabilitação dentária tenham aumentado, o que gera a procura de estudos sobre as expectativas

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 12, p. 33286-33299 dec 2019 . ISSN 2525-8761 estéticas da população em relação a sua reabilitação oral e a sua qualidade de vida. O objetivo deste estudo foi fazer uma revisão de literatura sobre os impactos psicossociais que a estética dentária pode causar na qualidade de vida do sujeito. Para isso, foram selecionados artigos disponíveis na base de dados Lilacs (http://lilacs.bvsalud.org/), Scielo (http://www.scielo.org/php/index.php), PubMed (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/), Revistas Eletrônicas, e Google Acadêmico (https://scholar.google.com.br/) publicados em inglês e português, no período compreendido entre 2000-2019. Os principais achados indicam que o edentulismo tem influência direta na autoestima, manifestando-se positiva ou negativamente na qualidade de vida do paciente. Conclui-se que a estética dentária possui influência psicossocial em um indivíduo, de forma que a perda dos dentes causa impactos negativos e piora sua qualidade de vida, afetando além da condição física e funcional, a sua autoestima. Faz-se importante para o profissional reabilitador verificar a qualidade de vida durante o processo de adaptação modificando-se o planejamento de acordo com a vontade e a expectativa de cada indivíduo.

Palavras-chave: Edentulismo, Aspectos psicossociais. Qualidade de vida. ABSTRACT

Currently, edentulism rates have decreased, although concerns about dental rehabilitation have increased, which leads to the search for studies on the aesthetic expectations of the population regarding their oral rehabilitation and their quality of life. The aim of this study was to review the literature on the psychosocial impacts that dental aesthetics can have on the subject's quality of life. To this end, articles available from the Lilacs database (http://lilacs.bvsalud.org/), Scielo (http://www.scielo.org/php/index.php), PubMed (https: //) were selected. www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/), Electronic Journals, and Google Scholar (https://scholar.google.com.br/) published in English and Portuguese for the period 2000-2019. The main findings indicate that edentulism has a direct influence on self-esteem, positively or negatively affecting the patient's quality of life. It is concluded that dental aesthetics has psychosocial influence on an individual, so that tooth loss causes negative impacts and worsens their quality of life, affecting beyond their physical and functional condition, their self-esteem. It is important for the rehabilitation professional to check the quality of life during the adaptation process by modifying the planning according to the will and expectation of each individual.

Keywords: Edentulism, Psychosocial aspects. Quality of life. 1. INTRODUÇÃO

O termo qualidade de vida vem tomando destaque para a Organização Mundial de Saúde (OMS) ao longo dos últimos anos, uma vez que possui influência na saúde geral de qualquer indivíduo, já que, para ser considerado totalmente saudável, o indivíduo deve somar um bem estar físico a um bem estar psicológico. Sendo assim, considerar apenas o aspecto funcional é insuficiente para a reablitação dentária, devendo, portanto, incluir o bem estar psicossocial, que está diretamente relacionado com a estética dentária e as expectativas do paciente alcançadas (GAVRIC et al., 2015; FAVA et al., 2015). Dentre os tratamentos de reabilitação oral, o implante dentário e a prótese são os mais indicados e que mostram altas

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 12, p. 33286-33299 dec 2019 . ISSN 2525-8761 taxas de sucesso, exercendo um papel fundamental para a melhoria da saúde bucal por devolver a função de mastigação, fonação e estética (CHEN et al., 2012).

Em se tratando de pacientes edêntulos, a restauração estética também tem um importante efeito psicológico, melhorando a sua autoestima e autoconfiança, sendo, portanto parte fundamental do tratamento reabilitador oral (BARBOSA et al., 2006). Para a obtenção da estética favorável em próteses totais, é preciso considerar uma tomada correta da dimensão vertical, do plano oclusal protético, da linha mediana, da linha dos caninos e da linha alta do sorriso; com relação aos dentes, a forma, o tamanho, a disposição e a cor. Esses fatores são considerados fundamentais para a correta seleção dos dentes artificiais na elaboração de uma prótese mais estética, tornando-a mais natural (CASTRO et al., 2000).

Sendo o conceito do belo de caráter pessoal e subjetivo, sofrendo influências culturais e sociais, a individualidade do paciente deve ser levada em consideração e sempre respeitada pelo profissional, permitindo um tratamento funcional com característica individual, que pode ser buscada por meio da utilização de diferentes arranjos dentários de acordo com o gosto pessoal do paciente (MARQUES et al., 2014).

Logo, é de grande importância ter o conhecimento sobre as percepções e expectativas de cada paciente para conseguir o sucesso após a conclusão do tratamento, bem como investigar sua satisfação com os resultados conquistados, levando os profissionais de saúde a se preocuparem não só com a integridade física, mas também com a mental e a qualidade de vida de quem procura os seus serviços, permitindo um trabalho de excelência por meio de um tratamento multiprofissional.

2. REVISÃO DE LITERATURA

O termo qualidade de vida é definido como a percepção que o indivíduo tem de si mesmo e dentro da sociedade, suas expectativas, padrões de beleza e preocupações, e quando esses requisitos não são atendidos, pode acarretar em transtorno de ansiedade, baixa autoestima, insegurança, intolerância social e depressão, gerando impactos com efeitos negativos na vida cotidiana das pessoas (GAVRIC et al., 2015).

Uma condição de saúde oral adequada é um dos determinantes da qualidade de vida, pois as funções realizadas pelas estruturas orais trazem benefícios para a saúde geral do paciente. Diferentemente de quando os componentes são lesados e há consequentemente, a perda da função. Várias são as injúrias que podem afetar a saúde oral, dentre estas se destacam: cárie dentária, doença periodontal, defeitos congênitos orais (fenda palatina) e outras

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 12, p. 33286-33299 dec 2019 . ISSN 2525-8761 alterações bucais e faciais (CARDOSO et al., 2015). Assim como as condições citadas anteriormente, o edentulismo ou perda dental é um dos causadores de impacto negativo na saúde oral, geral e qualidade de vida (CORREA et al., 2016).

O edentulismo, caracterizado pela perda total ou parcial dos dentes, está presente em pessoas de todas as faixas etárias, resultante de diferentes fatores, sendo eles de caráter biológicos, comportamentais e psicossociais (ALZAREA, 2017). A condição do desdentado interfere na vida diária dos indivíduos, gera uma desestabilização do sistema estomatognático, limitando a fonação e a mastigação, duas funções importantes para a sobrevivência (SANTILLO et al., 2014). O impacto dessa condição tem grande repercussão sobre a qualidade de vida do indivíduo, pois afeta tanto a estética quanto o estado psicológico da pessoa, reduzindo sua autoestima e sua integração com a sociedade (MUSACCHIO et al., 2007).

Os estudos de Emani et al. (2013) relataram um maior número de casos de edentulismo em regiões de baixa renda, idosos e indivíduos do sexo feminino, demonstrando assim a associação entre o edentulismo e fatores socioeconômicos. Sendo resultado de doenças e condições que afetam o complexo bucal, classificando-se desta forma as perdas dentais como resultantes de fatores biológicos. Por outro lado, estas perdas podem ser também uma consequência de fatores não relacionados a patologias, como por exemplo, a falta de acesso aos serviços de saúde, sendo então relacionadas a fatores não biológicos. Portanto, as razões que explicam as perdas dentais derivam de uma relação multifatorial que compreende aspectos fisiológicos, individuais, culturais e socioeconômicos (SILVA et al., 2016).

Corrêa et al. (2016); Patel (2013) relataram que a perda dentária propiciou uma série de deficiências que afetam as funções envolvidas com as estruturas orais como a mastigação, fonética. Também relataram danos que envolviam a saúde geral como as desordens nutricionais decorrentes da preferência por alimentos menos fibrosos que exigem um menor esforço mastigatório. Várias mudanças na fisiologia oral podem ser observadas como resultado das ausências dentárias, uma delas é a reabsorção óssea maxilar e mandibular, a qual determina alterações nas dimensões ocluso-faciais e nos tecidos moles envolvidos resultando numa aparência facial prejudicada. Além da reabsorção óssea, observa-se em pacientes desdentados a redução da eficiência dos músculos orais, implicando em mastigação e nutrição insatisfatória e possível susceptibilidade a doenças (WILLIAMS et al., 2014).

Outro fator importante que sofre influência direta do edentulismo é a estética, que pode resultar em diminuição da autoestima dando origem a alterações psicológicas. Na grande

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 12, p. 33286-33299 dec 2019 . ISSN 2525-8761 maioria dos casos, os pacientes edêntulos sentem-se insatisfeitos com sua imagem e acabaram por se ausentar dos círculos sociais, o que também representa fator de impacto negativo na qualidade de vida (RIBEIRO et al., 2016).

Visando o restabelecimento da função e estética e com o intuito de melhorar a qualidade de vida desses indivíduos, lança-se mão do uso de próteses indicadas pelo profissional de acordo com a necessidade do paciente (ALZAREA, 2017). As mesmas retratam a possibilidade de melhora na realização dessas funções e do restabelecimento da estética, interferindo na qualidade de vida do indivíduo (CALDAS JÚNIOR et al., 2005).O tratamento com próteses totais visa a substituição dos elementos perdidos, restaurando a função mastigatória do paciente, devolvendo a capacidade de fonação, levando a uma melhor aparência facial, e, consequentemente, resultando em uma melhora na convivência social (PERACINI et al., 2010). Entretanto, o sucesso da reabilitação não depende exclusivamente da eficácia da realização da técnica, mas também do processo de adaptação individual que influencia na aceitação da prótese pelo usuário. O desafio para confecção de tais próteses envolve a combinação da estética com a função e o conforto, aspectos que em conjunto garantem melhoria na qualidade de vida do paciente (COSTA et al., 2013).

A estética é algo que vem sendo bastante procurada nos tratamentos com próteses, sendo analisada sob dois pontos de vista: uma ótica social, pela singularidade cultural, conceitos próprios de beleza e estética; e uma ótica individual, ou seja, pelo próprio indivíduo que também tem suas visões do que lhe é considerado belo e estético. Segundo Clijmans et al. (2015), essa singularidade na condição estética bucal, sendo particular para cada sujeito, implica em situações de respostas onde alguns pacientes não são afetados psicologicamente em nenhuma forma pelo problema, enquanto para outros, cria-se uma barreira ao sucesso pessoal e social.

Rotundo et al. (2015) afirmaram que a estética dos dentes pode não influenciar apenas na autoestima, mas também em relacionamentos afetivos, desempenho profissional, oportunidades sociais e de emprego, o que reflete significativamente na qualidade de vida. Logo, é imprescindível para que o resultado final seja satisfatório, ouvir o que os pacientes almejam, pois muitas vezes o conceito de estética é diferente do paciente para o profissional. A estética é um determinante no sucesso do tratamento, já que a satisfação do paciente está intimamente ligada à beleza estética. A dor e o desconforto são outros fatores que ocasionam um elevado índice de rejeição, entretanto, podem ser contornados por sessões de controle

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 12, p. 33286-33299 dec 2019 . ISSN 2525-8761 instalação para proporcionar o adequado ajuste oclusal e adaptação da prótese (MUNHOZ; ABREU, 2011).

Fava et al. (2015) afirmaram que não seria suficiente restaurar um espaço edêntulo por um dente funcional se não levasse em consideração todo o transtorno psicológico gerado quando não se atingisse a satisfação do paciente. Outros pesquisadores afirmaram que considerar a percepção e os anseios dos pacientes no pré-operatório, antes da confecção de uma prótese, seria fundamental para garantir a melhoria na estética, adaptação protética e melhora na qualidade de vida do paciente no futuro (PEREIRA et al., 2016).

A fim de se compreender criticamente tais questões tem se procurado criar e validar instrumentos que avaliam o impacto das condições de saúde bucal na qualidade de vida dos indivíduos, denominados de "indicadores sociodentais" (MARQUES et al., 2014). Dentre esses indicadores destaca-se, por seu amplo uso, o Perfil de Impacto da Saúde Bucal, ou Oral Health Impact Profile (OHIP), instrumento este que conta com questões subjetivas sobre a saúde bucal do indivíduo. O OHIP considera as consequências sociais dos problemas bucais de acordo com a percepção dos próprios indivíduos afetados. Em sua versão original, é composto por 49 questões, mas é mais frequentemente usada a sua forma abreviada: OHIP-14 (BARBOSA et al., 2006). O instrumento foi proposto para avaliar as percepções dos indivíduos sobre o impacto das desordens bucais em seu bem estar e contempla sete dimensões do impacto a ser medido: limitação funcional, dor física, desconforto psicológico, incapacidade física, incapacidade psicológica, incapacidade social e deficiência. As respostas são dadas de acordo com uma escala codificada como: 0 = nunca, 1 = raramente, 2 = às vezes, 3 = frequentemente e 4 = sempre (MARTINS et al., 2014). Existem também adaptações desse instrumento para populações específicas. A aplicabilidade do OHIP é ampla e tem sido demonstrada em distintas culturas e diferentes países, na busca por uma eventual associação com fatores sociais, econômicos, demográficos e comportamentais (EMANI et al., 2013).

Clijmans et al. (2015); Estevan et al. (2015) chegaram a uma associação estatisticamente significante através do questionário OHIP. Estes autores perceberam que quando um aumentava, o outro diminuía, sugerindo que pessoas com maior autoestima também tinham melhores qualidades de vida.

A aplicação do questionário Oral Health Profile (OHIP-14) para medir o impacto da perda dental na qualidade de vida também foi a escolha no trabalho realizado por Carvalho et

al. (2019). Este estudo teve como objetivo avaliar o impacto da perda dental na qualidade de

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 12, p. 33286-33299 dec 2019 . ISSN 2525-8761 transversal realizado na Clínica Escola de Odontologia do Centro Universitário Cesmac (Maceió – AL). Foram avaliados 102 pacientes e a coleta de dados envolveu entrevista presencial visando a caracterização socioeconômica e avaliação da necessidade de prótese para diagnóstico do nível de edentulismo. Os resultados mostraram que o edentulismo e a qualidade de vida relacionam-se diretamente, comprometendo a rotina diária e a integração social. Os autores correlacionaram as condições socioeconômicas, a perda dental e a qualidade de vida. Entre os domínios do OHIP-14, a dor física, o desconforto psicológico e a inaptidão psicológica caracterizaram-se como os principais redutores da qualidade de vida (CARVALHO et al., 2019).

Quando se fala em bem-estar mental e social, a questão de auto percepção do indivíduo relaciona-se diretamente com a forma como o mesmo lida e domina o meio e como ele se permite afetar pelas reações dos outros (PEREIRA et al., 2016). Esse estado é relativamente instável, porém a literatura sugere, a partir dos dados pesquisados, que pode ser melhorado com a reabilitação protética. Segundo Perillo et al. (2014), pessoas com maior qualidade de vida tem maior autoestima, são mais felizes, mais satisfeitas com suas vidas, menos deprimidas, mais competentes no trabalho e mais saudáveis física e mentalmente.

Definir a qualidade de vida é algo complexo, por ser um fenômeno multideterminado e multidimensional; isto é, significa diferentes sentimentos para diferentes pessoas. Em qualquer sociedade a qualidade de vida é um fenômeno de várias faces (NERI, 2001). Para medir diretamente a saúde, em seu aspecto amplo, dos indivíduos, tem-se desenvolvido e testado instrumentos tanto estruturados como os mais simplificados, capazes de reconhecer os estados de “completo bem-estar físico, mental e social” dos sujeitos. Trata-se de uma importante medida de impacto em saúde. (BROUSSE; BOISAUBERT, 2007).

Bitencourt et al. (2019) propuseram-se a compreender as experiências de perda dentária em usuários da Atenção Primária à Saúde de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A perda dentária foi identificada pela análise de prontuários odontológicos dos usuários adultos e idosos que acessaram o serviço de saúde bucal na unidade de saúde estudada. Após análises, concluíram que a perda dos dentes foi uma experiência que expressou subjetividades, mostrando narrativas plurais, com destaque para a função social da boca. Para além do número de dentes perdidos, o entendimento do modo como as pessoas se percebiam sem esses dentes determinou o quanto a perda dentária afetou suas vidas. O uso de próteses agregou valor ao corpo, permitindo o restabelecimento do seu equilíbrio com o mundo.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 12, p. 33286-33299 dec 2019 . ISSN 2525-8761 Estudos de abordagem qualitativa nos serviços de saúde devem ser considerados para o planejamento de ações que priorizem as necessidades percebidas pelas pessoas em seus territórios, buscando reduzir estigmas e desigualdades sociais e uma melhoria da qualidade de vida como um todo.

3. DISCUSSÃO

A perda dentária ainda é uma condição de saúde bucal presente na atualidade, mesmo esta demonstrando redução dos seus índices. A posição que o elemento dentário ocupa na arcada causa alterações psicológicas e funcionais diferentes de um indivíduo para outro, uma vez que os dentes anteriores influenciam diretamente na estética, os posteriores, na função e ambos os posicionamentos se relacionam com a qualidade de vida (PONSI et al., 2011).

A influência de fatores diversos sobre a redução da qualidade de vida é uma temática bastante utilizada nas pesquisas em saúde, pois permite uma compreensão geral sobre fatores de risco e a influência destes no cotidiano das pessoas. A percepção dos indivíduos sobre sua saúde também é um fator de grande importância, pois revela o quanto tal condição interfere psicológica, social e culturalmente no cotidiano pessoal (CARVALHO et al., 2019).

A perda dental tem impacto negativo na qualidade de vida, pois promoveram limitações físicas, psicológicas e sociais aos indivíduos avaliados, podendo relacionar o edentulismo a baixos níveis de bem-estar, satisfação pessoal e qualidade de vida (HEWLLET

et al., 2015). O edentulismo pode causar impactos psicossociais que influenciam na autoestima

dos sujeitos, refletindo seriamente na sua vida pessoal e profissional, consequentemente na sua qualidade de vida (PEREIRA et al., 2016; DE COUTO et al., 2016).

Outro fator já considerado na literatura seria o gênero e a idade do paciente, tendo em vista que as mulheres e as pessoas mais jovens são aquelas que manifestaram mais raiva ou tristeza pela perda dentária e que possuíam expectativas estéticas e de socialização em relação à nova prótese. Isso porque esse grupo está ainda mais susceptível aos olhares e julgamentos sociais, e, em muitos casos, se isolam e podem ter o seus rendimentos profissionais e estudantis afetados devido à aparência (MENDONÇA, 2015). Tal aspecto corrobora com os achados por Carvalho et al. (2019) que encontraram uma relação entre a situação socioeconômica, perda dental nos arcos superior e inferior dos indivíduos participantes, e dimensões do OHIP-14. A caracterização socioeconômica revelou maior impacto na qualidade de vida nos indivíduos adultos jovens que compreendem a faixa etária de 18 a 39 anos, este aspecto pode

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 12, p. 33286-33299 dec 2019 . ISSN 2525-8761 estar relacionado à preocupações com a aparência e autoafirmação presentes nesta fase da vida (CARVALHO et al., 2019).

Ainda com referência aos aspectos socioeconômicos da população pesquisada, indivíduos de 40 a 59 anos relatam moderado impacto e os indivíduos da faixa etária 60 anos apresentaram índices de baixo impacto na autoestima, o que pode significar, nesta amostra especificamente, uma diminuição da percepção da qualidade de vida com o avanço da idade (EMANI et al., 2013).

Em contrapartida, existem na literatura estudos que mostram que pacientes podem responder psicologicamente diferente dos demais quanto à perda de dentes, a ponto de isso não influenciar de nenhuma maneira em sua qualidade de vida (KOMAGAMINE et al., 2012; CLIJMANS et al., 2015). Entretanto, o mesmo estudo não é específico quanto à posição que ocupava o elemento perdido, nem quanto ao perfil do paciente, fatores de alto interesse para a análise comparativa com outros estudos.

No que diz respeito à expectativa dos pacientes em face à reposição protética dos dentes, foi possível observar que as preocupações mais frequentes envolveram a qualidade da prótese, especialmente quanto à estabilidade, adaptação e ter sua identidade anterior adquirida novamente. Os pacientes frequentemente relataram dificuldade inicial em se acostumar com o aparelho protético. Palavras como “dor”, ”incômodo”, ”sensação de estar machucando” foram comumente pontuadas (SILVA et al., 2016).

Ainda sobre aspectos clínicos, a reabilitação protética também parece guardar relação com a autopercepção bucal. Assim, o uso de próteses removíveis pode reduzir a percepção ruim dos impactos gerados pelo edentulismo na saúde bucal (SOUZA et al., 2016). A expectativa do paciente frente a qualquer tipo de tratamento, principalmente estético, deve ser considerada como um fator importante para o resultado final, o que pode levá-lo a construir expectativas, que quando não alcançadas, causam insatisfação em relação ao tratamento (PEREIRA et al., 2016).

Diante das percepções identificadas, torna-se necessário o desenvolvimento de iniciativas no campo da promoção da saúde bucal, enfatizando ações voltadas para a atenção integral do indivíduo, buscando uma prática mais adequada a fim de trazer qualidade de vida, reduzindo as sequelas de uma prática inadequada. Destaca-se o aspecto da humanização, estreitando laços entre profissional e paciente, ressaltando a relevância da ausculta do profissional no sentido de transcender a técnica de confecção de próteses para um processo de reabilitação integral do indivíduo (SILVA et al., 2016).

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4. CONCLUSÃO

Após o trabalho de revisão, concluímos que ações voltadas para a atenção integral do indivíduo, assim como o atendimento humanizado são práticas fundamentais a fim de trazer qualidade de vida, no sentido de transcender a técnica de confecção de próteses para um processo de reabilitação integral do paciente.

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