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O processo de desenvolvimento da região Fronteira Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e suas potencialidades

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO

DO RIO GRANDE DO SUL

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Desenvolvimento

Gestão de Organizações e Desenvolvimento

CAMILA ANTUNES FERNANDES

O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO FRONTEIRA

NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL E SUAS

POTENCIALIDADES

Ijuí - RS, 2013.

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CAMILA ANTUNES FERNANDES

O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO FRONTEIRA

NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL E SUAS

POTENCIALIDADES

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu, Mestrado em Desenvolvimento, como requisito parcial para obtenção de título de Mestre em Desenvolvimento,

na Área de Concentração em Gestão de

Organizações e Desenvolvimento, Linha de Pesquisa em Desenvolvimento Local e Gestão do Agronegócio, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul,

ORIENTADOR: DR. DILSON TRENNEPOHL

Ijuí - RS, 2013.

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F363P FERNANDES, CAMILA ANTUNES.

O processo de desenvolvimento da região Fronteira Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e suas potencialidades / Camila Antunes Fernandes. – Ijuí, 2013. –

150 f. : il. ; 29 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Desenvolvimento.

“Orientador: Dr. Dílson Trennepohl”.

1. Região Fronteira Noroeste. 2. Conselho regional de

desenvolvimento fronteira noroeste. 3. Desenvolvimento regional. I. Trennepohl, Dílson. II. Título.

CDU: 332.1

332.1(816.5) Catalogação na Publicação

Aline Morales dos Santos Theobald CRB10/1879

(4)

UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento – Mestrado

A Banca Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação

O OPPRROOCCEESSSSOODDEEDDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOODDAARREEGGIIÃÃOOFFRROONNTTEEIIRRAA N NOORROOEESSTTEEDDOOEESSTTAADDOODDOORRIIOOGGRRAANNDDEEDDOOSSUULLEESSUUAASS P POOTTEENNCCIIAALLIIDDAADDEES S elaborada por

CAMILA ANTUNES FERNANDES

como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Desenvolvimento

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Dilson Trennepohl (UNIJUÍ): ___________________________________________

Prof. Dr. Antonio Joreci Flores (CESNORS/UFSM): ________________________________

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (UNIJUÍ): _________________________________________

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DEDICATÓRIA Aos meus pais, Nolar e Tanea Claudete, meus exemplos de vida, minha base, dedico-lhes essa conquista.

(6)

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por todas as oportunidades desta caminhada.

A minha família amada, pelo incentivo, apoio, carinho e compreensão desde sempre.

Aos professores do Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu, Mestrado em Desenvolvimento, especialmente ao meu

orientador, Dilson Trennepohl, e ao professor Argemiro Luís Brum, que me auxiliaram nesta fase delicada, sempre

dispostos, apoiando as minhas escolhas e incentivando meu desenvolvimento pessoal.

Enfim, a todos que de alguma forma contribuíram ao longo desse período, para o desenvolvimento deste trabalho.

Meu muito obrigado, de coração!

(7)

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode (re)começar agora e fazer um novo fim”.

(8)

RESUMO

A Região Fronteira Noroeste (Região FN) do Estado do Rio Grande do Sul (RS), caracteriza-se por ter apresentado um desenvolvimento voltado à produção primária, ou seja, compreende essencialmente cadeias produtivas agropecuárias. Em vista disso e, com a modernização da agricultura, surge, na região, uma indústria metalmecânica voltada a atender esse segmento. Em determinado momento da história político-econômica estadual foram criados os Conselhos Regionais de Desenvolvimento (COREDEs), objetivando auxiliar o processo de desenvolvimento econômico das diversas regiões do Estado, constituindo-se num importante instrumento de diálogo entre os municípios e suas respectivas populações. Nesse contexto, o presente estudo tem como objetivo principal, analisar o processo histórico de desenvolvimento da Região de abrangência do Conselho Regional de Desenvolvimento Fronteira Noroeste (COREDE FN), visando identificar quais os desafios encontrados pela região rumo ao desenvolvimento buscado – assim como os planos estratégicos formulados pelo mesmo. Nesse contexto, o presente estudo justifica-se por três razões principais: primeiramente, pela importância do estudo para um diagnóstico atual da região; segundo, por proporcionar uma base de dados referente às principais atividades econômicas estruturantes dessa região; e terceiro, como uma contribuição acadêmica e formação intelectual da autora. Após a análise inicial, foi descrita a trajetória da constituição do COREDE FN, enfatizando os seus objetivos, seu planejamento e composição atual. Posteriormente, buscou-se analisar a estrutura da economia regional para identificar, classificar e caracterizar as principais cadeias produtivas, visando destacar as suas potencialidades rumo a um desenvolvimento sustentável para esta região. Por fim, foram comparados os planos e estratégias formuladas pelo COREDE FN com a realidade atual da economia regional. A metodologia adotada para analisar o potencial de contribuição que cada atividade econômica representa para o desenvolvimento regional, compreende três momentos fundamentais: 1) identificar as atividades produtivas estruturantes da economia regional, destacando-se a triticultura, a sojicultura, a pecuária leiteira, a suinocultura e a indústria metalmecânica; 2) identificar o potencial de contribuição para o desenvolvimento regional (atual ou futuro) que cada uma dessas atividades possui; e 3) comparar o Plano Estratégico elaborado pelo COREDE FN à realidade da região. A base referencial do trabalho foi alicerçada sob seis pilares, cujos conceitos e percepções guiaram a elaboração do mesmo e compreendem, respectivamente, os seguintes temas centrais: Desenvolvimento; Desenvolvimento Sustentável; Desenvolvimento Regional; Teoria da Complexidade; Realismo Crítico e o Método

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da Análise-Diagnóstico. Após o estudo, observam-se os seguintes aspectos conclusivos: a região vem apresentando um processo de desenvolvimento abaixo das suas reais potencialidades; os planos estratégicos formulados pelo COREDE FN, de modo geral, são importantes para o desenvolvimento regional, mas, são muito abrangentes para conseguir atender as necessidades primordiais da sua realidade econômica atual; as atividades que melhor se adaptam à realidade regional, principalmente referente à estrutura fundiária, são a sojicultura, a pecuária leiteira, a suinocultura e a indústria metalmecânica; as demais atividades praticadas não se caracterizam como possíveis propulsoras do desenvolvimento regional no momento.

Palavras-chave: Região Fronteira Noroeste. Conselho Regional de Desenvolvimento

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ABSTRACT

The Northwest Frontier Region (Região Fronteira Noroeste - Região FN) of Rio Grande do Sul (RS) State, is characterized by having made a development oriented to primary production, that is, essentially comprises agricultural supply chains. In view of this, and with the modernization of agriculture, arises in the region a metalworking industry geared to serve this segment. At one point in the political-economic history of the state were created Regional Development Councils, whose acronym is COREDE (Conselhos Regionais de Desenvolvimento - COREDEs), aiming to assist the process of economic development of different regions of the state, becoming an important tool for dialogue between municipalities and their respective populations. In this context, the present study has as main objective to analyze the historical process of development of the region covered by the Regional Development Council Northwest Frontier - COREDE NWF (Conselho Regional de Desenvolvimento Fronteira Noroeste - COREDE FN), aiming to identify the challenges faced by the region towards development sought, and the strategic plans formulated by the same Council. In this context, the present study is justified for three main reasons: at first, the importance of the study for a current diagnosis of the region; at second, by providing a database of the main structuring economic activities in this region; and third, as an academic contribution and intellectual background of the author. After the starting analysis, it was related the historical background and the development of the region covered by the COREDE NWF (COREDE FN), emphasizing the transformation of its economic base. Also was described the history of the constitution of COREDE NWF (COREDE FN), emphasizing its objectives, its planning and the current composition. Subsequently, it was analyzed the structure of the regional economy, searching for identify, classify and characterize the main production chains in order to highlight their potential towards a sustainable development for the region. Finally, it was compared the plans and strategies formulated by COREDE NWF (COREDE FN) with the current reality of the regional economy. The methodology used to analyze the potential contribution that each economic activity represents to regional development comprises three key moments: 1) identify structuring productive activities of the regional economy, highlighting the wheat farming, soybean farming, dairy farming, pig farming and metalworking industry, 2) identify the potential contribution to regional development (current or future) that each of these activities has, and 3) compare the Strategic Plan prepared by the COREDE NWF (COREDE FN) to the reality of the region. The basic reference of the work was founded on six pillars, whose concepts and insights have guided the preparation of the the same and include, respectively, the following central themes:

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Development, Sustainable Development, Regional Development, Complexity Theory, Critical Realism and the Analysis-Diagnosis Method. After the study, it was observed the following conclusions: the region has shown a development process below their real potential; strategic plans formulated by COREDE NWF, in general, are important for regional development, but they are very embracing to successfully meeting the essential needs of its current economic reality; the activities that are best suited to the regional reality, mainly related to land ownership, are soybean farming, dairy farming, pig farming and metalworking industry, the other activities are not characterized committed as possible driving regional development at the time.

Keywords: Northwest Frontier Region. Regional Development Council Northwest Frontier. Regional Development.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1: Mapa da Região Fronteira Noroeste 51

Ilustração 2: Processo de Ocupação do território gaúcho. ... 53

Ilustração 3: Estados mais populosos do Brasil - 1940 a 2010 ... 56

Ilustração 4: Evolução da população do Rio Grande do Sul - 1940 a 2010 ... 57

Ilustração 5: Mapa da População Absoluta dos COREDEs, em 2010.. ... 58

Ilustração 6: Evolução da população do Rio Grande do Sul por condição de domicílio - 1940 a 2010... ... 59

Ilustração 7: Taxa de urbanização por COREDEs – 2010... ... 60

Ilustração 8: Concentração da população rural, por município do COREDE Fronteira Noroeste em 2010 (%)... ... 61

Ilustração 9: Classificação do IDESE... ... 62

Ilustração 10: Evolução do IDESE, do RS, de 1991 a 2009.. ... 62

Ilustração 11: Mapa do índice de Desenvolvimento Humano (IDESE), por COREDE..63

Ilustração 12: Índice de Desenvolvimento Socioeconômico por município, no COREDE Fronteira Noroeste, em 2009... ... 64

Ilustração 13: Evolução da expectativa de vida ao nascer para ambos os sexos no RS e BR, 2000-2010... ... 66

Ilustração 14: Evolução da expectativa de vida ao nascer, segundo o sexo, no RS 2000-2010 ... 66

Ilustração 15: Mapa do índice de envelhecimento por COREDE, em 2010.. ... 67

Ilustração 16: Produto Interno Bruto por COREDE, em 2010... ... 69

Ilustração 17: Estrutura do VAB do Rio Grande do Sul por setores de atividade, 2002-2010.... ... 72

Ilustração 18: Evolução do VAB da Agropecuária no RS 2002-2010 (R$ mil)... ... 73

Ilustração 19: Participação dos COREDEs no VAB da Agropecuária, em 2010.... ... 73

Ilustração 20: Participação dos COREDEs no VAB da Indústria, em 2010 ... 74

Ilustração 21: Valor Adicionado Bruto da Indústria, 2010 ... 75

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Ilustração 23: Estrutura da produção agropecuária da Região Fronteira Noroeste, segundo as principais atividades, em 2009... ... 77 Ilustração 24: Mapa das Divisões Regionais dos COREDEs do RS . ... 80 Ilustração 25: Mapa dos COREDES e suas Regiões Funcionais de Planejamento. 83 Ilustração 26: Média da quantidade produzida de trigo em grão, nos maiores estados produtores e no Brasil (Toneladas).. ... 93 Ilustração 27: Evolução anual da área plantada e da quantidade produzida de trigo em grão BR e RS - 2000-2011 ... 94 Ilustração 28: Produção de trigo por COREDE, média 2004 – 2006 (toneladas).... .. 95 Ilustração 29: Expansão da produção da soja no território Brasileiro ... 98 Ilustração 30: Produção e Processamento da Soja no Brasil, 1990 – 2008. ... ... 99 Ilustração 31: Média da quantidade produzida de soja em grão, nos maiores estados produtores e Brasil (Toneladas). ... ... 100 Ilustração 32: O processo de transgenia... ... 103 Ilustração 33: Percentual da produção transgênica no Brasil no ano de 2010.... .... 104 Ilustração 34: Evolução anual da área plantada e da quantidade produzida de soja em grão 2000-2011 - BR e RS... ... 105 Ilustração 35: Evolução da aquisição de leite pela indústria no Brasil - 2001-2012...109 Ilustração 36: Evolução anual da produção de leite 2000-2011 - BR e RS (mil litros).... ... 110 Ilustração 37: Número de cabeças de suínos nos maiores países produtores (média 2009-2011)... ... 116 Ilustração 39: Média do efetivo de suínos, nos maiores estados produtores e no Brasil (nº de cabeças)... ... 116 Ilustração 39: Evolução anual do efetivo de suínos 2000-2011 - BR e RS. ... 117 Ilustração 40: Estabelecimentos - Máquinas e Equipamentos, em 2007.. ... 122 Ilustração 41: Trabalhadores do setor de Máquinas e Equipamentos, em 2007.. ... 123

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(16)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Distribuição da população regional, por município, em 2010. ... 59

Tabela 2: Evolução do IDHM, de 1991 a 2010. ... 65

Tabela 3: Evolução do PIB municipal da Região FN, comparativo 1999-2010 70

Tabela 4: Estrutura do VAB e do PIB dos municípios da Região FN, em 2010.. ... 71

Tabela 5: Comparativo da evolução da área plantada (hectares) de Trigo, 1999 e 2011 ... 96

Tabela 6: Rendimento médio, Soja e Trigo, 2007-2011 no Brasil.. ... 97

Tabela 7: Evolução da área plantada (hectares) de Soja, 2000-2011. ... 106

Tabela 8: Produção de leite (Mil Litros). ... 111

Tabela 9: Evolução no número de vacas ordenhadas. ... 112

Tabela 10: Comparativo da Produção de Suínos (nº de cabeças), na Região FN - 2001 e 2011. ... 119

(17)

LISTA DE ABREVIATURAS

ADSA - Método da Análise-Diagnóstico de Sistemas Agrários COMUDES - Conselhos Municipais de Desenvolvimento COREDE – Conselho Regional de Desenvolvimento COREDEs – Conselhos Regionais de Desenvolvimento

COREDE FN - Conselho Regional de Desenvolvimento Fronteira Noroeste

COREDEs-RS - Fórum dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Sul

EUA - Estados Unidos da América FENASOJA – Feira Nacional da Soja

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDHM - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal OGM - Organismo Geneticamente Modificado

PAM – Produção Agrícola Municipal PCHs - Pequenas Centrais Hidrelétricas PED - Plano Estratégico de Desenvolvimento PIB – Produto Interno Bruto

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PPE - População Economicamente Ativa

PPM – Pesquisa Pecuária Municipal

PRÓ-RS – Documento elaborado quadrienalmente pelo COREDEs-RS, reunindo um conjunto de proposições estratégicas formuladas pelos COREDEs

Região FN – Região Fronteira Noroeste RF-7 - Região Funcional 7

RS – Rio Grande do Sul VAB - Valor Adicionado Bruto

(18)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 15

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLÓGICA DE ANÁLISE ... 18

1.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 18 1.1.1 O Desenvolvimento ... 18 1.1.2 O Desenvolvimento Sustentável ... 23 1.1.3 O Desenvolvimento Regional ... 30 1.1.4 A Teoria Da Complexidade ... 41 1.1.5 O Realismo Crítico ... 43 1.1.6 O Método da Análise-Diagnóstico ... 44 1.2 METODOLOGIA GERAL ... 47

1.2.1 Metodologia de análise das atividades ... 48

1.2.1.1. Identificação das atividades econômicas estruturantes... 48

1.2.1.2 Potencial de contribuição para o desenvolvimento regional ... 49

1.2.1.3 Planos Estratégicos do COREDE FN e a realidade da economia regional .. 49

2. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA REGIÃO FN ... 50

2.1 TRAJETÓRIA HISTÓRICA DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL ... 50

2.2 PERFIL SOCIECONÔMICO DA REGIÃO FN ... 56

2.3 O COREDE FN ... 79

2.4 PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO FN – RS ... 85

3. ANÁLISE DAS PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS DA REGIÃO FN ... 90

(19)
(20)

3.3 A PECUÁRIA LEITEIRA ... 108 3.4 A SUINOCULTURA ... 115 3.5 A INDÚSTRIA METALMECÂNICA ... 120 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 126 REFERÊNCIAS ... 130 ANEXOS ... 135

ANEXO A – Estatuto do COREDE Fronteira Noroeste ... 136

(21)
(22)

INTRODUÇÃO

O mundo busca continuamente o desenvolvimento da economia, num contexto de constante globalização e sérios problemas de sustentabilidade, inclusive dos próprios sistemas econômicos. Nesse quadro, o tema central proposto pelo presente estudo é o processo de desenvolvimento da Região FN – compreendida pela região de abrangência do COREDE FN1, do RS - e os desafios de seus planos estratégicos. Além de fazer um resgate histórico sobre o processo de formação da região, pelo qual se analisa a evolução da estruturação econômica da mesma, posteriormente, buscam-se à identificação e caracterização de suas principais atividades econômicas estruturantes com potencialidades para desenvolver sua economia e, por fim, trata-se da análise dos planos e estratégias formulados pelo COREDE FN com base na realidade regional.

A ideia é compreender como acontece esse processo de planejamento e estruturação de uma economia rumo ao desenvolvimento e quais são os desafios encontrados nesse percurso. Tomou-se como referência a região de abrangência do COREDE FN - composta por 20 (vinte) municípios2.

Visto que o COREDE FN compreende um planejamento específico de formulação de planos, políticas e estratégias de desenvolvimento para a sua região de abrangência, basicamente se buscou responder: quais os desafios, limites e potencialidades encontrados pelo COREDE FN, diante do processo de busca pelo Desenvolvimento Sustentável de sua economia? E quais as alternativas estratégicas necessárias para alcançá-lo? O COREDE FN, que atua em uma região localizada no Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, na fronteira com a Província de Misiones na Argentina, confronta-se com o COREDE Missões, com o COREDE Noroeste Colonial e com o COREDE Celeiro, abrangendo uma área total de 4.689,0 km² e uma população total de 203.494 habitantes de acordo com os dados do Censo da Contagem da População de 2010, disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Os objetivos deste estudo foram definidos com base nas características de um trabalho acadêmico em nível de mestrado e do objeto de estudo escolhido. A análise da trajetória histórica de uma região, numa determinada

1

Os Conselhos Regionais de Desenvolvimento (COREDEs) são como um fórum de discussão e decisão a respeito de políticas e ações que visam o desenvolvimento regional. Fonte: RIO GRANDE DO SUL (2013).

2

Alecrim, Alegria, Boa Vista do Buricá, Campina das Missões, Cândido Godói, Doutor Maurício Cardoso, Horizontina, Independência, Nova Candelária, Novo Machado, Porto Lucena, Porto Mauá, Porto Vera Cruz, Santa Rosa, Santo Cristo, São José do Inhacorá, Senador Salgado Filho, Três de Maio, Tucunduva e Tuparendi. Fonte: FEE (2013).

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perspectiva teórica, possibilita a identificação de suas características econômicas fundamentais e de sua dinâmica de desenvolvimento como base para identificação de potencialidades e alternativas estratégicas de ação para indivíduos ou instituições.

Deste modo, o seu objetivo geral é analisar o processo histórico de desenvolvimento da Região FN, visando identificar os desafios encontrados para posteriormente analisar os planos estratégicos formulados pelo COREDE FN.

Já os objetivos específicos visam:

a) Analisar a trajetória histórica e de desenvolvimento da Região FN, enfatizando as transformações de sua base econômica;

b) Descrever a trajetória da constituição do COREDE FN, enfatizando os seus objetivos, seu planejamento e composição atual;

c) Analisar a estrutura da economia regional para identificar, classificar e caracterizar as principais cadeias produtivas, visando destacar as suas potencialidades rumo a um desenvolvimento sustentável a esta região;

d) Comparar os planos e estratégias formuladas pelo COREDE FN com a realidade atual da economia regional.

Nesse contexto, o presente trabalho se justifica por três razões principais: primeiramente, pela importância do estudo para um diagnóstico atual da região; segundo, por proporcionar uma base de dados referente às principais atividades econômicas estruturantes dessa região; e terceiro, como uma contribuição acadêmica e formação intelectual da autora.

No primeiro momento, busca-se um melhor conhecimento e diagnóstico da realidade desta economia regional, visando à identificação de traços culturais marcantes e estruturantes da mesma, com o intuito de proporcionar uma melhor compreensão sobre os processos decorrentes do seu desenvolvimento até o momento.

Num segundo momento, por possibilitar uma base estruturada para demais pesquisas e estudos elaborados na tentativa de melhor entendimento sobre o tema, visto que o trabalho a ser realizado, poderá servir de exemplo aos demais COREDEs na busca pela sustentabilidade do seu desenvolvimento econômico. O mesmo tem a ambição de auxiliar na elaboração de futuras políticas públicas para a região como um todo ou em ações mais individualizadas de acordo com a realidade de cada município componente do COREDE FN.

Além de contribuir com a comunidade acadêmica, através do embasamento de informações para a realização de estudos complementares futuramente, possibilita aprofundar conhecimentos sobre o tema. Nesse terceiro momento também contribuirá para o crescimento intelectual e cultural da autora.

Assim sendo, a presente pesquisa está estruturada em três capítulos. O primeiro capítulo apresenta a fundamentação teórica e metodológica do trabalho, a qual compreende os aspectos conceituais que serviram de embasamento teórico para o trabalho, respectivamente: Desenvolvimento; Desenvolvimento Sustentável; Desenvolvimento Regional; A Teoria da Complexidade; o Realismo Crítico e o Método da Análise-Diagnóstico. Além da descrição da metodologia utilizada. No segundo capítulo realiza-se uma análise-diagnóstico da Região FN, contemplando a sua trajetória histórica de desenvolvimento, exposição da sua estrutura econômica, da sua dinâmica social e política, os objetivos do COREDE FN e do seu plano estratégico de desenvolvimento. O terceiro capítulo expõe uma análise das principais atividades econômicas da região, considerando a Análise-Diagnóstico apresentada no capítulo anterior, a qual possibilitou a classificação das suas

(24)

principais atividades, assim como avaliação das potencialidades que cada atividade apresenta, e os desafios a serem superados por cada uma delas, rumo ao melhor desenvolvimento possível com base na sua realidade regional. Por último, são esboçadas as considerações finais, as referências pesquisadas e os anexos que complementam o trabalho.

(25)

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLÓGICA DE ANÁLISE

Neste primeiro capítulo do estudo, são apresentadas a principal base referencial e a metodologia utilizada, objetivando mostrar respectivamente, os estudos já realizados sobre os conceitos relevantes para a análise do tema proposto, e os métodos de interpretação, classificação e análise da caracterização regional e das potencialidades econômicas regionais.

Para expor essas duas fundamentações, o capítulo está subdividido em duas partes principais. A primeira parte compreende a Fundamentação Teórica, apresentando a base referencial utilizada para a elaboração do trabalho, e a segunda parte exibe a Fundamentação Metodológica de análise, classificação e interpretação dos dados referentes à Região FN.

1.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nessa primeira parte do capítulo apresenta-se a base referencial do trabalho, alicerçada sob seis pilares, cujos conceitos e percepções guiarão a elaboração do mesmo, compreendendo respectivamente os seguintes temas centrais: Desenvolvimento; Desenvolvimento Sustentável; Desenvolvimento Regional; Teoria da Complexidade; Realismo Crítico e o Método da Análise-Diagnóstico. De acordo com as principais contribuições de diferentes autores sobre cada um dos respectivos temas citados.

A ideia é possibilitar uma melhor compreensão da inter-relação existente entre esses temas, auxiliando as discussões e análises elaboradas ao longo da produção e amadurecimento do trabalho, e de forma mais específica, no processo de formulação de alternativas estratégicas de Desenvolvimento ao final do trabalho.

1.1.1 O Desenvolvimento

O termo “desenvolvimento” bastante utilizado em discursos no mundo inteiro nas últimas décadas pode ser classificado como multidimensional e abrangente, pois apresenta uma conceituação vasta e diferenciada, sendo utilizado nas mais diversas

(26)

áreas do conhecimento, além de englobar variáveis e indicadores - formulados e debatidos até o momento.

Neste espaço, serão abordados vários conceitos sobre o desenvolvimento, formulados por alguns dos principais autores sobre o assunto. Destacando-se dentre eles, o conceito que será utilizado como base para a elaboração do presente estudo. Inicialmente, o termo desenvolvimento econômico era utilizado como sinônimo de crescimento econômico, mas ao longo do tempo percebeu-se que o objetivo do crescimento econômico não permitiria, por si só, alcançar o desenvolvimento econômico. Schumpeter (1982), em sua obra intitulada Teoria do Desenvolvimento Econômico, foi o primeiro economista a assinalar essa diferenciação entre estes dois termos. Para ele o crescimento econômico seria o mero aumento da renda per capita enquanto o desenvolvimento econômico envolveria transformações estruturais e políticas do sistema econômico.

Como o desenvolvimento econômico compreende aspectos além do objetivo do crescimento, nesse momento surgem as três dimensões do desenvolvimento fundamentais para o seu sucesso, sendo respectivamente: economicamente viável; ecologicamente sustentável e socialmente justo.

Na percepção de Schumpeter (1984), o capitalismo como um processo evolutivo, dinâmico, cujo impulso fundamental que inicia e mantém o movimento da máquina, decorre da mutação industrial:

[...] que revoluciona a estrutura econômica a partir de dentro, incessantemente destruindo a velha, incessantemente criando uma nova. Esse processo de Destruição Criativa é o fato essencial acerca do capitalismo (SCHUMPETER, 1984, p.113).

Essencialmente, para Schumpeter (1982), o desenvolvimento só é possível com inovação. Partindo do pressuposto da Destruição Criativa, o desenvolvimento se caracterizaria como um processo dinâmico, de destruição e inovação constante, ou seja, de investimento com incorporação de progresso técnico.

Nesse mesmo sentido, o desenvolvimento é entendido como um processo dinâmico que envolve muito mais aspectos e variáveis que precisam ser planejadas, como citado no informe anual do ano de 2007, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – (PNUD):

(27)

Hacer realidad las promesas de un mundo más integrado y seguro exige la voluntad política y la acción nacional e internacional concertada para reducir estas disparidades. Fundamentalmente no se trata de hacer beneficencia, sino de ayudar a las personas a desarrollar competencias y oportunidades para mejorar sus propias vidas y sus comunidades de manera duradera.

No hay una fórmula única para alcanzar el éxito: cada país debe establecer sus prioridades y soluciones conforme al contexto nacional. No obstante, hay algunos ingredientes básicos. Los países necesitan instituciones capaces de suministrar gobernanza económica sólida. La participación democrática puede asegurar que en la adopción de decisiones económicas y otras políticas públicas se tenga em cuenta la realidad de las vidas de las personas de todos los niveles de la sociedad (no sólo los ricos y poderosos). La comunidad internacional puede contribuir a las iniciativas nacionales (entre otras cosas mediante la cooperación Sur-Sur) y fomentar tendencias inclusivas en el comercio y las inversiones mundiales” (PNUD, 2012, p. 4).

Nesse documento são levantadas muitas questões acerca do desenvolvimento e, especificamente, nessa parte citada acima, ele expõe a preocupação com as pessoas durante o processo de desenvolvimento, ou seja, enfatiza que o desenvolvimento necessita ser um processo essencialmente equitativo, sustentado e participativo; mas que principalmente, necessita do comprometimento de todos os envolvidos nesse processo para a garantia do seu sucesso.

Veiga (2006) também destaca um dos conceitos de desenvolvimento, que é o apresentado pelo PNUD, de forma concisa, definindo-o da seguinte forma:

O desenvolvimento tem a ver, primeiro e acima de tudo, com a possibilidade de as pessoas viverem o tipo de vida que escolheram, e com a provisão dos instrumentos e das oportunidades para fazerem as suas escolhas (VEIGA, 2006, p. 31).

Furtado (1961), conceitua desenvolvimento econômico como

[...] introdução de novas combinações de fatores de produção que tendem a aumentar a produtividade do trabalho. [...] À medida que cresce a produtividade [...] aumenta a renda real social, isto é, a quantidade de bens e serviços à disposição da população. Por outro lado, aumento das remunerações resultante da elevação da renda real provoca, nos consumidores, reações tendentes a modificar a estrutura da procura. Ocorre, assim, uma série de interações mediante as quais o aumento de produtividade faz crescer a renda real, e o consequente aumento da procura faz com que se modifique a estrutura da produção (FURTADO, 1961, p. 89).

Ou seja, para Furtado (1961), desenvolvimento é, basicamente, aumento do fluxo de renda real, isto é, incremento da quantidade de bens e serviços por unidade

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de tempo, à disposição de determinada coletividade. Compreende assim, mais aspectos sociais ao processo de mero crescimento econômico e refletindo, respectivamente, em melhorias na qualidade de vida da população. Visto que esse processo desenvolvimentista precisa ser alicerçado em orientações políticas objetivando este fim.

[...] Mas quando o projeto social prioriza a efetiva melhoria das condições de vida dessa população, o crescimento se metamorfoseia em desenvolvimento.

Ora, essa metamorfose não se dá espontaneamente. Ela é fruto da realização de um projeto, expressão de uma vontade política. As estruturas dos países que lideram o processo de desenvolvimento econômico e social não resultaram de uma evolução automática, inercial, mas de opção política orientada para formar uma sociedade apta a assumir um papel dinâmico nesse processo.

O desenvolvimento não é apenas um processo de acumulação e de aumento de produtividade macroeconômica, mas principalmente o caminho de acesso a formas sociais mais aptas a estimular a criatividade humana e responder às aspirações da coletividade (FURTADO, 2004, p.4).

Além de enfrentar problemas fundamentais do nosso país, como suprir as necessidades básicas de sua população para, posteriormente, iniciar políticas que afetam de forma mais homogênea todas as classes sociais, possibilitando desta forma, respostas mais assertivas ao processo de desenvolvimento. Como o próprio autor relembra as experiências brasileiras nesse sentido.

A experiência nos ensinou amplamente que, se não se atacam de frente os problemas fundamentais, o esforço de acumulação tende a reproduzir, agravado, o mau desenvolvimento. Em contrapartida, se conseguirmos satisfazer essa condição básica que é a reconquista do direito de ter uma política de desenvolvimento, terá chegado a hora da verdade para todos nós (FURTADO, 2004, p.4).

Com outra concepção, Sen (2010), define o desenvolvimento como um processo de expansão das capacidades humanas ou aumento da liberdade, como o próprio autor nos expõem.

A expansão da liberdade é vista, por essa abordagem, como o principal fim e o principal meio do desenvolvimento. O desenvolvimento consiste na eliminação de privações de liberdade que limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas de exercer ponderadamente sua condição de agente (SEN, 2010, p. 10).

[...] Concentra-se particularmente nos papéis e inter-relações entre certas liberdades instrumentais cruciais, incluindo oportunidades

(29)

econômicas, liberdades políticas, facilidades sociais, garantias de transparência e segurança protetora (SEN, 2010, p. 11).

[...] O desenvolvimento requer que se removam as principais fontes de privação de liberdade: pobreza e tirania, carência de oportunidades econômicas e destruição social sistemática, negligência dos serviços públicos e intolerância ou interferência excessiva de Estados repressivos (SEN, 2010, p. 16).

Compreendido pelo autor como um processo amigável, o desenvolvimento, a partir da expansão da liberdade humana - que é considerada como o principal fim e o principal meio do desenvolvimento – é visto como um processo mutuamente benéfico. “Onde as próprias pessoas devem ter a responsabilidade de desenvolver e mudar o mundo em que vivem” (SEN, 2010, p.359). Tornando desta forma, um caminho de mão dupla entre a liberdade e a responsabilidade, pois como o próprio autor cita, “responsabilidade requer liberdade” – comprovando, desta forma, o benefício da expansão da liberdade em favor da responsabilidade individual.

O conceito de desenvolvimento adotado como base para o presente trabalho, tem como embasamento teórico a perspectiva teórica do autor Paul Singer, mais especificamente, o texto intitulado como Desenvolvimento: Significado e Estratégia, publicado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em 2004, o qual define o Desenvolvimento, como sendo

[...] um processo de fomento de novas forças produtivas e de instauração de novas relações de produção, de modo a promover um processo sustentável de crescimento econômico, que preserve a natureza e redistribua os frutos do crescimento a favor dos que se encontram marginalizados da produção social e da fruição dos resultados da mesma (SINGER, 2004, p. 2).

Enfatizando a capacidade tecnológica ou progresso tecnológico dos empreendimentos, com ou sem fins lucrativos, existentes numa economia como sendo os atores capazes de guiar o rumo do desenvolvimento da mesma. Desenvolvimento este, que dependerá do progresso social, dos valores da população desta economia e do seu nível de conhecimento.

Pois quando a economia solidária for hegemônica, o sentido dado ao progresso tecnológico estará diretamente focado em satisfazer as necessidades consideradas prioritárias pela maioria desses empreendimentos sem fins lucrativos,

(30)

sejam individuais ou familiares associados, ou por empreendimentos auto gestionários. (SINGER, 2004).

Portanto, o desenvolvimento pode ser conceituado da seguinte maneira, como citado nesta mesma obra pelo autor Paul Singer:

Em suma, o desenvolvimento busca novas forças produtivas que respeitem a natureza e favoreçam valores como igualdade e auto- realização sem ignorar nem rejeitar de antemão os avanços científicos e tecnológicos promovidos pelas multinacionais, mas submetendo-os ao crivo permanente dos valores ambientais, da inclusão social e da autogestão (SINGER, 2004, p. 2).

Posteriormente, outro ponto chave que envolve esse processo de desenvolvimento diz respeito à controvérsia existente entre os níveis de competição versus ao da cooperação existente nesta economia. Mas, o rumo e as estratégias adotadas ao longo desse processo de desenvolvimento de uma economia dependerão do momento histórico vivido, pois ele revelará experiências pelas quais poderão ser definidas as melhores alternativas estratégicas.

Mas, para compreender a dinâmica que melhor se adapta a realidade desta economia atual, é necessário ter em mente a caracterização da mesma. Visto que, a economia para qual se deseja o desenvolvimento, ao longo do processo, deixará de ser puramente capitalista e se tornará uma economia mista, onde atuam o setor público, o setor privado, cooperativas, etc, ambos dos mais variados tamanhos operando com ou sem fins lucrativos.

1.1.2 O Desenvolvimento Sustentável

Outro termo que ganhou destaque no cenário mundial e que sofreu modificações conceituais ao longo das últimas décadas é o termo sustentável ou sustentabilidade e que, conjuntamente, com o desenvolvimento, traz e reforça a importância dos demais setores socioambientais para o alcance dos objetivos propostos pelo desenvolvimento. Instituindo assim, o conceito de Desenvolvimento Sustentável, ou Ecodesenvolvimento, elaborado por Ignacy Sachs3, e que vem se mostrando como uma alternativa a ser buscada pelas mais diversas economias mundiais.

3

Economista Francês; Professor da École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), da França.

(31)

A percepção do meio ambiente como peça chave nesse processo rumo ao desenvolvimento foi inicialmente instituída em 1972, em Estocolmo, na Suécia, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, sendo este termo colocado como uma das dimensões da agenda internacional. Desde então, a questão ambiental vem ganhando destaque e forças dentro dessa lógica de planejamento e organização do desenvolvimento econômico.

Inicialmente, o conceito de desenvolvimento sustentável foi introduzido pelo

Relatório Brundtland (1987)4, o qual definia desenvolvimento sustentável como um

desenvolvimento capaz de satisfazer as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações vindouras satisfazerem as suas próprias necessidades.

Deste modo, os olhares do mundo voltaram-se para este ponto fundamental de análise, e a discussão sobre os benefícios de uma melhor compreensão a respeito do tema torna-se crescente no meio intelectual, e o mais importante, esta possibilidade se mostra essencial para o processo desenvolvimentista.

De acordo com Sachs (2004), como o conceito de desenvolvimento é multidimensional, diferentemente do crescimento, os seus objetivos podem ser descritos da seguinte forma:

[...] vão bem além da mera multiplicação da riqueza material. O crescimento é uma condição necessária, mas de forma alguma suficiente (muito menos é um objetivo em si mesmo), para se alcançar a meta de uma vida melhor, mais feliz e mais completa para todos (SACHS, 2004, p. 13).

[...] Igualdade, equidade e solidariedade estão, por assim dizer, embutidas no conceito de desenvolvimento, com consequências de longo alcance para que o pensamento econômico sobre o desenvolvimento se diferencie do economicismo redutor.

Em vez de maximizar o crescimento do PIB, o objetivo maior se torna promover a igualdade e maximizar a vantagem daqueles que vivem nas piores condições, de forma a reduzir a pobreza, fenômeno vergonhoso, porquanto desnecessário, no nosso mundo de abundância (SACHS, 2004, p. 14).

[...] o desenvolvimento não se presta a ser encapsulado em fórmulas simples. A sua multidimensionalidade e complexidade explicam o seu caráter fugitivo (SACHS, 2004, p. 25).

4

Relatório de Brundtland: Relatório "O Nosso Futuro Comum", publicado em 1987 pela World Commission on Environment and Development, uma comissão das Nações Unidas, chefiada pela então primeira-ministra da Noruega, a Sr.ª Gro Harlem Brundtland. Fonte: (Marco Universal, 2012).

(32)

Portanto, o desenvolvimento não é um resultado natural do crescimento econômico, como era defendido inicialmente e como já fora destacado anteriormente no texto com o subtítulo 1.1. Diferentemente do crescimento econômico que visava à busca pelo crescimento de indicadores econômicos, o desenvolvimento está calçado essencialmente em três pilares, respectivamente: econômico, ambiental, social.

Parafraseando Recupero apud Sachs (2004), “as economias não se desenvolvem simplesmente porque existem. O desenvolvimento econômico tem sido uma exceção histórica e não a regra. Não acontece espontaneamente como consequência do jogo livre das forças do mercado.” Os mercados são apenas uma das muitas instituições que participam do processo de desenvolvimento.

Em outras palavras, Sachs (2004) coloca que:

O desenvolvimento pretende habilitar cada ser humano a manifestar potencialidades, talentos e imaginação, na procura da auto-realização e da felicidade, mediante empreendimentos individuais e coletivos, numa combinação de trabalho autônomo e heterônomo e de tempo dedicado à atividade não produtiva.

A boa sociedade é aquela que maximiza essas oportunidades, enquanto cria, simultaneamente, um ambiente de convivência e, em última instância, condições para a produção de meios de existência (livelihoods) viáveis, suprindo as necessidades materiais básicas da vida – comida, abrigo, roupas – numa variedade de formas e de cenários – famílias, parentela, redes, comunidades (SACHS, 2004, p. 35).

Referente às características do desenvolvimento propostas por Sachs, a de includente, refere-se a oposição ao padrão excludente e concentrador do crescimento. Ou seja, o desenvolvimento deve prezar pelo exercício dos direitos civis, cívicos e políticos (SACHS, 2004, p. 38-39).

Outra variável de fundamental importância enfatizada por Sachs (2004) é a educação, como o autor nos coloca:

A educação é essencial para o desenvolvimento, pelo seu valor intrínseco, na medida em que contribui para o despertar cultural, a conscientização, a compreensão dos direitos humanos, aumentando a adaptabilidade e o sentido de autonomia, bem como a autoconfiança e a autoestima (SACHS, 2004, p. 25).

Deste modo, na busca por construir uma definição do termo desenvolvimento sustentável, Sachs (2004) apresenta os cinco pilares do mesmo, que são respectivamente:

(33)

a. Social, fundamental por motivos tanto intrínsecos quanto instrumentais, por causa da perspectiva de disrupção social que paira de forma ameaçadora sobre muitos lugares problemáticos do nosso planeta;

b. Ambiental, com as suas duas dimensões (os sistemas de sustentação da vida como provedores de recursos e como “recipientes” para a disposição de resíduos);

c. Territorial, relacionado à distribuição espacial dos recursos, das populações e das atividades e das atividades;

d. Econômico, sendo a viabilidade econômica a conditio sine qua non para que as coisas aconteçam;

e. Político, a governança democrática é um valor fundador e um instrumento necessário para fazer as coisas acontecerem; a liberdade faz toda a diferença (SACHS, 2004, p. 15-16).

Demonstrando que a percepção apenas para a questão da preservação ambiental do termo sustentabilidade é um equívoco, pois este engloba várias outras percepções - os outros quatro pilares - que são essenciais para um processo realmente sustentável em longo prazo. Logo, outras estratégias, de curto prazo, levam ao crescimento ambientalmente destrutivo, mas socialmente benéfico, ou ao crescimento ambientalmente benéfico, mas socialmente destrutivo (SACHS 2004, p. 172).

Dando continuidade aos seus estudos sobre o tema, Sachs (2008), traz novas percepções que melhor nos auxiliam na conceituação sobre a sustentabilidade e, consequentemente, sobre desenvolvimento sustentável.

Nessa linha de pensamento, Sachs (2008), define como essencial a criação de uma economia de permanência - já que, como seres humanos, somos a espécie inteligente e adaptável, capaz de alterar o meio ambiente em que vivemos. Por economia da permanência, Sachs (2008) expõe:

[...] Na economia da permanência, a satisfação das genuínas necessidades humanas, autolimitadas por princípios que evitam a ganância, caminha junto com a conservação da biodiversidade.

[...] Com a contribuição da ciência contemporânea, podemos pensar em uma nova forma de civilização, fundamentada no uso sustentável dos recursos renováveis (SACHS, 2008, p. 69).

Como nas palavras de Larrède C. & Larrède R., apud Sachs (2008): “precisamos aprender como fazer um aproveitamento sensato da natureza para construirmos uma boa sociedade” (SACHS, 2008, p. 70).

A respeito da sustentabilidade, o autor enfatiza que muitas vezes o termo é utilizado apenas para expressar a sustentabilidade ambiental, então, para clarear a

(34)

grandeza do termo, cabe aqui destacar as suas outras dimensões, conforme citado no ANEXO I, intitulado de Critérios de Sustentabilidade, em Sachs (2008):

1. Social

- alcance de um patamar razoável de homogeneidade social;

- distribuição de renda justa;

- emprego pleno e/ou autônomo com qualidade de vida decente;

- igualdade no acesso aos recursos e serviços sociais.

2. Cultura

- mudanças no interior da continuidade (equilíbrio entre respeito à tradição e inovação);

- capacidade de autonomia para elaboração de um projeto nacional integrado e endógeno (em oposição às cópias servis dos modelos alienígenas);

- autoconfiança combinada com abertura para o mundo.

3. Ecológica

- preservação do potencial do capital natureza na sua produção de recursos renováveis;

- limitar o uso dos recursos não-renováveis.

4. Ambiental

- respeitar e realçar a capacidade de autodepuração dos ecossistemas naturais.

5. Territorial

- configurações urbanas e rurais balanceadas (eliminação das inclinações urbanas nas alocações do investimento público);

- melhoria do ambiente urbano;

- superação das disparidades inter-regionais;

-estratégias de desenvolvimento ambiental seguras para áreas ecologicamente frágeis (conservação da biodiversidade pelo ecodesenvolvimento).

6. Econômico

- desenvolvimento econômico intersetorial equilibrado; - segurança alimentar;

-capacidade de modernização contínua dos instrumentos de produção; razoável nível de autonomia na pesquisa científica e tecnológica;

- inserção soberana na economia internacional.

7. Política (nacional)

- democracia definida e termos de apropriação universal dos direitos humanos;

- desenvolvimento da capacidade do Estado para implementar o projeto nacional, em parceria com todos os empreendedores;

- um nível razoável de coesão social.

8. Política (internacional)

- eficácia do sistema de prevenção de guerras da ONU, na garantia da paz e na promoção da cooperação internacional;

(35)

- um pacote Norte-Sul de co-desenvolvimento, baseado no princípio de igualdade (regras do jogo e compartilhamento da responsabilidade de favorecimento do parceiro mais fraco);

- controle institucional efetivo do sistema de internacional financeiro e de negócios;

- controle de institucional efetivo da aplicação do Princípio da Precaução na gestão do meio ambiente e dos recursos naturais; prevenção das mudanças globais negativas; proteção da diversidade biológica (e cultural); e gestão do patrimônio global, como herança comum da humanidade;

- sistema efetivo de cooperação científica e tecnológica internacional e eliminação parcial do caráter de commodity da ciência e tecnologia, também como propriedade de herança comum da humanidade (SACHS, 2008, p. 85-88).

Ou seja, sustentabilidade vai além do respeito à natureza, envolve muitos outros fatores e aspectos para a definição e o alcance de um desenvolvimento propriamente sustentável. Reforçando a percepção de que este processo necessita de um planejamento bem elaborado, definido e possível de ser implantado em longo prazo, para a obtenção de resultados concretos, ao invés de meros planos de curto prazo.

Como nos coloca Sachs (2008) a respeito da formulação de maneira conjunta e estratégica para alcançar os objetivos propostos pelo desenvolvimento sustentável:

De modo geral, o objetivo deveria ser o do estabelecimento de um aproveitamento racional e ecologicamente sustentável da natureza em benefício das populações locais, levando-as a incorporar a preocupação com a conservação da biodiversidade aos seus próprios interesses, como um componente de estratégia de desenvolvimento. Daí a necessidade de se adotar padrões negociados e contratuais de gestão da biodiversidade. (SACHS, 2008, p.53).

Seguindo essa linha de pensamento, surge a ideia de uma economia ecológica, que seria uma união dessas duas ciências na busca pelo desenvolvimento, definida como uma combinação viável entre economia e ecologia, pois as ciências naturais podem descrever o que é preciso para um mundo sustentável, mas compete às ciências sociais a articulação das estratégias de transição rumo a este caminho. (SACHS, 2008, p.60).

Posteriormente, o autor traz outro conceito, o do ecodesenvolvimento, que segundo Singh apud Sachs (2008) é compreendido como:

[...] uma estratégia para a proteção de áreas ecologicamente valiosas (áreas protegidas), em face de pressões insustentáveis, ou

(36)

inaceitáveis, resultantes das necessidades dos povos que vivem nelas ou no seu entorno (SACHS, 2008, p. 72).

Mas, esse processo é resultante de três sentidos, de acordo com Sachs (2008). Onde o primeiro refere-se à busca por criação de alternativas sustentáveis para os recursos disponíveis; o segundo preocupa-se em envolver as pessoas nos planos de gestão e conservação da área; enquanto o terceiro visa à conscientização da população local sobre a importância da proteção desta área, assim como os critérios de sustentabilidade específicos a esta realidade local.

Incialmente, “O ecodesenvolvimento requer, dessa maneira, o planejamento local e participativo, no nível micro, das autoridades locais, comunidades e associações de cidadãos envolvidas na proteção da área” (SACHS, 2008, p. 73).

No entanto, a ideia central do ecodesenvolvimento ou de desenvolvimento sustentável, preza por uma organização conjunta (entre a comunidade e os dirigentes locais) de um planejamento estratégico, de acordo com a sua realidade, voltado para os seus interesses comuns, como sendo o ponto de partida para alcançá-los. Portanto, o entendimento entre os agentes envolvidos nesse processo é fundamental para que o desenvolvimento sustentável seja viável, ou seja, as negociações são vitais ao processo, e as alternativas criadas precisam ser seguidas fielmente por todos para garantir a sua eficácia dentro do processo.

Assim, Sachs (2008) defende a gestão negociada e contratual dos recursos, como sendo a pedra fundamental para qualquer desenvolvimento sustentável, e que vai além da gestão da biodiversidade, assim como, nesse espaço são negociados todos os interesses dos vários agentes durante o processo.

Nesta obra, o autor traz à tona a percepção de que o desenvolvimento sustentável é um desafio planetário a ser encarado pelas economias mundiais, e que precisa ser planejado e implementado de maneira flexível e aberto às preocupações ambientais e sociais de determinada economia. Somente desta forma, o meio ambiente como um todo também será beneficiado e o processo desenvolvimentista será sustentável.

Já para o autor José Eli da Veiga, o desenvolvimento sustentável seria o “caminho do meio” entre desenvolvimento como sinônimo de crescimento e o desenvolvimento como uma reles ilusão, crença, mito, ou manipulação ideológica. Ou seja, é um processo muito mais complexo e desafiador, que nada tem de quimérico e nem pode ser amesquinhado como o crescimento econômico. Veiga

(37)

(2006) refere que: “A humanidade interage com o meio no empenho de efetivar suas potencialidades”.

Defendendo que o desenvolvimento tem a ver, primeiro e acima de tudo, com a possibilidade de as pessoas viverem o tipo de vida que escolheram, e com a provisão dos instrumentos e das oportunidades para fazerem as suas escolhas (VEIGA, 2006, p. 31).

Mas, referente a uma definição do conceito de desenvolvimento sustentável, o autor confessa ser um conceito em construção, ou ainda, um enigma para a sociedade atual, como citado nesta obra.

Em meio a tantas linhas especulativas, o que parece se destacar é uma forte visão convergente de que as sociedades industriais estão entrando em uma nova fase de sua evolução. E que essa transição será tão significativa quanto aquela que tirou a sociedades europeias da ordem social agrária e levou-as à ordem social industrial. Ao mesmo tempo, as diversas versões sobre o “desenvolvimento sustentável” parecem estar muito longe de delinear, de fato, o surgimento dessa nova utopia de entrada no terceiro milênio. Este é o enigma que continua à espera de um Édipo que o desvende (VEIGA, 2006, p. 208).

Portanto, a compreensão de desenvolvimento sustentável adotada para a elaboração deste trabalho é guiada pelas percepções destas duas obras de Sachs, essencialmente, enfatizadas pelas suas contribuições sobre os cinco pilares; os oito critérios de sustentabilidade; e sobre o objetivo central do desenvolvimento sustentável.

1.1.3 O Desenvolvimento Regional

Dentre os principais autores sobre o tema “desenvolvimento regional”, serão citadas e analisadas aqui as contribuições de Antonio Vázquez Barquero e Douglass C. North, compondo a principal base referencial sobre o tema para a elaboração do presente estudo. Assim como os estudos mais recentes dos autores Valdir Roque Dallabrida e Dilson Trennepohl.

No entendimento de Barquero (2001), o desenvolvimento regional depende de um processo com base no potencial de desenvolvimento de cada região, defendendo assim, a percepção de desenvolvimento endógeno, de dentro para fora, voltado para si mesmo.

(38)

As proposições da teoria territorial do desenvolvimento, do desenvolvimento autoconcentrado, e do desenvolvimento “de baixo para cima” aparecem como uma reação à insatisfação provocada pelo esgotamento do modelo de desenvolvimento “a partir de fora” proposto nos anos 60 e 70 [...]

O desenvolvimento endógeno propõe-se a atender às necessidades e demandas da população local através da participação ativa da comunidade envolvida. [...] Além de influenciar os aspectos produtivos (agrícolas, industriais e de serviços), a estratégia de desenvolvimento procura também atuar sobre as dimensões sociais e culturais que afetam o bem-estar da sociedade. Isso leva a diferentes caminhos de desenvolvimento, conforme as características e as capacidades de cada economia e sociedades locais. [...]

Por fim, o desenvolvimento endógeno é, antes de mais nada, uma estratégia para a ação. As comunidades locais têm uma identidade própria, que as leva a tomarem iniciativas visando assegurar o seu desenvolvimento (BARQUERO, 2001, p. 38-39).

Defendendo assim, a percepção de que o processo de desenvolvimento precisa ser adaptado à realidade da região a que se pretende desenvolver, elaborando um planejamento específico às suas características e peculiaridades locais – onde a comunidade local também esteja envolvida - e não mais copiando “modelos de sucesso” de outras regiões, estados ou países.

Seguindo esse raciocínio, ele enfatiza o papel decisivo da participação e do envolvimento da comunidade local no processo de desenvolvimento, como nos descreve nos seguintes trechos de seu livro:

Em suma, o desenvolvimento endógeno pode ser visto como um processo de crescimento econômico e de mudança estrutural, liderado pela comunidade local ao utilizar seu potencial de desenvolvimento, que leva à melhoria do nível de vida da população (BARQUERO, 2001, p. 41).

O desenvolvimento endógeno ocorre em uma sociedade organizada, cujas formas de organização e cultura condicionam os processos de mudança estrutural e que por sua vez, respondem às condições do processo de desenvolvimento (BARQUERO, 2001, p. 47-48).

A dinâmica do sistema produtivo está condicionada, nos processos de desenvolvimento local, pelos valores que orientam a sociedade (BARQUERO, 2001, p. 48).

[...] Quando a comunidade local é capaz de utilizar o potencial de desenvolvimento e liderar o processo de mudança estrutural, pode-se falar em desenvolvimento local endógeno ou, simplesmente, de desenvolvimento endógeno (BARQUERO, 2001, p. 57).

Reforçando, desta forma, a importância dos valores, das crenças, do envolvimento e da organização que uma sociedade preserva, para alavancar o seu

(39)

potencial de desenvolvimento, e alcançar os objetivos propostos pelo planejamento estratégico formulado inicialmente rumo a um desenvolvimento possível a sua realidade.

Sobre o objetivo do desenvolvimento local, nesse mundo globalizado e onde a competitividade e a degradação ambiental mundial apresentam índices alarmantes, o autor traz a percepção da sustentabilidade e especifica:

Seu objetivo está voltado para o desenvolvimento sustentável e duradouro, motivo pelo qual tratam de dar ênfase às dimensões econômica, social e de meio ambiente envolvidas. As iniciativas locais precisam conjugar a eficiência na alocação dos recursos públicos e privados, a equidade na distribuição da riqueza e do emprego e o equilíbrio em termos de meio ambiente (BARQUERO, 2001, p. 53).

Portanto, o fator diferencial do sucesso ou não de um processo de desenvolvimento endógeno de uma região para outra está na capacidade de aproveitamento do seu potencial de desenvolvimento, que seriam os recursos econômicos, humanos, institucionais, culturais e as economias de escala não aproveitadas, garantindo desta forma, a geração/ou não, de riquezas e melhoria no bem-estar social para a comunidade local. Ou seja, a comunidade local tem papel decisivo no processo de desenvolvimento local endógeno.

De acordo com estudos do autor Dallabrida (2010), o desenvolvimento regional é considerado como um fenômeno territorial, expressando a sua percepção da seguinte forma:

[...] Prefere-se definir desenvolvimento como ‘um processo de mudança estrutural, situado histórica e territorialmente, caracterizado pela dinamização socioeconômica e a melhoria da qualidade de vida de sua população’. Assim entendido, como processo, o desenvolvimento não se apresenta como estágio a ser galgado, um modelo estático a ser seguido (DALLABRIDA, 2010, p. 17).

[...] desenvolvimento territorial seria ‘um processo de mudança estrutural empreendido por uma sociedade organizada territorialmente, sustentado na potencialização dos capitais e recursos (materiais e imateriais) existentes no local, com vistas à dinamização econômica e à melhoria da qualidade de vida de sua população’ (DALLABRIDA, 2010, p. 153).

Tratando desta forma, a sociedade regional como ator principal e propulsor do processo de desenvolvimento, enfatizando o dinamismo e a organização como

(40)

características essenciais a estas sociedades para obterem sucesso durante os seus processos desenvolvimentistas.

Nesta mesma linha de pensamento, sobre regiões desenvolvidas e não desenvolvidas, o autor julga equivocado a utilização destes termos, pois no seu entendimento:

[...] seria mais adequado falar-se em regiões em processo de desenvolvimento, onde em algumas encontramos um maior dinamismo, com um projeto de futuro definido, construído coletivamente em todos os momentos de sua história, logo, com maior capacidade de proporcionar condições socioeconômicas qualificadas e uma boa qualidade de vida ao conjunto de sua população (DALLABRIDA, 2010, p. 17).

Além de enfatizar a multidimensionalidade do desenvolvimento social, econômico, cultural, político, espacial e histórico (DALLABRIDA, 2010, p. 155) define-o como um fenômeno complexo, descrevendo da seguinte forma:

[...] Ou seja, o desenvolvimento é um fenômeno complexo que se realiza sempre em territórios específicos. Resulta de dinâmicas socioeconômico-culturais, muitas vezes conflituosas e da manifestação de forças contrárias. Assim, as situações concretas de desenvolvimento se constituem em arranjos temporários, que também podem ser chamados de pactos socioterritoriais, repensadas temporariamente, considerando mudanças sociais, políticas, culturais e econômicas que venham a ocorrer. Como tais situações são resultantes da disputa de interesses divergentes, a questão do jogo de poder precisa ser considerada (DALLABRIDA, 2010, p. 155).

Destacando assim, o fato de que o processo de desenvolvimento não se concretiza em uma base sólida de um único planejamento estratégico inicial, pelo contrário, depende de (re) planejamentos ao longo desse processo, com vistas a adaptar os seus objetivos à nova realidade que se formula ao longo do tempo, reflexo das mudanças provocadas pela implantação do primeiro planejamento elaborado e colocado em prática, além de novos acontecimentos que possam vir a acontecer, exógenos a essa realidade, visto que, o sucesso de desenvolvimento de uma região não está relacionado apenas a fatores endógenos.

Cabe aqui destacar também, a contribuição de Boisier apud Dallabrida (2010), o qual argumenta que, o processo de planejamento do desenvolvimento regional necessita: de um caráter multidisciplinar por parte dos seus formuladores; de uma participação e organização maior por parte da sociedade regional – participação

(41)

esta, através da existência de redes associativas ou estruturas sociais regionais, ex: COREDEs. (Dallabrida, 2010, p. 165-172).

A orientação de North (1955 e 1959) é no sentido de que o desenvolvimento regional depende do desenvolvimento de sua base econômica com vistas ao mercado externo, ou seja, de um produto como sendo a base de exportação para a região.

As análises das contribuições do autor Douglass C. North, sobre o desenvolvimento regional serão feitas com base na perspectiva teórica de dois textos que se caracterizam como referência central sobre o assunto: Teoria da

Localização e Crescimento Econômico, publicado no Journal of Political

Economy, em 1955, e A Agricultura no Crescimento Econômico Regional, publicado no Journal of Farm Economics, em 19595.

Na primeira obra citada do autor Douglass C. North, ele faz críticas às teses defendidas por teóricos da época6, referente à sequência de fases ou estágios pelas quais as regiões percorrem durante o seu processo de desenvolvimento7.

Sequência esta que pode ser esquematizada da seguinte forma, segundo North (1955):

1. O primeiro estágio da história econômica de uma região consiste, basicamente, em uma economia de subsistência, na qual existe pouco investimento ou comércio e a camada principal da população é agrícola; 2. O segundo estágio é resultado de melhorias nos transportes, que refletem em

um início de desenvolvimento no comércio e especialização local, onde surge a segunda camada da população que começa a gerir pequenas indústrias locais;

3. O terceiro estágio ocorre após as melhorias desenvolvidas no estágio anterior, melhorias estas que possibilitam um aumento do comércio inter-regional, em que a região se desloca através de uma sucessão de outras culturas agrícolas;

4. O quarto estágio compreende a fase de industrialização da região, com a introdução de atividades secundárias (indústria manufatureira e mineral);

5

Estes textos foram publicados em português, no Brasil em: Schwartzman, J. (Org.). Economia Regional: textos escolhidos. Belo Horizonte: Cedeplar, 1977.

6

Como os citados explicitamente em seu texto: August Lösch; E. M. Hoover e Joseph Fischer. 7

Cabe aqui enfatizar que as teses defendidas por North foram desenvolvidas com base no contexto de debates referente ao crescimento econômico regional dos Estados Unidos da América nos anos 50.

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