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ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PEÇAS E QUESTÕES ENTENDER O PROBLEMA APRESENTADO

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Academic year: 2021

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1 ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PEÇAS E QUESTÕES

ENTENDER O PROBLEMA APRESENTADO

O candidato deverá, antes de partir para a redação da peça, extrair todos os dados necessários para a sua elaboração. Para tanto, deverá destacar do problema os seguintes pontos:

a) o crime narrado: b) o procedimento: c) a ação penal:

d) situação do cliente: I) se é autor II) se é réu III) se está preso IV) se está solto

e) datas: I) do fato; II) do recebimento da denúncia; III) da pronúncia; IV) da sentença; V) data de nascimento do réu

f) último ato processual praticado

Destacados esses pontos, deverá extrair os dados que interessam diretamente à elaboração da peça profissional. São eles:

1 A FASE PROCESSUAL E A PEÇA PROCESSUAL PERTINENTE 2 O FUNDAMENTO LEGAL DA PEÇA

3 A COMPETÊNCIA/ENDEREÇAMENTO 4 A TESE (FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA) 5 O PEDIDO

6 A DATA

1 A FASE PROCESSUAL E A PEÇA PROCESSUAL PERTINENTE

Os atos processuais realizar-se-ão em quatro fases, a saber: 1ª fase, quando não tem ação penal; 2ª fase, quando tem ação penal, mas não tem sentença; 3ª fase, quando tem sentença, mas ainda não transitou em julgado; 4ª fase, depois do trânsito em julgado da sentença ou acórdão.

Há peças que só são cabíveis em determinada fase processual, como a queixa-crime, que só é admitida na primeira fase; defesa inicial, que só é cabível na segunda fase; a apelação, que ocorre na 3ª fase e a revisão criminal, cabível na 4ª fase, após o trânsito em julgado da sentença condenatória.

Interessante observar que o último ato praticado, dentro de uma das fases processuais, irá indicar qual a próxima medida cabível. Ex: o MP ofereceu denúncia; o juiz a recebeu; houve a citação do réu para

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2 responder a acusação. O próximo ato será o oferecimento de resposta à acusação, nos termos do art. 396 e 396-A, do CPP.

2 O FUNDAMENTO LEGAL

O fundamento legal da peça nada mais é do que a previsão na lei processual para a medida cabível. Ex. recurso em sentido estrito, art. 581 e incisos; apelação: art. 593 e incisos; defesa inicial: art. 396-A etc.

3 A COMPETÊNCIA/ENDEREÇAMENTO

A verificação da competência serve tanto para a realização de endereçamento correto como para eventual arguição de incompetência do Juízo.

4 A TESE

Maior atenção deverá ocorrer na descoberta da tese, visto ser onde se concentra toda a argumentação, isto é, a linha de defesa do aluno/candidato. Entende-se por tese aquilo que o candidato irá argumentar, defender, alegar, etc. De acordo com o ponto de vista ou com o direito a ser defendido, as teses se dividem em: a) falta de justa causa; b) extinção de punibilidade; c) nulidade processual; d) abuso de autoridade e e) demonstração do preenchimento de determinado direito.

Veremos cada uma delas:

4.1 Falta de Justa Causa

A tese consistente na falta de justa causa tem a ver com o próprio mérito da questão/problema apresentado. Em outras palavras, a falta de justa causa é a tese em que o aluno deverá demonstrar que, à luz do ordenamento jurídico penal, não há razões para a persecução penal, isto é, não há uma causa justa e legítima que justifique a atuação do Estado no sentido de instaurar o processo crime ou punir o réu.

Assim, com a tese “falta de justa causa” o candidato tece argumentos consistentes em demonstrar a inexistência do crime, da ilicitude, da culpabilidade ou da participação do seu cliente no fato narrado pela acusação.

Dessa forma deverá extrair do problema os dados que irão indicar em que consiste a falta de justa causa. Várias hipóteses podem configurar a tese de falta de justa causa.

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3 São elas:

4.1.1 Inexistência do crime: aqui o candidato deverá demonstrar que o crime não ocorreu. É bom lembrar que a banca examinadora da OAB é implacável em quesitar este tópico, de forma que deverá o candidato demonstra o seguinte:

4.1.1.1 ausência de fato típico: é sabido que o fato típico é composto de quatro elementos, quais sejam, conduta, resultado, nexo causal e tipicidade. Ora, faltando um desses elementos, não há que se falar em crime, uma vez que não haverá fato típico, logo, não se pode falar em justa causa. Ex. Tício, dirigindo em velocidade superior à legalmente permitida, acaba envolvendo-se em acidente, do qual não houve danos à integridade física da vítima, mas causou sérios danos materiais a outro veículo; pergunta-se: Tício poderá ser condenado pelo crime de dano (art. 163, CP)? Evidentemente que não, uma vez que faltou um elemento do fato típico, qual seja, conduta dolosa, e não há ressalva no dispositivo de que a forma culposa também será punida .

Em resumo, a tese consistente em falta de justa causa, por ausência de fato típico, dar-ser-á quando faltar conduta (dolosa ou culposa), resultado ou o nexo entre a conduta e o resultado, bem como quando o fato não constituir crime (ausência de tipicidade).

4.1.1.2 Excludente de ilicitude: para que um fato constitua crime, além de típico, deverá ser antijurídico. Assim, se o agente praticou a conduta mediante algumas das hipóteses previstas no art. 23, CP, configura falta de justa causa para a persecução penal. Igualmente, configura falta de justa causa as descriminantes putativas, isto é, quando o agente, mediante falsa interpretação da realidade, acha estar agindo sob o manto de uma das hipóteses de excludente de ilicitude. Finalmente, também afasta a ilicitude o consentimento da vítima (causa supra legal de excludente de ilicitude).

4.1.2 Ausência de culpabilidade. Para que a atuação do Estado repressor seja legítima, não basta que o fato constitua crime, isto é, que seja típico e antijurídico. Exige-se, além desses dois elementos, que o agente tenha capacidade de entender o caráter ilícito do seu ato, seja em relação a capacidade psicológica (imputabilidade), seja em relação a capacidade intelectual (potencial conhecimento da ilicitude), seja pela possibilidade de agir conforme o direito (exigibilidade de conduta diversa) . É certo que o agente só poderá receber uma pena se presentes os seguintes elementos: imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa.

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4 Assim, as causas que excluem a culpabilidade, denominadas dirimentes, são: a) Ausência de imputabilidade: menoridade, doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado; embriaguez completa acidental; b) ausência de potencial conhecimento da ilicitude: erro de proibição escusável ou inevitável; c) ausência de exigibilidade de conduta diversa: coação moral irresistível e obediência hierárquica. Ocorrendo uma dessas dirimentes, há falta de justa causa para a condenação.

4.1.3 Escusas absolutórias: existem hipóteses em que, não obstante o fato ser típico, antijurídico e o agente ser culpável, a pena poderá deixar de ser aplicada em razão de circunstâncias pessoais definidas em lei. Caso o agente se encaixe em uma dessas circunstâncias, não há justa causa para a condenação, uma vez que a lei o isenta de pena. São as causas absolutórias.

No Código Penal, as escusas absolutórias estão previstas no art. 181, o qual isenta de pena quem pratica, sem violência ou grave ameaça, algum crime contra o patrimônio contra cônjuge, durante a sociedade conjugal, ascendente ou descendente. Outra hipótese está prevista no crime de favorecimento pessoal (art. 348, § 2º, CP), quando quem presta auxílio ao autor do delito é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão daquele.

Observação:

Quando estiver patrocinando interesse da vítima (assistente da acusação), a argumentação do candidato será diferente de quando estiver patrocinando o réu. Naquela hipótese, todo empenho é para demonstrar a justa causa para a persecução penal, porquanto o objetivo é uma sentença condenatória.

4.2 Extinção de Punibilidade

Extinção de punibilidade é a perda do direito de punir do Estado. Encontra-se prevista no art. 107, do Código Penal. Lembre-se que esse rol não é taxativo, podendo ser encontrado outras hipóteses de extinção de punibilidade. Ex. pagamento do tributo em crime contra a ordem tributária (§ 2º do art. 9º da Lei 10.684/03).

Interessante observar que, quando no problema aparecem duas teses, isto é, falta de justa causa e extinção de punibilidade, no momento de elaborar o tópico ‘DO PEDIDO’, pede-se em primeiro lugar esta última, ou seja, para o juiz declarar a extinção da punibilidade. Em seguida, como o pedido é alternativo, pede-se o reconhecimento da falta de justa causa a fim de julgar o mérito da ação em benefício do autor do fato. A justificativa de pedir primeiro a extinção da punibilidade consiste no fato de o Estado ter perdido o direito de punir, sendo que a perda de tal direito retira do Estado a possibilidade de analisar o mérito da ação, seja para absolver ou para

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5 condenar. Igualmente, é o que se oberva do art. 249, § 2º, do Código de Processo Civil.

4.3 Nulidades

Os atos processuais devem ser praticados dentro das formalidades previstas na lei processual. Se algum ato for praticado sem a observação de uma formalidade prevista no Código, a tese de defesa será NULIDADE.

As nulidades estão previstas no art. 564, do CPP. São classificadas como nulidades absolutas e nulidades relativas. Aquelas atingem o interesse público ou violam princípios constitucionais ou infraconstitucionais ligados ao interesse público. As nulidades relativas, por sua vez, não atingem interesse público, mas sim interesse apenas das partes, bem como violam dispositivos legais, não ligados ao interesse público. As nulidades absolutas podem ser arguidas a qualquer tempo, já que não precluem, bem como podem ser declaradas de ofício pelo magistrado e não depende da comprovação de prejuízo, porquanto este é presumido. Por outro lado, as nulidades relativas devem ser argüidas nos momentos indicados no art. 571, CPP. Também deverá ser demonstrado o prejuízo.

Cuidado apenas com as normas de competência relativa (exemplo competência territorial), que quando não observadas, dão causa a uma nulidade relativa, mas podem ser conhecidas de ofício pelo juiz (em processo penal, tanto a incompetência absoluta quanto a relativa podem ser conhecidas ex officio pelo juiz).

4.4 Abuso de Autoridade

A tese consistente em abuso de autoridade é aquela em que o juiz, promotor, delegado, ou qualquer outra autoridade, agem de maneira a infringir um direito subjetivo ou uma garantia do investigado, do réu ou do reeducando. Também haverá abuso quando o ato da autoridade subsumir-se em uma das hipóteses previstas na lei que define o crime de abuso de autoridade – Lei nº 4898/65.

4.5 Demonstração do Preenchimento de Certo Direito

Há casos em que a tese não será nenhuma dessas apontadas acima. Isso ocorre quando o problema apenas indicar que o cliente apresenta todos os requisitos legais para determinado benefício. Ex. preenchimento dos requisitos legais para obtenção de fiança; etc.

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6 A peça processual termina com o pedido. Aqui o candidato deverá fazer uma correlação com os pontos das teses. Em regra, todo o pedido deverá apresentar um fundamento jurídico, isto é, o pedido tem que fazer relação com algum ponto defendido na tese. Assim, se foi sustentada a tese de nulidade, deverá pedir para que o processo seja anulado a partir da fase processual em que ocorreu a nulidade ou ab initio. Se a tese foi uma prescrição, o pedido deverá ser para que o juiz ou o tribunal declare a extinção da punibilidade. O CESPE ou a FGV ultimamente vem colocando vários pontos ou várias teses. Dessa forma, o candidato deverá redobrar a atenção para que, no pedido, sejam contempladas todas as teses. Ex. se em um problema, cuja peça seja MEMORIAIS, o enunciado aborda uma hipótese de extinção de punibilidade e uma tese de falta de justa causa para a condenação, o candidato deverá pedir para que o juiz reconheça a extinção de punibilidade ou, caso não seja esse o entendimento do juiz, que seja o réu absolvido da imputação constante na denúncia.

6 DATA

O último quesito ultimamente cobrado em provas de concursos e OAB é a oposição da data na peça. Para isso, o problema vai informar a data e o dia da semana em que o réu foi citado ou intimado. Nos exercícios que serão resolvidos durante o curso, treinaremos esse ponto da peça, exaustivamente.

ESTRUTURA DE UMA PEÇA PROCESSUAL

A peça prático-profissional nada mais é do que uma petição, ou qualquer outro pedido feito ao órgão do Poder Judiciário, ao Ministério Público ou ao Delegado (nestes dois últimos casos quando se tratar de representação).

Uma peça prático-profissional, seja em concurso público ou OAB, é analisada através de quesitos, isto é, distribui-se a pontuação ao longo da peça, que vai da determinação da competência, passando pela fundamentação jurídica até a colocação correta da data na peça.

A fundamentação jurídica analisa se o candidato adequou a resposta ao problema, de forma a demonstrar técnica profissional, bem como avalia a capacidade de interpretação e exposição.

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7 Assim, não basta fazer uma peça com a resposta pura e simples. Deverá, sim, fazer uma construção persuasiva, com fundamento no direito pátrio. No final, é aconselhável, para reforçar o raciocínio, que o aluno colacione ensinamentos doutrinários e jurisprudenciais sobre a tese defendida. Na OAB não é mais permitida consulta doutrinária, razão pela qual não é necessário embasar o posicionamento em ensinamento doutrinário ou jurisprudencial (exceto súmulas).

1 ENDEREÇAMENTO

O endereçamento é a indicação do órgão do poder judiciário competente para prestar o serviço jurisdicional tratado no problema. É, então, a indicação da competência.

Deve o candidato extrair dos dados do problema se a matéria é de competência da Justiça Federal ou da Justiça Estadual, ou se a competência é do juízo de primeiro grau ou de algum Tribunal.

Não se deve abreviar nada. Ex. Exmo. Dr. Juiz de Dto da 4ª Vara Criminal. O correto é: Excelentíssimo Doutor Juiz de Direito da 4ª Vara Criminal...

2 INDICAÇÃO DO NÚMERO DO PROCESSO.

Feito o endereçamento, existindo processo em andamento, deverá o candidato indicar o nº do processo. Caso o problema não forneça o número, basta que coloque “processo nº ...”.

3 QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

Após o endereçamento, vem a qualificação das partes, isto é, o nome dos sujeitos do processo.

Observe-se que se é a primeira vez que o cliente está indo em juízo, a qualificação deverá ser completa. Entende-se por qualificação completa, o nome, nacionalidade, profissão, estado civil, RG, CPF e endereço.

4 DOS FATOS

Neste tópico, o aluno/candidato deverá fazer um resumo dos fatos narrados no problema. Esse resumo deve ser feito com as palavras do aluno, ou seja, não é aconselhável copiar o problema, pois um dos itens avalados está relacionado com a capacidade de exposição dos fatos.

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8 É aqui que o candidato irá expor todos os seus argumentos, isto é, suas teses. Antes de desenvolver a tese, o candidato deve ter o cuidado no sentido de identificar todos os pontos do problema possíveis de serem atacados. Ex. verificar se tem extinção de punibilidade, nulidade, escusa absolutória e por fim o mérito (falta de justa causa para a ação penal ou para a condenação, ou até mesmo demonstrar a ocorrência do delito e a prova da autoria, caso esteja patrocinando interesses da vítima)...

O candidato deve ter sempre em mente que é este o tópico com maior número de itens ser avaliado, o que faz com que a maior pontuação recaia aqui. Daí a importância de uma boa análise do problema, antes de começar a escrever a peça. Tudo isso será exaustivamente treinado durante o curso.

6 O PEDIDO

A peça processual termina com o pedido. Aqui o candidato deverá fazer uma correlação com os pontos das teses. Em regra, todo o pedido deverá apresentar um fundamento jurídico, isto é, o pedido tem que fazer relação com algum ponto defendido na tese. Assim, se foi sustentada a tese de nulidade, deverá pedir para que o processo seja anulado a partir da fase processual em que ocorreu a nulidade ou ab initio. Se a tese foi uma prescrição, o pedido deverá ser para que o juiz ou o tribunal declare a extinção da punibilidade. O CESPE ou a FGV ultimamente vêm colocando vários pontos ou várias teses. Dessa forma, o candidato deverá redobrar a atenção para que, no pedido, sejam contempladas todas as teses. Ex. se em um problema, cuja peça seja MEMORIAIS, o enunciado aborda uma hipótese de extinção de punibilidade e uma tese de falta de justa causa para a condenação, o candidato deverá pedir para que o juiz reconheça a extinção de punibilidade ou, caso não seja esse o entendimento do juiz, que seja o réu absolvido da imputação constante na denúncia. 7 DATA

O último quesito ultimamente cobrado em provas de concursos e OAB é a oposição da data na peça. Para isso, o problema vai informar a data e o dia da semana em que o réu foi citado ou intimado. Nos exercícios que serão resolvidos durante o curso, treinaremos esse ponto da peça, exaustivamente.

QUESTÕES

A prova prático-profissional, como se sabe, é composta de uma peça e 4 questões. Assim, o aluno não poderá preocupar-se apenas com a

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9 peça prática1. O enunciado da questão, na maioria das vezes, traz uma situação hipotética da qual o aluno deverá responder os pontos avaliados.

Ressalte-se que, ainda que a pergunta seja direta, o examinando deverá demonstrar domínio do raciocínio jurídico (capacidade de interpretação e de exposição do problema, bem como adequar a resposta aos pontos questionados).

Durante o curso, os alunos, além da peça profissional, serão treinados a resolver questões, já que compõe 50% da prova.

I) COMO DESCOBRIR A RESPOSTA ESPERADA PELO EXAMINADOR?

Pois bem. Se a situação hipotética apresentada na questão consistir na narrativa de um fato, e ao final pedir para o candidato tipificar a conduta, este deverá seguir os seguintes passos:

a) Procurar na questão uma palavra chave. Encontrada a palavra, deverá buscar no índice alfabético-remissivo o artigo que tipifica a conduta. Ex. José de Oliveira, conhecido Lobista, procurou a pessoa de Ítalo Cabral, o qual possuía uma ação de indenizações no Tribunal de Justiça do Distrito Federal, e ofereceu auxílio no sentido de acelerar o trâmite da referida ação. Para tanto, José de Oliveira solicitou o equivalente a 10% do valor da causa. Alegou que parte desse valor seria entregue ao magistrado condutor do processo. José de Oliveira não registra antecedentes criminais, tampouco está respondendo a processo. Diante da situação hipotética, redija um texto respondendo os seguintes quesitos:

1) qual o crime praticado por José de Oliveira e qual o procedimento a ser observado.

2) é possível a suspensão condicional do processo?2:

No presente exercício a palavra chave é “tráfico de influencia”. O candidato será remetido para o art. 332, do CP. Em seguida deverá verificar se não há pegadinha, ou seja, se o problema não traz alguma peculiaridade. No caso, a conduta do agente não se amolda ao art. 332, uma vez que o servidor público referido na questão é

1

Tenho feito vários recursos em que o aluno foi reprovado porque, não obstante ter-se saído bem na peça, não conseguiu resolver as questões como a banca esperava. E o que é pior: muitos deles sabiam a resposta, porém, não responderam conforme solicitado.

2 RESPOSTA:

1) Crime praticado: exploração de prestígio – art. 357, CP

2) Procedimento: ordinário – pena privativa de liberdade superior a 4 anos.

3) não é possível a suspensão condicional do processo, uma vez que tem causa de aumento de pena (1/3), art. 357, parágrafo único.

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10 Magistrado. Assim, a conduta do agente se amolda ao tipo penal descrito no art. 357, isto é, exploração de prestígio.

Para que o candidato não venha a incorrer em erro, tipificando a conduta incorretamente, aconselha-se a fazer uso das anotações/remissões localizadas logo abaixo dos artigos correspondentes, ou, quando estiver usando o Código Penal comentado, basta procurar a parte onde o doutrinador faz a devida diferenciação.

b) inexistência de palavra chave: neste caso, deverá o candidato verificar em que categoria de crime a conduta está inserida, isto é, crime contra o patrimônio, contra a administração pública, contra a liberdade sexual etc.

Exemplo: (OAB/MT 02/2008) José, policial militar responsável pelo controle do trânsito, abordou Gonçalo, pedindo-lhe que retirasse o veículo da via por este estar mal estacionado, oportunidade em que Gonçalo retrucou-lhe: “Quero ver o militarzinho borra-botas que é homem para me fazer tirar o carro!”. José conduziu Gonçalo até a delegacia mais próxima, onde a autoridade efetuou os procedimentos cabíveis e encaminhou as partes para o juízo criminal competente. Na audiência preliminar, Gonçalo confirmou as ofensas proferidas e pediu desculpas a José, que as aceitou, ocorrendo a conciliação nos termos previstos em lei.

Em face da situação hipotética apresentada e considerando que Gonçalo não tenha antecedentes criminais, responda, de forma fundamentada, às perguntas a seguir.

- Que crime Gonçalo praticou?

- Em face do crime praticado, o representante do Ministério Público tem legitimidade para tomar alguma providência legal?

No referido exercício, extrai-se houve a prática de um ato contra um servidor que se encontrava no exercício da profissão. Ou seja, houve um crime contra a administração pública. Ao ler os dispositivos penais, a partir do art. 312, chegar-se-á no art. 331 – Desacato. Encontrado o artigo, o candidato já poderá redigir a sua resposta.

II) COMO REDIGIR A QUESTÃO?

As bancas examinadoras observam na redação da questão, para fins de pontuação, os seguintes itens, denominados de quesitos:

a) Apresentação e estrutura textual (legibilidade, respeito às margens, paragrafação); correção gramatical (acentuação, grafia, morfossintaxe);

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11 b) Domínio do raciocínio jurídico (adequação da resposta ao problema; técnica profissional demonstrada; capacidade de interpretação e exposição).

É claro para que só terá domínio do raciocínio jurídico, se a resposta do aluno for completa, isto é, se abordar todos os pontos questionados.

Assim, ainda que a pergunta seja direta, o aluno deverá, em sua resposta, responder da seguinte forma: primeiro deverá fazer um breve relato da questão, que nada mais é do que uma apresentação ou exposição dos fatos; em seguida deverá apontar o que o examinador está pedindo, ou seja, deverá indicar quais os questionamentos; finalmente, vem a resposta aos questionamentos, isto é, a argumentação do aluno no sentido de responder a questão.

Exemplo: OAB/MT 02/2008. José, policial militar responsável pelo controle do trânsito, abordou Gonçalo, pedindo-lhe que retirasse o veículo da via por este estar mal estacionado, oportunidade em que Gonçalo retrucou-lhe: “Quero ver o militarzinho borra-botas que é homem para me fazer tirar o carro!”. José conduziu Gonçalo até a delegacia mais próxima, onde a autoridade efetuou os procedimentos cabíveis e encaminhou as partes para o juízo criminal competente. Na audiência preliminar, Gonçalo confirmou as ofensas proferidas e pediu desculpas a José, que as aceitou, ocorrendo a conciliação nos termos previstos em lei.

Em face da situação hipotética apresentada e considerando que Gonçalo não tenha antecedentes criminais, responda, de forma fundamentada, às perguntas a seguir.

- Que crime Gonçalo praticou?

- Em face do crime praticado, o representante do Ministério Público tem legitimidade para tomar alguma providência legal?

Narra a questão que Gonçalo, diante da determinação do policial militar José, para que retirasse o seu veículo da via pública, por estar mal estacionado, dirigiu-se ao policial com os seguintes dizeres: “Quero ver o militarzinho borra-botas que é homem para me fazer tirar o carro! ”. Diante da ofensa, Gonçalo foi encaminhado para a delegacia, onde foram tomadas as providências legais, tendo sido o ofensor encaminhado para o juízo criminal competente. Narra ainda que o ofensor, na audiência de conciliação, pediu desculpas ao policial pelas ofensas, ocasião em que o militar as aceitou.

Indaga, ao final, sobre o crime praticado por Gonçalo, bem como se o representante do MP tem legitimidade para tomar alguma providencia legal.

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12 Extrai-se de questão que Gonçalo praticou o crime descrito no art. 331, do Código Penal, isto é, Desacato. Neste particular, convém salientar que o sujeito passivo é a administração pública, uma vez que a ofensa foi dirigente contra uma pessoa em razão do exercício da sua profissão. Assim, não há que se falar em crime contra a honra do militar, mas sim, crime contra a administração pública.

Finalmente, não obstante a conciliação efetivada entre o ofensor e o policial militar, o Ministério Público continua legítimo a atuar no feito, oferecendo proposta de transação penal ou aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, nos termos do art. 76, da Lei nº 9.099/95. A legitimidade do Parquet justifica-se pelo fato de o crime praticado por Gonçalo ser de ação penal pública incondicionada. Em outras palavras, a conciliação não retira a legitimidade do MP, porquanto não caracteriza extinção de punibilidade. Isso só ocorreria se o crime fosse de ação penal pública condicionada, consoante se extrai do parágrafo único, do art. 74, da Lei nº 9.099/’995.

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