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Comparação relativa entre os custos de produção de café na Colômbia e no Brasil

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Comparação relativa

entre os custos de

produção de café na

Colômbia e no Brasil

1

Jorge Luis Mejia Ramirez2

Marcelo José Braga3

Resumo – Neste estudo, pretendeu-se identificar as diferenças entre os custos de produção de café

na Colômbia e no Brasil, avaliando três tipos de produtor: o pequeno, o médio e o grande. Foram analisados, para cada um deles, o uso de mão de obra, de insumos e de serviços, a porcenta-gem de consumo nos custos diretos e indiretos, o custo por saca (60 kg) e o custo por hectare, comparando-se as receitas do exercício. Entre os resultados mais relevantes, observou-se que a mão de obra colombiana varia de 43,21% a 66,10%; no Brasil, ela varia de 10,89% a 52,20%. Os custos diretos e os indiretos não apresentaram diferenças significativas, sendo o menor custo para o ano 2008, por saca de R$ 146,34, para a região de Antioquia; e o maior valor em custos foi na região de Tolima, com R$ 285,33. Em se tratando de lucros no ano 2009, a melhor região da Colômbia foi a Antioquia, com R$ 12.416,29, e, no Brasil, Luis Eduardo, com R$ 895,31. O melhor comportamen-to em rentabilidade foi apresentado pelas regiões da Colômbia.

Palavras-chave: lucros, preço, prejuízos, produtividade.

Relative comparison between the cost of

coffee production in Colombia and Brazil

Abstract – The study aims to identify the diverging differences between coffee production costs in

Colombia and Brazil, evaluating three types of producers small, medium and big, analyzing be-tween them the use of manpower, materials and services, percentage of consumption in direct and indirect costs, the cost per bag (132 Libras) and cost per hectare, comparing the income of the year. Among the most relevant results it was found that the Colombian manpower ranges from 43,21% to 66,10% and in Brazil it varies from 10,89% to 52,20%; the direct and indirect costs were not significantly different; the lowest cost for the year 2008 per bag was R$ 146,34 for the region of Antioquia, and the highest cost was in the Tolima region with R$ 285,33. For the case of profits in the year 2009, the best region of Colombia was Antioquia with R$ 12.416,29, and of Brazil was the region Luis Eduardo with R$ 895,31. The best performance in profitability was presented by the regions of Colombia.

Keywords: losses, pricing, profits, productivity.

1 Original recebido em 2/10/2011 e aprovado em 31/10/2011.

2 Estudante pós-graduando em Engenharia Agrícola, Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa (UFV). E-mail: jorge.ramirez@ufv.br 3 Ph. D., professor titular da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Departamento de Economia Rural. E-mail: mjbraga@ufv.br

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Introdução

Brasil e Colômbia são grandes produtores mundiais de café. O primeiro é o maior produ-tor, com 36% da produção mundial, o que equi-vale a 47.199 sacas de café, e o segundo produz 7% da produção mundial (9.000 sacas de café), ocupando o quarto lugar (CONSELHO DOS EX-PORTADORES DE CAFÉ DO BRASIL, 2010).

A produção de café na Colômbia faz parte de uma estratégia nacional de desenvolvimento, que gera e mantém a economia de famílias ru-rais. É de vital importância para a nação manter o produto em um mercado internacional, man-tendo, assim, a economia do setor em âmbito interno e externo. Para alcançar esse objetivo, a Colômbia estabeleceu três estratégias – denomi-nadas Centro Nacional de Investigación de Café (Cenicafe), Federación Nacional de Caficultores de Colombia e Juan Valdez –, as quais pesqui-saram, representaram o produtor e melhoraram o mercado por meio de um marketing benfeito.

Nos últimos anos, o preço mundial do café diminuiu de $ 156,20 centavos de dólar a libra em 1980 para $ 65,45 centavos de dólar a libra em 2003 (FEDERACIÓN NACIONAL DE CAFE-TEROS DE COLOMBIA, 2011), gerando uma crise internacional. Apesar disso, ainda hoje, o café é um produto do qual dependem centenas de pro-dutores, atacadistas, intermediários, torrefadoras, transportadores e consumidores, principalmente na Colômbia e no Brasil, que atualmente produ-zem grande quantidade desse grão.

No cenário da cafeicultura atual, com a ampliação da competição, em áreas não tradi-cionais de produção, cumpre adotar estratégias que garantam a sobrevivência num período de preços em declínio. Entre essas estratégias, a continuidade da adoção de tecnologias, evi-tando reduzir tratos culturais, o investimento em qualidade e a atenção à otimização do uso dos diversos recursos, com redução de custos e racionalização de despesas na manutenção e colheita, constituem condições para a

competi-tividade e a permanência na acompeti-tividade (TEIXEIRA et al., 2002).

Em cada sistema de produção agrícola, é preciso manter estratégias específicas para re-duzir os custos diretos e indiretos, sem afetar a produção, aumentando a eficiência do cultivo, analisando seu desenvolvimento e rentabilidade e incorporando tecnologias que aumentem a efi-cácia do trabalho. Se isso não for realizado em um sistema de produção, a capacidade de manter a viabilidade competitiva diminuirá. Um das ma-neiras de avaliar a viabilidade do sistema produti-vo é pelo custo de produção, um dos parâmetros mais utilizados na tomada de decisões quando se mede a rentabilidade de determinado negócio.

Embora o Brasil e a Colômbia venham produzindo café há décadas, até hoje não foi feita uma análise comparativa dos custos de pro-dução desse grão entre os dois países, que desse respostas às seguintes questões: quem produz ao menor custo, se existem diferenças nos custos, se os prejuízos e os lucros são iguais nos distintos sistemas de produção e se há diferença de uso dos elementos de custos (mão de obra, insumos, serviços, depreciação e terra) pelos dois países. Tudo isso com o propósito de trocar conheci-mentos e divulgar tecnologias para melhorar a competitividade desses países.

O objetivo deste trabalho foi analisar os custos de produção do café colombiano e do brasileiro no período 2008–2009, para os pro-dutores pequeno, médio e grande, identificando os itens mais significativos na composição dos custos e mensurando a rentabilidade média por hectare dos sistemas de produção utilizados.

Além desta introdução, este estudo é com-posto de quatro partes: Definição de custos de produção; Material e métodos, onde é feita a descrição da área de estudo e dos procedimen-tos para determinar os cusprocedimen-tos de produção; Re-sultados e discussão, onde são analisadas, por tipo de produtor, as diferenças dos elementos de custo, as receitas, os lucros e os prejuízos; e Conclusões.

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Definição de custos de produção

A apuração dos custos dos produtos está diretamente relacionada aos estoques de produ-tos acabados da empresa. Durante o processo de fabricação, valores correspondentes ao con-sumo de ativos são adicionados à matéria-prima até sua chegada ao estoque de produtos acaba-dos. O custo representa as baixas efetuadas nas contas dos estoques de produtos acabados, em decorrência das vendas no período (BATALHA et al., 1997).

Na agricultura, o custo de produção signi-fica a compensação que os donos dos fatores de produção utilizados por uma firma que produz determinado bem devem receber para que con-tinuem fornecendo-os a essa. O conceito assim apresentado envolve custos de produção explí-citos, que são os dispêndios feitos pela firma, e custos implícitos, em geral representados pelas remunerações ao capital fundiário e de explora-ção, e ao fator empresário (GRAÇA, 1976).

Custo de produção é a soma dos valores dos recursos utilizados em todo o processo pro-dutivo de uma atividade agrícola, em dado pe-ríodo de tempo, que receba uma remuneração suficiente para cobrir esse valor, o que propor-ciona a continuidade dessa atividade.

Para caracterizar os custos de produção, há ainda que distinguir os custos fixos dos cus-tos variáveis. Custo fixo corresponde aos fatores produtivos que se empregam em quantidades constantes, independentemente do nível de pro-dução; eles não variam com a produção, tão logo seja fixado o tamanho do empreendimento. Custo variável diz respeito aos fatores que são utilizados, em quantidade que varia conforme a produção (GRAÇA, 1976).

Material e métodos

Área de estudo

Os dados de custos de produção foram coletados por zonas produtoras. Para a

Colôm-bia, foram tomados como referência os estados de Antioquia e Tolima e a região do Eje Cafete-ro. Foram coletados os dados de produtores pe-quenos, médios e grandes. No caso do Brasil, as regiões avaliadas foram: Franca, Guaxupé, Luis Eduardo, Patrocínio, São Sebastião do Paraíso, Londrina, Manhuaçu e Venda Nova do Imigran-te, as quais estão divididas por tipos de produtor. Essas informações foram extraídas do Sistema de Información de Precios del Sector Agropecuário (Sipsa), para a Colômbia (CORPORACIÓN CO-LOMBIA INTERNACIONAL, 2011); para o Brasil, os dados foram extraídos da Companhia Nacio-nal de Abastecimento (CONAB, 2011).

As zonas pesquisadas na Colômbia e no Brasil foram selecionadas, pelo reconhecimen-to em âmbireconhecimen-to nacional, pela quantidade e pela qualidade da produção de café, e por estarem localizadas em um entorno de competitividade, graças às condições ótimas e a acessibilidade à informação (Figura 1).

Procedimentos para

determinar os custos de produção

Os dados coletados sobre os custos de produção de cada país eram constituídos de for-matos diferentes, impossibilitando, assim, uma análise direta; por isso, foi necessário definir os itens de custos diretos e indiretos.

Custos diretos

• Mão de obra: mão de obra fixa e vari-ável.

• Insumos: fertilizantes, inseticidas, fungi-cidas, herbifungi-cidas, coadjuvantes, empa-ques e outros.

• Serviços: assistência técnica, adminis-tração, aluguel de máquinas, operação de máquinas, manutenção de máqui-nas, análise de solo, transporte interno e armazenagem.

Custos indiretos

Depreciação: é a soma das depreciações de café e das instalações.

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É feita da seguinte forma:

• Café: custo inicial do primeiro ano do cultivo, dividido pelo número de anos de vida útil.

• Instalações: custo inicial menos custo residual, dividido pelo número de anos de utilidade.

• Terra: arrendamento da terra ou desgas-te dela.

A análise dos custos de produção de café na Colômbia e no Brasil foi realizada em culti-vos no seu terceiro ano de produção, por meio da comparação, em porcentagem, dos seguintes fatores: elementos de custos, mão de obra, insu-mos, serviços, depreciações e terra, entre os tipos de produtor (pequeno, médio e grande), nas res-pectivas regiões, na safra 2008–2009. Esses da-dos foram obtida-dos da divisão do valor de cada um deles pelo custo total. Também se avaliou, por meio de figuras, a porcentagem dos elementos, os custos diretos e indiretos daquelas regiões e os tipos de produtor. Os custos diretos e indiretos fo-ram obtidos pela divisão dos elos pelo custo total.

Também foi analisado o custo por saca e por hectare, e a receita por saca e por hectare, por meio de uma análise da rentabilidade do ne-gócio, tomando como referência a moeda bra-sileira (o real) e realizando o câmbio de pesos colombianos para reais, com base em dados do Banco Central do Brasil (2011), para o período 2008–2009.

Para a realização das receitas por hectare e por saca, os preços pagos ao produtor colom-biano foram extraídos da página da Federación Nacional de Cafeteros de Colombia (2011). Esses preços não foram encontrados em âmbito regio-nal; portanto, trabalhou-se com os valores base-ados na média nacional. Para o caso do Brasil, os dados foram extraídos da página do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP (CEPEA, 2011); as receitas também foram feitas com a média nacional, exceto para as regiões de Guaxupé e São Sebastião do Paraí-so, nas quais se trabalhou com os preços obtidos pelas cooperativas Cooxupé (2011) e Cooparaiso (2011).

Figura 1. Localização das áreas de maior produção das regiões avaliadas na Colômbia (A) e no Brasil (B).

Fonte: (A) Café da Colombia (2011); (B) Cetcaf (2012).

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Resultados e discussão

Conforme se vê na Figura 2, o item mais representativo no elemento do custo total para a produção de café para o pequeno produtor foi a mão de obra, sendo a região do Eje Ca-fetero a líder no uso, com 58,39%; e Tolima a que apresentou o menor uso de mão de obra, com 43,21%. O segundo item mais representa-tivo foram os insumos, com variação de 37,62% a 21,01%, nas regiões de Tolima e Eje Cafetero, respectivamente; para Manhuaçu e Antioquia, observou-se igualdade no consumo desses itens.

Não foram observadas diferenças signifi-cativas na porcentagem dos elementos de custos

de produção para o pequeno produtor entre Co-lômbia e Brasil, em mão de obra, insumos, de-preciação e terra; só se encontrou diferença nos serviços nas regiões de Eje Cafetero e Tolima, onde esse elemento de custo não é utilizado, em oposição às regiões de Manhuaçu e Antioquia, que utilizam esse tipo de serviço (Figura 2).

Na Figura 3, observa-se que, para o peque-no produtor, não houve diferença significativa en-tre os custos diretos e os indiretos. Na Colômbia, as variações foram de 79,04% a 80,83% nos custos diretos, e de 19,17% a 20,96% nos custos indiretos, sendo similares às do Brasil, onde os custos diretos são de 82,06%, e os custos indiretos, de 17,94%.

Figura 2. Porcentagem dos elementos de custo para o pequeno produtor, em mão de obra (M.O.), insumos,

servi-ços, depreciação e terra.

Fonte: dados da Conab (2011) e da Corporación Colombia Internacional (2011).

Figura 3. Porcentagem dos elementos dos custos de produção, de custos diretos e indiretos, para o pequeno

pro-dutor.

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Toda atividade produtiva oferece riscos em sua rentabilidade. No caso do pequeno pro-dutor (Tabela 1), observam-se as dificuldades enfrentadas pela região colombiana de Tolima em 2008, quando os custos totais excedem as receitas brutas, com prejuízo de R$ 1.675,69. No entanto, houve recuperação em 2009, com lu-cros de R$ 1.039,90. Por seu turno, em 2008, o valor da receita de Manhuaçu (Brasil) foi de R$ 6.257,86, sendo maior que seu custo total, que foi de R$ 5.998,52, obtendo-se um lucro de R$ 259,34; para o ano 2009, seus custos excede-ram as receitas, apresentando prejuízos no valor de R$ 93,35. Para as outras regiões da Colômbia, observa-se ampla diferença entre suas receitas e seus custos, os quais, para as regiões de An-tioquia e Eje Cafetero, em 2008, apresentaram lucro de R$ 3.083,59 e R$ 1.042,81, respectiva-mente, aumentando as receitas em 2009, para R$ 8.544,10 e R$ 4.380,88, respectivamente.

O custo mais baixo por saca no ano 2008 foi apresentado pela região de Antioquia, com R$ 169,37; e o maior custo por saca, por Tolima, com valor de R$ 285,33. No Brasil, o custo por saca ficou entre esses dois valores: R$ 249,94. Para o ano 2009, as regiões da Colômbia

apre-sentaram o menor custo por saca: R$ 142,71, R$ 197,81 e R$ 246,55, para as regiões de An-tioquia, Eje Cafetero e Tolima, respectivamente. Na região de Manhuaçu (Brasil), os valores foram diferentes, tendo apresentado o maior custo por saca: R$ 266,71.

Para o médio produtor (Figura 3), perce-be-se que a mão de obra é o item que obteve o maior índice de consumo, tendo variado de 43,57% a 53,31% na Colômbia, e de 46,97% a 52,20% no Brasil, sem, então, apresentar dife-renças. O item que apresentou diferença signi-ficativa entre os dois países foram os serviços: na Colômbia, só há na região de Antioquia, com valor de 1,69%, enquanto, no Brasil, nas regiões de V. N. Imigrantes, Guaxupé e Londri-na, com valores de 15,42%, 8,33% e 12,63%, respectivamente.

Conforme mostra a Figura 4, não se obser-varam diferenças significativas no uso dos ele-mentos de custos para mão de obra, insumos, serviços, depreciação e terra; só na região de Tolima foi observado, nos insumos, o maior uso (38,87%), e, nos serviços, o menor (0%).

Tabela 1. Custos e receitas por saca (60 kg) e hectare na safra 2008–2009, para o pequeno produtor.

Região 2008

Custo/saca (R$) Receita/saca (R$) Custo/ha (R$) Receita/ha (R$)

Antioquia 169,37 221,22 10.074,94 13.158,53 Eje cafetero 200,14 221,22 9.903,58 10.946,39 Tolima 285,33 221,22 7.456,74 5.781,05 Manhuaçu 249,94 260,74 5.998,52 6.257,86

Região 2009

Custo/saca (R$) Receita/saca (R$) Custo/ha (R$) Receita/ha (R$)

Antioquia 142,71 286,34 8.488,62 17.032,72 Eje cafetero 197,81 286,34 9.788,40 14.169,78 Tolima 246,55 286,34 6.443,24 7.483,14 Manhuaçu 266,71 262,82 6.400,97 6.307,62

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Na Figura 5, observa-se que a região de Antioquia tem menos consumo nos custos di-retos (74,84%), porém mais nos custos indidi-retos (25,16%), sendo inversamente proporcional aos custos da região de Guaxupé, com 86,10% nos custos diretos, equivalendo ao maior, e 13,90% nos custos indiretos, equivalendo ao menor.

Não foram encontradas diferenças sig-nificativas nas porcentagens dos elementos de custos diretos e indiretos para o médio produtor, entre o Brasil e a Colômbia.

Na Tabela 2, observa-se que a região co-lombiana de Tolima, para o médio produtor, no ano 2008, apresentou prejuízo de R$ 427,96; porém, na safra 2009, apresentou um lucro de R$ 3.019,94. Para a outra região da Colômbia, Antioquia, notam-se lucros nos dois anos avalia-dos (2008 e 2009), com valores de R$ 1.564,71 e R$ 6.926,67, respectivamente.

O Sistema de Información de la Oferta Agropecuaria de Colombia (2009) menciona que a produção de café foi reduzida em 22% porque, desde 2007, estão sendo

implementa-Figura 4. Porcentagem dos elementos de custo, para o médio produtor, em mão de obra (M.O.), insumos, serviços,

depreciação e terra.

Fonte: dados da Conab (2011) e da Corporación Colombia Internacional (2011).

Figura 5. Porcentagem dos elementos dos custos de produção, de custos diretos e indiretos, para o médio produtor.

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dos programas de renovação de cafezais velhos, encabeçados pela Federación Nacional de Ca-feteros de Colombia; além disso, as condições climáticas desfavoráveis, conhecidas, como “fe-nomeno del niño”, e a baixa fertilização também afetaram os cafezais.

Já as regiões brasileiras de Venda Nova de Imigrantes, Guaxupé e Londrina apresenta-ram, em 2008, lucros de R$ 549,64, R$ 665,35 e R$ 690,93, respectivamente, mas, em 2009, as regiões de Venda Nova de Imigrantes e Guaxu-pé tiveram prejuízos, de R$ 49,43 e R$ 1.142,69, respectivamente. Somente a região de Londri-na continuou mantendo sua estabilidade fiLondri-nan- finan-ceira, obtendo um lucro para a safra 2009 de R$ 177,99 (Tabela 2).

As condições climáticas do Estado de Mi-nas Gerais, em 2007, caracterizaram-se pela es-cassez de chuvas e por temperaturas elevadas, com médias superiores aos índices históricos, o que provocou uma deficiência hídrica acentuada nas principais regiões produtoras de café. A

es-tiagem, iniciada a partir de março, estendeu-se até meados de setembro, provocando deficiên-cia hídrica acentuada nas fases de florescimento e formação dos frutos e grãos, o que afetou a produção de café nos anos seguintes (CONAB, 2008).

O menor custo por saca em 2008 foi para a região de Antioquia, na Colômbia, com va-lor de R$ 194,10; e o maior custo por saca foi encontrado nas regiões do Brasil, nas zonas de Venda Nova do Imigrante e Londrina: R$ 237,84 e R$ 237,71, respectivamente. Para o ano 2009, os maiores custos por saca foram registrados no Brasil, com valores de R$ 298,20, R$ 264,88 e R$ 256,88 para as zonas de Guaxupé, Venda Nova do Imigrante e Londrina, respectivamen-te. Na Colômbia, os custos por saca mais baixos foram nas zonas de Antioquia e Tolima, com va-lores de R$ 166,29 e R$ 203,75, respectivamente (Tabela 2).

Os produtores pequeno, médio e grande guardam semelhança entre si no uso dos

elemen-Tabela 2. Custos e receitas por saca (60 kg) e hectare na safra 2008–2009, para o médio produtor.

Região 2008

Custo/saca (R$) Receita/saca (R$) Custo/ha (R$) Receita/ha (R$)

Antioquia 194,10 221,22 11.199,68 12.764,39 Tolima 232,92 221,22 8.517,24 8.089,28 V. N. Imigrante 237,84 260,74 5.708,22 6.257,86 Guaxupé 229,90 256,51 5.747,40 6.412,75 Londrina 237,71 260,74 7.131,40 7.822,33 Região 2009

Custo/saca (R$) Receita/saca (R$) Custo/ha (R$) Receita/ha (R$)

Antioquia 166,29 286,34 9.595,15 16.521,82 Tolima 203,75 286,34 7.450,56 10.470,50 V. N. Imigrante 264,88 262,82 6.357,05 6.307,62 Guaxupé 298,80 260,69 8.963,89 7.820,70 Londrina 256,88 262,82 7.706,53 7.884,52

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tos de custos de produção; entretanto, o mais re-presentativo na utilização foi a mão de obra nos dois países, concordando com o encontrado por Fontes et al. (2002) – a mão de obra foi a que mais onerou o custo total, com valor médio de 66,82%. Fontes et al. (2002) também constata-ram que os insumos registraconstata-ram um consumo no custo total de 6,64%, contrariando os resultados encontrados neste trabalho, no qual os insumos variaram de 17,23% a 40,82%.

Para o grande produtor, a região de Luis Eduardo apresenta diferença significativa na mão de obra – sendo a menor com 10,89% – e a maior nos insumos e serviços, com valores de 40,82% e 32,54%, respectivamente, resultados bem diferentes dos alcançados pela região Eje Cafetero, na Colômbia, que apresentou 66,10% na mão de obra, 17,83% nos insumos e 0% nos serviços, observando-se diferença nos usos dos itens. Pode-se dizer que os usos dos serviços, de insumos e de mão de obra variam de região para região, podendo afetar diretamente os custos to-tais (Figura 6).

Nos produtores pequeno, médio e grande (Figuras 3, 5 e 7), pode-se observar correlação no consumo dos custos diretos e indiretos, sem que os dados apresentem diferença significativa, oscilando de 82,52% a 86,91% nos custos

dire-tos e de 13,09% a 17,48% nos cusdire-tos indiredire-tos, concordando, novamente, com os resultados de Fontes et al. (2002), para quem os custos indi-retos variam, em média, 15,85%, e os diindi-retos, 84,15%.

Na Tabela 3, nota-se que, no Brasil, em 2008, só a região de São Sebastião do Paraíso apresentou prejuízos, no valor de R$ 776,61, mas, no ano 2009, teve um lucro de R$ 2.294,37. As regiões de Patrocínio e Franca, em 2009, ti-veram prejuízos de R$ 855,76 e R$ 1.053,19, respectivamente. A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2010) explica que as baixas produções de café devem-se ao regime de chuvas bastante irregular, às temperaturas elevadas, ao menor investimento nos tratos cul-turais, diante do alto custo de produção, e à in-tensificação de práticas culturais, como podas (esqueletamento e recepas).

Quanto ao grande produtor, a Colômbia denota melhor comportamento que o Brasil. Nos anos 2008 e 2009, a região do Eje Cafetero obte-ve lucros de R$ 2.502,67 e R$ 7.716,44, respec-tivamente; já a região de Antioquia, em 2008, demonstrou receitas de R$ 17.292,03 e custo de R$ 11.438,82, tendo lucro de R$ 5.853,21, que aumentou, em 2009, para R$ 12.416,29 (Tabela 3). Foi, assim, a região mais produtiva

Figura 6. Porcentagem dos elementos de custo, para o grande produtor, em mão de obra (M.O.), insumos, serviços,

depreciações e terra.

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da Colômbia. No Brasil, a região com melhor comportamento foi Franca, com um lucro de R$ 1.165,11 em 2008.

Nos custos por saca, a região que obteve o preço mais baixo foi Antioquia: R$ 146,34 em 2008 e R$ 127,50 em 2009. O segundo preço menor foi observado na região de Eje Cafetero:

R$ 185,48 em 2008 e R$ 176,13 em 2009. Por sua vez, as regiões com maior custo por saca, em 2008, foram São Sebastião do Paraíso e Pa-trocínio: R$ 284,19 e R$ 249,42, respectivamen-te; em 2009, foram as regiões de São Sebastião do Paraíso e Franca, com R$ 353,47 e R$ 304,91, respectivamente (Tabela 3).

Figura 7. Porcentagem dos elementos dos custos de produção, de custos diretos e indiretos, para o grande produtor.

Fonte: dados da Conab (2011) e da Corporación Colombia Internacional (2011).

Tabela 3. Custos e receitas por saca (60 kg) e hectare na safra 2008–2009, para o grande produtor.

Região Custo/saca (R$) Receita/saca (R$)2008 Custo/ha (R$) Receita/ha (R$)

Antioquia 146,34 221,22 11.438,82 17.292,03 Eje Cafetero 185,48 221,22 12.986,42 15.489,09 Luis Eduardo 210,35 260,74 11.569,31 14.340,93 Patrocínio 249,42 260,74 6.235,53 6.518,61 Franca 221,91 260,74 6.657,22 7.822,33 S.S. Paraíso 284,19 250,42 6.536,27 5.759,66

Região Custo/saca (R$) Receita/saca (R$)2009 Custo/ha (R$) Receita/ha (R$)

Antioquia 127,50 286,34 9.965,95 22.382,24 Eje Cafetero 176,13 286,34 12.332,13 20.048,57 Luis Eduardo 244,91 262,82 12.245,56 13.140,87 Patrocínio 293,38 262,82 8.214,64 7.358,88 Franca 304,91 262,82 7.622,63 6.570,43 S.S. Paraíso 353,47 253,71 8.129,70 5.835,33

(11)

É notável a diferença entre os dois países com relação a custos por saca e por hectare, re-ceitas, lucros e prejuízos, sendo mais favoráveis para a Colômbia.

O café foi e continua sendo, para várias re-giões produtoras, uma das atividades com maior capacidade de gerar empregos (REIS et al., 2001). Os quatro estados de maior produção do Brasil são Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Pa-raná, posicionando-se o primeiro como o líder, ao representar mais da metade da produção to-tal nacional (SAES; FARINA, 1999). Por sua vez, a Colômbia apresenta sua maior concentração de produção nas regiões de Eje Cafetero, Antioquia e Tolima (CORPORACIÓN COLOMBIA INTER-NACIONAL, 2011).

A única região da Colômbia que apresen-tou prejuízos na produção de café do pequeno e do médio produtor no ano 2008 foi Tolima; contudo, em 2009, passou a apresentar lucros. Essas condições desfavoráveis em 2008 para produtores de café, segundo Cafedecolombia (LAS PRINCIPALES…, 2008), deveram-se ao preço baixo do café, afetado pela reavaliação e pelo câmbio da política cambiária do Banco de la República de Colombia, às cultivares novas e às condições climáticas desfavoráveis.

Conclusões

De acordo com a pesquisa, a melhor pro-dutividade foi apresentada por todas as regiões da Colômbia. Nelas, os três tipos de produtor superaram os do Brasil, com as melhores recei-tas e lucros para a Colômbia. A região com me-lhor produtividade da Colômbia foi Antioquia, com lucros de R$ 12.416,29. No caso do Brasil, a melhor região foi Luis Eduardo, com lucros de R$ 895,31.

Chegou-se também às seguintes conclusões: • A Colômbia apresentou lucros nas duas safras (2008 e 2009); quanto ao Brasil, isso só foi observado em 2008.

• A Colômbia apresentou porcentagem de emprego de mão de obra 11,94% su-perior à alcançada no Brasil.

• Quanto à porcentagem de custos dire-tos e indiredire-tos, os dois países não apre-sentaram diferenças significativas. • O Brasil apresentou o maior custo por

saca, para os três tipos de produtor. • O melhor comportamento, para os três

tipos de produtor, foi o do grande pro-dutor, que obteve os maiores lucros.

Referências

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