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Especial: desertificação e semi-árido BOLETIM 10 JUNHO 2005

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Especial:

desertificação e

semi-árido

BOLETIM 10 JUNHO 2005

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SUMÁRIO

SUMÁRIO

PROPOSTA PEDAGÓGICA

DESERTIFICAÇÃO NO CONTEXTO DA CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO ... 03 José Roberto de Lima

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PROPOSTA PEDAGÓGICA

PROPOSTA PEDAGÓGICA

Desertificação no contexto da convivência com o Semi-árido

José Roberto de Lima 1

Quando o problema da desertificação começou a ser discutido?

O tema desertificação foi tratado como um problema de âmbito mundial depois que uma grande seca assolou o Sahel, na África, de 1968 a 1974. Essa megasseca causou a morte de 200.000 pessoas e milhões de animais. Foi então convocada, no âmbito das Nações Unidas, uma Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente Humano, que foi realizada em Estocolmo, Suécia, em 1972. Nesta Conferência, foram discutidos inúmeros temas relativos ao meio ambiente, incluindo a catástrofe africana e os decorrentes problemas de desertificação. Durante a Conferência de Estocolmo (onde se instituiu o Dia Mundial do Meio Ambiente - 5 de junho) foi constatada a necessidade de um evento específico para tratar o problema da desertificação.

Assim, as Nações Unidas realizaram a Conferência das Nações Unidas sobre Desertificação, celebrada em Nairobi, Kênia. Esta Conferência teve um papel fundamental em todo o processo de luta contra a desertificação no mundo, mostrando que os recorrentes problemas de pobreza e meio ambiente necessitavam de um enfrentamento direto pela comunidade internacional.

No Rio de Janeiro, Brasil, em 1992, na Cúpula Mundial da Terra, ou RIO 92, as autoridades participantes desta Cúpula solicitaram à Assembléia Geral das Nações Unidas que fosse preparada a Convenção de Combate à Desertificação.

O texto da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação – UNCCD foi finalizado em 17 de junho de 1994, e a Convenção entrou em vigor em dezembro de 1996.

Qual a importância da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação?

A Convenção é um acordo entre países desenvolvidos e em desenvolvimento sobre a necessidade de um esforço global para dedicar-se ao problema da desertificação. A Convenção inclui

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compromissos para ações concretas no âmbito local, onde o combate à desertificação deve ser implementado. Combater a desertificação requer políticas coerentes e coordenadas. Assim, os governos de países desenvolvidos e em desenvolvimento criaram a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação.

Até 2003, cerca de 200 países tinham ratificado a UNCCD, sendo que a adesão do Brasil ocorreu em 1997.

Uma das obrigações dos países que aderiram à UNCCD é elaborar e implementar Programas de Ação Nacional para Combater a Desertificação e Mitigar os Efeitos da Seca.

A Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente é responsável pela elaboração e implementação da Convenção de Combate à Desertificação, sendo que o Secretário de Recursos Hídricos, Dr. João Bosco Senra, é o Ponto Focal Nacional da UNCCD no Brasil. O Ministério do Meio Ambiente também é responsável pela implementação das Convenções de Zonas Úmidas e Diversidade Biológica, enquanto o Ministério de Ciência e Tecnologia é o responsável pela Convenção de Mudanças Climáticas.

O que é desertificação?

A Terra é coberta por uma camada de solo frágil e pouco espessa, que se forma muito vagarosamente, mas que pode ser retirada e lavada muito rapidamente. Isto é o que está acontecendo em muitas áreas do mundo. Em lugar nenhum este problema é mais sério que nas regiões que possuem climas áridos, semi-áridos e subúmidos secos.

Como indicado no artigo 1º da UNCCD, “desertificação” significa a degradação das terras em zonas áridas, semi-áridas e subúmidas secas resultantes de vários fatores, incluindo variações climáticas e atividades humanas.

Enquanto a degradação ocorre em toda parte, ela somente é definida como “desertificação” quando ocorre em terras secas: climas áridos, semi-áridos e subúmidos secos. A degradação das terras é freqüentemente ligada com segurança alimentar e pobreza. Assim, a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD) tenta reverter esta tendência.

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Como caracterizar as áreas suscetíveis à desertificação?

A principal característica da aridez é que nas áreas com climas áridos, semi-áridos ou subúmidos secos as entradas de umidade (nível anual de precipitação) são menores que as perdas de umidade (evapotranspiração potencial).

Assim, a UNCCD usa o Índice de Aridez, ou seja, a razão entre a precipitação (P) e a evapotranspiração potencial (ETp) para identificar zonas climáticas diferentes. Neste esquema, as “zonas áridas, semi-áridas e subúmidas secas” referem-se a áreas onde a razão entre a precipitação média anual e a evapotranspiração varia de 0,05 a 0,65. Essas áreas são definidas como “terras secas”. Especificamente uma área é considerada Hiperárida, quando P/ETp < 0,05; Árida, quando 0,05 <= P/ETp < 0,20; Semi-Árida, quando 0,20 <= P/ETp < 0,50; Subúmida Seca, quando 0,50 <= P/ETp < 0,65; Úmida, quando P/ETp >= 0,65. As regiões polares e subpolares, que possuem mais de seis meses com temperatura média abaixo de 0 graus e não mais que três meses com temperaturas acima de 6º C, são classificadas como Clima Frio (Observação: no mapa, os nomes dessas áreas estão em inglês.)

Por exemplo, se em uma dada área a precipitação média anual é de 1.000 milímetros e a evapotranspiração potencial é de 2.000 mm, tem-se que o Índice de Aridez é de 0,50, ou seja, é considerada uma área com clima subúmido seco.

As áreas hiperáridas são aquelas onde o Índice de Aridez está abaixo de 0,05 – são os desertos. Os desertos compreendem um bilhão de hectares da superfície da Terra.

Do Atlas Mundial de Desertificação , publicado em 1992, pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas – UNEP, foi produzido o Mapa Global de Zonas Úmidas mostrado abaixo. O Índice foi produzido com dados de precipitação e evapotranspiração potencial do período de 1951 a 1980.

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FIGURA 1 – Mapa Global de Zonas Úmidas

Por que a desertificação é um problema?

A desertificação é um problema porque longos períodos de seca resultam na redução da produtividade alimentar e ameaçam as pessoas que vivem nestas áreas de fome e sede.

As terras secas cobrem mais de 40% da superfície terrestre do mundo (cerca de 5,1 bilhões de hectares), onde vivem mais de 2,6 bilhões de pessoas (42% da população mundial). Mais de 70% desse total são usados para agricultura e estão realmente degradados. Na América Latina, mais de 516 milhões de hectares são afetados pela desertificação.

Mais de 80 dos 100 países afetados pela desertificação estão em desenvolvimento. A desertificação é mais destrutiva nas áreas secas da América do Sul, Ásia e África. Nestas três áreas, 18,5% das terras produtivas estão severamente desertificadas.

O problema da falta de água nas regiões afetadas pela desertificação contribuiu também para o agravamento de problemas como saneamento, saúde e produção agrícola nessas regiões. Os índices de pobreza nas regiões afetadas pela desertificação preocupam, e essa preocupação não é só dos Governos dos países afetados, mas também é uma preocupação global.

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Existe um Dia Mundial para Combater a Desertificação?

O dia 17 de junho é o Dia Mundial de Combate à Desertificação. Este dia foi escolhido por ter sido a data em que o texto da UNCCD foi finalizado. As Nações Unidas estabeleceram que 2006 será o Ano Internacional dos Desertos e da Desertificação.

No Brasil existem áreas suscetíveis à desertificação?

Os países do mundo que possuem áreas em climas áridos, semi-áridos e subúmidos secos, em sua maioria, fazem parte da UNCCD. As “terras secas” do Brasil estão localizadas nas regiões onde predominam climas semi-áridos e subúmidos secos. Nessas áreas, a vegetação predominante é conhecida como caatinga e, em menores proporções, o cerrado. As condições climáticas, bem como as atividades humanas, contribuem para a degradação desses biomas. Este fato piora as condições de desertificação e seca.

O Brasil possui um Programa de Ação para Combater a Desertificação?

O Brasil começou a elaborar seu Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca: PAN-Brasil, em 2003. Mais de 1.200 pessoas que vivem nas áreas suscetíveis à desertificação no Brasil participaram do processo de elaboração do Programa, que foi lançado em 06 de dezembro de 2004, pela Ministra do Meio Ambiente Marina Silva, em Caicó, Rio Grande do Norte.

Qual é a área de abrangência das áreas suscetíveis à desertificação no Brasil?

Conforme definido no PAN-Brasil, as áreas suscetíveis à desertificação no Brasil abrangem municípios dos 9 estados do Nordeste: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Além destes, também foram considerados alguns municípios no Norte de Minas Gerais e Espírito Santo, onde a Sudene executou Programas de Emergência de Seca, e municípios onde o bioma caatinga ocorre. No total, o número de municípios abrangidos pelo Programa é 1.482, ocupando uma área de 1.338.076 km 2 , nos quais vivem cerca de 32 milhões de pessoas.

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FIGURA 2 – Áreas suscetíveis à desertificação no Brasil

O que o PAN-Brasil pode fazer para combater a desertificação e mitigar os efeitos da seca nessas áreas?

O PAN-Brasil é um instrumento político que tem como objetivo estabelecer as diretrizes e os instrumentos legais e institucionais que permitam otimizar a formulação e execução de políticas públicas e investimentos privados visando ao desenvolvimento sustentável das Áreas Suscetíveis à Desertificação – ASD no Brasil. Sua estratégia de ação se baseia em quatro componentes:

• combater a pobreza e as desigualdades;

• ampliação sustentável da capacidade produtiva;

• preservação, conservação e manejo sustentável dos recursos naturais; e

• gestão democrática e fortalecimento institucional.

Neste ano, estamos iniciando a implementação do Programa, a qual ocorrerá, da mesma maneira como sua elaboração, com a participação das comunidades locais e de todos os atores envolvidos e

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interessados. O Programa está desenhado para integrar-se com outros programas de desenvolvimento sustentável existentes no país.

Qual o perfil do professor para trabalhar o Tema Desertificação e Seca?

Como a educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino, é fundamental que professores, de todas as disciplinas, tenham uma visão sobre gestão ambiental, com foco na desertificação.

Como trabalhar os conceitos na escola?

Dentro de uma visão global, o professor pode trabalhar os conceitos de Convenções Internacionais sobre Desertificação, explorando situações locais, como, por exemplo, ações que se colocam para a educação nas Áreas Suscetíveis à Desertificação – ASD, com o envolvimento de todos os atores do processo educacional (professores, alunos, comunidades, funcionários, dirigentes, representantes dos órgãos do poder público e da sociedade civil, movimentos sociais etc.). Além das atividades em sala de aula, pode trabalhar atividades de campo e extracurriculares como o teatro, feiras de ciências e culturais, visitas a áreas suscetíveis à desertificação, levantamentos de índices sociais e econômicos de desertificação, redações, gincanas, pesquisas.

O que se espera da Sociedade e do Governo?

Para que haja efetividade na incorporação da perspectiva de gestão participativa na resolução dos problemas resultantes do processo de desertificação é fundamental o trabalho conjunto do governo, em todos os níveis (federal, estadual e municipal), da sociedade organizada e da população afetada, de maneira a contribuir para que as políticas públicas afirmativas não fiquem sendo meros instrumentos de retórica, mas tornem efetiva qualquer política pública, entre as quais a gestão ambiental, orientada para reconhecer a perspectiva de uma gestão articulada, integrada e, principalmente, participativa na tomada de decisão.

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Como conceituar a convivência com o Semi-árido?

Levando-se em conta que os ecossistemas frágeis, associados aos climas áridos, semi-áridos e subúmidos secos, são áreas importantes pela extensão de terra, pelo contingente populacional e potencial econômico envolvido e considerando as circunstâncias e necessidades específicas, os programas nacionais incluirão, entre outras, medidas em alguns ou em todos os seguintes domínios apropriados, desde que relacionados com o combate à desertificação e à mitigação dos efeitos da seca nas áreas afetadas e envolvendo as respectivas populações.

Neste contexto, as ações públicas e privadas desenvolvidas no semi-árido precisam estar em consonância com as características físicas/climáticas da região assim como com os aspectos sócio-culturais das populações que aprenderam a conviver com as dificuldades impostas pelas condições climáticas ambientais.

Sendo assim, é importante que se estabeleçam:

• a promoção de formas de subsistência alternativas e melhoria do ambiente econômico nacional, tendo em vista reforçar os programas dirigidos à erradicação da pobreza e à garantia da segurança alimentar;

• a dinâmica demográfica;

• a gestão sustentada dos recursos naturais;

• as práticas agrícolas sustentáveis;

• o desenvolvimento e uso eficiente de várias fontes de energia;

• o quadro institucional e legal;

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hidrológicos e meteorológicos;

• o desenvolvimento das capacidades: a educação e a conscientização pública.

Glossário

Desertificação: a degradação da terra nas zonas áridas, semi-áridas e subúmidas secas, resultante de vários fatores, incluindo as variações climáticas e as atividades humanas.

Combate à desertificação: atividades que fazem parte do aproveitamento integrado da terra nas zonas áridas, semi-áridas e subúmidas secas, com vistas ao seu desenvolvimento sustentável, e que têm por objetivo:

I. A prevenção e/ou redução da degradação das terras,

II. A reabilitação de terras parcialmente degradadas, e

III. A recuperação de terras degradadas.

Seca: o fenômeno que ocorre naturalmente quando a precipitação registrada é significativamente inferior aos valores normais, provocando um sério desequilíbrio hídrico, que afeta negativamente os sistemas de produção dependentes dos recursos da terra.

Mitigação dos efeitos da seca: as atividades relacionadas com a previsão da seca e dirigidas à redução da vulnerabilidade da sociedade e dos sistemas naturais àquele fenômeno no que se refere ao combate à desertificação.

Terra : sistema bioprodutivo terrestre que compreende o solo, a vegetação, outros componentes do biota e os processos ecológicos e hidrológicos que se desenvolvem dentro do sistema.

Degradação da terra: a redução ou perda, nas zonas áridas, semi-áridas e subúmidas secas, da produtividade biológica ou econômica e da complexidade das terras agrícolas de sequeiro, das terras

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agrícolas irrigadas, das pastagens naturais, das pastagens semeadas, das florestas e das matas nativas, devido aos sistemas de utilização da terra ou a um processo ou combinação de processos, incluindo os que resultam da atividade do homem e das suas formas de ocupação do território, tais como:

I. A erosão do solo, causada pelo vento e/ou pela água;

II. A deterioração das propriedades físicas, químicas e biológicas ou econômicas do solo, e

III. A destruição da vegetação por períodos prolongados.

Zonas áridas, semi-áridas e subúmidas secas: todas as áreas, com exceção das polares e das subpolares, nas quais a razão de precipitação anual e evapotranspiração potencial está compreendida entre 0,05 e 0,65.

Precipitação: quaisquer produtos (sejam sólidos ou líquidos) resultantes da condensação do vapor d'água, que desabam das nuvens ou que são depositados pelo ar úmido sobre o solo.

Evaporação: é a quantidade de água que é evaporada em uma superfície livre.

Transpiração: fenômeno pelo qual as plantas transferem água em forma de vapor para a atmosfera.

Evapotranspiração: o vapor transferido à atmosfera por meio da transpiração é geralmente computado junto com o vapor, devido à evaporação.

Caatinga: é a vegetação característica do Nordeste brasileiro, de clima semi-árido. Sua paisagem é formada por árvores de troncos tortuosos, recobertos por cortiça e espinhos. As raízes cobrem a superfície do solo, para capturar o máximo de água durante as chuvas leves. Para poder sobreviver à seca, as plantas perdem suas folhas e outras têm sistema de armazenamento de água. As espécies mais abundantes são: mandacaru, juazeiro, quixabeira e catingueira. É o único bioma exclusivamente brasileiro. Isto significa que grande parte do patrimônio biológico dessa região não

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é encontrada em outro lugar do mundo além de no Nordeste do Brasil.

Gestão Ambiental: é o conjunto de regras e instrumentos econômicos, sociais, financeiros, legais e técnicos para dirimir conflitos entre os homens e entre estes e os demais seres vivos no acesso aos recursos naturais, ambientais e genéticos, internalizando-se práticas que estimulem posturas que assegurem a proteção, a preservação, a conservação, o controle, a melhoria e a recuperação dos recursos ambientais e dos ecossistemas, na busca constante pela eqüidade social, desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental.

Nota

1 Coordenador da Coordenação Técnica de Combate à Desertificação. Consultor dessa série.

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PROJETO:

Desertificação na Paraíba JOÃO PESSOA/PB

2005

COLÉGIO NOSSA SENHORA DE LOURDES

PROJETO:

Desertificação na Paraíba

1. Apresentação

O homem, ao longo de sua existência, sempre manteve uma relação de extrema dependência com a natureza. Essa relação ocorre de maneira diferenciada, segundo os vários momentos históricos e os diversos modelos de produção aos quais a sociedade se submete.

Dessa forma, a relação homem e natureza vem sofrendo várias mutações ao longo do tempo, impregnando diferentes marcas na paisagem com efeitos diversos. Dentre essas marcas, podemos destacar o processo da desertificação, causado pela prática predatória da ação antrópica que, pressionando os recursos naturais em ambientes de extrema fragilidade geo-ecológica, vem gerando

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áreas que se assemelham a verdadeiros desertos, afetando, assim, a qualidade de vida de milhares de pessoas no mundo inteiro.

Essa temática passou a ser alvo de discussões envolvendo representantes de vários setores da sociedade civil que buscam, através dos estudos e acordos, traçar planos e programas que possam mitigar a problemática em nível local e mundial. O Brasil, recentemente, lançou o Plano Nacional de Combate à Desertificação, como parte integrante do acordo estabelecido pela Convenção de Combate à Desertificação, que envolve mais de 100 países como signatários na luta contra essa transformação em deserto, e contra a seca, nos países pobres.

Ao compreender que essa luta em defesa da vida é um conteúdo fundamental da educação, o Colégio Nossa Senhora de Lourdes – Lourdinas –, na missão de educar para o exercício da cidadania, elegeu essa temática no “Projeto Desertificação na Paraíba”, como parte do seu programa anual de estudo, tendo por base uma pesquisa a ser realizada em uma área nesse processo, na microrregião do Cariri paraibano, atingida pelo referido impacto ecológico: Cabaceiras.

2. Justificativa

A desertificação é vista pelos mais diversos estudiosos da questão ambiental como um dos mais graves problemas ambientais enfrentado pela humanidade. Suas causas e conseqüências envolvem as mais diversas esferas da sociedade, sejam elas: culturais, econômicas, sociais ou políticas. Seus impactos são observados em praticamente todos os continentes, sendo o Continente Africano o mais afetado.

No território nacional, focos de desertificação são observados na região semi-árida do Nordeste brasileiro, comprometendo ainda mais a qualidade de vida de aproximadamente 18 milhões de pessoas que sobrevivem das atividades econômicas ligadas diretamente ao setor primário. Alguns núcleos de desertificação já podem ser observados na região: Cabrobó/PE; Gilbués/PI; Irauçuba/CE e Seridó/RN/PB.

No Estado da Paraíba, estudos demonstram que 70% (setenta por cento) do seu território pos-suem algum estágio de degradação/desertificação. As áreas mais comprometidas são: o Agreste da Borborema; a Depressão do Alto Piranhas, o Curimataú; os Cariris Velhos e o Seridó.

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Com o propósito de representar uma pequena amostra das áreas desertificadas do Estado, foi definida uma área de estudo – os Cariris Velhos – que será estudada pelos alunos de 5ª e 6ª séries, num plano trans e interdisciplinar, buscando aferir os conceitos trabalhados em sala, a reflexão e, ainda, o despertar para os problemas ambientais, principalmente aqueles que atingem diretamente o nosso Estado.

3. Objetivos

3.1. Objetivo Geral:

Despertar o aluno para a problemática da desertificação, demonstrando a importância do uso sustentável dos recursos naturais para a conservação da vida.

3.2. Objetivos Específicos:

• Identificar áreas em processo de desertificação;

• Caracterizar o quadro geoambiental da área de estudo, observando as principais potencialidades naturais e socioeconômicas da região;

• Resgatar a história da área em estudo;

• Analisar quantitativa e qualitativamente os dados sócio-ambientais da área de estudo coletados, demonstrando-os através de planilhas e gráficos e mediante a elaboração de um banco de dados;

• Trabalhar a produção de textos e elaboração de relatórios;

Propor medidas de prevenção e mitigação para conter um possível avanço do processo de desertificação na área em estudo, que poderão servir, inclusive, de subsídios para futuras políticas públicas.

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4. Metodologia

A princípio se fará uma pesquisa bibliográfica com discussão dos conceitos básicos. Posteriormente, visita ao Laboratório e Oficina de Geografia da Paraíba (LOGEPA), localizados na Universidade Federal da Paraíba – UFPB –, com o objetivo de conhecer os percursos e caracterizar geograficamente a área de estudo. Após as discussões e estudos realizados em sala de aula, os alunos farão o trabalho de campo com a coleta dos dados prédefinidos pelos professores e uma outra coleta junto aos órgãos de pesquisa, como: IDEME, IBGE, universidades, entre outros, visando a uma análise espaço-temporal da área de estudo, tomando-se por base as décadas de 70, 80, 90 e do ano 2000.

Esses dados, agregados àqueles coletados “in loco”, servirão para a caracterização da área de estudo e diagnóstico e serão demonstrados através de gráficos e planilhas que irão compor o relatório e auxiliarão a construção dos “blogs”, nos quais serão divulgados os resultados da pesquisa.

A culminância do trabalho se dará com a realização do Fórum de Debates, no qual pesquisadores, professores, alunos e participantes em geral irão discutir alternativas de mitigação dos efeitos da seca e de combate à desertificação. Nesse evento, os alunos irão expor os trabalhos, relatar a experiência vivenciada e trocar idéias junto à comunidade, e buscar a participação, em busca de contribuir para novas discussões sobre essa temática e despertar a consciência para questões sociais, ambientais, culturais e políticas.

5 . Cronograma

Fevereiro – lançamento do projeto. Março – pesquisa bibliográfica.

Abril – visita ao LOGEPA e área de estudo.

Maio – análise dos dados coletados com a construção dos gráficos e planilhas; relatórios e montagem dos “blogs”.

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6. Equipe de Planejamento:

Direção;

Equipe Técnica;

Professores de Geografia (5ª e 6ª séries);

Professores de Ciências (5ª e 6ª séries);

Professores de Matemática (5ª e 6ª séries);

Professores de História (5ª e 6ª séries);

Alunos da 5ª e 6ª séries do Ensino Fundamental II.

7. Bibliografia

CONTI, J. B. Desertificação nos Trópicos: Proposta de Metodologia de Estudo Aplicada ao

Nordeste Brasileiro. Tese de Livre-Docente. São Paulo, USP, 1995.

Política Estadual de Controle de Desertificação – Documento II (Desertificação. Superintendência

de Administração do Meio Ambiente. Governo do Estado da Paraíba.

Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação. Brasília/DF, Ministério do Meio

Ambiente / Secretaria de Recursos Hídricos, 2004.

SAMPAIO, Everaldo V. S. B. e SAMPAIO, Tony. Desertificação: Conceitos, Causas,

Conseqüências e Mensuração . FINEP; UFRPE, Março/2002.

SANTOS, Joel Silva dos. Revisão Teórico-Conceitual sobre o Processo de Desertificação. Monografia. Departamento de Geociências, UFPB, 2002.

VASCONCELOS SOBRINHO, J. Processos de Desertificação ocorrentes no Nordeste do Brasil:

Referências

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