• Nenhum resultado encontrado

3. ANÁLISE DAS PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS DA REGIÃO FN

3.3 A PECUÁRIA LEITEIRA

Atividade presente na economia regional desde o processo de povoamento, predominantemente de pequenos produtores, ainda está em processo de desenvolvimento, caracterizando-se como importante opção de investimentos.

Várias iniciativas públicas e privadas de fomentar o desenvolvimento da atividade na região foram postas em prática em diferentes momentos históricos, entretanto parece estar ocorrendo atualmente um movimento de maior envergadura e

consistência. Sem desmerecer a caminhada já percorrida anteriormente, mas com inspiração no aprendizado da experiência e impulsionados por novos capitais, que se somam aos que já estão em operação na atividade, estão sendo realizados investimentos em grandes proporções na ampliação da capacidade produtiva da região (TRENNEPOHL, 2011, p. 173).

Importante destacar que, de 1960 até 2000, a produção brasileira de leite triplicou e o país passou da condição de importador de produtos lácteos para exportador, além de atender ao consumo interno em expansão (Trennepohl, 2011). Produção esta que continua crescendo, impulsionada pelo interesse da indústria por essa matéria-prima, como pode ser observado na Ilustração 35.

Ilustração 35: Evolução da aquisição de leite pela indústria no Brasil - 2001-2012. Fonte: IBGE (2013).

O RS é o segundo maior produtor de leite do Brasil, atrás somente do Estado de Minas Gerais, e contribui com cerca de 12% da produção nacional ou 3.879.455 mil litros em 2011, segundo dados do RIO GRANDE DO SUL (2013).

Como na maioria dos municípios da Região FN, a economia é composta, principalmente, por unidades de agricultura familiar, a pecuária leiteira mostra-se mais rentável que as atividades de produção de grãos, mais vantajosa para lavouras extensivas.

[...] As condições favoráveis de clima, solo, topografia e estrutura fundiária configuram um quadro positivo, semelhante ao das principais regiões produtoras do país e os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias de produção, beneficiamento e comercialização podem influenciar a atividade com menores custos de produção e de transferência da produção para os mercados consumidores (TRENNEPOHL, 2011, p.193).

No RS, assim como na Região FN, a atividade caminha no sentido na busca por melhores patamares de produtividade. No período de 2000 a 2011, a produção de leite cresceu aproximadamente 85% com base nos dados apresentados pela Ilustração 36.

Ilustração 36: Evolução anual da produção de leite 2000-2011 - BR e RS (mil litros). Fonte: RIO GRANDE DO SUL (2013).

Segundo dados da Tabela 08, de 2000 a 2011, a produção de leite na Região FN cresceu aproximadamente 73%, passando de 213.110 (mil litros) para 369.435 (mil litros), nesse período. Dentre os vinte municípios da Região FN, os dez maiores produtores de leite (em 2011) são, respectivamente:

1º. Santo Cristo (56.284 mil litros); 2º. Três de Maio (36.936 mil litros); 3º. Santa Rosa (29.565 mil litros); 4º. Independência (23.769 mil litros); 5º. Cândido Godói (23.351 mil litros); 6º. Boa Vista do Buricá (22631 mil litros); 7º. Tuparendi (22.229 mil litros);

8º. Campina das Missões (20.250 mil litros); 9º. Nova Candelária (17.283mil litros);

Tabela 08

Produção de leite (Mil Litros)

Município 2000 2011

Alecrim – RS 11379 11771

Alegria – RS 6813 11743

Boa Vista do Buricá - RS 7040 22631

Campina das Missões - RS 12378 20250

Cândido Godói – RS 17659 23351

Doutor Maurício Cardoso - RS 8187 12700

Horizontina – RS 9672 15476 Independência – RS 8400 23769 Nova Candelária - RS 9180 17283 Novo Machado – RS 7096 6756 Porto Lucena – RS 8502 9021 Porto Mauá – RS 3304 5465

Porto Vera Cruz - RS 1799 3659

Santa Rosa – RS 17312 29565

Santo Cristo – RS 27549 56284

São José do Inhacorá - RS 6103 12500

Senador Salgado Filho - RS 6968 15481

Três de Maio – RS 18346 36936

Tucunduva – RS 9730 12565

Tuparendi – RS 15693 22229

Produção Total 213110 369435

Fonte: Adaptado de IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) (2013).

Como pode ser acompanhado na Tabela 08, assim como a evolução da produtividade de cada um dos vinte municípios no período. Na Região FN, entre os municípios de maior produção destacam-se: Santo Cristo e Três de Maio. No município de Santa Rosa, estão instaladas duas grandes Indústrias de Laticínios: Elegê e a Cooperativa Central Gaúcha Ltda – CCGL, que demandam leite de toda a região da grande Santa Rosa para a produção dos respectivos derivativos.

Outros dados importantes a serem analisados referem-se a evolução no número de vacas ordenhadas, apresentados pela Tabela 09. Assim, como no Brasil

e no RS, a maioria dos municípios da Região FN, apresentou um crescimento considerável no número de vacas ordenhadas nesse período, apontando o interesse regional para esta atividade que está em desenvolvimento e se mostra economicamente vantajosa para os pequenos produtores da Região FN. Desencadeando assim, o surgimento de mais unidades produtivas a cada ano, fazendo crescer também atividades complementares e paralelas, que utilizam o leite ou seus derivados como matéria-prima, trazendo cada vez mais, melhorias significativas para a população regional.

Tabela 09

Evolução no número de vacas ordenhadas

Ano 2000 2011

Brasil 17885019 23229193

Rio Grande do Sul 1164912 1530014

Alecrim - RS 5173 3512

Alegria - RS 3099 3612

Boa Vista do Buricá - RS 3801 5720

Campina das Missões - RS 6082 8085

Doutor Maurício Cardoso - RS 3721 3580

Horizontina - RS 4396 4300 Independência - RS 3823 7451 Nova Candelária - RS 3920 5420 Novo Machado - RS 3227 2980 Porto Lucena - RS 4518 5425 Porto Mauá - RS 1509 1694

Porto Vera Cruz - RS 902 1710

Santa Rosa - RS 7887 8912

Santo Cristo - RS 12522 17480

São José do Inhacorá - RS 2776 3800

Senador Salgado Filho - RS 3171 4930

Três de Maio - RS 8350 10297

Tucunduva - RS 4427 4170

Tuparendi - RS 7133 6650

Fonte: Adaptado de IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal (2013).

Mas na região, assim como no Brasil, essa atividade apresenta grande diversidade em sua estrutura produtiva (presente em todos os elos da cadeia produtiva) e heterogeneidade entre os sujeitos envolvidos, como: tecnologia,

produtividade, qualidade, custos, escala de produção, capacidade de gestão (TRENNEPOHL, 2011).

De acordo com um estudo da Embrapa Gado de Leite, apud Trennepohl (2011) “é possível tipificar o conjunto de produtores de leite em quatro grandes grupos”, com base na estrutura de produção, nos níveis de produtividade e nas tecnologias adotadas, caracterizados respectivamente como:

Considerando que a produtividade animal é função de um conjunto de tecnologias, foram definidos quatro tipos de sistemas, conforme o grau de intensificação e os níveis de produtividade, e caracterizados conforme a alimentação volumosa adotada como segue:

 Sistema extensivo - animais com produção de até 1.200 litros de leite por vaca ordenhada/ano, criados exclusivamente a pasto;

 Sistema semiextensivo – animais com produção entre 1.200 a 2.000 litros por vaca ordenhada/ano, criados a pasto, com suplementação volumosa na época de menos crescimento do pasto;

 Sistema intensivo a pasto – animais com produção entre 2.000 e 4.500 litros por vaca ordenhada/ano, criados a pasto com forrageira de alta capacidade de suporte, com suplementação volumosa na época de menos crescimento do pasto e, em alguns casos durante o ano todo; e

 Sistema intensivo em confinamento – animais com produção acima de 4.500 litros por vaca ordenhada/ano, mantidos confinados e alimentados no cocho com forragens conservadas, com silagens e fenos (ASSIS, 2005, p.2 apud TRENNEPOHL, 2011, p. 195).

Desta forma, no Brasil, o sistema extensivo, compreende o universo dos vendedores de leite informal, produtores que desconhecem a legislação específica e não prezam pela qualidade do leite produzido, chegando a representar 89,5% dos produtores do país; o sistema semiextensivo, compreende produtores mais esclarecidos sobre os requisitos da atividade, embora pouco atentos ao controle sanitário e representam 8,9% dos produtores do país; o sistema intensivo a pasto compreende produtores com patamar tecnológico compatível com as exigências do mercado internacional, predominante nas regiões Sudeste e Sul, podendo ser encontrados no Centro-Oeste e no Nordeste também, representam 1,6% dos produtores do país; por fim, o sistema intensivo em confinamento, compreende os produtores com mais elevado patamar tecnológico, possuem rebanhos de alto padrão tecnológico, rigoroso controle sanitário e assistência técnica permanente, comum nas regiões Sudeste e Sul, mas praticado por apenas 0,1% dos produtores (Trennepohl, 2011).

Logo, a pecuária leiteira é uma atividade que tem um longo caminho pela frente ainda, para alcançar seu potencial de produtividade máximo na região, assim

como no país. O objetivo central é possibilitar e incentivar que os produtores evoluam do sistema de produção extensivo para o sistema intensivo a pasto, ou até o sistema ideal, que seria o sistema intensivo em confinamento. Possibilitando assim, o sucesso da atividade e o desenvolvimento das propriedades rurais e, principalmente, das economias regionais, como a Região FN.

Atividade conhecida e exercida em, praticamente, todo o território regional, ou seja, a pecuária leiteira é uma atividade tradicional da região. De acordo com os dados já citados ao longo do presente estudo e com base no cenário atual da atividade, pode-se dizer que programas de políticas públicas no sentido de organizar a sua expansão podem ser de grande valia para impulsionar o desenvolvimento da região.

Nesse sentido, investimentos que já estão sendo realizados apontam que essa atividade pode sim, impulsionar demais setores da economia regional. Mas alguns desafios devem ser superados para que o sucesso da atividade seja possível, como os citados por Trennepohl (2011):

[...] O grande desafio da atividade continua sendo a maior profissionalização dos produtores e o aumento da escala de produção das unidades agrícolas, com vistas ao aumento do rendimento por animal, por área utilizada e por estabelecimento, com reflexos na redução dos custos e na produtividade do trabalho (TRENNEPOHL, 2011, p.178).

Como enfatizado anteriormente, o essencial seria um aumento de produtividade aliado a melhores condições da estrutura produtiva da atividade, logo, evoluindo dos sistemas de produção extensivos até sistemas de produção intensivos a pasto (na melhor das hipóteses, até o sistema intensivo em confinamento). O que viabilizaria a presença do país, bem como da região, no contexto das exportações de produtos lácteos.

O principal desafio colocado para a atividade leiteira no futuro próximo é o de consolidar a presença do Brasil no mercado internacional como exportador de produtos lácteos. Além de encontrar potenciais interessados na aquisição continuada dos produtos brasileiros, é preciso desenvolver a produção nacional no sentido de tender as normas sanitárias e de qualidade gerais do mercado mundial e específicas de cada país importador (TRENNEPOHL, 2011, p.180).

Nesse sentido, investimentos e políticas públicas de incentivo à pecuária leiteira regional e nacional são fatores decisivos para alavancar melhorias

necessárias para que essa atividade ganhe destaque no cenário regional, nacional e internacional.

A produção brasileira de leite ainda tem muitos aspectos para melhorar. Alguns deles são a sanidade do rebanho, a qualidade do leite produzido, a produtividade animal e por área, a alimentação (principalmente do período de seca) e a administração da produção. No Brasil existe tecnologia disponível para que a produção seja compatível aos padrões internacionais (TRENNEPOHL, 2011, p.188).

Portanto, a pecuária leiteira destaca-se entre as principais atividades estruturantes da economia regional com potencialidade a ser desenvolvida capaz de impulsionar o desenvolvimento regional, estimulando o fortalecimento dos demais elos dessa cadeia produtiva. As atenções precisam se voltar a essa atividade para que ela seja incentivada na região, assim como no restante do país, a fim de que a economia, de forma geral, beneficie-se da sua expansão. Assim como, as melhorias indispensáveis nas estruturas produtivas possam vir a contribuir decisivamente na colocação desses produtos no mercado nacional e internacional, com qualidade e produtividade de destaque, pois potencial é o que mais se tem a desenvolver nesse ramo.

3.4 A SUINOCULTURA

Atividade de grande participação econômica na região, desde a sua colonização, mas que ressurge nos anos 80, com o sistema de produção modernizado, apresentando novas características, como destaca Trennepohl (2011):

[...] Grandes empresas passaram a organizar os sistemas integrados, estabelecendo os contratos de integração em que os produtores recebem todo o pacote tecnológico e o cronograma de produção em conformidade com o planejamento de mercado do sistema. Nessas condições, a suinocultura retoma certo grau de importância e se apresenta com boas perspectivas de ser uma alternativa de diversificação da base exportadora da região (TRENNEPOHL, 2011, p. 211-212).

[...] Assim, a suinocultura que ressurge nos anos 80 difere completamente daquela atividade colonial existente anteriormente. Além das questões tecnológicas, as mudanças atingiram as relações entre suinocultores e as indústrias, no sentido de uma crescente integração técnico-produtiva (TRENNEPOHL, 2011, p. 213).

Atualmente, o Brasil é o 3º país maior produtor de suínos, atrás somente da China, maior produtor e maior consumidor, e dos EUA, como se apresenta na ilustração 37.

Ilustração 37: Número de cabeças de suínos nos maiores países produtores (média 2009-2011).

Fonte: RIO GRANDE DO SUL (2013).

No Brasil, o RS é o 2º maior produtor de suínos, superado apenas pelo Estado de Santa Catarina. Em 2011, o RS registrou uma produção de 5.677.515 cabeças, de acordo com a Ilustração 38 apresentada a seguir.

Ilustração 38: Média do efetivo de suínos, nos maiores estados produtores e no Brasil (nº de cabeças).

A suinocultura é considerada uma das mais tradicionais do Estado e possui grande importância econômica e social, poder de integração regional, possibilidade de aumento de valor agregado de seus produtos finais e de melhoria da pauta de exportações RIO GRANDE DO SUL (2013).

No período de 2001 a 2011, a produção estadual se manteve relativamente estável comparado ao seu percentual de participação da produção nacional, como pode ser observado na Ilustração 39. Sendo que a participação gaúcha na produção nacional aumentou de 13% em 2000 para 14% em 2011.

Ilustração 39: Evolução anual do efetivo de suínos 2000-2011 - BR e RS. Fonte: RIO GRANDE DO SUL (2013).

A suinocultura é uma atividade que merece atenção no cenário regional assim como no nacional, pois ela ainda pode contribuir para a economia regional e assim, aumentar sua participação no mercado, caracterizando-a como uma potencial alternativa de diversificação da base exportadora regional.

[...] Caso as perspectivas de médio e longo prazo se confirmem para a carne de suínos e seus derivativos, a região poderá mobilizar seus recursos com vistas a expandir a atividade e consolidar diversos elos da sua cadeia produtiva. As condições naturais são plenamente favoráveis à expansão da atividade e as condições que precisam ser criadas para ampliar a competitividade da produção regional estão ao alcance dos agentes econômicos potencialmente interessados (TRENNEPOHL, 2011, p. 235).

Como enfatizado por Trennepohl (2011), as atividades intensivas se caracterizam como essencial ao processo de desenvolvimento da região, dada a sua principal característica estrutural (pequenas propriedades rurais ou unidades de produção familiares):

[...] As características da estrutura fundiária, bem como outros aspectos da realidade socioambiental da região, sugerem que a conservação produtiva de diversos segmentos da agropecuária regional para atividades mais intensivas e com cadeias de produção mais bem integradas com as demais atividades econômicas gerariam benefícios consideráveis ao desenvolvimento econômico regional (TRENNEPOHL, 2011, p.172).

Atividade presente em praticamente todo Estado, assim como em todos os municípios da Região FN. No período de 2001 a 2011, a produção de suínos referente à Região FN passou de 280.578 cabeças para 486.966 cabeças, caracterizando um aumento aproximadamente de 73,5%, segundo dados do IBGE. Dentre os municípios da região, os três maiores produtores são Santa Rosa, Nova Candelária e Santo Cristo, com significativa diferença de produção dos demais municípios como pode ser observado pela Tabela 10, apresentada a seguir.

Importante enfatizar, que os municípios com as respectivas produções em destaque na tabela, sãos os dez principais produtores de suínos da região. Ainda dentre esses dez principais municípios produtores, é importante observar o salto de produção no período analisado, do município de Tucunduva, que passou de uma produção de meras 8.140 cabeças de suínos em 2001, para 34.344 cabeças em 2011, caracterizando um aumento de produção de mais de 300% no período. O que afirma o potencial de produtividade das novas formas de produção integradas com as tecnologias acessíveis à atividade.

Tabela 10

Comparativo da Produção de Suínos (nº de cabeças), na Região FN - 2001 e 2011.

Município 2001 2011

Alecrim – RS 11721 9390

Alegria – RS 5162 6170

Boa Vista do Buricá – RS 20690 40617

Campina das Missões - RS 9593 21050

Cândido Godói – RS 14602 21370

Doutor Maurício Cardoso - RS 7724 13980

Horizontina – RS 8456 23080 Independência – RS 5519 3998 Nova Candelária – RS 28300 75530 Novo Machado – RS 5164 16910 Porto Lucena – RS 6210 4450 Porto Mauá – RS 3057 3802

Porto Vera Cruz – RS 1930 2419

Santa Rosa – RS 68351 78190

Santo Cristo – RS 44612 65750

São José do Inhacorá – RS 3108 11170

Senador Salgado Filho - RS 2447 4670

Três de Maio – RS 13714 19736

Tucunduva – RS 8140 34344

Tuparendi – RS 12078 30340

Produção Total 280578 486966

Fonte: Adaptado de IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal (2013).

Segundo dados da Pesquisa trimestral do abate de animais, do IBGE, no ano de 2013, até o mês de junho, o número de suínos abatidos no país já chegava em 17.911.400 cabeças, e no RS correspondia a um total de 4.111.893 cabeças.

Por conseguinte, a suinocultura é vista como uma potencial alternativa para impulsionar o desenvolvimento regional porque pode ser desenvolvida em pequenas propriedades rurais – principal característica dos municípios da Região FN. Além de impulsionar outras atividades subsidiárias e complementares, principalmente a produção de grãos (especialmente o milho) e a fabricação de rações, assim como

abatedouros e frigoríficos para o processamento da carne assim como os serviços ligados à comercialização e exportação dos produtos finais. Ou seja, continua sendo uma alternativa vantajosa para a economia regional porque ainda pode alavancar demais setores dessa economia, em reflexo da expansão da atividade suinícola.

3.5 A INDÚSTRIA METALMECÂNICA

Impulsionada pela modernização da agricultura familiar da região, a partir de 1950, a industrialização ganha força após a criação da Associação dos Municípios da Grande Santa Rosa18 passa a “coordenar os esforços na busca de possíveis soluções para os problemas enfrentados pela economia regional” (ROTTA, 1999, p. 82).

Assim, com base nas alternativas apontadas pelo diagnóstico da economia regional realizado pela Associação dos Municípios da Grande Santa Rosa, como cita Rotta (1999, p. 83): “direcionavam para a modernização da agricultura, buscando agregar valor aos produtos por via da agroindustrialização”.

De acordo com os apontamentos do diagnóstico, feitos pela Associação dos Municípios da Grande Santa Rosa apud Rotta (1999):

As indústrias alimentares (óleo de soja, frigoríficos de suínos e laticínios), juntamente com a fabricação de máquinas (automotrizes de corte) e implementos agrícolas, representam o grande potencial dinâmico da microrregião (Associação dos Municípios da Grande Santa Rosa, 1974, p. 1.76 apud ROTTA, 1999, p. 83).

Nesse contexto, podem-se destacar as indústrias locais, implantadas nesse período ou anteriormente, e que impulsionaram a economia regional, como citadas e analisadas por Rotta (1999):

Laticínios Mayer: Fundada em 1940, município de Giruá, empresa que

passou a incentivar a melhoria da qualidade genética do gado leiteiro e a regularização da produção, oportunizando melhoria de renda ao produtor;

Indústria Ervateira Vier: Fundada em 1944, na localidade de Guia Lopes,

município de Santa Rosa, na época desenvolvimento de indústria ervateira, cuja matéria-prima era abundante na região, tornou-se uma marca conhecida nacionalmente e no exterior, exportando principalmente para os países do Mercosul;

Indústria de Máquinas Agrícolas Ideal S.A.: Fundada em 1953, no

município de Santa Rosa, com a denominação de Fábrica de Moinhos Santa Rosa Ltda., inicialmente fabricava moinhos coloniais, na década de 60 passou a produzir trilhadeiras com a marca IDEAL; em 1963, passou a denominar-se Indústria de

18

Fundada em 30 de junho de 1964, pelas lideranças da Associação Comercial e Industrial de Santa Rosa e demais lideranças das associações dos municípios da região. Fonte: ROTTA (1999).

Máquinas Agrícolas Ideal Ltda; em 1968, produziu a primeira trilhadeira automotriz; em 1973, passou a condição de sociedade anônima S.A; na década de 90, associou-se ao Grupo Massey Fergusson, passando a denominar-se AGCO do Brasil Comércio e Indústria Ltda;

Indústria Gaúcha de óleos Vegetais (IGOL): Fundada em 1955, no

município de Santa Rosa, produzia inicialmente: óleo de soja, de tungue e de linhaça, aproveitando-se da matéria-prima regional; abriu filial em Lajeado (1959), Guaíba (1967) e Pelotas (1970); no início da década de 90, a unidade de santa rosa começa a ser desativada gradativamente até fechar (em 1993) e suas instalações são vendidas ao grupo Camera S.A. – que remodelou as instalações e a partir de 1998, reativou a fábrica de óleos vegetais no município;

Schneider, Logemann e Cia (SLC): Fundada em 14 de julho de 1945, no

distrito de Vila Horizonte (hoje município de Horizontina), surgiu como oficina mecânica de reparos de peças e ferramentas utilizadas pelos colonos; logo agregou uma serraria, um moinho, uma ferraria, uma carpintaria rudimentar e um gerador de energia que fornecia luz ao povoado; em 1947, laçou a trilhadeira com a marca SLC; em 1948 lançou a primeira versão da colheitadeira rebocada; em 1949, instalou uma fundição de ferro e bronze que a capacitou a produção de trilhadeiras SLC, de arados de tração animal, enxadas, foices e outros utensílios agrícolas; mas o salto de qualidade fundamental para a modernização da agricultura regional foi a produção da primeira colheitadeira brasileira (65-A, lançada em 1965); posteriormente a SLC 1000; Sua associação com a Deere & Company, em 19778, garantiu-lhe excelência tecnológica e penetração no mercado mundial com a produção de colheitadeiras, plantadeiras, tratores e implementos agrícolas. Esta associação, porém, levou à perda do controle acionário, em 1999, para a Deere & Company;

Irmãos Fankhauser Ltda: Fundada em 1948, no distrito de Tuparendi,

pertencente ao município de Santa Rosa, como oficina de armas. A partir de 1960,

Documentos relacionados