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SIMPÓSIO BD RISCO BIOLÓGICO AO PACIENTE E AO ANESTESIOLOGISTA

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Academic year: 2021

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SIMPÓSIO BD

“RISCO BIOLÓGICO AO PACIENTE E AO ANESTESIOLOGISTA”

Perguntas da platéia aos palestrantes:

• Dr. Pedro Paulo Tanaka

• Dr. Rogério Luiz da Rocha Videira • Dra. Cristiane Rapparini

Pergunta da platéia ao Dr.Pedro Paulo Tanaka: Imagino que agora os senhores estejam utilizando bandejas descartáveis?

Dr. Pedro Paulo Tanaka: Não. Esse foi um processo de instrução, de autoconhecimento do hospital. Porque, como eu falei, há dois anos, nós falamos para a gerente do centro cirúrgico que era um custo inviável e o que vinha dentro da bandeja não atendia às nossas necessidades porque o material era importado. A maneira como a disposição é feita lá fora é completamente diferente do que se faz aqui. Há material nessa bandeja que eu não vou usar, então, o que se cobra é muito caro. Quando surgiu essa proposta, eu achei absolutamente interessante porque existe a possibilidade de adequar diretamente à nossa realidade e isso foi o que me chamou atenção.

Comentários do Dr. Rogério Luiz da Rocha Videira – Tem uma palavra que o Dr. Pedro Tanaka usou que achei extremamente importante: autoconhecimento. Achamos que conhecemos toda nossa prática clínica, mas não conhecemos. No estudo que publiquei, em 2002, sugeri que todo o serviço de anestesia deveria eleger uma pessoa do grupo para acompanhar esse processo que o Dr. Pedro citou. Se esse acompanhamento não é feito minuciosamente e se não sabemos quem está fazendo e de que forma está sendo feito, criam-se os problemas porque esse é um processo completamente aleatório. De repente a pessoa responsável entra em férias, chega uma outra para substituí-la e ao invés de usar 10 ml, usa 8 ml, ao invés de deixar 10 minutos, deixa 6.

Pergunta da platéia ao Dr. Pedro Paulo Tanaka: O trabalho que você fez é espetacular, mesmo que não tenha conseguido mensurar certas coisas, que são imensuráveis. Se você é capaz de instituir nesse hospital a bandeja descartável, até no formato em que

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deseja, seria excelente sob o ponto de vista de esterilização, mas sob o ponto de vista da economia, eu acho que o hospital se recusaria imediatamente porque só vai acrescentar custo. O hospital não vai ganhar nada com isso porque os profissionais terão que continuar, a não ser o fato da esterilização. Isso não convence o hospital só a nós.

Dr. Pedro Paulo Tanaka: O senhor colocou bem porque, quando começamos a questionar isso na central de material, nos disseram: “Doutor, o senhor não deve se

preocupar com isso porque quem nos paga é o governo. Se trabalhamos 2, 3, 5 minutos, não interessa ao senhor”. Na realidade, ele levanta um ponto de discussão, é uma curva

de aprendizado. Talvez, na instituição pública, isso que o senhor está colocando tenha plena razão. Em contrapartida, na instituição privada, em que o tempo do funcionário e a produtividade podem ser voltados para outra área, eu não sei até que ponto esse é um argumento válido, eu desconheço, mas no serviço público talvez não seja um grande argumento. Mas a idéia realmente é um conhecimento.

Réplica da platéia referente à pergunta anterior: Na questão do hospital privado, se conseguir instituir a bandeja descartável, não vai mudar nada com aquele funcionário, porque o volume de material não vai fazer com que ele trabalhe em outro setor, ele vai continuar ali.

Comentário do Dr. Rogério Videira: Fazendo um paralelo entre o assunto do Dr. Pedro e da Drª.Cristiane, digamos que um funcionário do hospital tenha se contaminado realizando esse processo, tenha adquirido uma hepatite B, uma cirrose ou HIV, eu gostaria de saber o custo disso para a instituição.

Responde a Drª. Cristiane Rapparini – Existem várias estimativas sobre o tratamento de um paciente ou o fato de se ter uma doença qualquer, durante seu tempo de vida, expectativa etc. Naquele caso, por exemplo, de contaminação de hepatite C, de mais de 600 mil dólares, aquilo era o custo do tratamento, do interferon, do afastamento do trabalho e por aí vai, com uma única contaminação. Então, realmente, olhar essas fotos da central de esterilização dá arrepio, porque seringa de vidro só deve ser usada quando for absolutamente necessário e excepcional. Vocês, anestesistas, correm riscos, que às vezes reencapar é absolutamente necessário. Mas que se faça com uma única mão, que se fuja para alguma outra situação. Se entrarmos numa central de esterilização é inacreditável como não acontecem mais acidentes, trabalhando da forma como trabalham, acidentes que não são somente biológicos.

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Vamos ter o custo de afastamento do trabalhador durante um determinado período porque se queimou na autoclave, porque inalou algum produto químico, porque não utilizou máscara adequada para lidar com glutaraldeídeo, porque a luva que ele utiliza não é absolutamente impermeável aos produtos químicos e enzimáticos que estão sendo utilizados. Existe uma enormidade de riscos além dos riscos das infecções. Mas o custo atual de acompanhamento de um paciente HIV positivo, que utiliza antiretroviral ou tratamento de cardiohepatite B ou tratamento de cardiohepatite C, é enorme. Se acrescentarmos esse risco, certamente, esse número vai ser extremamente expressivo. Pergunta da platéia ao Dr. Pedro Paulo Tanaka: Eu fiz um trabalho parecido e, nesse levantamento, o que mais me chamou a atenção foi quanto os hospitais oneravam o custo da bandeja descartável, onde encontrei diferenças de até 300%. Em um hospital particular, principalmente, isto é um custo absurdo. A seringa de 10ml de vidro consegue ser esterilizada, mas ela não consegue ficar totalmente limpa, isenta de resíduos. E o resíduo para nós é muito importante na hora de fazer uma anestesia regional. Realmente, abolir o uso de seringa de vidro também é prática anestésica. Eu mudo a técnica se o hospital não tiver o descartável. Parabenizo o trabalho porque foi muito bom.

Dr. Pedro Paulo Tanaka: Na realidade, a seringa de vidro no HC somente é utilizada por perda de resistência e quando o Dr. Rogério colocou aqueles estudos de meningite, no estado do Paraná, alguns nos chamaram a atenção. Em 96 ou 98, tivemos casos com mortes, dois em Cascavel e um no interior no estado e o que se descobriu foi exatamente isso: resíduos químicos que permaneciam na seringa de vidro e que, ao pegar a seringa de 5 ml, injetar o anestésico local no subaracnóideo havia transmissão da meningite química, então, realmente, isso é abolido. Em relação ao custo da bandeja, eu vivo duas realidades bem diferentes, ao mesmo tempo em que o custo final no do Hospital de Clínicas é importante, ele também tem um dispositivo de compra muito interessante, que é o pregão. Na licitação se consegue obter preços interessantes. Em contrapartida, no hospital privado, o preço de compra também é relevante uma vez que sua cobrança será feita por um índice praticado pelos convênios de repasse. Vou dar um exemplo bem interessante que tivemos recentemente, na padronização de um antiinflamatório, o mesmo foi vetado pela administração do hospital privado porque isso representaria uma perda anual de R$ 100 mil em relação ao antiinflamatório que estávamos usando regularmente. Para nós era indiferente a utilização.

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Pergunta da platéia à Dra. Cristiane Rapparini: Existe teste rápido também para hepatite?

Dra. Cristiane Rapparini – Existe teste rápido para B e para C. Por definição o teste rápido deve ser feito e o resultado é emitido em 30 minutos. Geralmente, em 10 minutos você tem o resultado. Por que não existe urgência em saber da hepatite C? Porque nenhuma medida de urgência, de profilaxia vai ser tomada, quer dizer, nenhum medicamento, nenhuma vacina. Na UFRJ ainda é utilizado teste rápido para hepatite B, há uns 10 anos, pela dificuldade de se conseguir a gamaglobulina. Mesmo que se queira comprar num hospital privado, por exemplo, é complicado de se conseguir. Havia um fornecedor em São Paulo, mas hoje não temos mais. Ele é distribuído nos centros de referência imunobiológicos especiais no país inteiro e em cidades que é preciso viajar de 6 a 8 horas. Nessas situações, vale a pena rodar e fazer o teste rápido. O teste rápido tem uma sensibilidade um pouco maior e risco de um falso resultado positivo um pouco maior. É para ser feito no acidentado. É muito freqüente observar o profissional de saúde exigir que seja feito nele também. Eu contra-indico essa prática porque tem vários problemas nisso.

Por exemplo, me furei hoje, faço meu teste, dá positivo, já tinha o HIV antes do acidente, então não vou tomar coquetel porque eu já tenho HIV e depois se descobre que a informação era um resultado falso positivo. Quer dizer, não tinha a infecção, mas existia a indicação de fazer o remédio e não tomei porque achei que já tinha infecção prévia. Não é que o teste rápido seja contra indicado para o profissional, mas eu acho que ele não deve ser feito porque só traz prejuízo. O exame anti-HIV no profissional deve ser colhido e realizado logo após o acidente, mas não precisa ser rápido e não tem necessidade urgente dessa informação.

A outra situação problemática com o teste rápido é que, geralmente, o profissional é atendido de uma forma um pouco caótica, quer dizer, ele chega num serviço de emergência e sai um resultado positivo. Sem nenhum aconselhamento pré-teste ou pós-teste, a pessoa fica absolutamente desesperada.

Temos uma estagiária que entrou com um processo porque fez o teste rápido 8 vezes e deu positivo. Ela podia fazer 12, 15 vezes que o resultado seria o mesmo porque ela continuou usando o mesmo lote, o mesmo teste, a mesma metodologia, a mesma pesquisa de utilização de antígeno, ou seja, aquele exame era um resultado

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positivo, como qualquer outro exame onde se poder ter resultados positivos e falso-negativos. Nessa situação do acidente, eu somente recomendo para o paciente-fonte, mas tem sim para HIV, hepatite B e hepatite C.

Nessas situações onde é difícil ir atrás de gamaglobulina ou quando não se consegue o resultado, em alguns lugares o teste demora de 2 a 3 meses. Nessas situações, pode ser utilizado o teste rápido que facilita o processo inteiro, inclusive, o desespero do profissional de saúde que espera o resultado durante horas, dias e fica em absoluta insegurança.

Referências

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