• Nenhum resultado encontrado

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA REVOLUSÃO PLANETARIA- SOBRE A VISÃO DE EDGAR MORIN

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA REVOLUSÃO PLANETARIA- SOBRE A VISÃO DE EDGAR MORIN"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA REVOLUSÃO PLANETARIA- SOBRE A

VISÃO DE EDGAR MORIN

Marinalva Valdevino dos Santos¹, Maria Gracielly Lacerda de Abrantes²

Universidade Federal de Campina Grande- Marinalvaldevino@gmail.com; Universidade Estadual da Paraíba

gracielly.9lacerda@gmail.com

Resumo: Educação ambiental faz referência a um contexto pedagógico que visa amplificar a

conscientização do homem em relação à preservação do planeta em seu imenso contexto. Baseia-se em algumas filosofias utilizadas na antiguidade, e com ideias de propostas atuais. A preocupação com a preservação cresce substancialmente, e fazer com que nossas crianças cresçam com essa consciência seja o maior desafio. Ao olhar de Edgar Morin essa conscientização depende do despertar para o papel do indivíduo no universo, essa conscientização depende do autoconhecimento do indivíduo e sua percepção como homem natural físico e cósmico. Desenvolver seres humanos responsáveis e conscientes é o único caminho para a preservação da nossa própria espécie e para o desenvolvimento da cultura cientifico-ambiental-social.

Palavras-chave: Educação, Conscientização, Preservação.

INTRODUÇÃO

A educação por representar de forma atenuada e crescente os meios pelos quais o indivíduo compreende os processos que levam ao conhecimento nas mais diversas formas, se torna a principal ferramenta da conscientização ambiental. A Educação ambiental tem o papel de sensibilizar e despertar no homem a ligação existente entre sua condição humana, natural, cósmica e social.

Sobre a luz do saber de Edgar Morin (1985), podemos analisar separadamente cada condição anteriormente citada e compreender de forma objetiva e subjetiva as condições necessárias a internalização da Educação Ambiental, despertando uma consciência ecológica baseada na desconstrução de conhecimentos errôneos sobre a natureza, na qual o homem é parte integrante indissociável, que necessita constantemente de reformar e formar o conhecimento sobre todas as óticas possíveis.

A Educação Ambiental, segundo Arlindo Philppi Jr. e Maria Cecilia Focesi Peliconi (2005, p. 03), vai formar e preparar cidadãos para reflexão crítica e para uma ação social corretiva ou transformadora do sistema, de forma a tornar viável o desenvolvimento integral dos seres humanos.

Assim sendo, a ideia de introduzir a educação ambiental em um contexto pedagógico visa a interdisciplinaridade das matérias, como história, ciências, ciência social, economia, física, entre outras, sendo possível assim, interagir todos os níveis existentes em uma unidade escolar para uma conscientização comum. A abordagem multidisciplinar na educação ambiental permite a identificação das causas socioeconômicas políticas e culturais de geradores de problemas ambientais. A população está cada vez mais envolvida com as tecnologias e o cenário urbano, perdendo dessa maneira a relação natural que tinha com a natureza.

(2)

Dentro deste contexto, é clara a necessidade de mudar o comportamento do homem em relação à natureza e sore si mesmo. A educação ambiental se propõe atingir todos os cidadãos através de um processo educacional permanente, que procura orientar e conscientizar o educando sobre a situação mundial do meio ambiente.

Para esta análise foi necessário discorrer sobre o Livro os Sete Saberes de Edgar Morin, com enfoque nos ideais de uma revolução planetária da humanidade. Baseados em reflexões sobre o complexo como forma religação dos saberes, que por sua vez encontra-se de atualmente de forma compartimentada, o impede de certa forma uma visão ampla do real sentido da ciência como parte interligada de toda a humanidade com o cosmos.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

E o que é educação ambiental?

Conforme Reigota (1995) a educação ambiental é um processo baseado no coletivo, na busca do diálogo para se chegar no objetivo desejado, com alternativas socioambientais que contemplem a maioria das pessoas de forma a integrá-las no seu meio.

Podemos obter diversos conceitos no que diz respeito educação ambiental e nenhum deles pode ser descartado, porque estes têm se complementado e provocado um maior entendimento da educação ambiental. Discutiremos a seguir alguns conceitos:

Segundo a Política Nacional de Educação Ambiental - Lei nº 9795/1999, Art 1º.: "Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade."

Tendo como ponto de partida o conceito acima da Política Nacional de Educação Ambiental, podemos perceber que esse conceito surge de uma visão construtivista, onde o indivíduo a partir de sua função social constrói um contexto social de forma ativa e pode influenciar na conservação do meio ambiente e na qualidade de vida social. Desde que cada indivíduo faça sua parte e atue de forma mais ampla com o coletivo.

De acordo com Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, Art. 2°, temos a seguinte definição de Educação Ambiental:

“A Educação Ambiental é uma dimensão da educação, é atividade intencional da prática social, que deve imprimir ao desenvolvimento individual um caráter social em sua relação com a natureza e com os outros seres humanos, visando potencializar essa atividade humana com a finalidade de torná-la plena de prática social e de ética ambiental.”

Segundo os DCNs temos uma abordagem de EA que envolve a mesma como sendo uma esfera do campo educacional, e trabalha nesse contexto a EA como algo que deve ser feito de forma intencional e não como fruto do acaso, mas sim como uma pratica consciente e planejada. Reforça também o ponto chave da EA que é a relação Homem-natureza e sua

(3)

relação com o próprio homem, este enquanto ser social para trazer à tona a ética ambiental de forma real e pratica.

A Conferência Sub-regional de Educação Ambiental para a Educação Secundária – Chosica/Peru (1976), irá tratar a definição de EA como ação educacional ligando-a aos impactos ambientais em constante crescimento e que vem sendo causados pela humanidade. Trazendo ao seio do indivíduo uma transformação necessária à sua sobrevivência, mas também como agente de transformação social através de habilidades e percepções ambientais. “A educação ambiental é a ação educativa permanente pela qual a comunidade educativa tem a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas causas profundas. Ela desenvolve, mediante uma prática que vincula o educando com a comunidade, valores e atitudes que promovem um comportamento dirigido a transformação superadora dessa realidade, tanto em seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes necessárias para dita transformação.”

Em seguida temos a Conferência Intergovernamental de Tbilisi (1977), que fortalece os termos das definições da conferencia anterior e acrescenta a bioética como meio de qualidade de vida:

“A educação ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificações de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. A educação ambiental também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhora da qualidade de vida.”

O autor Quintas, J. S., em O Salto para o Futuro, de 2008, retrata a EA como agente de transformação dos diferentes níveis sociais. Para que cada indivíduo de acordo com a realidade social em que está inserido venha a ter uma consciência ambiental e provoque transformações no seu contexto socioambiental a partir de sua gestão dos recursos ambientais que estão ao seu alcance. Dessa forma temos:

“A Educação Ambiental deve proporcionar as condições para o desenvolvimento das capacidades necessárias; para que grupos sociais, em diferentes contextos socioambientais do país, intervenham, de modo qualificado tanto na gestão do uso dos recursos ambientais quanto na concepção e aplicação de decisões que afetam a qualidade do ambiente, seja físico-natural ou construído, ou seja, educação ambiental como instrumento de participação e controle social na gestão ambiental pública.”

Entre as diferentes abordagens de Educação Ambiental temos a EA como agente social de política pública, ou seja, fere-se à participação do povo nas decisões da cidade, do território através de ações coletivas de cidadania e de um saber ambiental responsável, que é

(4)

defendida por Sorrentino et al, 2005:

“A Educação Ambiental nasce como um processo educativo que conduz a um saber ambiental materializado nos valores éticos e nas regras políticas de convívio social e de mercado, que implica a questão distributiva entre benefícios e prejuízos da apropriação e do uso da natureza. Ela deve, portanto, ser direcionada para a cidadania ativa considerando seu sentido de pertencimento e co-responsabilidade que, por meio da ação coletiva e organizada, busca a compreensão e a superação das causas estruturais e conjunturais dos problemas ambientais.”

O enfoque capitalista é retratado por Trein (2008), que critica o modelo capitalista de desenvolvimento social que não se preocupa com as questões ambientais e somente com o lucro a todo custo. Para o desenvolvimento de ações políticas contra esse modelo que está extremamente dependente da sociedade consumidora, que por vezes não se dá conta do modelo social capitalista em que está inserida:

“A Educação Ambiental, apoiada em uma teoria crítica que exponha com vigor as contradições que estão na raiz do modo de produção capitalista, deve incentivar a participação social na forma de uma ação política. Como tal, ela deve ser aberta ao diálogo e ao embate, visando à explicitação das contradições teórico-práticas subjacentes a projetos societários que estão permanentemente em disputa.”

O IDEARIO DE EVOLUÇÃO PLANETARIA DE EDGAR MORIN

Para Morin (1994) a palavra complexidade tem relação com uma carga semântica de confusão, incerteza, desordem, incapacidade de pôr ordem às ideias. Essa desordem é fundamental para aumentar a ordem. Existe um processo dialógico entre ordem, desordem e organização. Com a dialógica é possível assumir, racionalmente, a associação de ações contraditórias gerando um fenômeno complexo.

Por falar em dialógica, essa também é uma expressão central no processo de construção do conhecimento, que merece atenção. É um dos eixos importantes para o pensamento complexo, que significa o diálogo, nascido na prática da liberdade e baseado na existência. Segundo Freire (2005) a dialogicidade é sempre geradora de esperança, está presente nas dimensões da ação e da reflexão. Através dela mostramos que humanamente existimos, então somos capazes de agir e modificar o mundo dado. Comumente as ideais de Freire e Morin se fundem, em uma mesma linha de pensamentos.

A dialogicidade está presente no pensamento complexo que comporta alguns princípios como o dialógico, que permite o vínculo entre elementos antagônicos, complementares e inseparáveis, que ultrapassam o reducionismo. O pensamento complexo tem um enfoque na teoria sistêmica nos sistemas dos organismos vivos e das máquinas, na comparação entre sistema aberto e fechado (MORIN, 2001).

Segundo Morin (2001) A única verdadeira mundialização que estaria a serviço do gênero humano é a da compreensão, da solidariedade intelectual e moral da humanidade.

(5)

As culturas devem aprender umas com as outras, e a orgulhosa cultura ocidental, que se colocou como cultura-mestra, deve-se tornar também uma cultura-aprendiz. Compreender é também aprender e reaprender incessantemente. O desenvolvimento da compreensão necessita da reforma planetária das mentalidades; está deve ser a tarefa da educação do futuro. Dessa forma o autor argumenta constantemente sobre a consciência do homem como ser natural, cósmico e social. Onde o homem natural representa o homem em sua condição biológica com todos os processos que norteiam sua sobrevivência. O homem social aquele que interage com a sociedade e atua de forma ativa ou passiva na formação do contexto social, relacionando com os indivíduos em um meio comum; O homem na condição cósmica reflete o papel deste no universo, como agente pensante e parte do todo.

4 CONCLUSÃO

A educação ambiental pode ser entendida com toda ação educativa que contribui para a formação de cidadãos conscientes da preservação do meio ambiente e aptos a tomar decisões coletivas sobre questões ambientais necessárias para o desenvolvimento de uma sociedade sustentável. Dessa forma, sua aplicação não se restringe ao universo escolar, mas deve permear este para facilitar o entendimento dessas questões e suas aplicações no dia a dia. Uma das alternativas para a inclusão da temática ambiental no meio escolar é "a aprendizagem em forma de projetos". Segundo Capra (2003), essa é uma proposta alinhada com o novo entendimento do processo de aprendizagem que sugere a necessidade de estratégias de ensino mais adequadas e torna evidente a importância de um currículo integrado que valorize o conhecimento contextual, no qual as várias disciplinas sejam vistas como recursos a serviço de um objeto central. Esse objeto central também pode ser entendido como um tema transversal que permeia as outras disciplinas já constituídas e consegue trazer para a realidade escolar o estudo de problemas do dia a dia.

Além disso, as atividades de educação ambiental precisam extrapolar o âmbito escolar e promover o aprendizado e, até a transformação de todos nós. Segundo Nalini (2003), proteger a natureza precisa ser tarefa permanente de qualquer ser pensante e aprender a conhecê-la e respeitá-la pode levar uma vida inteira. Não há limite cronológico, em termos de educação ambiental, para que todos estejam em processo de aprendizado constante. Entretanto, como a maioria dos temas transversais, educação ambiental é um muito abrangente e a maioria dos projetos que se propõem a trabalhar o assunto procuram concentrar-se em focos mais específicos dentro deste grande assunto.

REFERÊNCIAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Turismo com atividades de caminhada - Parte 1:Requisitos para produto. CB-5 Projeto 54:003.10-001/1, março, 2007.

CASTRO, Ronaldo Souza de; SPAZZIANI, Maria de Lurdes. VYGOTSKY E PIAGET: CONTRIBUIÇÕES PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Tendências da Educação

Ambiental Brasileira, Santa Cruz do Sul, 1ª ed. 1998.

CAPRA, F. As conexões ocultas. São Paulo: Cultrix, 2003

(6)

LUIZARI, R. A. A Contribuição do pensamento de Edgar Morin para a Educação

Ambiental. Rio Claro, 2003, 125p. (Trabalho de Conclusão de Curso), Instituto de

Biociências, UNESP.

MEC, Implantação da Educação Ambiental no Brasil, 1998.

REIGOTA, Marcos. Meio ambiente e representação social. São Paulo: Cortez, 1995.

MORIN, Edgar. O problema epistemológico da complexidade. Lisboa: Europa-América, 1985.

MORIN, E. “Ciência com Consciência”. Ed. Publicações Europa-América, Lda, Portugal: 1994.

______. Introdução ao pensamento complexo. 3. ed. Lisboa: Instituto Piaget, 2001. ______. “Os sete saberes necessários à educação do futuro”. Ed. Cortez, São Paulo: 2001.

PHILIPPI, JR. Arlindo, PELICIONI, Focesi Cecília Maria. Educação ambiental e

sustentabilidade. Barueri, SP: Manole, 2005 Coleção Ambiental 3, p. 03-12.

QUINTAS, J. S., Salto para o Futuro, 2008.

SORRENTINO, M. et al. Educação ambiental como política pública. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 285-299, maio-ago. 2005.

TREIN, E. A perspectiva crítica e emancipatória da Educação Ambiental. In: BRASIL. Ministério da Educação. Educação Ambiental no Brasil, ano XVIII, Boletim 1, Rio de Janeiro, março de 2008.

Referências

Documentos relacionados

ASSINATURA DO CANDIDATO  .... Com base nos conceitos do Regime de Caixa e de Competência, assinale a alternativa em que é apresentado o valor correto do lucro da Companhia

Diante destas diversas experiências, uma análise argumentativa criteriosa sobre a informalidade nas bancas de pesponto da indústria de calçados em Nova Serrana

Em paralelo aos Jogos Olímpicos, a partir de 1960, são realizados, após estes, os Jogos Paraolímpicos, tanto de Verão quanto de Inverno, para atletas com necessidades especiais,

A Figura 58 mostra as tensões Circunferencial ao longo de parte da seção do duto com o reparo onde está contida a descontinuidade de 75%, de modo que se possam

O surgimento do Kinect fez com que novas funcio- nalidades surgissem com rela¸c˜ ao ` a utiliza¸c˜ ao desse tipo de sensor, sendo poss´ıvel a aplica¸c˜ ao de NUI (Natural

Chama-se a atenção para o facto de com o caso de carga modal, os parâmetros mais importantes do comportamento sísmico das pontes em estudo, os deslocamentos e momentos do tabuleiro e

Em relação à construção do conteúdo das aulas no AVA, percebe-se o quanto isso foi apro- priado para aplicação da Sala de Aula Invertida, tanto na organização do ambiente

Têm-se como hipóteses: a sinalização turística facilita a loco- moção de turistas e moradores, que quase sempre não conhecem os atrativos que Campo Grande e o estado oferecem;